Vital Signs escrita por CDJ


Capítulo 17
Parte 3 - Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

A Parte 3 acontece na quinta temporada, logo depois que Lúcifer é solto da sua jaula.



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Eve - Primeira Pessoa

 Quatro semanas se passaram desde aqueles dias conturbados. Retirei meus pontos no antebraço e meus arranhões começaram – apenas começaram, porque iam demorar – a cicatrizar. As coisas entre mim e Eric finalmente deram certo, talvez porque seguimos o meu conselho de nunca olharmos para trás e fingirmos que aquele dia em que eu tentei lhe contar a verdade não existia. Não havia mais viagens até Salt Lake City ou bebedeiras desiludidas; estávamos bem e era isso que importava.

 Deviam ser quase sete horas da noite. Eu havia acabado de voltar do supermercado e Eric havia acabado de chegar em casa do trabalho. Enquanto eu estava desempacotando tudo e colocando no armário, ele surgiu e me puxou por trás, abraçando minha cintura.

 - Olá, amor – virei o pescoço para selar meus lábios nos seus rapidamente – Como foi o trabalho?

 - Foi o de sempre. As coisas geralmente não mudam – reclamou ele, suspirando.

 Eric me soltou e pegou uma cerveja da geladeira, abriu-a e ficou observando do canto da cozinha enquanto eu guardava todo o resto. A compra nem era tão grande, afinal nós raramente usávamos a cozinha. Ele trabalhava o dia inteiro e eu não ia fazer o almoço só para mim, além do mais porque cozinhar não era meu forte. De noite, quando ele chegava em casa, saímos para comer alguma coisa ou pedíamos pizza. Eu não precisava me esforçar muito para ser uma boa dona de casa; na verdade, não precisava fazer nada, pois tínhamos uma empregada que ia uma vez por semana para dar um trato na casa. Sempre odiei limpar a casa, mas não tinha nada contra lavar roupas. Era minha única função.

 - Bill me chamou para a Noite do Pôquer hoje – comentou.

 Eu já havia acabado de guardar tudo e estendi as sacolas de papel. Ele colocou-as na dispensa para que a nossa “empregada” colocasse para a reciclagem. Arrumei uma mecha solta dos meus cabelos e coloquei-os para trás da orelha. Eles estavam cada dia mais compridos e mais claros.

 - Isso é bom! Faz tempo que vocês não têm uma Noite do Pôquer, não é? Quer dizer, desde que começamos a namorar, nunca te vi sair para uma Noite do Pôquer.

 - Era uma tradição de quinta feira do Bill. Mas isso foi antes de os meus pais morrerem, você sabe – Eric deu outro grande gole na cerveja, evitando me encarar.

 Acho que eu nunca ia descobrir quantas coisas Eric reivindicou após o acidente dos seus pais. Eu já sabia que ele era alegre e pegador, praticamente um cafajeste, e que ele saía bastante. Mas não havia como saber de todo o resto que ele fazia, porque eu tinha medo de tocar no assunto e cutucar uma ferida. Eu tinha uma leve noção de que havia sido sua salvação; até mesmo Bill já me dissera isso. Não que eu queira me gabar, afinal Eric havia sido minha salvação também, mesmo que ele não soubesse disso.

 - Acho que você devia ir. Parece divertido – comentei.

 Ele assentiu e pareceu pensar sobre o assunto, depois se afastou e foi para a sala, ligando a TV num volume alto e num jogo de futebol americano. Eu não me importava muito em assistir os jogos com ele, porque gostava de ver o extremo uso da violência. Era até engraçado. Nos fins de semana, quando tínhamos mais tempo, eu fazia pipoca e nós assistíamos aos jogos para depois fazermos uma lista dos piores golpes e dos melhores touchdowns. Era uma das coisas que eu não me via fazendo antigamente, mas hoje parece tão natural quanto respirar.

 Peguei o telefone sem fio da base e liguei para Bill, comentando sobre Eric ter mencionado a Noite do Pôquer. Bill ficou todo empolgado e me contou que eles, na verdade, não jogavam pôquer. A afirmação me chocou. Oh, homens mentem, que novidade! Ele contou que eles iam até Salt Lake City, a maior cidade por perto, e enchiam a cara em um strip club. Eles só nomearam aquela noite com esse nome, porque ambos eram péssimos em pôquer e perderam tanto dinheiro que se tivessem mesmo jogado pôquer, perderiam a mesma quantia ou mais. Eu dei uma risada e disse que Bill devia convencer Eric a ir. Quero dizer, ele devia voltar aos costumes antigos – tirando o costume de ser cafajeste, esse eu espero que fique bem enterrado – porque a vida não devia parar com a morte. Pessoas morrem todos os dias, não é? Bill concordou e disse que passava para pegá-lo às oito.

