Desejo e Reparação escrita por natkimberly


Capítulo 14
Au Revoir


Notas iniciais do capítulo



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Na residência dos Dashwood sempre houve uma diferença gritante entre as personalidades das irmãs. Nada que o pai delas não notasse, óbvio. Ele costumava pensar que elas eram como polos opostos, Emma e Anne nas pontas extremas e Jane no centro. Sendo um equilíbrio entre o pavio curto de Emma e o jeito calmo de Anne. Não só ele perpetuava essa ideia, pelo visto.

Ter que dar essa notícia à Emma e Jane seria uma tarefa difícil, não esperava que elas fossem ficar tranquilas. As duas tinham motivos para ficarem perplexas, pois ainda estavam sensíveis com o fato de seu irmão ter ido embora no dia anterior e, agora, teriam que lidar com mais uma partida. Juntou-se com as duas na sala de desjejum, fez questão de que ambas se sentissem confortável e não notasse o nervosismo vindo de Sir Dashwood. 

— Qual o motivo desse encontro, papai? - perguntou Jane, com o tom de voz instável. Será que ele havia descoberto sobre sua mentira? Não poderia ser isso, pois ele chamou sua irmã, então Jane se acalmou um pouco.

 

Sir Dashwood não a respondeu, estava se recordando sobre as palavras ditas por sua irmã na noite anterior. Tentando formular o seu discurso. O diálogo se reprisava em sua mente como uma peça de teatro recém assistida.

 

— Se não se importa, minha querida irmã, poderia me averiguar sobre o motivo da sua decisão - ele pediu. - Me parece algo óbvio para você, mas para mim não é.

 

A sra. March se afastou da porta e foi se sentar à sua frente. Resolveu ter uma conversa sincera com seu irmão, como não haviam tido há anos:

— Andrew, se está interessado em saber qual foi a minha opinião final em torno dos dias que estive hospedada em Meryton, é só avisar - confiante, sra. March acendeu o seu cigarro e prosseguiu: - Vamos reformular essa história desde o começo. Eu estava em Paris, maravilhosamente vivendo minha vida, indo aos eventos que era convidada e sendo a perfeita esposa de Hobbes March, querida por todos. Meu marido ficou doente, tenho certeza que foi por causa do inverno que tivemos que enfrentar na Irlanda, mas, o que poderíamos fazer? Ele tinha um concerto importante para apresentar, preferia morrer do que ficar fora dos palcos. Bom, ele ficou doente… por meses. Nesse tempo, o verão voltou, eu fiquei sozinha, Hobbes pedia para eu não ficar trancafiada em casa, não faria bem para a minha sanidade mental. Resolvi deixar minha agenda de compromissos abertos, e o que não faltaram foi convites, fui para bailes, jantares e concertos, porém, mesmo assim estava faltando alguma coisa. Lidar com aquelas pessoas com classe era algo que eu estava acostumada desde que saí da Inglaterra, então tudo aquilo não tinha mais graça, nem encanto - ela tomou uma pausa para baforar. 

 

Sir Dashwood notava como os caminhos deles dois tomaram se diferem. Ambos se casaram por amor, mas Alexandra não pode ter o que toda mulher almeja: uma família e um lar. Sempre viajando por países, sem se estabilizar por um lugar completamente, sempre indo para onde o seu esposo era chamado, ela devia sentir um vazio imenso. Um vazio que nenhuma fama poderia agregar para que ela pudesse se sentir em paz.

— Você queria um filho - disse o homem. - Mas, é infertil. 

 

Aquelas palavras certeiras fizeram os olhos dela parecerem perdidos. Ela deu um suspiro profundo e escondeu o rosto com a mão livre do cigarro. Era um assunto delicado para ela, mas, mesmo estando com uma pessoa confiável, a sra. March não iria desmoronar.

— Impressionante como nós dois nos amamos, porém ao mesmo tempo nós invejamos - sibilou Sir Dashwood. Alexandra deu um riso fraco.

— Você queria ter meu dinheiro, e eu a sua família - falou. -  O ser humano é falho e nunca está satisfeito com o que tem. Eu só queria, pelo menos, um filho, e vem você, com quatro crianças saudáveis. Mas, você falhou com elas, Andrew.

— O que está insinuando?

— Desde que cheguei aqui, percebi que você tinha uma afeição maior pela a mais velha, Jane, ela é o seu bem mais precioso, não tem como negar. Entretanto, o falecimento de Eleanor deixou um buraco nessa casa que você não pode preencher sozinho. Os seus filhos cresceram sem uma figura materna, Andrew, eles são perdidos.

 

Andrew se revirou da poltrona quando ouviu Alexandra mencionar o nome de sua esposa pela primeira vez. Queria por fim a essa conversa, mas sabia que sua irmã era uma pessoa genuína, e que aquilo era algo que ele precisava ouvir há muito tempo.

— Você resolveu seguir o caminho mais fácil de lidar com o luto: fingir que ele não existe. Focou no trabalho, nos negócios e ficou trancado nesse escritório mais do que deveria. Com Charles você fez o mais certo, o enviou para Eton e deixou que os professores cuidassem dele. 

