Subentendido- Fremione escrita por Anna Carolina00


Capítulo 15
Caminho Granger




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HERMIONE POV

Confesso que em alguns momentos cheguei a me arrepender de ter ido ao Ministério. No instante em que vi Lucius Malfoy, minhas suspeitas se comprovaram e realmente caímos em uma armadilha. Imaginei que, assim como ano passado quando Harry foi usado para ressuscitá-lo, novamente estávamos fazendo algo que beneficiaria Você-Sabe Quem, mas dessa vez foi possível responder, Harry não estava sozinho.

Conseguimos colocar nosso treinamento em prática em um problema real. Até mesmo Neville estuporou um comensal enquanto fugíamos com aquela esfera. Ainda assim, tive medo, porque haviam limites que não seríamos capazes de ultrapassar e Comensais eram conhecidos por utilizar tais feitiços.

O próximo momento foi quando Harry pediu que nos separássemos para termos chance de sair dali. Apenas vi de relance a chegada de alguns membros da Ordem enquanto corria com Rony para uma sala próxima em que se estudava os mistérios da mente humana, um comensal aparatou de surpresa ao nosso lado e eu o arremessei em direção a um dos tanques com cérebros que quebrou despejando dezenas de cérebros. Uma das formas gelatinosas o atingiu e ele rapidamente desaparatou dali, mas quando uma delas veio em minha direção, foi Rony que entrou no caminho e o cérebro no chão saltou em seu rosto.

Ele gritou de dor. 

Haviam mais deles vindo em nossa direção, então apenas aguentei seus gritos enquanto eliminava os demais antes que mais viessem até Rony.

As fibras se desenrolavam formando tentáculos. O tecido poroso e úmido lembrava a pele de Grindylows, logo, aquecer era a resposta. Incendio. Apontei a varinha para cada movimento estranho. O feitiço não se expandia além do objeto atingido, mas logo a sala se encheu de pontos chamuscados .

Havia um misto de sentimentos em mim. Eu tinha medo de continuar nesta sala e medo de sair. Estava preocupada com Rony, mas não poderia tirar atenção dos tentáculos. Estava irritada com Harry por não me ouvir e irritada com Dumbledore por ter deixado Hogwarts nas mãos do Ministério. Estava preocupada com nossos amigos se arriscando lutando com Comensais e também orgulhosa por estarmos ao menos sobrevivendo, espero. Não podia deixar de imaginar se seríamos expulsos depois de deixar um membro do ministério ser levado por centauros… 

Nesse momento, lembrei de Fred e de como ele abraçou a ideia de sair de Hogwarts com coragem, para ser responsável por sua própria vida e ajudar no combate às trevas. Será que chegaria o momento em que Harry, Rony e eu teríamos de fazer o mesmo?

Um último tentáculo pareceu tentar fugir do meu pequeno massacre, lancei um feitiço na direção da porta e o pulverizei. Em seguida, corri para Rony. Os tentáculos pareciam estar grudados em seu rosto, eu não poderia simplesmente incendiá-los.

Comecei a fazer cortes milimétricos nos tentáculos usando Diffindo. O suficiente para que a própria criatura se soltasse do rosto de Rony e eu então a queimasse. Era uma técnica rústica para retiradas de sanguessugas, mas eu não era uma medibruxa, tão pouco havia outra escolha.

O que pareceu levar horas foram minutos de trabalho. Em algum momento do processo, Rony acabou desmaiando. Eu segurava as lágrimas para manter minha visão precisa.

Quando a última parte foi retirada, o rosto de Rony estava visivelmente marcado, enfim pude deixar as lágrimas rolarem.

 Uma certeza para minha profissional: eu jamais seria medibruxa.

—Deixa que eu levo o Rony.

E Fred apareceu. Acho que nunca fiquei tão feliz de ver um rosto conhecido. Foi bom não ter alguém em quem me apoiar naqueles segundos, antes que eu desmoronasse pensando em tudo de ruim que poderia acontecer.

Foi bom ser Fred ao meu lado, era uma sensação de aconchego que somente ele poderia me causar. Naquele momento, era o que eu precisava. Ele não saiu do meu lado em nenhum momento naquela noite. 

Fomos para o Largo Grimmauld, vimos Dumbledore, descobrimos que nossos amigos estavam no St. Mungus e que eu deveria ir para lá para minha carona de volta Hogwarts. Antes disso, pedi para ver onde seria a Gemialidades Weasley. Aquela poderia ser a última vez que poderia ver Fred como o garoto que me apaixonei nos últimos anos. 

Dali em diante, ele seria um homem de negócios e eu continuaria sendo uma garota de Hogwarts. 

Um último beijo. 

Talvez este realmente seja nosso último beijo, talvez não.

De todo jeito, prefiro aproveitar cada beijo como se fosse o último… Por que de fato um deles será.

***

Voltamos com Mcgonagall e uma chave portal. Estávamos tão cansados que mal conversamos, só fomos para nossos quartos. Luna e Rony ficaram na enfermaria.

