Knowing me, knowing you escrita por moreutz


Capítulo 3
Capítulo 3




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Carro do James.

16:30 de sexta-feira

20 de janeiro.

— Obrigada pela carona de novo, Potter. — Lily foi pegando sua mochila do chão enquanto James estacionava o carro em frente à sua casa.

— Sempre à disposição, Evans. — Assim ele disse deixando um selinho nos lábios da garota, que corou e saiu rápido do carro, torcendo para que ninguém tivesse visto.

Haviam se passado quase duas semanas desde o trato que os dois haviam firmado sobre o primeiro beijo de Lily, onde poderiam se beijar por apenas três vezes.

Mas isso havia saído um pouco do controle.

James cumpriu com o combinado e, mesmo Lily tendo desconfiado diversas vezes que Sirius sabia de algo, seria impossível, pois Remus descobriria e nesse momento ela já estaria em uma sala de interrogatório com uma luz em sua cara.

Conforme os dias foram passando e, após o primeiro encontro dos dois, algumas mensagens começaram a se tornar comuns como James falando:

‘’Sabe como é difícil agora saber como é seu beijo e não poder ter mais dele toda hora?’’

Ao passo que Lily, alguns dias depois, fora respondendo sem tanta timidez:

‘’Pode me encontrar no estacionamento se quiser ter pelo menos uma amostra curta dele…’’

E com isso, em 4 dias após o primeiro beijo, a marca de três beijos viraram 10 beijos. No primeiro encontro de sexta-feira eles marcavam 15 beijos, e no final de semana pararam de contar, já que passaram o dia todo fazendo um piquenique no lugar preferido de Lily, o jardim atrás da biblioteca.

Os amigos, aparentemente não percebiam nada, e Lily tinha certeza que se percebessem teriam dito algo, eles não eram exatamente o tipo de pessoas que ficariam quietas em situações como essas - principalmente se envolvessem dois de seus amigos.

Na terça-feira quando Lily estava chegando perto da mesa na hora do almoço, viu uma garota se afastando após se despedir de James. Chegando mais perto pôde saber o que acontecera: a menina, Emmeline Vance, perguntara se James gostaria de ir a um encontro com ela, e o mesmo recusou.

Lily não queria, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso quando soube e percebeu com o canto do olho que James também olhava pra ela sorrindo.

Ok, talvez eles tivessem perdido o controle.

Na quinta-feira Remus a confrontou sobre algo de diferente nela, e, coincidentemente, no James também.

— Como assim? — Ela disse tentando soar despreocupada enquanto fazia algumas colagens para a aula de artes com o tema ‘’Moldando o meu futuro’’ e, Lily só conseguiu pensar que, se aquele fosse o futuro dela, ele seria totalmente torto e melequento.

— James costuma falar muito de interações que vocês tenham para nós. O mínimo que seja. E mesmo assim, Sirius o convence a sair e conhecer outras garotas, para não ficar travado já que você nem ao menos dá uma chance. — Remus parou a colagem para olhá-la de cima — e desde o dia em que vocês dois ficaram sozinhos no quarto de Marlene, James não abre um A sobre nada, mas mesmo assim, tem passado mais tempo juntos com caronas e estudos. Sabe quanto tempo faz que não ouço como seus cabelos são as chamas necessárias para aquecer ele?

— Você está doido! Potter é o mesmo sem noção de antes, parou de falar de mim porque finalmente me superou…

— Sabe que se estiverem escondendo algo, eu descubro, né? — Remus provocou.

— Vamos ver...

E agora, na sexta, enquanto saía do carro de James Potter rapidamente em direção a sua casa, pensava em como Remus morava a apenas duas casas dali e lembrou de ver se seu carro estava em algum lugar, mas não. Estava tudo seguro por agora.

Se virou e acenou para James, que retribuiu e foi embora.

— O que eu tô fazendo? — Ela se perguntou ao ver o carro vira a esquina.

