Frio escrita por StardustWink


Capítulo 1
capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Finalmente começando a upar as fics aqui pelo Nyah também, e eu realmente gosto bastante dessa pequenina de hananene ♡

Eu sei que essa época do ano tá o contrário doq seria um dia de frio, mas espero que vocês gostem da fic mesmo assim www

Pequenos avisos: Como é um UA feliz em que ambos estão vivos e são da mesma sala, eu estou usando o nome humano do Hanako. Só isso mesmo. Boa leitura!



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O tempo nublado daquele início de tarde de inverno pintava os arredores dos prédios da escola Kamome em tons monótonos, trazendo consigo um vento gelado que fazia os estudantes encolherem-se mais por baixo de suas roupas quentes. O cheiro fresco e sutil de neve permeava o ar, somado à harmonia de vozes dos alunos que saíam aos poucos pela entrada, andando próximos uns aos outros como uma última barreira efetiva contra o frio. 

 

De seu lugar à frente do prédio principal e assoprando ar por entre as mãos para tentar aquecê-las, Yashiro Nene olhou para a imensidão de branco que cobria o portão de entrada e arredores com um suspiro. 

 

Lá estava ela, presa na eterna dúvida entre ficar lá olhando a neve cair ou voltar para casa e arriscar morrer congelada no meio do caminho.  

 

Nene devia sim ter saído de casa mais cedo com algo além de um reles sobretudo creme, sem nem trazer alguma proteção para seu rosto e mãos que pareciam queimar contra o vento gélido da tarde. Aquele já era o terceiro dia de neve seguido que eles tinham naquela semana, afinal, e era de se esperar que os dias não esquentariam tão cedo naquele início de janeiro. 

 

Só que bom, ela meio que tinha ido dormir um pouco tarde na noite anterior depois de passar horas coletando cristais para o evento limitado de seu jogo de celular favorito. Tipo umas três e quarenta da madrugada, por aí. O suficiente para estar um completo zumbi pela manhã, só acordando de verdade depois que o segundo período de aulas tinha acabado. 

 

Mas o que mais ela podia fazer? Eles estavam oferecendo uma UR nova de seu idol favorito do jogo por tempo limitado, sabia?! Aquela era uma oportunidade única que poderia não voltar em meses, sabia?! 

 

Nene se lembrou de repente do rosto de Aoi, suspirando levemente com uma das mãos na bochecha enquanto olhava para ela. Mas se você ficar doente, Nene-chan, também não vai ter disposição para conseguir a carta, não? ela diria, com sua voz gentil e repreendedora de sempre. 

 

Aoi estava certa, claro. Mas Nene não podia fazer muito quando já tinha falhado o primeiro passo. 

 

— Eu devia ter pedido para ela me esperar pra voltar… - A garota choramingou para si mesma. Ela e Aoi (e Akane também, por vezes) costumavam voltar juntos para casa nos dias que tinham clube de jardinagem, mas não havia muito o que fazer naquela época do ano na horta. Sua amiga só voltara mais cedo que ela naquele dia porque era a vez de Nene de arrumar a sala depois das aulas, e a mesma tinha insistido que Aoi não precisava esperar.

 

O que foi um grande erro, obviamente, porque agora ela teria que desbravar aquele tempo sozinha. 

 

Bom, não havia muito o que fazer agora. Nene só teria que correr o mais rápido possível para sua casa e tentar se aquecer com o exercício. Ela corria o risco de escorregar no piso molhado e se espatifar de cara no chão, mas riscos assim são necessários nessas horas! 

 

...Ou, enquanto Nene estivesse lá lamentando o estado das coisas, um senpai alto, esbelto e de sorriso bonito podia muito bem aparecer para segurar suas mãos e aquecê-las. Melhor ainda, ele podia acolhê-la em seus braços, enrolá-la num cachecol bem quentinho e levá-la no colo até sua casa, onde ele a deixaria com um beijo na bochecha e promessas de um encontro no dia seguinte, em que eles poderiam ir até um café aconchegante tomar chocolate quente… 

 

E ele certamente não faria nenhum comentário desnecessário sobre seus tornozelos enquanto isso. Aquele era o requisito número 1 dos príncipes de suas fantasias diárias. 