 Desliguei o telefone e coloquei-o na base novamente, depois fui até a sala e me sentei ao lado de Eric, me aconchegando em seu peito e observando um pobre idiota ser levado ao chão. Soltei uma risada, mas Eric não me acompanhou.

 - Ei, amor. Eu liguei para o Bill, ele está vindo te pegar ás oito.

 Ele me encarou com seus olhos escuros, me analisando.

 - Não tem problema se eu for?

 - Claro que não! Até parece que eu vou te impedir de sair com seus amigos.

 Ele sorriu e inclinou a cabeça para me dar um beijo. Logo depois se levantou e correu até o quarto, provavelmente indo tomar um banho e se arrumar. Hum, pois é, Eric merecia um pouco de folga e de uma noite com os amigos. Eu também faria uma noite dessas se tivesse algum amigo. Não que eu esteja me queixando, mas a maioria me considerava um pouco maluca. Talvez misteriosa e assustadora, com os arranhões do rosto. A verdade é que eu só tinha Eric, mas não ia monopolizá-lo. Todos precisam de amigos, menos eu.

 Meu celular tocou uma música irritante lá na cozinha e eu corri para atender. Antes de dizer colocar o fone do ouvido, verifiquei o número, mas era desconhecido.

 - Alô? – disse, voltando a sala e me sentando no sofá.

 - Eve, é o Sam – disse a voz na outra linha.

 Meu coração pulou e eu tentei me controlar. Desliguei a TV e me levantei, subitamente agitada demais para ficar sentada.

 - Oi, Sam. Tudo bem com você? – até tentei manter uma conversa, mas quando ele estava prestes a falar, eu o interrompi – Você encontrou alguma coisa sobre mim?

 Sam riu e suspirou.

 - Não exatamente, mas se você não se importar, eu e meu irmão, Dean, estamos indo te fazer uma visita.

 Aquilo era novo. Acho que, no final das contas, eu tinha amigos e não ia ficar sozinha.

 - Claro que não, sem problemas. Onde vocês estão?

 - Estamos perto. Provavelmente estaremos aí em vinte ou trinta minutos – respondeu.

 - Ah, então tudo bem. Vejo vocês aqui – já estava pronta para desligar, quando coloquei o fone no ouvido de novo, me lembrando de uma última coisa – Sam?

 - Oi, o que foi?

 - Quando vocês chegarem aqui, não perguntem pela Eve. Ela morreu há dois anos, atualmente eu sou a Liz. Só se lembre disso.

 Ele hesitou.

 - Ok, pode deixar. Tchau – então desligou.

 Subi as escadas de dois em dois degraus e entrei no quarto. Eric ainda estava no banho e eu entrei no banheiro para lhe contar que ele não tinha que se preocupar comigo por aquela noite. É claro que eu não ia mencionar quem viria, no caso o Sam que ele tanto falava e não gostava, mas deixaria claro o que eram para mim.

 - Eric? Já arrumei uma solução para hoje à noite – disse, tentando me fazer ouvir mesmo com o chuveiro ligado.

 - É mesmo? – gritou ele de volta.

 - Dois amigos vêm para cá. Eles estavam por perto e me ligaram, perguntando se não havia problema – pausei, mas Eric só soltou um “aham” de compreensão – Eu disse que não e eles estarão chegando em trinta minutos. Tudo bem para você, né?

 O chuveiro foi desligado e Eric puxou a toalha, cobrindo da cintura para baixo e saindo do box do banheiro. Ele foi até a frente do espelho e me encarou, assentindo. Depois puxou a escova de dente e colocou a pasta nas cerdas. Mandei-lhe um sorriso antes de sair. Desci as escadas e peguei o telefone mais uma vez, pedindo três pizzas. Era um exagero, mas nunca se sabe quanto um homem pode comer. Voltei para a cozinha, conferindo quantas garrafas de cerveja tínhamos e colocando mais algumas para gelar. Meus preparativos seriam os mesmos se eu tivesse esperando o presidente, mas meu coração pelo menos bateria mais devagar. Uma última olhada no relógio me fez ofegar: os Winchester estavam chegando. 


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora, amores. Mas eu vou me lembrar de postar mais cedo, ok? E espero que gostem de mais um capítulo *--*



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