“Porém, com as meninas, você se ausentou, não tinha como enviá-las para uma escola, pois elas são mulheres. Contratou uma governanta simples, mas depois achou que elas não precisavam mais disso. O que resultou em três garotas com uma base educacional completamente divergente. 

Você vê Jane como a solução para os seus problemas, vê ela como um atrativo que vai arranjar o homem mais íntegro e rico para se casar e lhe livrar de todos os seus sufocos, mas se esquece que ela não pensa que nem você. Andrew, você colocou tanta expectativa nela, que você se esqueceu das suas outras duas filhas. Jane tem sim uma beleza imensurável, é a garota mais atraente de Meryton, notei que ela também tem um bom temperamento, é uma menina boa, mas, das três, ela é a que mais peca no quesito de conhecimento. Jane não sabe falar mais nenhum idioma, não toca instrumento, não desenha, não pinta e não lê muitos livros. Acha que isso foi falta de oportunidade? Ou, foi você que não a instigou a aprender tais coisas? Elas não cresceram com uma rotina, não tiveram uma educação impecável, porque você não se deu o trabalho de procurar uma governante confiável ou de fazer parte da vida delas. Impondo limites.

Por falar em limites, vamos agora falar sobre Emma. O que eu senti foi que Emma era mais avançada intelectualmente que Jane, ela tem um francês bom, consegue ler uma quantidade decente de livros e sabe costurar muito bem. Não tem, fisicamente, nenhum traço marcante, é uma garota comum, porém bem arrumada, assim como Jane. Até aí, está tudo aceitável, mas eu encontrei nela uma falha que me fez ficar estupefata, para não dizer no mínimo decepcionada. Emma não tem prudência, ela é uma menina que fala o que pensa sem se importar se está sendo rude ou insensível. Quando não gosta de alguém, faz questão de deixar isso claro ao extremo, me olhava com desagrado. O ápice foi no nosso primeiro jantar, a forma que ela se dirigiu a Charles, o chamando de “imprestável”, eu sei que você pode achar que foi uma brincadeira de irmãos, mas uma dama tem que saber dos limites que não deve ultrapassar. Foi desrespeitoso para mim, como visita, de ver, e você não deu uma advertência nela se quer. Emma não pensa antes de falar, tem pavio curto e consegue ser extremamente intragável quando quer. Uma menina que cresceu sem nenhuma repreensão em torno dos seus dezoito anos de vida. Deplorável.

Agora, vamos responder à sua primeira pergunta: Por que eu escolhi Anne? Bom, como você mesmo me contou, há dias atrás, Jane e Emma são supostamente melhores amigas, fazem tudo juntas e compartilham seus sentimentos e confidências. Consequentemente, elas devem ter gostos parecidos, o que se mostra vendo a rotina delas. Repleta de bailes, diversão e sem nenhuma responsabilidade com o futuro. É nisso que elas se divergem de Anne.

Anne por alguma razão, não seguiu os mesmos caminhos das irmãs mais velhas. Provavelmente, porque ela escolheu os livros como melhores amigos, e isso a salvou. Anne é uma menina extremamente inteligente, seu francês é praticamente fluente, ela não é mimada, tem um temperamento calmo e é obediente, sem contar que foi uma companhia extremamente agradável enquanto estive hospedada aqui. Ela não anseia por festas, prefere ficar estudando. Claro que tem suas imperfeições. Consegue ser uma menina tagarela, às vezes, e é, de fato, muito mal vestida. Mas, isso são coisas que, com a minha ajuda, poderão ser revertidas. Sinto que posso fazer um grande avanço com ela. Será divertido, terei uma menina para cuidar, educar e dar atenção pela primeira vez na vida! Consegue imaginar? Eu serei a figura materna que lhe faltou. Anne não nasceu para ficar presa em Meryton, o mundo é muito maior do que isso, e, com aquelas histórias dela podem a levar longe, eu as li em menos de um dia. 

Partiremos depois de amanhã. Paris que nos aguarde. Boa noite, querido irmão.”

 

— Paris? Anne vai para Paris?! Como… isso já está decidido? - perguntou Emma. - Ela vai morar lá para sempre? Vai nos deixar também, assim como Charles?

— Por Deus, Emma, claro que não - respondeu seu pai, nervoso. - Ela vai passar um tempo morando com sua tia, apenas. Não será para sempre.

— Mas, por quê? - indagou Jane. - Foi tão de repente, você decidiu isso da noite para o dia, papai?

— A sua tia já veio para a Inglaterra tendo isso como um de seus objetivos. Isso e presenciar o casório de seu irmão, é claro. Meninas, ela esteve essa semana formulando sua decisão, e será a Anne. A sra. March está conversando com ela, enquanto estou contando para vocês. Se tiverem alguma pergunta, façam agora. Não quero ver vocês desmotivando sua irmã, pois isso vai ser bom para ela.

— Por que ela quer levá-la à Paris? E, por que ela escolheu Anne? - questionou Emma.

