Maybe escrita por Lily Potter


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olarrr gente linda, cá estou eu com minha última fic, nos ~literalmente~45 do segundo tempo, e dessa vez é uma short ( que era p ser one, mas ficou grande demais hehehe) e ela é a minha queridinha por motivos de MUITA FOFURA E MUITA CONFUSÃO!!!
Então eu espero muito que vocês gostem de ler tanto quanto eu amei escrever, e por favor, não esqueçam de ver as outras fanfics INCRIVEIS do projeto November Hinny, viu?
Boa leitura pra vocês ♥33



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"Love arrives exactly when love is supposed to
And love leaves exactly when love must
When love arrives, say, welcome, make yourself comfortable
If love leaves, ask her to leave the door open behind her
Turn off the music, listen to the quiet, whisper
Thank you for stopping by"

24 de outubro de 2005, Londres, Reino Unido

Quando Harry falou com Ginny pela primeira vez, eles estavam na sétima série. Naquela época ele ainda usava óculos quadrados e aparelho móvel nos dentes, e, suas bochechas ainda eram levemente redondas demais, Ginny ainda usava longas maria-chiquinhas bagunçadas, seu rosto ainda era levemente infantil e ela usava aparelho fixo em seus dentes que costumavam ser tortos. Ela sentava-se ao seu lado na aula de matemática, e na cadeira atrás da sua na aula de inglês, eles também compartilhavam a mesma sala de aula em mais duas matérias: educação física e coreano. 

Era uma segunda-feira à tarde, o relógio na parede indicava que ainda faltavam quarenta e cinco minutos para o fim do último termo. A aula estava especialmente chata naquele dia, e seu melhor amigo, Neville Longbottom, havia faltado, sem ter muito o que fazer, Harry pegou-se olhando para a ruiva. Não é como se ele nunca houvesse desviado seu olhar em direção dela ou reconhecido sua presença na sala, com o volume da voz dela era impossível não ouví-la ou notá-la, mas ele nunca a havia olhado, nunca parou para observar tudo o que ela tinha, e agora que ele estava fazendo isso não conseguia desgrudar seus olhos da figura de Ginny.

Os cabelos dela eram apenas tão brilhantes e o corpo dela se movia tão espontaneamente como se apenas o pensamento de ficar parada a machucasse. De repente sentiu uma vontade estranha, e totalmente nova, de olhar dentro dos olhos da menina apenas para descobrir a exata cor que eles possuíam. Sem perceber, Harry estava com os olhos fixos nas costas dela como se isso fosse o suficiente para fazê-la olhar em sua direção e após alguns excruciantes minutos, a tática mostrou-se efetiva, e lá estava ela o encarando.

Os olhos dela eram castanhos, tão calorosos que pareciam ouro. Pensou ele sem conseguir desviar o olhar dela, mesmo com o olhar duvidoso no rosto da menina, ele não conseguiu se esforçar para desviar os olhos.

— O que foi, Potter? — Ela perguntou em um sussurro apressado. Os olhos castanhos novamente fixos na professora de inglês. Não era surpresa que ela soubesse seu nome, eles tinham diversas aulas juntos desde o ano anterior quando entraram no fundamental dois. 

— Nada. — O moreno respondeu no mesmo tom que ela seus olhos ainda fixos nas tranças dela. Ao fundo, a senhorita Wembley ainda falava sobre verbos, mas a atenção dele estava focada apenas na Weasley. Como ele nunca notou o quanto ela parecia ser alguém legal? Neville sempre estava falando dela, e ainda assim Harry nunca havia olhado duas vezes para a menina. Não até o momento atual.

 —  Só tô entediado.  — Completou quando ela o olhou pelo canto dos olhos com uma expressão indecifrável. Era uma mistura de dúvida, curiosidade e irritação.  

— Desde quando eu sou distração? — perguntou Ginny com a voz levemente mais alta que antes, fazendo com que Hannah Abbott os encarasse. A menina loira parecia não só intrigada com as ações da amiga, mas também irritada com os sussurros deles. Harry não poderia ligar menos para a opinião dela no momento, mesmo que isso significasse que ela talvez os colocasse em encrenca caso a professora percebesse que eles estavam conversando e não ouvindo a explicação.

— Você não é. — Assegurou ele com a voz ainda baixa para evitar que a professora chamasse a atenção deles. Seu rosto estava quente pela vergonha de ter, talvez, ofendido ela. Não conseguia entender porque queria tanto agradá-la, tampouco conseguia livrar-se do sentimento por tempo suficiente para agir como ele mesmo. — Mas você parece legal. 

— E eu sou legal! — Ela garantiu com um sorriso sapeca olhando para ele rapidamente. 

O sorriso dela fazia com que coisas estranhas acontecessem em seu estômago e um calor diferente espalhou-se por seu peito e rosto. Era um dia quente, ele pensou olhando para a janela onde as nuvens sempre presentes do outono pareciam particularmente carregadas hoje e depois para o termostato da sala. Será que alguém havia ajustado o objeto para fazer com que a sala ficasse quente de repente? ele teria feito uma pegadinha desse tipo se não já estivesse de castigo por culpa da última que ele fez e saiu totalmente errado, não era sua culpa se o professor Snape entrou na sala logo depois que ele colocou um balde cheio de slime na porta!, e ele não estava disposto a ficar mais algumas semanas sem poder usar seu playstation.

