Vital Signs escrita por CDJ


Capítulo 7
Parte 2 - Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

A Parte 2 acontece em Cold Oak, no fim da segunda temporada quando todos os jovens iguais a Sam se reúnem na cidade fantasma. Mudei várias coisas para adaptar a história.



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Eve - Primeira Pessoa

 

 Meu Deus, agora a garota estava morta! E eu tinha discutido com ela minutos antes de ela morrer, completamente intacta em cima daquele forte. Meu coração estava a mil e meu cérebro não parava. Sam ordenou que eu ficasse dentro da sala coberta de sal, pois ele não queria que acontecesse nada comigo, mas eu temia por ele. Se eu pelo menos pudesse segui-lo, então eu poderia protegê-lo. Mas não, tive que ficar lá com Ava e Andy, ambos com olhos sombrios.

 Eu sabia que eles não eram mais fortes do que eu, então nenhum deles questionou quando eu disse que tinha que pensar e saí de lá de dentro. Já disse que aquele quarto é abafado? Não consigo nem pensar quando estou lá. Meus batimentos cardíacos sobem para duzentos por minuto e minhas pupilas se contraem. Nunca tive claustrofobia, mas todo esse nervosismo estava me deixando doente.

 Fiquei por muito tempo na avenida principal, muito tempo mesmo. Andando de lá para cá, de lá para cá, sussurrando comigo mesma, praticamente enlouquecida. Eu precisava de Sam agora. Ele era o mais controlado do grupo, com seus olhos verdes sempre encontrando uma saída. Eu precisava dos braços dele naquele momento. Eu não podia mais resistir.

 Agachei-me no chão e abaixei a cabeça, esperando que minhas lágrimas molhassem a terra e formassem um rio que nos tirasse dali. Era pressão demais, minha cabeça latejava mais do que nunca e eu sentia uma vontade tão grande de esmagar alguns cérebros. Eu esmurrava a terra e ela fazia algumas rachaduras nos lugares onde minhas mãos se encontravam. Quem sabe eu pudesse abrir um buraco e fugir dali. Mas e Sam? Não, eu nunca poderia deixá-lo. O tanto que ele me ajudou, era impossível eu ser tão cruel desse jeito.

 Alguém gritou meu nome dentro da casa, mas havia gritado como se tivesse se engasgando. Achei que era Andy e só por isso fui verificar, deixando para trás toda a minha melancolia doentia. Se fosse Ava, eu teria deixado que ela morresse. Foi quando ouvi metade de um monólogo.

 - Isso aqui é uma competição, Andy. E eu vou ganhar, mas infelizmente para isso, eu tenho que matar todos vocês. Sabe, as pessoas vêm para cá de tempos em tempos, pessoas como nós, mas eu sempre as mato antes que elas pudessem considerar o que as atacou. Você devia tentar abrir sua mente, nunca se sabe o que te espera lá dentro – disse ela, com uma voz maligna e uma risada que congelou minha coluna vertebral – Se você abrir sua mente, as coisas fluem rapidamente. E, logo, os demônios te obedecem. Foi bom te conhecer Andy, agora é hora de dizer tchau!

 Então eu ouvi algo se quebrar e tive a sinistra impressão de que não era apenas uma tábua solta do assoalho que havia se rachado ao meio.

 

 Respirei fundo e criei coragem para entrar naquela sala e observar o que quer que Ava tinha feito ao pobre Andy, mas ao entrar, ela estava de costas, olhando para a janela coberta de sal, concentrada em alguma coisa. Andy estava estirado no chão, morto, assim com a ruiva, mas era mais feio dessa vez. Seu pescoço estava retorcido em um ângulo estranho e havia sangue no chão e nas paredes, mas seu peito e sua barriga estavam abertos e expostos, mostrando suas costelas e alguns órgãos. Tive de controlar rapidamente meu estômago.

 - Eu estava esperando por você – começou ela virando-se para me encarar – Eu ia te deixar por último, mas já que você ouviu, melhor. Não vou precisar repetir.

 Ela deu um sorrisinho maligno, mas o rosto ainda estava molhado, como se ela tivesse chorado por muito tempo até revelar sua verdadeira imagem. Tive que engolir em seco. Aquilo não era um ser humano, não era nada parecido com um ser humano. Como alguém poderia se tornar aquela criatura?

 - O que houve com você? – perguntei com a voz rouca e triste – Por que você se tornou esse monstro, Ava? Você é um ser humano, mas agora, olhando para você, eu não sei a diferença entre você e um demônio.

 Ela deu uma risada alta e passou as mãos pelo rosto, secando todas as suas lágrimas e, com elas, toda a sua imagem de boa moça. Tudo o que eu havia visto em seus olhos na primeira vez que eles se encontraram com os meus estava se revelando agora. Por que eu não a impedi antes? Por que eu não contei a Sam todas as minhas dúvidas sobre ela? Talvez ele não fosse acreditar, afinal eles se conheciam, mas já era um começo. Porque não fiz nada e deixei que ela continuasse a solta?

 - É porque não existe diferença, querida – e então ela pegou meu pescoço em suas mãos finas e apertou-o até não sobrar mais ar, levantando-me do chão.