— Sua tia se tornou viúva recentemente, ela não tem ninguém na França, nenhuma família. Escutem, o sonho da sua tia sempre foi ser mãe, porém, por complicações, sua gravidez nunca deu certo. Eu sei o que o sentimento de luto que ela está passando, ela pode não demonstrar, mas está abalada. Com a companhia de sua irmã, ela poderá sentir menos solidão, e chegar perto do sentimento de como é ter alguém para cuidar. Anne irá conhecer lugares incríveis, receber aulas e presenciar eventos importantes, junto com Alexandra. Ela será como… uma filha, que minha irmã nunca pode ter.

 

Jane e Emma notaram que sua casa ficará ainda mais vazia. Dois irmãos partindo em dois dias! Mas, essa seria uma oportunidade única para Anne, ela vivenciará a melhor experiência de sua vida: viajar para outro país. Se tia March tivesse oferecido essa chance à Emma, mesmo a garota não suportando a tia, ela aceitaria sem pensar duas vezes. Uma pena que Emma não foi tão receptiva com sua tia.

— E, sim, ela escolheu Anne porque… sentiu que suas personalidades  sintonizavam mais - concluiu Sir Dashwood.

 

Não queria dizer o discurso que sua irmã disse sobre suas filhas. Ira machucar Jane e irritar Emma.  Mas, no fundo, ele sabia que sua querida irmã não havia falhado nas suas observações.

 

Agora, era só Jane e Emma. As irmãs passaram a noite no quarto da caçula, Anne chorou um pouco antes de cair no sono. 

 

Na manhã seguinte, foram acordadas muito cedo.  Quanto antes chegassem na cidade onde ficavam os barcos de partida, Morland, seria uma viagem muito longa. Anne estava nervosa:

— Acho que eu vou vomitar - disse enquanto descia as escadas com suas irmãs.

— Agora?!

— Não! Quando eu embarcar no barco, dizem que eles mexem muito.

— Irmãzinha, você aguenta ler jornais enquanto está viajando de carruagem em uma estrada cheia de buracos - disse Jane. - O barco será moleza, perto disso.

 

As três riram. Chegando perto da porta, tia March pediu para que elas se apressassem. Emma e Jane se despediram de Anne, sabendo que aquilo não era um adeus:

— Cuidado para não se apaixonar por um francês - advertiu Emma. - Dizem que eles são muito bom de lábia.

— Ah, traga alguma coisa de lá para a gente, ouviu? - disse Jane.

—E, escreva para nós todo dia! Nem que seja para dizer que o dia está entediante. 

 

Anne abraçou as duas. Mesmo estando triste com a partida, dava para ver que seu sorriso mostrava que no fundo ela estava feliz com essa mudança de ares. Iria conhecer um país! Quem não ficaria feliz por isso?

Suas malas foram levadas para a carruagem, tia March já estava dentro. Anne se despediu de sr. Russell e de seu pai. Em seguida, se virou para as meninas e falou:

— Au revoir, mademoiselles. 

 

 

A carruagem seguiu, desaparecendo entre as árvores de folhas amarelas, que representavam a chegada do outono. Novo cenário, nova estação.

Emma se perguntava como seriam os novos capítulos da vida de Anne em Paris.

 

Dias se passaram. Após terminar de escrever sua terceira carta para Gerald, desta vez, perguntando o porquê de sua ausência no casamento de seu irmão e o contando sobre o novo destino de Anne. Emma foi até a saída de sua casa com o intuito de entregar seu envelope para o mensageiro. Quando estava amarrando seu chapéu, a garota percebeu um movimento estranho pela janela. Abriu a porta e saiu para ter certeza de que o que estava diante de seus olhos castanhos era real. 

E, sim, era o que ela estava pensando. Justamente, como ela esperava.

— Ainda não me contou o que acha sobre isso - disse Noah, jogando pedrinhas no lago.

— O que quer que eu diga? - perguntou Jane. - Estou feliz que a tia March foi embora, e estou feliz que Anne está feliz. Pronto, é isso - mas Noah continuava a encarar com uma expressão de saber que a loira não estava lhe contando tudo. - Pare com isso! Eu estou bem, eu… só espero que Anne não vá embora para sempre.

— Fique tranquila, ela não vai. Anne adora Meryton.

— Mas, e se ela gostar mais de Paris? Tudo tem mudado tanto durante esses meses, parece que a tranquilidade não quer mais conviver comigo. Primeiro, o Charles. Segundo, a Anne. E, se o terceiro for… a Emma? ou, você? Não consigo nem imaginar, não quero ficar sozinha, de jeito nenhum.

— Então, tem medo de me perder? - ele perguntou com aquele sorriso malicioso.

— Argh, você é insuportável, Noah.

— E você adora isso.

— Eu estou com a mente tranquila, está bem? Não foi você que me disse que não iria embora? Não serei eu quem quebraria uma promessa, se eu partisse - disse a loira, após conseguir jogar uma pedra e ela conseguir alcançar três pulinhos.

— Então, está realmente preocupada que eu vá embora? - ele perguntou se virando e colocando a mão em sua cintura.

— Você é ridículo, Noah. Eu não disse isso!

— Mas, pensa - falou Noah, arqueando uma sobrancelha.