 

Ah, mas fantasias não iriam ajudar muito naquela situação, não era? A garota suspirou de novo. 

 

— Pra quê esse desânimo todo, Yashiro? 

 

Uma voz se pronunciou em seu ouvido, de repente, e a garota deixou escapar um gritinho de susto, dando um pulo de seu lugar e quase caindo para frente. Dois braços a impediram de ir muito longe, no entanto, se esgueirando para segurá-la pela cintura e a trazer para trás de encontro à um corpo macio. 

 

Uma risada familiar soou à centímetros de seu rosto, fazendo cócegas em sua bochecha, e a garota se viu estremecendo por um motivo que não era o frio.  

 

— A-Amane-kun! - Ela exclamou, voz saindo fina em meio ao seu nervosismo e mãos descendo até os braços do garoto que, embora não muito mais alto que ela, ainda assim conseguia envolvê-la contra si numa facilidade que era quase costumeira. 

 

Com mais uma risada, Yugi Amane finalmente a soltou, dando uns passos para trás para que ela pudesse se virar. Nene bufou para ele, bochechas ainda tingidas de vermelho. 

 

— Eu já te disse para parar de fazer isso... - Ela resmungou, já sabendo que ele não a levaria à sério. Para ser honesta, Nene já se acostumara com a falta de noção de proximidade do seu colega de classe e amigo, então não ligava tanto para os abraços repentinos. Mas custava não fazer isso do nada, ainda mais na frente de todo mundo daquele jeito?  

 

Bom, Amane era grudento com os amigos mesmo, fazer o quê. ...Tirando o fato de que ele parecia ser assim somente com ela, claro. Nene não lembrava de ver o garoto abraçando Kou ou qualquer outro de seu grupo assim do nada. 

 

... De qualquer forma, era melhor que ela tirasse isso da cabeça antes de ter ideias erradas. Já tinha bastado o fiasco da árvore de confissões do início do ano para que Nene interpretasse mal as ações dele. 

 

— Então, não vai responder a pergunta? - Ela voltou os olhos para Amane, então, que a observava com um sorriso no rosto e uma sobrancelha arqueada. O garoto vestia um sobretudo preto que parecia bem macio por cima do uniforme, além de um cachecol de lã e luvas, ambos vermelhos para combinar. 

 

Perfeito para o clima, como a garota queria estar no momento. 

 

— Não é nada importante, não… - Nene não poderia exatamente dizer que estava arrependida de ser tão descuidada; Amane já havia implicado com ela o suficiente sobre isso mais cedo. Ela encarou o garoto, percebendo seus sapatos e a maleta que ele levava num dos braços. 

 

— Você já tá indo? E o seu clube? - Ela não pôde evitar de perguntar. O clube de astronomia tinha reuniões semanais às quartas, afinal, e Amane nunca era de faltar uma delas. 

 

— Eles cancelaram a reunião de hoje. Aparentemente o tempo tá pra piorar mais e ninguém do clube quer ficar preso na escola, sabe? - O garoto deu de ombros, olhar inocente no rosto para a estremecida que percorreu o corpo de Nene. 

 

— E-entendo… - Com os olhos rubis virados para o chão, Nene não percebeu a risada que o garoto segurou ao olhar para ela, e que disfarçou quando a mesma olhou para cima de novo. - E o seu irmão? 

 

— Tsukasa disse que ia voltar com o pessoal do clube dele. 

 

— Oh. 

 

 Ela lembrava de Amane comentando que o mais novo dos gêmeos tinha passado a frequentar o clube de transmissão de rádio naquelas últimas semanas. Como o mesmo parecia tranquilo ao falar isso, a garota julgou que Tsukasa estava se dando bem com os novos amigos. 

 

Depois de um silêncio breve, o garoto retomou a conversa. 

 

— Então, eu estou indo agora. - Amane falou a frase devagar, um brilho peculiar nos olhos amarelos enquanto tinha o rosto voltado para ela. Nene, que nunca fora muito boa em captar indiretas, apenas suspirou com isso. 

 

— Ah, sim, até amanhã Amane-kun… Acho que eu devia começar a correr, também... 