 Minhas pernas balançavam de um lado para o outro, tentando encontrar o chão que não estava mais sobre os meus pés. Minhas unhas arranhavam suas mãos e eu consegui fazê-las sangrar. Ava me soltou e eu caí. Consegui me levantar rapidamente, mas não rápido o bastante para me desviar de um chute no meio das costelas.

 Gemi de dor. Por mais que eu já tivesse cicatrizado todos os meus ferimentos, havia partes do meu corpo que ainda estavam sensíveis. Minhas costelas eram uma dessas partes. Levantei novamente e agarrei seus cabelos para depois bater com sua cabeça na parede. Sua testa começou a sangrar e seus olhos já se reviravam, mas ela conseguiu me empurrar para a parede oposta. Meus olhos localizaram um cilindro de ferro a menos de um metro de distância e enquanto Ava vinha para me bater de novo, eu me desviei e peguei o cilindro que, um segundo depois, estava entrecortando a barriga dela. O sangue escorreu da sua boca e ela caiu ajoelhada no chão, com o corpo inteiro tremendo.

 - Vadia – sussurrei, limpando o suor da testa.

 Virei-me para sair do quarto e chamar por Sam com o propósito de lhe contar a verdade, mas consegui escutar Ava sibilando algumas palavras. Voltei-a encará-la, mas ela não olhava para mim e sim para a janela que, por acaso, tinha uma grande falha na organização do sal.

 Uma fumaça preta incomum se esgueirou por aquele buraco e entrou no quarto, se enrolando em Ava até parar na minha frente e tomar a forma de outra garotinha demoníaca. Não tive nem tempo de abrir a boca para gritar ou para matá-la, porque suas mãos passaram sobre mim da mesma forma que o cilindro havia penetrado no corpo de Ava.

 

Sam - Terceira Pessoa

 

 Sam estava voltando para casa, porque já estava escuro. Jake estava nos seus calcanhares, observando todos os lugares com seus olhos negros e um cilindro de ferro nas mãos. Havia um mesmo cilindro na casa, Sam se lembrou, portanto eles estavam completamente protegidos. E, ainda por cima, tinha Eve, que matava demônios tão bem quanto ele matava as coisas sobrenaturais que encontrara com o irmão.

 Sam entrou na casa e cheirou o ar, estranhando. Enxofre. Demônios? Correu até o quarto de proteção e encontrou Andy e Ava mortos no chão. Andy estava todo ensaguentado e Ava tinha o cilindro de ferro penetrado na barriga; seu corpo estava tombado e seus olhos ainda estavam abertos. Do outro lado da sala, Eve tentava se levantar. Ela segurava a própria barriga, como quem segura um filho quando está grávida. Sam ia perguntar o que havia acontecido quando ela abriu a boca e o sangue lhe escapou dos lábios.

 - EVE? – gritou ele, correndo até chegar a ela – O que aconteceu?

 Ela caiu novamente, sem sucesso, e tirou a mão da barriga. Ela estava sangrando e seus olhos estavam perdendo o brilho de sempre. Os olhos de Sam se encheram de lágrimas. A garota ergueu a mão com dificuldade e encostou-a em seu rosto, depois lhe puxou vagarosamente e lhe deu um beijo. Sam não se preocupou se ela estava toda ensangüentada, não se preocupou se ele também ficaria sujo. Ela estava morrendo.

 - Ava – sibilou ela – matou Andy. Ela c-c-controlava d-d-demônios.

 Sam mandou um olhar de nojo à Ava e pensou em como algo daquilo poderia acontecer, mas logo Eve chamava sua atenção de volta para ele.

 - O d-demônio que nos c-c-colocou aqui quer n-n-nos fazer lutar. V-você e Jake t-t-têm que ir e-embora. Ava d-d-disse que só pode r-restar um de n-nós. F-fuja, Sam.

 - Não, eu vou ficar aqui com você. Da última vez, eu te deixei. Eu fui embora. Agora, não. Vou ficar – disse ele, as lágrimas se dirigiam até a ponta do seu nariz e caíam, molhando os lábios dela.

 Ela tentou rir, mas só conseguiu tossir sangue.

 - Da última vez, v-você fez a c-coisa certa. Faça a-a-agora também.

 - NÃO! Eu não vou deixar você morrer!

 - Vá agora, Sam.

 E após dizer isso, a luz dos seus olhos se apagou e seu coração parou de tentar continuar batendo. Naquele mesmo dia, minutos mais tarde, Sam Winchester foi esfaqueado nas costas por Jake e seu irmão, Dean, vendeu sua alma para trazê-lo de volta do mundo dos mortos. Eve não tinha ninguém para fazer isso por ela, mas seu corpo foi levado de volta para Gainesville a pedido de Sam e ela, pelo menos, teve um enterro que se preze, mesmo tendo sido cheio de curiosos e traidores.


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Notas finais do capítulo

Fim da parte 2, pessoal Eu achei que teria que dividir esse capítulo em dois, mas aí ficaria muito pequeno, então deu pra ficar só em um. Aproveitem!



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