 

Quando Jane estava prestes a responder um “Talvez”, tomou um susto com os gritos de sua irmã. Parecia que o mundo inteiro estava conspirando para que Jane e Noah não tivessem um momento de paz, a loira já estava ficando irritada.

“O que Emma estava fazendo aqui? O lago é longe de casa”, pensou.

— Noah! É urgente. Tem alguém querendo falar com você - disse a morena, sem fôlego, de tanto correr. - Por que vocês tinham que vir namorar tão longe? Olha a barra do meu vestido, está imunda. Você que vai lavar, Jane, está ouvindo?

— Eu? Claro que não. Meu Deus, Emma você está toda suada, para que tanta pressa? Quem está atrás do Noah?

 

Chegando em casa, a loira olhou com seus próprios olhos. Na sua sala estavam três oficiais de vestimentas escarlates e um de uniforme branco e cheio de broches no seu peito, era um coronel. Agora, Jane entendeu porque Emma estava vindo correndo com tanta pressa, aqueles homens não pareciam ter muita paciência. 

Obviamente, Jane e Emma não poderia ficar para observar a conversa. Jane perguntou se Emma queria subir para ficar no seu quarto, mas a irmã negou. Ainda tinha que entregar a carta e tentar checar para ver se não havia nenhuma endereçada para ela.

Jane compreendeu e, então, subiu sozinha. A loira queria dizer para a irmã parar de ficar se martirizando, à espera de notícias de Gerald, estava ficando preocupada com ela. Emma não comia direito, passava o dia na varanda de casa, esperando algum sinal de um mensageiro. Era torturante de ver.

Nessas horas, Jane almejava que Anne ainda estivesse em Meryton, pois a caçula era a mestre dos conselhos e poderia tentar ajudar Emma, mas, muito provável que a irmã não a ouvisse. Jane não poderia lhe julgar, estava se sentindo assim em relação a William, queria saber sobre ele, mas ao mesmo tempo, Noah a tranquilizava. Desde que voltaram de Londres, Noah tem sido seu porto seguro, sua fonte de risada e sua melhor companhia. Jane queria que Emma estivesse mais presente nas suas conversas, mas, ao mesmo tempo, sem saber o porquê, Jane queria passar um tempo sozinha com ele, só eles dois e a natureza. Tem sido divertido.

Perdida em seus pensamentos, enquanto segurava o pingente verde de seu colar, a chuva começou a cair em Meryton, enquanto escutava o barulho das gotas d'água encontrando sua janela, Jane também escutou um barulho de batidas na sua porta. Ela pediu para a pessoa entrar. Noah chegou, Jane teve que ir no corredor e fechar a porta com cautela para ter certeza que seu pai não fosse aparecer. O moreno estava segurando o seu chapéu preto de oficial em uma mão. Jane o perguntou que tinha se passado naquela conversa:

— Jane, você quer ouvir a boa notícia ou a má?

— Existe uma má? Meu Deus, eu sabia. Você foi mandado embora, não foi? Está vendo? Eu vou realmente ficar sozinha.

— Se acalme, Jane. Escute, desde que eu e seu irmão mudamos de regimento, recebo ordens de um novo chefe agora, aquele homem de branco lá embaixo. Jane, ele pediu minha presença em Reading, infelizmente, terei que ir - nesse momento a loira já estava chateada. - Não faça essa cara, vou passar uma semana lá. Depois, posso passar dois dias aqui.

— Por que só dois dias? Para onde vai depois desses dois dias?

— Essa é a questão, eu não tenho ideia. O general e meu atual grupo, me explicaram que muito provável que continuaremos por essa área, não pense que estou voltando à Netherfield, por favor.

— Ainda não estou gostando disso. Você vai partir para sempre, por que tinha que ter um trabalho tão complicado?

— Não vou, vai ser uma semana. Jane, pare de drama, esse trabalho é tudo para mim. As férias foram maravilhosas, mas eu tenho que voltar a ativa. Já disse que vou voltar para Meryton assim que puder, com qualquer mínima possibilidade que eu tiver, está ouvindo? Não pense que eu quebrei a minha promessa, se algo acontecer com você, me envie uma carta imediatamente, e nem que eu tenha que roubar um cavalo, eu venho para cá, acabar com a raça do infeliz que mexeu com você.

 

Os dois começaram a rir, Jane não queria se despedir de novo. Já faz cinco dias que Anne tinha partido, sem previsão de volta. Mas, Noah tinha uma previsão, ele vai voltar. Noah a abraçou, ela sentiu os seus braços fortes a apertando fortemente, porém ela não queria sair dali.

Quando o momento entre eles estava parecendo único, Jane estava preparada para lhe dar um presente de despedida. Entretanto, escutou batidas na sua porta de novo. Se afastou de Noah, imediatamente. Era seu pai.

“Pronto, é isto. EU DESISTO”, pensou. Talvez, não fosse para ser. A menina estava furiosa por seu pai ter atrapalhado tudo.

— O que está acontecendo aqui?

— Sr. Russell veio se despedir de mim pessoalmente, papai - disse Jane, rangendo os dentes. - Ele está partindo para Reading.