— Falando sozinha de novo. — Petúnia disse sem tirar os olhos do celular enquanto estava sentada numa cadeira na varanda.

— MEU DEUS! — Lily colocou a mão no peito — Quanto tempo tá aí?

— Quanto tempo beija o Potter?

— O que?

— Oh, desculpe, acho que era uma respiração boca a boca e não percebi. — A mais velha bateu com uma das mãos na testa.

— Por favor, Pet, não conte pra ninguém, por favor, por favor.

— Tudo bem, Li, você sabe que não contaria…

— Mas?

— Faça as minhas tarefas de casa por um mês…

Lily bufou mas acabou concordando, afinal, tudo para manter o segredo.

(...)

No sábado de manhã Lily acordou com mensagens no grupo com os amigos sobre uma festa que teria na casa de Amos Diggory e como todos teriam de ir - Marlene deu ênfase no todos, o que Lily achou agressivo.

Torcia para dar certo de ela e James estarem no mesmo local e, por mais que a mesma não bebesse, sabia que ele bebia e que quando isso acontecia, costumava falar, e esperava que não fosse muito longe.

— E falando no diabo. — O contato de James brilhou no celular da garota.

— Pode falar agora? — Ele falou logo que Lily respondeu um ‘’oi’’.

— Sim.

— Vai na festa, né?

— Marlene me mandou fotos ameaçadoras no privado então, provavelmente.

— E se…

— Tenho medo do que vai dizer.

— Ficarmos na festa e bum, uau estamos ficando.

— James…

— Qual é, Evans, já fazem dias que estamos juntos, e ultrapassamos o limite, qual o problema disso? — Ele pareceu decepcionado do outro lado do telefone.

— Ainda não estou pronta pra isso, já falamos sobre.

— Então, você não sente nada por mim? Olha, Evans, eu meio que preciso saber, entende? Você sempre soube como me sinto, e… — Ele fez uma longa pausa — eu gostaria de saber como você se sente também.

— Eu ainda não sei como me sinto, não realmente. É tudo muito novo, James. — Lily não estava mentindo, ela realmente estava confusa e com medo, já havia tido sua cota de relacionamentos não saudáveis, mesmo que não tenham sido românticos, e preferia evitar se envolver tanto quanto já se envolveu. Vivia em pé de guerra com os próprios sentimentos e pensamentos, envolver mais alguém nisso seria mais confuso.

— Certo…

A ligação ficou em silêncio por um tempo até que Lily disse:

— Vamos combinar a roupa sem saberem que combinamos?

— Brega… Eu gostei. O que vai usar? — Ele disse com a voz animada novamente e a garota lamentou por não poder estar vendo seu sorriso.

— Um jeans e uma camiseta branca com estampa de friends.

— Então vou com uma jeans e uma camiseta de How I met your mother, só por causa daquela briga básica.

— Combinado!

— Passo te pegar?

— Sim… Sem beijos…

— Tudo bem, eu pergunto se Rem também quer carona. Até, Evans.

— Até.

O sorriso inconsciente era um dos maiores perigos de toda essa situação, ele acontecia quando ela recebia uma mensagem dele, ou pensava nele, ou ele falava algo, o que fosse. Era irritante e se alguém soubesse diria o mesmo. Ela sempre evitou pensar coisas assim - ou até se sentir assim - mas veja só, estava totalmente caída por James Potter e isso com certeza era algo inesperado.

Mais tarde já estava no sofá esperando por James e os outros, até que ouviu batidas na porta. Se deparou com Remus em uma camisa listrada com dois botões abertos, e, ao fundo, viu James e Sirius cantando alguma música com entusiasmo no carro.

— Sua carruagem está pronta. — O melhor amigo disse com um sorriso oferecendo-lhe o braço.

— Uma bela de uma carruagem.