— Mas isso não explica porque você estava me encarando. — A voz dela cortou o silêncio que havia se instalado antes. Era verdade, mas ele não sabia explicar tudo o que estava sentindo e por isso apenas deu de ombros. 

— Eu só quis. — O moreno eventualmente disse ao perceber que um dar de ombros não era o suficiente para aplacar a curiosidade da ruiva. A resposta tampouco teve um efeito melhor, mas ao menos era algo melhor que um dar de ombros e ela precisaria se contentar com isso no momento. Ele nunca foi bom com palavras e se a conversa entre eles se desenvolvesse em uma amizade, Ginny precisaria guardar isso em sua mente. 

Depois dessa breve conversa, os minutos mais rápidos, e melhores, do dia, a aula continuou quase tão entediante como sempre, porque de tempos em tempos a ruiva olhava para ele fazendo uma careta que ele sempre precisava segurar-se para não rir. A professora Wembley sequer parecia notar a distração deles, o que era algo raro, e Harry só esperava que essa conexão que sentia entre eles não fosse algo de sua mente entediada, que não fosse uma amizade de uma aula só.

Infelizmente a conexão que ele esperava não foi imediata. 

Apesar de terem algumas aulas juntos não demorou muito para que ele notasse que o motivo de nunca ter sido próximo da menina era que eles faziam parte de grupos de amizade praticamente opostos, opostos ao ponto de um quase ódio existir entre eles, e seus amigos definitivamente não ficavam felizes toda vez que o moreno tentava aproximar-se da ruiva. Com isso eles não tinham tempo de firmar uma amizade como gostariam, Harry sempre ouvia seu pai falar sobre como ele deveria seguir seu coração e fazer amigos com as pessoas que ele quisesse desde que elas fossem boas, e Ginny era boa. Mas ele não conseguia abandonar seus amigos, tudo que ele conhecia por isso. 

Três meses se passaram até que eles tivessem a oportunidade de ficarem sozinhos novamente. Era o primeiro dia de aula após o recesso de inverno e Harry estava na sala de coreano, sua primeira aula do dia, e de seus amigos apenas Adham fazia essa aula com ele, mas o outro menino havia se mudado para uma cidade interiorana durante o recesso e agora o Potter via-se sem amigos na sala, o que pela primeira vez em sua vida era um alívio. 

— Weasley, hey! — Chamou de onde estava sentado e foi recompensado com o olhar surpreso da ruiva que estava conversando com Kim Soo-Yun, uma das poucas pessoas coreanas que frequentavam a escola. 

Soo-Yun não era alguém que Harry poderia chamar de amiga. Claro, eles conversavam quando estavam nas aulas e se cumprimentam quando se encontram pela escola, então foi uma surpresa quando junto da ruiva ela se aproximou de onde ele estava. Talvez não devesse ser uma surpresa tão grande assim afinal Harry também vinha de uma família coreana, bem, meio coreana, e ele entendia como era difícil aguentar alguns comentários que faziam nos corredores para as crianças que não eram brancas. Não era agradável ouvir o que eles diziam, menos ainda tão cedo pela manhã.

Os cabelos curtos e castanhos escuros de Soo-Yun faziam com que ela parecesse mais velha que era principalmente quando estava com Ginny ao seu lado com suas maria-chiquinhas parecendo reluzir ainda mais contra a luz pálida da sala de aula. 

— Hm, oi, Potter. — a ruiva respondeu com um olhar desconfiado e ele apenas ficou a encarando por o que pareceram anos até que ela desviou o rosto em direção a parede. — O que você quer?

A voz dela era dura e tinha uma grande quantidade de dúvida, mas suas bochechas e orelhas estavam vermelhas. Harry a achava fofa. Extremamente fofa. O pensamento foi tão repentino e se foi tão rapidamente que quando mais tarde ele se deitasse em sua cama e tentasse pensar porque se sentia tão estranho não conseguiria lembrar-se disso, pareceria com uma lembrança turva de um sonho que você não se lembra bem quando acorda. Enquanto esse momento não chegava, Harry ocupou-se em ignorar seu rosto que parecia pegar fogo.

Por que seu rosto sempre ficava assim quando estava perto dela? O que ele deveria responder? Por que tinha a chamado mesmo? 

— Oi, Soo-Yun! —  Ele cumprimentou a outra menina com um sorriso e ela o cumprimentou com apenas um aceno leve e sentou-se na cadeira ao lado dele e abriu uma revista de esportes. Harry volta-se para a ruiva e diz a primeira coisa que passou por sua mente:

— Não quero nada, só sua companhia! — disse o moreno, arrependendo-se no momento seguinte. Idiota! — É que nós não nos falamos mais depois daquele dia…

— Toda vez que eu tentava me aproximar, seus amigos me encaravam estranho.  — a ruiva deu de ombros. — Pensei que não me queria por perto. 

— Eu quero! — Afirmou Harry no segundo seguinte. Os olhos castanhos de Ginny se arregalaram com a rapidez de sua resposta e Soo-Yun riu ao seu lado. Apesar de não gostar de ser motivo de risada de ninguém, o moreno sentiu-se grato pela distração e por isso virou-se para a outra menina. 