— Eu bem que tinha escutado muitas vozes no salão, mas pensei que era só você, Emma e ele conversando - falou Sir Dashwood. - Foi uma honra hospedá-lo aqui, sr. Russell. Uma pena que tenha que partir agora, nessa chuva, cuidado para não pegar um resfriado. Bom, É sempre um prazer ajudar aqueles que fazem tanto em nome do nosso país, poderia me apresentar para o seu coronel? Sempre quis conhecer um. 

 

Os três desceram para a sala. Jane não podia acreditar que não conseguiu se despedir de Noah com um beijo, teria sido tão romântico.

Eles passaram cinco minutos conversando besteira, quando chegou a hora do grupo partir, Jane e Noah tiveram que agir como, apenas, conhecidos. Ele beijou sua mão, e Jane sentiu que ele havia a segurando um pouco discretamente, antes que os outros percebessem. Noah pegou o seu cavalo, e se virou uma última vez para Jane. 

O pai da garota estava do seu lado, Jane queria o mandar embora:

— Muito obrigado por tudo, Sir Dashwood - disse Noah. - Ah, e srta. Dashwood, não se esqueça de ler aquele exemplar que eu deixei marcado para você na sua biblioteca, é um dos melhores que li na temporada passada, considere um presente de despedida. 

 

Jane ficou confusa. Exemplar? Assim que se despediram, pai e filha entraram em casa. 

— Quantos estão nos deixando - disse Sir Dashwood, suspirando. - Quem será o próximo? Emma?

— Nem brinque com isso, papai - respondeu Jane, correndo em direção à biblioteca para ver sobre o que Noah estava se referindo.

 

Ela entrou lá e começou a revistar todas as estantes. Será que havia um bilhete? Alguma anotação ou quem sabe uma carta dentro de algum dos livros? Ela passou em torno de sete minutos rondando aquele lugar. Mas não viu nada, nenhum livro com algum sinal de mudança, ou algum papel colorido, estava tudo impecável, como Anne sempre deixava.

Resolveu pegar a escada para conferir nas prateleiras as quais seus olhos não conseguiam enxergar com clareza. Até que escutou um barulho de um galho batendo na janela e tomou um susto. Jane deu um grito, imediatamente pensou que era alguém batendo na janela mas estava enganada, quase derrubou a escada que estava em suas mãos.

“Porcaria de ventos de outono”, pensou a loira. Em seguida, quando estava colocando seus pés no degrau, escutou o mesmo barulho. Não podia ser coisa de sua cabeça, ela realmente estava cogitando o certo.

Jane correu para a janela e a destrancou, lá estava ele. Noah Russell junto com seu cavalo e o seu grupo a alguns metros de distância, ele estava encharcado:

— E eu estava procurando o presente que você me falou - disse a garota baixinho, sorrindo.

 

Sem nem ter tempo de pensar, Noah colocou a mão em seu pescoço e a puxou para um beijo. No momento em que seus lábios se encostaram, Jane sentiu borboletas voando em todas as partes do seu corpo. Era mágico, ela estava nas nuvens. Segurou o rosto de Noah, querendo não o soltar mais. Ela queria tanto ter o beijado antes, ficou tão frustrada com suas tentativas falhas, mas agora que aconteceu, ela percebeu que foi do jeito que ela imaginava e mais perfeito ainda.

Quando se separaram, os dois perceberam que os colegas de Noah estavam encarando eles, esperando que o garoto terminasse a sua despedida dramática para que eles pudessem partir:

— Acho que eles vão me odiar por ter interrompido a viagem por isso - ele disse, sorrindo.

— Com certeza, vão - respondeu Jane, com o rosto corado e as mãos tremendo um pouco. - Foi um ótimo presente.

— Espero que tenha valido a pena a espera - ele disse lhe dando um último beijo, antes de se despedir oficialmente: - Te vejo em breve, minha querida Jane.

 

Noah colocou a mecha de cabelo de Jane atrás da orelha e a deu um beijo na testa. Montou em seu cavalo e cavalgou para junto de seus parceiros. 

Jane ficou alí, sentada na janela. Quase pedindo para que ele a escrevesse todo dia, mas não podia ser tão adiantada. Mal podia esperar para contar para Emma o que havia acabado de acontecer.

 

Saindo da biblioteca, Jane ainda estava com o rosto muito vermelho. Rezava para que seu pai não notasse. A loira pegou um papel e começou a escrever para Anne, para lhe contar que havia dado o seu primeiro beijo! E, claro, perguntar como era a França e se ela já havia conseguido se adaptar ao seu novo estilo de vida parisiense, será que a comida era muito diferente?

Jane largou a pena quando viu Emma entrando pela porta, a morena estava molhada da cabeça aos pés:

— Emma, está tudo bem? Conseguiu entregar a carta?

— Sim.

— Entendi, e você viu se Gerald mandou algo para você?

 

Emma não respondeu essa pergunta. Colocou seu chapéu e luvas no cabide, tirou suas botas e caminhou até as escadas. Jane tentou impedi-la:

— Emma, eu preciso falar com você.