Já estava familiarizada com o carro de Potter naquele ponto da história, e sabia até que tinha um batom no porta luvas que deixara lá por precaução. Os dois não pararam de cantar para falar oi, e assim continuaram até chegarem a festa. Já lá dentro, andando entre as pessoas amontoadas naquela casa que, mesmo não sendo pequena, parecia minúscula para tudo aquilo de gente, Lily não se contem em olhar para James e, quando percebe, já o tinha puxado de canto deixando que os dois amigos continuassem sem eles.

James a olhou surpreso e logo deixou um selinho no lábio da garota:

— Oi.

— Oi.

— Você está linda.

— Você também está. — Mais um sorriso, isso é sério? Ela pensou.

Os dois se juntaram ao resto do grupo que estava na cozinha. Lily ia à festas, porém não tanto. Preferia fazer uma maratona de filmes ou séries com Remus, que se sentia da mesma forma. Era um programa bom e calmo, sem tantas pessoas, e o melhor: poderiam cair no sono e conversar sem ter de gritar a hora que quisessem. Toda vez que seus olhares se encontravam ela entendia o ‘’Por favor! Me tire daqui. Acho que vou morrer!’’ que ele lhe jogava.

Isso era o que mantinha essa amizade, o sentimento mútuo de odiarem coisas e esse ódio consumir eles a ponto de apenas quererem gritar. Além do carinho um pelo outro, é claro. Era algo saudável e bom para reclamações, já haviam reclamado um dia inteiro sobre apenas uma coisa que acharam tantos defeitos que não conseguiam parar - essa coisa era Ted Mosby.

A noite seguiu tranquila, ela dançou com os amigos; viu Sirius tentar seduzir Remus muitas vezes e chorar, logo após, porque esquecia que namorava ele sempre que o mais alto respondia: ‘’Eu tenho namorado.’’; recebeu beijos discretos de James; e riu muito.

Até que aconteceu o que temia em toda essa questão com James: sentiu ciúmes dele.

Estava dançando macarena com Frank e Peter quando viu uma garota se aproximar do garoto de óculos, e eles ficaram bem próximos, e mesmo que Lily visse que James estava incomodado, não pôde evitar o sentimento e isso a corroeu.

‘’Eu me recuso a sentir isso.’’

Não conseguiu cogitar ter esse sentimento que tanto temia dentro de si por um momento que fosse. De repente estava de volta a 8ª série, com, até então, seu melhor amigo, lhe enchendo de mensagens confusas, a ameaçando de forma sutil. Lembra-se de como foi ser induzida a se afastar aos poucos de seus amigos, aquelas pessoas que a faziam tão feliz.

Lembra-se de como o ciúmes a fizera ter insegurança de tudo.

Saiu empurrando qualquer um à sua frente em busca de ar, precisava dele o mais rápido possível enquanto sentia sua cabeça trabalhar em uma velocidade disparada e seus pulmões de apertarem cada vez mais, como se seu corpo estivesse em um contração constante.

Só parou quando percebeu estar na grama da parte da frente da casa, apoiando todo o peso em seus joelhos e tentando contar até o 10 para controlar a respiração, mas sempre parando no cinco. Ficou assim por algum tempo, até que sentiu uma mão em seu ombro.

— Lil, o que aconteceu? — Remus perguntou e Lily pôde ver Alice logo atrás dele.

— Eu não tô passando bem, podem chamar um Uber para mim?

— Uber? Lily, a gente te leva! — Alice se ajoelhou em frente dela.

— Não! Você tem de aproveitar a festa…

— Lily, o James te leva de volta, eu e Sirius pegamos carona com alguém depois ou ele mesmo volta aqui depois. Vou chamar ele.

E sem que tivesse oportunidade de debater, viu Remus se afundar no mar de pessoas dentro da casa, a deixando com Alice que a fez sentar na grama com ela e encaixou a cabeça da ruiva em seu ombro. A amiga sabia como confortar Lily sem dizer uma só palavra, diferente do que todos, em momentos como esse, tentavam fazer. E o mais fascinante disso era que ela costumava acalmá-la assim desde que tinham 5 anos de idade.

