Conexão escrita por Júlia Fróis


Capítulo 5
Hannah


Notas iniciais do capítulo

continuando...



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― Moça, você está bem?

Tive um sobressalto violento na verdade depois dessa tenho certeza que minha alma saiu do meu corpo pela boca, como quando ocorre um beijo de dementador em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban ou melhor dizendo, quase.

Olhei para o meu lado direito assustada o garçom já tinha colocado o pedido na mesa, mas me encarava com uma mistura de curiosidade e preocupação, ambas as sobrancelhas franzidas com um V.

― Só estava distraída estou bem sim, obrigada! ― forcei um sorriso sem graça.

Ele assentiu e saiu.

O mico do dia foi pago com certeza pensei enquanto tomava um gole do milkshake, soltando um suspiro de prazer em seguida, fazia tanto tempo que eu não tomava um desses geralmente eu me policiava bastante sempre tinha uma voz na minha cabeça dizendo que eu devia me conter, acho que é isso que chamam de consciência mas quando se tratava disso, Jason sempre esteve ali para me arrastar pelas ruas de NY revirando os olhos e me incentivando a comer porque no fim, tudo sempre ficava bem.

Estava frio hoje, mas eu raramente conseguia senti― lo já que sempre estou em um lugar com ar condicionado, mas agora era um momento eu tinha deixado o casaco na mochila, meu corpo estava arrepiado na tentativa de se esquentar e meus dedos estavam quase entorpecidos.

Soltei o cabelo e tomei o milk-shake em grandes goles, sentindo que eu começava a congelar de dentro para fora, mas estava tão bom! Um ruído agudo deixou claro que talvez eu tivesse terminado aquela bebida, rápido demais.

Puxei o prato de panquecas para perto e comecei a despedaçar para esfriar um pouco antes de experimentar, afundei o garfo na massa fofa e observei a Nutella escorrer e mastiguei com vontade, esse chocolate era meu ponto fraco terminei de comer rapidamente.

Eu estava pensando no que deveria fazer quando chegasse em casa já que ultimamente não tenho tido animo para muita coisa, desde que tenho focado cada segundo da minha existência em passar na Bolshoi, nem mesmo o Alexander que é um fofo tem conseguido manter minha atenção por muito tempo e, às vezes, eu me sinto meio culpada por isso.

Eu estava com preguiça demais depois de ter conseguido finalmente comer alguma coisa, mordendo o canudo do milk-shake distraidamente que quando eu me lembrei que eu estava no meu horario de almoço, eu quase arranquei um pedaço do canudo, me levantei correndo deixando uma nota de 50 dólares em cima da mesa e deixando uma cadeira caída no meio da calçada, atravessei a rua e entrei rapidamente na livraria.

Olhei o relógio.

Bem na hora, soltei o fôlego.

Depois de subir correndo para usar o banheiro, eu desci as escadas pegando as caixas de recebidos nos degraus, livros ilustrados abri a caixa perto da prateleira: As Criaturas mágicas de Harry Potter, Pedra Filosofal, A Camara Secreta, Prisioneiro de Azkaban, A criança amaldiçoada e O livro dos personagens de Harry Potter.

Será que a livraria aceita Ticket Refeição? Pensei enquanto etiquetava os livros e colocava na prateleira, peguei as caixas que indicavam os livros de administração e fui para o proximo piso.

A arte da Guerra era um dos livros de Administração mais vendidos, eu geralmente ouvia isso do meu professor de filosofia enquanto ele começava seus discursos de liderança e trabalho em grupo, esse com certeza é um livro que eu tenho vontade de ler...

Eu estava colocando o como fazer amigos e influenciar pessoas da Dale Carnegie na prateleira, quando vi que o livro Paris em casa da Clotilde Dusoulier nessa mesma caixa.

Desci as escadas novamente para colocar esse livro na sessão de Culinária, e eu ouvi Stacy conversando com o que parecia ser uma cliente:

― Deveria ter uma sessão só para histórias abusivas... ― ela estava apoiada em um thriller ― After Da Ana Toddy, You da Caroline Kepnes e Crepúsculo da Stephenie e Meyer. ― Eu estava colocando o livro de culinária na estante quando o último nome me fez parar abruptamente.

Eu parei de súbito e virei meu pescoço na direção da conversa rapidamente provavelmente quase causando um torcicolo, eu abri a boca prestes a expressar toda a minha indignação, só esperando ela colocar as obras de Shakespeare na lista que, hoje, são consideradas abusivas, mas isso não aconteceu, será que eu devo mostrar meu trabalho de literatura para ela? Arqueei a sobrancelha.

Nunca parei para pensar sobre Crepúsculo dessa forma, eu li quando estava entrando na adolescência, é uma história água com Açúcar uma história em que o protagonista é quase um principe encantado ― se você esquecer de mencionar que ele é um demônio sugador de sangue ― que quase toda garota idealiza durante a adolescência eu sempre gostei mais de filmes de terror graças a Jason já que ele sempre teve umas ótimas indicações na ponta da língua então tipo, não é a minha saga favorita mas é a prova viva de que um clichê ― desde que bem elaborado ― consegue vender, mas eu não diria que é assim tão problemática...

Bufei enquanto terminava de arrumar todos os livros na estante, sentindo meu corpo ficar cada vez mais mole devido a um cansaço que aparentemente decidiu possuir o meu corpo por tempo indeterminado, suspirei diante desse pensamento.

Mordi a língua para não me intrometer na conversa da Stacy com a cliente, se esse papo de livros abusivos fizesse a cliente comprar para identificar os sinais então, acho que estamos ajudando alguém, e todo mundo fica feliz no final do dia.

Às vezes fico cansada sem saber bem o porquê, meus planos ao chegar em casa não eram tão grandiosos assim, treinar alguns passos e ir dormir para acordar cedo para a escola, encarei a edição comemorativa de dez anos de Crepúsculo mordendo o lábio e mandei uma mensagem para Alexander, acho que encontrei algo para fazer hoje espero que ele goste de clichês, tenho que agradecer a Stacy por isso.

Quando estava perto do fim do expediente, e eu já me encontrava lutando para encontrar uma maneira de manter os olhos abertos, para falar a verdade eu tinha sensação de que se eu piscasse, eu só abriria os olhos na manhã seguinte, pisquei com força para tentar espantar o sono, eu só queria estar na minha cama nesse exato momento.

Eu estava desligando o último computador quando a porta se abriu, eu estava me preparando para pedir que essa pessoa voltasse amanhã porque estávamos fechando a loja, porém quando um finalmente consegui desgrudar os olhos do monitor senti o meu pescoço travar, eu estava encarando a última pessoa que eu gostaria de ver na minha frente, e o fato de ela me olhar momentaneamente assustada quando eu finalmente endireitei o corpo não ajudou a melhor o meu humor, talvez eu estivesse mesmo acabada, continuei encarando até que o silêncio foi quebrado:

― Acho que precisamos conversar.


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