— Não quero ouvir nada agora, Jane.

— Mas, é muito importante.

 

Quando a morena levantou o rosto, Jane percebeu que seus olhos estavam lacrimejando. Naquele momento, Jane esqueceu de si mesma:

— Emma, você está estranha a semana inteira. Não adianta fugir mais, você tem que me contar o que aconteceu.

— Agora você se importa comigo de novo, agora que Noah foi embora, você se lembra que tem uma irmã!

— Como assim? Você não tem falado comigo direito desde que partimos de Londres. Não haja como se não soubesse disso, fica o tempo todo de cara fechada, sem comer e passar o dia todo no jardim olhando para a rua, esperando um carteiro. Agora, aparece em casa chorando e não quer que eu pergunte o que houve? Você vai me contar, agora, o que Gerald mandou para você?

— Nada! Ele não mandou nada, Jane! Esse é o problema, já fazem duas semanas que partimos de Windsor e ele não me responde. Eu acabei de ir para o correio enviar aquela droga de carta e perguntar se não haviam perdido a resposta dele, depois de três horas esperando, eles acharem documento mostrando que ele recebeu sim, as minhas últimas duas cartas. Ele só não responde, mesmo! Saia da frente e me deixe ir tomar banho.

— Isso é estranho, Emma. Gerald pode não ter recebido as cartas, Fitzwilliam pode ter as pego em nome dele, usando o mesmo sobrenome, e depois deu um fim nas suas mensagens. Emma, volte aqui, tenho certeza que o sr. Knightley está envolvido nisso.

— Não mencione esse nome, não quero mais ouvir falar dessa família. Eu estou ficando louca, nunca me vi numa situação dessa em meus dezoito anos de vida. Argh! Só queria ir embora desse inferno.

 

Emma subiu as escadas com as lágrimas escorrendo suas bochechas, odiava que a vissem chorando. Jane continuou no andar de baixo se sentindo mal pela situação de sua irmã, mas não adiantava discutir com ela em seu humor de raiva. A loira resolveu terminar a carta que estava escrevendo para a caçulinha. “Ah, como você faz falta, Anne”.



Nos dias seguinte, ninguém estava se falando. A casa vivia em um constante silêncio insuportável, agora, que só haviam três pessoas vivendo lá, os empregados nem estavam tendo muito trabalho para fazer. A única coisa que importava era a chegada das cartas.

Emma esperava algo de Gerald, Sir Dashwood esperava uma resposta de Sir Collins e Jane esperava algo vindo de Noah. A loira, na verdade, tinha pavor da chegada de alguma carta de William, pois saberia que naquele pedaço de papel estaria escrito toda a verdade. E, ali, estaria o seu fim. Jane mal podia pensar nisso sem ficar enjoada e nervosa.

Todos estavam almoçando, enquanto chega o criado, afirmando que uma nova carta chegou. Os três viraram o rosto e ficaram tensos. Emma resolveu voltar a comer para fingir que não se importava mais com Gerald Knightley, mas Jane sabia que se fosse uma carta dele, o que Emma sentiria seria alívio.

— E, para quem é a carta? - perguntou Sir Dashwood, ele também estava nervoso.

— Para o senhor, Sir Dashwood.

 

O homem nem esperou que o criado trouxesse a carta para si, ele mesmo levantou bruscamente e caminho através da sala para pegar aquele papel, estava com fúria nos olhos. 

Jane se desesperou, nesse momento sua pressão caiu. Ela não sabia como não desmaiou quando levantou rápido de sua cadeira, mas correu até o pai para tentar impedi-lo de alguma forma. 

Emma não estava entendendo nada daquele circo, não tinha presenciado e nem sabia da mentira de Jane, para ela era completamente fora de questão que o pai tivesse enviado uma carta desenfreada para Sir Collins, o xingando de todas as formas e acabando por vez com a amizade que ele tanto almejou ter.

— Papai, pare! Não leia, me dê - disse Jane, tentando roubar o papel. Acabou sendo fácil demais, a menina pegou o envelope e o guardou.

— De quem é? - perguntou Emma, extremamente curiosa da atual situação.

— De seu irmão - respondeu Sir Dashwood, parecendo mais calmo. - É apenas uma carta do Charles - Sir Dashwood se jogou na poltrona, para conseguir respirar tranquilamente, foi só aí que se deu conta do mau comportamento de sua filha mais velha: - Ora, o que foi isso, Jane? Me devolva esse papel, imediatamente.

 

Jane estava embasbacada com a cena que tinha feito. Entregou o papel de volta para o seu pai, com as mãos ainda tremendo. Depois, voltou-se para a mesa para terminar a sua refeição:

— Ah, é porque eu queria muito saber como ele está - disse com a voz falha. - Me exaltei, me desculpe.

 

Emma, com certeza, iria confrontar a irmã para entender o motivo daquele escândalo, mas não agora. Queria saber o que Charles escreveu. As irmãs se viraram e encararam as expressões do pai enquanto lia o papel, ele parecia estar surpreso:

— Por favor, me diga que é o meu sobrinho que está chegando - falou Emma, brincando.