— Ei, Soo-Yun, você vai tentar entrar para o time de ginástica olímpica? 

— Hm, não. — ela respondeu com uma careta confusa. — Por quê?

— Porque ele tá tentando desviar de assunto. — Ginny respondeu com uma meia risada, e novamente todo o corpo de Harry se aqueceu e ele pode jurar que estava até mesmo suando. Em pleno inverno londrino. Com certeza alguém havia mexido com o termostato novamente, isso sempre acontecia quando ele estava perto da ruiva. Agora só precisava descobrir o por quê.

Porém antes que ele pudesse falar mais alguma coisa ou descobrir o motivo de estar corado, o professor Byrne entrou na sala com seu típico sorriso largo, os cabelos cacheados caindo em seus olhos e seus materiais em mãos. A sala se silenciou e o observou. Harry não ousou olhar em direção à ruiva, mas sentia seu olhar em si. 

— Bom dia, classe! — Cumprimentou o professor em coreano. O mais velho colocou-se no meio da sala e animadamente bateu as mãos precisamente três vezes. — Façam um círculo, por favor.

Harry não pensou mais em Ginny, e nem em quanto queria ser amigo dela pelos próximos cinquenta minutos de aula.

26 de abril de 2007, Londres, Reino Unido

Durante os dezoito meses que se passaram desde o primeiro dia em que se conheceram muitas coisas mudaram. Os cabelos dele ficaram mais rebeldes. Os de Ginny foram cortados na altura do ombro após uma pegadinha que dera errado, eles haviam feito uma gosma para jogar nos meninos que estavam fazendo bullying com Kim Soo-Yun e mais dois amigos deles, Sade Lawal, uma nigeriana que havia começado seu intercâmbio na escola deles há poucos semanas, e Shmuel Rossi, um menino judeu que havia sido transferido da Oak Grove Middle School por causa do bullying que sofria. Todos os três eram constantemente perseguidos na escola por Crabbe e Goyle apenas por serem de etnia diferentes, e Harry assim como Ginny já estava farto daquilo. A gosma acabou grudando em uma parte do cabelo dela e apenas saiu quando cortaram, os dois ficaram de castigo e pegaram detenção, mas havia valido a pena.

A maior diferença, no entanto, era que eles eram amigos agora. Amigos de verdade, mesmo que o calor no peito e no rosto de Harry só estivessem presentes perto dela e seu coração não tivesse parado de acelerar toda vez que os lábios da ruiva se abriam em um sorriso verdadeiro. Eles eram amigos, mas, toda vez que Neville ou Colin falavam sobre beijos e meninas, apenas um rosto aparecia na mente do menino de cachos, um rosto cheio de sardas, olhos muito castanhos e brilhantes, uma boca que sempre sorria, nariz de botão e cabelos ruivos. Sempre que ele pensava em namoro, em andar de mãos dadas pelos corredores da escola e fazer todas as coisas que os casais de filmes de romance faziam, ele via Ginny ao seu lado.  

— Harry! — Chamou a menina com um sorriso largo.Ela ainda estava alguns metros longe de onde ele estava, no segundo balanço vermelho no parque perto de sua casa. Até aquele momento Harry estava olhando distraidamente para o horizonte enquanto esperava por ela.

— Oi, ruiva. — Cumprimentou o moreno com um sorriso igualmente largo no rosto. 

A Weasley estava correndo em sua direção e seus cabelos voavam livres atrás dela como uma pequena capa ou talvez um xale vermelho ondulando em suas costas fazendo um lindo contraste com seu casaco lilás. Quando Ginny finalmente sentou-se ao lado de Harry, no outro balanço vermelho, seu rosto estava vermelho, os cabelos bagunçados e um sorriso sapeca e largo dançava em seus lábios cor de carmesim. 

— Por que me chamou aqui, Hazzy?

— Eu ouvi meus pais conversando com meus avós e eles estavam falando de ir para Seul. — Ele respondeu com o rosto contraído em uma careta pensativa.

— Isso é ótimo! — Ginny exclamou animada sorrindo em direção do amigo que apenas franziu a testa ainda mais. — Por que você não ‘tá animado?

— Eu..eu acho que não é uma viagem a passeio, Gin-Gin. — A voz dele saiu baixa, mas a ruiva o ouviu e em questão de milésimos de segundos sua pequena mão sardenta estava entrelaçada à de Harry. 

— Calma, Hazzy, vai ficar tudo bem! — A ruiva prometeu com um sorriso sincero, e apesar de ela mesma ter de lutar para acreditar em suas palavras, conseguiu convencer o amigo.

Após isso, eles apenas ficaram ali de mãos dadas, balançando levemente no balanço e conversando sobre suas aulas tentando a todo o custo esquecerem-se do que poderia acontecer. Temendo o que aconteceria com a amizade deles quando o moreno estivesse há um oceano de distância, mas sem nunca vocalizar suas opiniões. A tarde passou lentamente, e todas as tardes nas duas semanas que se seguiram foram iguais,e em um sábado quando estavam quase indo para suas respectivas casas “O Grande Evento” aconteceu.