 

Nene não queria enrolar mais e acabar presa na escola ou algo assim. Ela precisava muito daquela UR, afinal. 

 

 Distraída e não vendo quando o garoto à sua frente estreitou os olhos, ela só percebeu o tecido que ele tirava do pescoço quando o mesmo caiu por cima do seu rosto. 

 

— E-ei! - Nene tirou o cachecol da frente de seus olhos, reconhecendo o tecido vermelho familiar. Antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, no entanto, o garoto já tinha depositado as luvas dele por cima de sua cabeça também. - Amane-kun! 

 

— Sim~? - Amane perguntou, alongando o som do ‘i’, rosto inocente ao encará-la que não a convencia nem um pouco de que suas intenções fossem boas. 

 

— O-o que é isso? Eu não posso pegar as suas coisas assim!  - Ela perguntou, segurando os acessórios contra si em meio à surpresa que intensificou o vermelho que coloria suas bochechas. Para sua afirmação, o garoto apenas riu em resposta. 

 

— Não se preocupa com isso, Yashiro. Quer dizer… 

 

O garoto se aproximou de repente, um sorriso nos lábios, pendendo a cabeça para baixo para aproximar mais seus rostos. Em um segundo, o coração de Nene deu um salto até subir para ficar preso em sua garganta. 

 

— Não é como se eu estivesse fazendo isso de graça, sabe. - A voz de Amane estava baixa, suave, e puxou um arrepio dela que desceu numa doce estática pela extensão de sua espinha. A garota tentou desesperadamente invocar a voz que permanecia travada por trás de seus lábios, forçando-se a falar qualquer coisa, porque…. 

 

Porque ela não queria ter que fazer outra tarefa maluca para ele de novo como recompensa!!!! Já bastava a vez em que Nene teve que ficar limpando o banheiro feminino durante um mês inteirinho por causa de um favor!!!! 

 

Com mais uma risada, o garoto se afastou, como se já soubesse que Nene tinha entendido a encrenca em que acabara de se meter. O gêmeo mais velho dos Yugi se virou com o rosto satisfeito, sorrindo com uma das mãos já levantadas em um aceno enquanto retomava o passo para fora do prédio. 

 

— Eu vou pensar em qual vai ser o preço depois, ok? Até amanhã~ 

 

— Ah, espera! 

 

Nene não podia deixá-lo ir. Ela já tinha coisas o suficiente com o que se preocupar naquela semana, afinal, e além disso… 

 

Amane nunca fora muito bom com o frio. O rosto dele já estava ficando meio rosa, e Nene tinha certeza que o mesmo morava mais longe do que ela da escola. Fazê-lo voltar sozinho e desprotegido para casa quando fora ela a descuidada dos dois trazia um gosto amargo à sua boca. 

 

Por esse motivo, a garota o alcançou depois das escadas, suas botas afundando na neve fofinha que começava a se acumular pelo asfalto. Nene se colocou à sua frente e estendeu as luvas e o cachecol na direção do garoto, bufando quando ele não as pegou de volta. 

 

— Não vale voltar atrás, Yashiro. Só aceita, vai! - O garoto parecia levemente exasperado mesmo com a voz ainda travessa, e seu sorriso também estava suave demais para ser malicioso. Se ela tivesse que escolher uma palavra para definir sua expressão naquele instante, terno seria a mais adequada. 

 

Mas Nene não estava focada em pensar em descrições no momento, e sim em ter certeza que aquele bobo não fosse congelar sozinho à caminho de casa. Só que ela também sabia que ele seria difícil de se convencer depois que tinha colocado algo na cabeça, principalmente quando isso envolvia fazê-la sua ‘assistente’ em troca de um favor. 

 

Foi aí que sua imaginação fértil, a mesma que adorava colocá-la em diversos cenários românticos com os príncipes de seus sonhos, resolveu traí-la em meio à seu momento de apuros. Pois Nene de repente pensou na solução perfeita para os seus dois problemas de uma vez só, mas, em contrapartida…

 

Bom. Era a melhor coisa que ela podia pensar, e ele já estava quase indo embora. Teria que ser isso mesmo. 