 

O Sir Dashwood apenas levantou-se e entregou a carta para a morena.

— Façam o que bem entender - disse ele, se juntando com elas na mesa e terminando de beber o seu suco.

 

Querido pai e minhas queridas irmãs, como está o dia-a-dia em Meryton desde a minha partida? Li na última carta que papai enviou, que Anne está passando uma temporada em Paris junto com tia March, que maravilhoso! Ela deve estar amando.

Bom, não consegui responder àquela carta antes, pois estive muito atarefado com a extensa mudança que está ocorrendo na minha nova casa. Mas, agora, após duas semanas, posso-lhes dizer que minha residência está, enfim, concluída! Todos os móveis estão no lugar, a pintura já está finalizada e conseguimos terminar de arrumar o jardim. Está exatamente como eu e Lydia tanto sonhamos. E, eu estou com muita expectativa para ver a reação de vocês.

Não é uma casa grande, que nem a minha antiga, mas tem uma bela vista para o mar e tudo que eu e Lydia precisamos, no momento. Se um dia nossa família ficar grande, a ponto de ter quatro filhos, aí terei que pedir a sua ajuda, papai, para conseguir me arrumar um lar que nem o meu antigo.

Brincadeiras à parte, não me conformo que tenhamos que nos comunicar apenas por correspondências nesse período. Como já havia comentado com minhas queridas irmãs, em breve voltarei a me unir ao regimento e terei que me afastar da minha amada esposa. Como chegamos em Bath a tão pouco tempo, ainda não temos amizades com os nossos vizinhos, portanto, quando eu tiver que ir, Lydia irá se sentir solitária. Então, pensei que como nós temos um quarto de visitas disponível, por que não convidar Emma e Jane para conhecerem meu novo lar e as aproximar de Lydia?

O quarto, infelizmente, só tem uma cama grande, portanto, elas teriam que dividir. Mas, vou entender plenamente se Jane se declinar ao convite, pois sei que ela possui uma aversão a praias e maresias. 

Bom, espero que por esta mensagem já tenha dado para matar um pouco da saudades. Estou ao aguardo de sua resposta.

Com amor, Charles.

 

Jane após terminar de ler, voltou-se para Emma. 

— Eu, com toda certeza, vou - disse a morena, firmemente. - Faz quanto tempo que não piso na areia, papai? Acho que anos! Estou com muita curiosidade sobre como está o lar de Charles.

— É… Hm, acho que tenho que pensar - respondeu, se levantando da mesa.

— Pensar? - indagou Emma, surpresa. - Como vai recusar isso?

— Como Charles mesmo expôs, eu odeio maresia, me deixa mal, com o nariz irritado. Não quero ficar doente, vou estar sendo apenas um estorvo para vocês.

 

A garota tinha que mentir, o seu pai estava do seu lado. Não podia viajar, pois Noah estaria de volta em poucos dias. Ela queria vê-lo. Não iria perder essa oportunidade.

— Bom, se é isso que você quer - respondeu Emma, secamente. - Não há o que eu possa fazer para mudar sua ideia. Só achava que seria divertido uma viagem, ainda mais para mudar os ares, pois Meryton está extremamente pesado, pelo menos, para mim - ela se levantou. - Papai, pode avisar a Charles que eu irei visitá-lo, amanhã estou partindo.

 

Concluiu, saindo do local. Jane somou aquilo como um afronte da parte de Emma. O que ela mais temia estava acontecendo, iria ficar sozinha em Meryton, apenas ela e seu pai. Não acreditava que Emma poderia ter sido tão fria a ponto de decidir viajar sem ao menos se importar em como a irmã se sentiria em relação a isso, como se Jane não fosse nada.

Era inegável que o relacionamento das irmãs estava passando por adversidades. Ambas estavam com interesses e obstáculos diferentes. Emma sentia que algo de errado estava acontecendo com Gerald, enquanto tentava manter a sua postura e não demonstrar que está machucada pela sua indiferença com ela. Ela viu nessa chance de ir a Bath, uma oportunidade de se desintoxicar dessa angústia e ansiedade que a atormenta nesses dias em Meryton.

Ao mesmo tempo que Jane estava, finalmente, vivendo o seu primeiro romance, o qual tanto almejava. O que acabou a cegando para a situação de sua irmã, porém não foi propositalmente. Jane só queria poder conciliar a sua nova vida amorosa com a sua amizade com Emma, mas era impossível. 

 

Na manhã seguinte, ambas estavam mais calmas. Emma estava tão ansiosa com a sua partida que pegou suas malas e ela mesma as colocou na carruagem, sem dar a chance dos empregados encostarem. Logo, abraçou o seu pai e o afirmou que iria lhe trazer todas as verdades sobre como estava a vida de Charles.

Ao trocar olhares com Jane, Emma foi em sua direção:

— Acho que isso é um “Até logo” - falou.

— É o que parece.

 

Ficaram se encarando, até que Jane tomou iniciativa para lhe dar um abraço. Emma o retribuiu. Quando se afastaram, Jane a entregou um pedaço de papel.

— Leia na carruagem.