Era começo de abril e apesar de não chover como no dia anterior o dia estava frio e nebuloso. Os dois adolescentes de treze anos estavam empacotados em seus casacos e cachecóis caminhando calmamente pelo parque entretidos falando sobre a nova música da Shakira e Beyoncé ‘Beautiful Liar’, em uma das mãos de Harry estava seu ipod e eles estavam dividindo o fone. As mãos deles estavam entrelaçadas durante todo o percurso e só se separaram quando chegaram na alameda onde seus caminhos se dividiam.

Com muita coragem e corando até o último fio de cabelo, Ginny se inclinou e roubou um selinho de Harry antes de sair correndo em direção de sua casa, não dando brecha para mais nenhuma palavra ser trocada.

Aquele foi o último dia que eles puderam se encontrar pessoalmente. No dia seguinte o moreno acordou com febre e logo, Lily, sua mãe, que era médica, percebeu que ele estava com catapora e ele precisou ficar afastado e quase duas semanas depois quando Harry se recuperou já era o dia de partir rumo a Seul. 

XXX

15 de maio de 2007, Mensagens de texto (Londres: 21:15/Seul: 12:15)

 

    Ginny: como tá sendo falar coreano todos os dias?

é tão bonito quanto na tv?

Harry: sim!!!

e divertido também

meu coreano é pior do que eu pensava

mal consigo comprar biscoitos sozinho

:(

Ginny: bebezão! :P

se você tivesse me escutado ñ estaria passando por isso

eu tinha razão, como sempre u.u

 

Harry: dessa vez você tinha razão

isso que vc quis dizer, né ruiva?

Ginny: eu sempre tenho razão

Harry: nem sempre

preciso ir agora, Gi

minha mãe tá me chamando almoçar

ela fez kimchi

Ginny: e eu vou estudar

amanhã tenho prova do seboso

Harry: ew! snape

ainda bem que me livrei dele

boa sorte, Gi

Ginny: obrigada, H

vou tentar ñ morrer amanhã

queria comer o kimchi da tia Lily

Harry: vem me visitar q vc come

hehehe



Ginny: se eu pudesse já tava aí

até amanhã, H

Harry: até amanhã, G

23 de junho de 2007, Mensagens de texto (Londres: 23:30/Seul: 8:30)

 

Ginny: e foi assim que eu peguei detenção

o diretor dumbledore ñ chamou meus pais

ainda bem

Harry: vc é doida

se eu faço isso aqui

é capaz de eu ser expulso

Ginny: afff

qual é a graça da vida ent?

Harry: assistir jogos de baseball 

XD

Ginny: desde quando vc gosta disso?

Harry: tem um tempinho

vc ia gostar tbm, ctz

Ginny: n sei, n

tchau, H

Harry: tchau, G

30 de outubro de 2007, Mensagens de texto (Londres:16:55 / Seul: 01:55)

 

Harry: hey, G

tudo bem?

Ginny: uhum

e vc?

Harry: tbm

vc tá livre?

queria conversar

Ginny: não vai dar, H

to ocupada

Harry: sem problema

até dps ent

23 de novembro de 2007, Mensagens de texto (Londres: 02:47 / Seul: 11:47)

 

Ginny: H?

sinto sua falta

Essa linha foi desativada.

12 Dezembro de 2007, Londres, Reino Unido

Ginny tinha apenas quatorze anos, e seu coração já sabia bater por apenas uma pessoa. Por alguém que não sentia o mesmo. Os primeiros meses longe de Harry passaram-se em um borrão de momentos que não pareciam tão bons e que as risadas não soavam tão sinceras, e por seus amigos não serem os mesmos todos os momentos que passaram juntos parecia apenas um sonho distante. 

Conforme os meses se passavam o mundo voltou a girar em um ritmo normal e não mais em uma borrão frenético durante o dia como se nunca houvesse tempo o suficiente para todas as coisas que precisavam ser feitas, e nem mais a lentidão da noite, que fazia com que seus momentos deitada na cama parecessem infinitos, onde cada mensagem fazia diferença.

Ela estava andando pelas ruas molhadas distraída com pensamentos sobre o próximo dever de matemática que ela deveria entregar antes do final do semestre quando esbarrou em algo, ou melhor, em alguém.

A pessoa que vinha na direção contrária, também distraída, era um menino de sua idade, talvez um pouco mais velho. Ele usava roupas da moda e era alto, seus cabelos eram cacheados e sua pele morena, e por um momento Ginny acreditou que era Harry, mas quando o estranho olhou em seus olhos, soube que não era seu amigo.

Uma decepção inesperada a assolou quando viu os olhos verdes cor de musgo do estranho. Ele era lindo, tão lindo que parecia uma pintura, mas não era Harry.

Já haviam passado seis meses desde que Harry se mudou. Ela e Harry perderam contato há mais de um mês. Mas a sensação de borboletas voando em seu estômago permaneceu com ela toda vez que via cabelos cacheados ou brilhantes olhos verdes.

E por algum motivo Ginny apenas sabia que nunca deixaria de se sentir assim.

21 de julho de 2009, Londres, Reino Unido

A segunda vez que eles se encontraram, Harry estava apenas visitando Londres. Era a primeira vez que pisava na Inglaterra após longos dois anos em Seul. Ele ficaria todo o verão na casa de seus padrinhos, Sirius e Remus, seus pais não poderiam vir com ele, uma vez que sua irmã mais nova estava doente, e sua mãe estava grávida de cinco meses. 