 

Dando mais um passo para perto dele, a garota estendeu apenas uma das luvas vermelhas dessa vez. 

 

— Não podemos dividir por parte do caminho, então? - O rubor em suas bochechas estava começando a subir até suas orelhas, e Nene tentou ignorar as batidas aceleradas de seu peito para continuar falando. - P-pelo menos até a estação! Eu vou ficar mais tranquila assim… 

 

Amane a encarou de volta, surpreso. Seu rosto, que já estava um pouco rosa pelo vento, tomou um tom mais vibrante enquanto ele processava as palavras. 

 

Ele estava tão surpreso assim pela sua oferta? Não é como se o garoto não vivesse a abraçando e tocando em seus ombros diariamente, então isso deveria ser simples, não? 

 

Ah, mas andar de mãos dadas era realmente algo diferente, né... Que vergonha… 

 

Nene estava quase escondendo o rosto vermelho no tecido que segurava nas mãos quando o garoto finalmente se pronunciou, limpando a garganta antes de falar. 

 

— Bom, ok. Até a estação, certo? - Ele tomou a luva de suas mãos, colocando-a enquanto evitava de fitar os seus olhos. 

 

Ahh, a reação dele continuava estranha! Mas pelo menos tinha aceitado… 

 

Hm, espera. Será que ela podia… 

 

— Ah, sim… Espera, toma o cachecol também…! 

 

— Você não vai conseguir escapar do favor assim tão fácil, Yashiro~ 

 

Droga. Valeu a tentativa, pelo menos. 

 

Ela fez bico, e finalmente enrolou o tecido quentinho pelo pescoço. Um cheiro familiar e reconfortante rapidamente entrou pelas suas narinas, e a garota reprimiu a vontade de afundar mais seu rosto no cachecol. Amane certamente faria graça dela pelo resto do caminho de volta se a visse, afinal. 

 

Depois de colocar a luva, Nene encontrou o olhar do garoto enfim. Ele estendeu sua mão despida em direção a ela, segurando a sua maleta que levava com mais força com a outra. 

 

— Então, vamos? 

 

Era estranho. Amane podia ser o mais distante possível de seu tipo favorito, podia passar dias e dias implicando com ela por causa de seus tornozelos e ser o completo oposto à um príncipe e ainda assim, mesmo com tudo isso… Vê-lo ali, com as bochechas coradas, espiando-a pelo canto dos olhos numa timidez incomum enquanto esperava que a mesma segurasse sua mão nunca fizera seu coração bater tão forte. 

 

A garota segurou a mão dele contra a sua, entrelaçando seus dedos. Ela era um pouco maior, mais aquecida por causa da luva. Nene nunca percebera justo o quão longos os dedos dele eram, antes. 

 

— Sim! 

 

...Mas, bom, tinha algum problema nisso? Nervosa ou não, era Amane de quem ela estava falando. Mesmo que ele fosse implicante às vezes, mesmo que não fosse o tipo de garoto por quem ela se apaixonaria de primeira, estar com ele a fazia feliz. 

 

E talvez, naquele momento, aquilo fosse o suficiente. 

 

Nene podia deixar esses sentimentos de lado um pouco, então, e aproveitar que ela tinha companhia para voltar para casa naquele dia de frio. Talvez arriscar uns olhares de soslaio em meio à sua eventual conversa, para o rubor que Amane ainda levava no rosto, assim como ela. 

 

Aquele calor confortável em seu peito, e as reações dele à seu pequeno momento de ousadia… A garota sentia que encontraria a palavra certa para tudo aquilo, mais cedo ou mais tarde. 

 

Até lá, eles tinham tempo. 


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Notas finais do capítulo

...E nesse universo eles tem tempo, mesmo :') Eu devo dizer que adoro muito como hananene tem essa intimidade casual de abraços e etc, porque o Hanako acaba sendo bem afetuoso ao passar dos capítulos e a Nene já se acostumou com isso também www Acho uma graça.

Eu também talvez tenha usado essa fic para despejar minhas frustrações dos meus próprios jogos de gatcha. A Nene é gente como a gente, que sofre com jogos de celular www

Enfim, muito obrigada por lerem! Espero que tenham gostado.



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