 

Emma ficou surpresa, mas pelo fato delas terem tido o mesmo pensamento, pois Emma também havia escrito uma carta para Jane:

— Parece que foi telepatia - disse Emma. - Bom, tenho que ir, agora.

— Emma… se recebermos algo de Windsor, você quer que eu envie para Bath?

— Apenas, se for alguma coisa boa. Se for algo… que possa me decepcionar não precisa mandar, não quero estragar minha viagem por isso.

 

Jane assentiu. E, foi nesse clima, que Emma deixou Meryton.

 

Jane, não vou fazer nenhuma mensagem extremamente formal, pois não tenho esse tempo todo. Apenas queria abrir meu coração para a minha irmã. Meu orgulho não me deixa ir ao seu quarto e ter essa conversa, sei que iria chorar e odeio chorar na frente das pessoas. Também sei que estou em partes errada nessa história e não queria admitir, mas como vou deixar essa cidade por um tempo, é melhor aceitar. 

A visita da tia March me desestabilizou, ela falou coisas que ficaram martirizadas na minha cabeça. Quando ela falou sobre o potencial de Anne de conquistar a vida pela sua inteligência e seu talento para a escrita e quando eu me lembrei que você poderia estar morando em Windsor, com a vida já feita. Se tornando uma Lady e casa com um homem de mais que ganha mais vinte mil libras por ano, bastava você apenas ter dito “sim”. As duas teriam a vida feita, apenas não quiseram. E onde eu entro nisso?

Após o sumiço de Gerald, percebi que eu era apenas algo temporário para ele. A minha única visão de futuro, virou as costas para mim. Eu sei que ele ainda pode responder, e sei que você pensa que essa história está muito estranha. Mas, espero que em Bath eu não consiga mais pensar nisso, quero tirar férias desses fardos e voltar a Meryton com a consciência mais limpa.

Percebi que você e Noah se aproximaram. Espero que não se ofenda, mas mesmo se você me convidasse para se juntar a vocês dois, eu recusaria. Pois, ver vocês juntos me lembraria dele.

Espero que isso tenha sido apenas um mal entendido.

Com amor, Emma.

 

Não consegui ir até o seu quarto, porque não acho que você teria paciência para me ouvir. E, também, não queria lhe incomodar, pois acredito que no momento que estou escrevendo isso você está arrumando as suas malas. Emma, as coisas têm mudado tão rápido que eu não consigo nem mais acompanhar.

Sinto sua falta. E, peço desculpas por ter priorizado a companhia do Noah quando voltamos. Infelizmente, ele precisou ir embora, para eu perceber o quão mal você estava. Emma, eu não acho que o Gerald está te evitando, essa história está muito estranha, eu sei que ele gosta muito de você! Mas, enfim, não irei mais citar esse nome, como você pediu.

Emma, tem tanta coisa que eu não lhe contei. Papai me confrontou sobre o pedido de noivado de William e eu neguei, menti dizendo que esse pedido nunca existiu. Pensei que isso resolveria tudo, mas só piorou! Ele mandou uma carta furioso para Sir Collins, e quando ele mandar a resposta expondo a verdade, eu estarei arruinada. Nessas horas, eu espero que Sir Collins tenha sumido para uma ilha no Caribe e esteja sem nenhuma chance de receber aquele pedaço de papel. Onde será que esse homem se meteu?

Fora isso, darei um jeito de ficar de olhos nas correspondências, para caso uma carta dele apareça, eu possa a jogar na fogueira!

Bom, tirando isso, eu e Noah nós beijamos! Foi tão romântico, Emma. Queria tanto poder vê-lo de novo. Mas, apenas daqui a alguns dias ele irá vir me visitar. Essa foi uma das razões de eu ter negado o convite a Bath. 

Acho que chega de escrever, eu sei que você tem enjoo enquanto está em uma carruagem, então ler uma carta grande só deve piorar. Vou me despedir por aqui. 

Espero ver você logo, irmãzinha.

Com amor, Jane.

 

Ela estava certa, Emma começou a passar mal após terminar de ler sua carta. 

“Droga, como sempre, esse enjoo” pensou.

— Senhor, com licença, quando tempo falta para chegarmos? - perguntou Emma ao cocheiro.

— Era sobre isso que eu queria lhe informar, srta. Dashwood. Para irmos para Bath, nós temos duas opções de caminho. A primeira, é seguindo para passar perto de Londres, esse é o caminho mais longo, porém nele as estradas são mais lineares e a carruagem não balançará muito. O outro é irmos pelas estradas do campo, onde chegaremos em Bath mais rápido, porém o caminho é mais… íngrime. 

 

Só de ouvir a palavra “Londres”, Emma sentiu arrepios. Não passaria por essa cidade nem que o tempo de viagem fosse de apenas cinco minutos por esse caminho:

— Vamos pelo campo.

— Certo. Não se preocupe, srta. Dashwood, se, por acaso, começar a passar mal. Me avise, porque podemos dar uma parada em Rosings, dizem que lá é um ambiente muito agradável.

 

“Espero não ter que contar com isso”, pensou Emma.


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Notas finais do capítulo



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