Era um domingo à tarde e não fazia uma semana que ele estava ali e Harry já sentia-se em casa, como se nunca tivesse saído de Londres. Ele estava em um parque não muito longe de sua antiga casa esperando Neville aparecer quando ela chegou. 

O moreno estava em um balanço muito distraído em seu smartphone para perceber de imediato a chegada de alguém. No entanto, foi impossível não notar a mão de alguém em seus ombros, o que fez com que Harry soltasse um meio grito não muito masculino e praticamente pulasse do balanço. 

— Hey! — Ele reclamou assim que se recuperou do susto que havia levado, os cabelos ruivos foram a primeira coisa que ele notou. Sempre os cabelos, tão vermelhos quanto fogo, depois o sorriso largo, os olhos castanhos chocolate, o rosto sardento, e só então o restante do corpo

—  Olá, Potter. — Foi a resposta da ruiva que agora estava sentada calmamente no balanço ao lado dele. 

Aos quinze anos o rosto de Ginny ainda tinha um leve ar infantil, mas assim que ela sorriu Harry pode perceber que o aparelho que ela costumava usar se fora e em seu lugar permaneciam apenas dentes perfeitamente brancos e alinhados. Os cabelos dela ainda eram longos, mas não mais ficavam presos em maria-chiquinhas. 

Harry também havia mudado, suas bochechas não eram mais tão redondas, seus óculos agora eram redondos, o que o dava uma aparência muito melhor, e seu aparelho também havia sido removido. Graças a cultura de skincare sempre presente em sua casa e ainda mais forte ainda agora que morava em Seul, o rosto dele não tinha mais espinhas e a oleosidade dava lugar à suavidade de uma pele hidratada.

— Weasley! — Ele exclamou sorrindo. — Não esperava te ver tão cedo. — Não esperava vê-la em momento nenhum. O moreno se corrigiu mentalmente, sequer sabia se ela ainda morava ou que estava naquela cidade até aquele momento. Após os primeiros seis meses fora, Harry já não se sentia mais no direito de correr atrás de Ginny.

— Sei que não. — Foi a resposta curta dela antes de se impulsionar com mais força saindo do alcance de voz dele. Os dois sabiam que ele evitaria o assunto ao máximo, a primeira vez já havia sido difícil o suficiente. Não faria nada de bom para ninguém repetir a dose.

Sem poder fazer nada mais, Potter voltou a olhar para seu celular digitando  em coreano para seus amigos de Seoul e depois respondendo os amigos que deixou em Londres em inglês, seu cérebro saindo de uma língua para outra com uma facilidade de quem tem prática. 

— Você ficou mais bonito. 

E as borboletas voltaram a seu estômago com tanta força que pareciam-se com corvos buscando um pedaço de comida. De repente, Harry sentia que nunca havia saído de Londres, que não estavam afastados há mais de um ano, de repente, parecia que tudo ainda era como antes.

— Você também não está nada mal, Weasley. — Foi a resposta patética que ele conseguiu dar à ruiva que apenas riu com gosto.

—  Eu sei, Potter. —  Ginny respondeu rindo levemente enquanto mexia em suas mechas ruivas.  — Você veio pra ficar?

— Isso tudo é saudades? — Harry perguntou brincalhão, em parte para implicar com ela e em parte para fugir da pergunta. Lembrar que seu tempo ali era contado não ajudava em nada a aplacar os sentimentos fortes demais que residiam em seu peito, e muito menos a vontade de correr riscos.

— Não fuja da pergunta, Har. — Respondeu a ruiva com a voz ácida, parando seu balanço para encará-lo. Ginny não deixaria que ela o enrolasse. Ginny não o deixaria andar em círculos como seus outros amigos, talvez fosse o que ele mais odiava nela na maioria do tempo, mas também era o que a fazia diferente de todos.

—  Eu tô na casa do Sirius.  — Ele respondeu com um meio sorriso, não precisando expandir sua resposta para que ela entendesse. 

— Como é em Seoul? — Ginny perguntou desviando do assunto, seus olhos distantes e cheios de uma emoção que ele não conseguia por um nome. Logo ela voltou a se balançar calmamente. Vê-la desconfortável em pensar nele mais uma vez longe de Londres. Dela. Fez com que algo pulasse no peito de Harry e os corvos voltaram com toda a força. 

— Seoul é lindo.  —  Foi a resposta dele, curta e direta, mas seus pensamentos continuaram a frase. " Quase tão bonito quanto você.", mas ele não poderia dizer aquilo, não agora. Não era o momento certo. Talvez nunca fosse ser.  

A conversa engatou para a escola e em como era respirar coreano ao ponto de esquecer a própria língua materna, em como lá tudo era tão vivo e cheio de sabores e cores, tão diferente de Londres que era tão cinza, parecendo quase morta na maior parte do tempo. Durante todo tempo que ficaram ali eles falaram, flertaram e simplesmente existiram, o sorriso nunca abandonando seus rostos. 

A tarde se passou assim entre os dois que apenas se separaram para ir para suas respectivas casas. O sentimento de felicidade permaneceu no peito de ambos durante todo o trajeto que foi feito em um silêncio confortável que lhes era novo, mas ao mesmo tempo tão antigo quanto a amizade deles.