Pouco depois James apareceu com cara de preocupado e se abaixou para checar se ela estava bem e se precisava de ajuda para chegar até o carro, Lily negou e prometeu aos amigos que os avisaria de tempos em tempos como estava.

Permaneceu todo o percurso quieta, analisando o que acontecera, como se sentira e como realmente não conseguiria sentir aquilo novamente. Eram memórias ruins demais para se envolver e queria evitar mexer nelas, mesmo que isso significasse nunca mais ter um relacionamento romântico.

Durante todo o percurso não falaram nada. James sabia como reagir à ela nesses momentos e que tudo tinha de ser em seu tempo. Apenas alguns minutos após estacionar na frente da casa de Lily é que ela resolveu quebrar o silêncio.:

— James, acho melhor pararmos com tudo.

— Lily… — Ele disse se virando para ela e Lily notou pelo seu olhar que o garoto já esperava por isso.

— James… hoje eu senti ciúmes de você com uma garota, mesmo eu sabendo que você não estava ligando para ela e eu... — Ela fechou os olhos e respirou fundo — eu não posso passar por isso. Já sofri com ciúmes e controles, vocês bem sabe disso, e não suporto a ideia de ter isso dentro de mim!

— Lily, isso é normal.

— Não, não é, não do jeito que foi, do jeito que pensei. Eu não quero isso, James. Por mais que eu queira você, queira estar com você, eu não quero esse combo bagunçado.. Precisamos parar, por favor. — Lily estava se segurando para não chorar.

— Tem certeza? — Ela percebeu que ele estava evitando olhá-la, e não o culpava.

— Tenho. — Sentiu um peso em seu coração crescer. Queria não ter dito aquilo, queria poder pegar o rosto de James e beijá-lo, falar para ele dirigir até o jardim e lá ficarem observando o céu noturno. Mas simplesmente não era assim que funcionava. — Obrigada pela carona, Potter.

— Por nada, Evans.

Lily saiu do carro calmamente e entrou em casa, não saiu da janela até que James foi embora (o que demorou aproximadamente uns 5 minutos). Assim que entrou em seu quarto desatou a chorar até cair no sono, ainda com o coração pesado e pensando em ligar para o garoto.

Acordou no dia seguinte com uma batida na porta e duas cabeças aparecendo - Remus e alice. Quando percebeu os dois já entraram no quarto e iam em direção à sua cama.

— Dormiu chorando? — Alice se jogou ao lado de Lily na cama e limpou o rímel espalhado pelo rosto da amiga.

— Talvez…

— Lil, quer nos contar o que houve? — Remus se aproximou dela dizendo.

Lily sabia que precisava contar, pois fora tudo muito rápido, uma novidade muito boa, que começou rapidamente e terminou na mesma velocidade. Sabia que precisava dos dois nesse momento, dos dois que sempre estiveram ali, mesmo quando ela dizia coisas doidas ou tentava os afastar diversas vezes. Então explicou. Desde os pensamentos do primeiro dia que Remus já sabia sobre, até ontem a noite, quando tudo terminou.

— Sinto muito, Lil. Por tudo. — Lupin pegou sua mão e apertou.

— Eu sei. — E ela realmente sabia.

— Mas isso explica por que Sirius não conseguiu tirar James da cama ainda.

— Você tem certeza disso, Li? — Alice perguntou.

— Sim… Não gostei de como me senti e por isso, decidi algo em meus sonhos. Vou voltar para a terapia!

— SÉRIO? — Alice falou alto e começou a pular na cama.

— Meu Deus, eu tô tão doida assim? — Ela jogou uma almofada na amiga — E você nem pode pular tanto assim, Neville vai ficar tonto.

— Aposto que ele está comemorando, não é, querido? — A garota conversou com a barriga.

— Fico feliz, Lil, vai dar tudo certo. — Remus a abraçou — E se não der, sempre estaremos aqui.

— Eu sei disso também.

 


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