— Como foi sua tarde com o Neville, Harry? — Remus perguntou assim que o moreno mais novo passou pela porta de sua casa. 

Droga.

Ele deveria ter passado a tarde com o Neville, mas o menino não apareceu e nem lhe mandou mensagem. Por um momento Harry pensou em contar que estava com Ginny, mas por algum motivo ele apenas soube que não era o certo, ao menos não agora, então ele fez o que qualquer um faria: mentiu.

— Foi legal, a gente nem notou a hora passar. — Respondeu ele com a voz mais normal que conseguia reproduzir, amaldiçoando sua falta de prática com mentiras ao perceber que Remus não parecia totalmente convencido. Claro que ele não seria facilmente convencido quando ele e seus pais haviam sido o exemplo perfeito de rebeldes quando eram adolescentes.

— Hm. Fico feliz por isso, Hazz. — O mais velho falou calmamente e voltou o olhar para o livro que estava em suas mãos. Aliviado por seu padrinho ter deixado sua mentira passar, Harry pode respirar mais calmamente enquanto subia as escadas em direção ao seu quarto.

Assim que chegou ao quarto, pegou seu notebook e assim que a tela carregou ele não demorou em logar em seu Facebook, a mais nova plataforma digital, e procurar por Ginny. Não foi muito difícil achá-la e demorou menos de cinco minutos para que ela o aceitasse em amigos e eles começassem a conversar. 

Os dias começaram a passar rapidamente, Harry fazia-se ausente quase todos os dias e normalmente só voltava à noite, mas nem Sirius nem Remus pareciam se importar com ele estar revendo seus antigos amigos. O que não era uma completa mentira, e inclusive era o propósito principal da viagem, mas não era a verdade..Ao menos não toda ela.

Harry passava a maior parte do tempo em companhia de Ginny e agora estando há quase duas semanas em companhia de Ginny, acreditava que estava pronto para beijá-la. Seria o segundo beijo deles caso o selinho ainda contasse como um.

 Os sentimentos que ele nutria por ela antigamente não haviam cessado e agora havia algo mais. Havia desejo, paixão. Não era apenas uma paixonite infantil e totalmente platônica, ele a desejava, e se ele estivesse interpretando os olhares dela corretamente, ela o desejava também.

Era uma sexta-feira, era o aniversário, e já se passavam das oito da noite, o horário que Remus havia estipulado para que o moreno voltasse, afinal ele e Sirius queriam comemorar com o afilhado, e eles ainda estavam no parque, dessa vez na casinha do maior escorregador. Ginny tinha um sorriso malicioso, dois pirulitos vermelhos em sua mão esquerda e no meio deles estava um cantil vodka e suco de melancia já pela metade.

— Vamos, H, me conte! — ela implorou com olhos de cachorrinho pelo o que parecia ser a quarta vez nos últimos vinte minutos. Sua cabeça parecia muito leve para seu corpo e Harry sentia-se inclinado a rir a cada frase. Ele estava totalmente bêbado e Ginny sequer estava corada pela bebida.  — Você nunca bebeu antes?

—  Por que você quer tanto saber? —  Harry devolveu a pergunta, sentido o calor descer por seu pescoço e pavor se instalar em seu peito. Será que ela o acharia tão patético quanto ele se sentia quando ele assumisse que era a primeira vez que ele tomava algo com teor alcoólico maior que uma cerveja? Com toda a certeza. 

— Eu prometo não rir de você, H. — Ginny acrescentou com a voz apaziguadora e leve. Às vezes, em momentos como esses, ele sentia que a ruiva era capaz de ler seus pensamentos ou ao menos lê-lo muito bem, uma vez que ela sempre parecia saber o que dizer. 

— Eu já bebi antes, — ele respondeu quietamente e a ruiva apenas levantou uma sobrancelha, um sorriso conhecedor espalhando-se por seus lábios bonitos. Harry suspirou desviando o olhar antes de completar a frase, se ele continuasse olhando temia não ser capaz de resistir ao impulso de se inclinar e beijá-la. — só não era nada assim. 

— Estava esperando a maioridade ou só não tem graça se encrencar sem mim?

As bochechas e o pescoço dele pareciam queimar e ele escolheu não responder a pergunta, as duas opções estavam ridiculamente certas, e ao invés disso o Potter desviou seu olhar de volta para o rosto de Ginny, o que se provou ser um grande erro.

Os olhos dela estavam grandes e brilhavam em malícia, seus lábios estavam ainda mais vermelhos, parecendo mais beijáveis que nunca e tudo nele apenas queria se jogar no desconhecido que eram os beijos dela. Apenas mais um centímetro e ele estaria com seu nariz encostado no dela, mais um minuto para o que poderia ser sua melhor decisão.

E então, seu celular toca notificando que ele estava recebendo uma mensagem, e o momento é perdido. 

O moreno então virou-se para o celular e checou a mensagem, era Sirius. Sentia uma vontade incontrolável de estapear por não ter colocado no modo silencioso. Talvez fosse um sinal de que ele não deveria beijá-la. Harry então devolveu seu celular para o bolso e se levantou do chão, e novamente arrependeu-se. Tudo girava e ele não sabia como faria para voltar para casa inteiro.

— Eu...preciso ir pra casa, — disse se sentindo corar mais uma vez quando tropeçou em seus próprios pés. Por que ele sempre falava as piores coisas possíveis e ainda por cima fazia esse tipo de coisa? Ele era uma vergonha. — era o Sirius.

Péssimo, Potter.

— Eu vou te levar lá, vem. — Ginny chamou com os olhos brilhando em diversão, ela estava linda e totalmente capaz de andar em linha reta sem passar vergonha. Harry sentiu seu rosto se contrair em uma careta depreciativa e antes mesmo de poder controlá-la, a ruiva já havia percebido e ria. — Não precisa ficar assim, H, eu não vou contar para ninguém.

Não muito contente ele aceitou a ajuda e em silêncio eles saíram do escorrega, com alguns tropeções por parte do moreno e algumas risadas da ruiva. 

— Você não me deu um presente. — Harry comentou do nada quando quase meia hora depois os dois estavam há uma rua da casa dos padrinhos dele. Se ele estivesse sóbrio certamente não teria falado isso, seus pais haviam ensinado-o melhor que isso e ele nunca fizera questão de ganhar presentes antes.

    — Eu não sabia o que comprar. — Admitiu a ruiva sua voz soando tímida pela primeira vez desde o reencontro deles. E mesmo com a fraca luz da rua e os cabelos longos formando uma cortina em frente ao rosto dela, o moreno foi capaz de ver que um vermelho leve subia pelas bochechas e pescoço da menina.

    — Você não precisa comprar nada. — Afirmou ele sentindo-se corajoso.

    — Não? — a ruiva perguntou levantando a sobrancelha. — Então o que seria esse presente?

— Um beijo.

— Um beijo?

— Sim, um beijo. — Harry confirmou e como estava sentindo-se corajoso arriscou observar a reação dela, e o que ele viu não poderia ter sido melhor nem mesmo se ela tivesse o beijado antes mesmo dele terminar a frase. Ginny o olhava em um misto de choque e felicidade e seu sorriso era tão grande e sincero, que por um momento ele sentiu-se completamente sóbrio pronto para correr uma maratona por ela apenas para manter esse olhar em seu rosto. 

Claro que como ele também era a pessoa mais azarada do mundo, ele acabou tropeçando em seus próprios pés e foi de cara ao chão duro e gelado da rua. A risada chocada dela durou apenas alguns segundos e logo a ruiva estava ao seu lado o ajudando a levantar. Harry sentiu algo gelado e viscoso, descer por seu rosto logo após a queda. Era sangue. 

Droga. 

— Você tá bem, H? — Ginny perguntou preocupada, checando ele quase que freneticamente. A testa dele doía, e pelo olhar que ela o lançava, provavelmente estava em uma situação feia, o que significava que ele não teria como esconder o que aconteceu de seus padrinhos. Ele sentiu seu estômago gelar e calafrios correrem por suas costas, e de repente ele se sentiu quase que completamente sóbrio. Céus, ele estava tão ferrado dessa vez.

Mas por outro lado, talvez ele conseguisse alguma coisa boa disso tudo.

      — Eu tô bem, mas — ele começou sorrindo levemente em direção da amiga, que apenas levantou uma de suas sobrancelhas para indicar que ele continuasse a falar. — aquele beijo viria a calhar agora, sabe?

    — Harry! — Ginny protestou batendo levemente em meu peito. Suas bochechas estavam totalmente vermelhas e seus olhos estavam fixos na rua e ela se recusava a olhar nos olhos dele, ou em sua direção, no geral. — Eu achei que você estava realmente mal, seu idiota!

    — Isso quer dizer que eu não vou ganhar nenhum beijinho? 

    Ela suspirou levemente e o olhou parecendo hesitante, as bochechas dela ainda estavam coradas, mesmo com a luz não muito forte, dava para perceber que ela ainda se sentia constrangida, e talvez, até mesmo tímida. Ele se encostou no tronco de uma das árvores que ficavam no meio da rua e apenas a observou.

    A ruiva se inclinou levemente em sua direção, e Harry sentiu seu pulso aumentar, e suas mãos começaram a suar e a manada de elefantes voltaram com tudo e ele sentiu quase como se estivesse mais bêbado que realmente estava. Automaticamente as mãos deles repousaram na cintura dela, puxando-a para mais perto, em parte para esconder que suas mãos tremiam e em partes porque ele queria

    Seus narizes já estavam encostando-se um no outro e ele já conseguia contar todas as pequenas sardas que cobriam todo o rosto dela, e até mesmo os pontos mais luminosos que havia no castanho dos olhos dela. Mais alguns centímetros e eles se beijariam, mais uns centímetros e Harry iria poder sentir os lábios da ruiva sob os seus novamente, e com muita sorte, ele conseguiria fazer com que durasse mais do que alguns segundos. 

    — Você não vai correr dessa vez, né? — O moreno perguntou em tom jocoso e olhos fixos na menina à sua frente. Ele é claro estava nervoso e como de costume estava fazendo piadas para aliviar, mas ele também estava falando sério dessa vez, Harry não queria que ela fugisse dele, de novo. 

Nunca mais.

— Cala a boca, Potter. — Ginny respondeu revirando os olhos, e então ela se inclinou e o espaço que sobrava entre eles sumiu e todo o universo pareceu sair de seus eixos e voltar ao normal em uma fração de segundos quando os lábios levemente rachados da ruiva encontraram-se com os dele.

    Seus lábios se moveram timidamente contra os dela e ele pode sentir o doce gosto do drink que haviam tomado mais cedo. A boca dela era macia contra sua e um pouco exigente, Harry que havia tido poucos beijos em sua vida, sentia-se um pouco perdido e embriagado. Apesar de ter seus olhos fechados, o moreno jurava estar vendo tudo em vermelho e laranja e ousava a acrescentar que era capaz de enxergar a felicidade, em tons vibrantes de rosa e amarelo. 

    Quando as mãos dela estavam nos cabelos dele e o moreno se sentia a poucos segundos de fazer algo incrivelmente corajoso e estúpido. E exatamente no segundo em que ele decidiu ser corajoso e aventurou suas mãos para o bumbum bonito dela, ele sente a própria bunda vibrar. Nas primeiras duas tentativas ele apenas ignorou e continuou a beijá-la, deixou sua mão direita percorrer por todo o corpo de Ginny enquanto a esquerda estava firme em sua cintura, mantendo-a o mais próximo possível. O cheiro dela embriagava todos os seus sentidos e Harry apenas queria permanecer daquele jeito com ela por um longo tempo. Para sempre, se possível. 

A mão da ruiva estava descendo pelo corpo dele também, uma delas, estava enganchada em seus cabelos, puxando-os levemente o suficiente para que não doesse, mas era forte o suficiente para que uma onda nova de prazer descesse pela espinha do cacheado a cada segundo que se passava, já a outra estava por dentro da camisa dele, as pontas das unhas dela passando levemente ora por suas costas, ora por seu tronco. O beijo era confuso, e em algum momento eles tinham inserido a língua na equação maluca que é estar beijando alguém, mas ainda assim tudo era perfeito, mesmo quando seus dedos batiam um contra o outro, seus narizes se esbarravam e as mordidas eram um pouco forte demais. 

Seu celular começou a tocar novamente quando Harry colocou as mãos na coxa de Ginny. Ele tentou ignorar e continuar com os amassos, mas toda vez que o celular parava de tocar em questões de segundos ele voltava a vibrar, e quando os intervalos eram maiores, notificações de mensagens apitavam pela rua silenciosa. 

    Droga de celular. Relutante, ele se afastou da ruiva e pegou seu celular do bolso, sem nem mesmo olhar no visor, ele atendeu o telefone. O que talvez não fosse a mais inteligente das ideias caso ele tivesse parado para pensar por alguns momentos a mais, mas ao invés de tentar usar seu cérebro que parecia ter hibernado até o próximo beijo, Harry apenas apoiou a cabeça no ombro da ruiva e suspirou seu cheiro, antes de falar alguma coisa.

    — Alô?  

    — Harry James Potter, onde diabos você está? — Falou, ou melhor, berrou uma voz muito bem conhecida, em um idioma que não condizia com o país que ele estava. Por estar ainda levemente perdido em seus sentidos, tanto por culpa da bebida quanto por culpa do beijo, foi preciso que ele checasse o nome do contato duas vezes antes de responder.

    — Sirius? — Perguntou debilmente o moreno. Por que seu padrinho, conhecido por não se importar com esse tipo de coisa, estava gritando em espanhol, sua língua materna, com ele? — Aconteceu alguma coisa?

    — Você já viu que horas são, Harry James?

    — Uh..não

    — Harry! — Sirius exclamou irritado e começou a murmurar coisas em espanhol em uma velocidade assustadora ao ponto de que Harry já não conseguia mais entender o que ele estava falando, algumas palavras são trocadas ao fundo e Harry apenas espera, o cheiro de Ginny ainda o cercando, assim como toda ela.

    — Sirius?

    — Harry, apenas venha logo para casa, por favor. — Falou uma nova voz, Remus, com calma, apesar de ter um tom levemente irritado e decepcionado em sua frase. Após isso, ele apenas desligou o celular. E de alguma forma a calma de seu padrinho Remus o assustava mais do que a raiva aparente de Sirius. Será que ele realmente havia passado dos limites dessa vez?

    — Ginny, eu… — Harry começou a falar, mas as palavras pareciam se ausentar de seu cérebro e a embriaguez de seus sentidos não ajudavam em nada a sua mente a pensar mais rapidamente. A ruiva apenas sorriu de uma forma que ele nunca a viu sorrir, o beijou levemente, tão levemente que ele pensou ter imaginado, e se separou dele.

    — É sua vez de fugir. — Ginny declarou com um ar calmo, um olhar suave em seu rosto bonito e um meio sorriso irônico. Céus, ela era absolutamente estonteante. Agora que eles não estavam mais abraçados, ela tinha os braços envoltos de si mesma, em uma postura quase defensiva, ele se inclinou e a beijou mais uma vez, apenas porque ele podia, e enfim se afastou mais do que dois passos dela.  — Boa noite, Hazz. 

— Boa noite, ruiva.


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Notas finais do capítulo

Entãaaao, provavelmente amanhã ou domingo eu posto o próximo e último capítulo, e eu espero do fundo do meu core que essa leitura seja uma experiência divertida pra vocês ♥3
ATÉ AMANHÃ/DOMINGO MENINES ♥

PS: comenta aí a opinião pra deixar a autora mirim feliz hehe



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