No dia seguinte, fui acordada por uma Gina com um olhar triste dizendo que deveríamos fazer companhia para ele.

Eu sentia o mesmo, mas talvez não pelo mesmo motivo. Ainda me sentia culpada por não ter impedido que tudo isso acontecesse. 

Descemos e Gina seguiu para o dormitório masculino.

—Pensei que fôssemos ficar com Rony.

—Rony?Ele tá bem, Hermione. Eu estou preocupada com Harry. A ordem nem fará um enterro, já que não há como recuperar o corpo.

Congelei. Enterro?! Corpo?!

—Do que… Você está falando?

—Sirius...Ele morreu, Hermione.

Sai correndo em direção ao quarto de Harry.

Pensei que sentiria raiva de Fred por não ter me contado algo importante assim, mas eu não pensava em nada além de ver Harry.

Ele estava acordado, deitado na cama, tremendo. Seus olhos deixavam claro que não havia conseguido dormir. Se tivesse dormido, tenho certeza que teria pesadelos piores que qualquer visão a partir de Voldemort.

Não disse nada, apenas me sentei ao seu lado na cama e apoiei meu rosto em seu ombro, fazendo carinho em sua mão.

Ele chorava um pouco, eu também. Não era apenas saudade, mas também um misto de raiva e culpa. Gina se juntou a nós e também se sentou no outro lado da cama, colocando Harry em uma espécie de sanduíche de “estou aqui, conte comigo para o que precisar”.

Dino e Simas levantaram da cama, mas Gina apontou a porta com severidade para Dino que foi seguido por Simas. Saíram sem fazer barulho. 

Ficamos com Harry até ele conseguir dormir. Gina saiu para buscar comida para nós, voltou e continuamos lá com Harry.

Cochilamos também. Acordamos no meio da tarde e Harry não tinha comido nada, ainda se mantinha sem falar nada, como se algo tivesse sido desligado.

Olhei para Gina e ela entendeu meu olhar. Comida para Harry e ver Luna e Rony. Ele parecia estar dormindo e saímos do quarto silenciosamente.

Primeiro fomos ver nossos amigos. Rony estava melhor, seu rosto parecia menos machucado que ontem. Luna estava com a cabeça enfaixada, mas parecia estar se sentindo bem com uma coroa feita de papel toalha que ela mesma fabricou pela manhã. Neville estava com eles, os três queriam ver Harry, então prometemos que daríamos um jeito de trazer ele para cá.

Não consegui agradecer Rony pela atitude idiota de salvamento, mas me prometi que falaria com ele mais tarde.

Passamos pela cozinha, avisei para Dobby que Harry estava precisando de amigos por perto e ele concordou em nos acompanhar para ver Harry Potter.

Chegamos no quarto e estava vazio.

Olhei para Gina e ela teve a mesma ideia que eu. A terrível ideia de que Harry poderia ter feito algo do qual se arrependeria.

Saímos à sua procura, mas Dobby só precisou aparatar por alguns minutos para encontrar a resposta.

—Olhe pela janela, senhorita Hermione Granger.

 Ele apontou para um grande ponto marrom abraçando outro menor no caminho para a cabana.

Harry estava com Hagrid. 

Harry estava bem.

Talvez não exatamente bem, mas estava se lembrando que há mais pessoas em sua família e estamos ao seu lado.

***

 O tempo passou e as coisas foram se encaixando.

Dumbledore tomou controle da escola novamente. O Profeta Diário comprou a entrevista de Harry ao Pasquim e agora todos realmente sabiam da volta de Você-Sabe-Quem. 

Professores de volta aos seus postos, alunos voltaram a fazer provas e mais um ano em Hogwarts se encaminha para encerrar. Não tivemos mais aulas de Defesa Contra Artes das Trevas naquele ano, nos dando mais tempo para estudar!

Gina me contou que estava namorando Dino Thomas, isso explicava bastante coisa, e pelo visto, ainda não era a chance de Harry...

 Harry foi colocado em aulas de Oclumência durante todo aquele horário livre e se dedicou como deveria. Ninguém melhor que ele entendia o perigo de ter sua mente controlada por Você-Sabe-Quem.

Mais rápido do que imaginei, chegou o dia de voltar para casa. Nesse mesmo dia, recebi uma carta de Dumbledore, acredito que Rony recebeu também.

Cara Senhorita Granger,

Desejo-lhe boas férias. Aproveite o tempo com seus pais, no que depender de mim, estarão seguros juntos. Infelizmente, não há como saber até quando esta segurança prevalecerá. Não tenho previsões otimistas sobre os próximos anos e cada dia que passa, o inevitável se aproxima. Acredito que deve saber do que estou falando, afinal, é a bruxa mais inteligente de sua idade.

Escrevo, não apenas com o apelo de que aproveite os dias com sua família, mas também com um pedido. 

Tenho certeza que estará ao lado de Harry Potter independente das circunstâncias. Ele é um menino sortudo por ter encontrado amigos como você e Rony Weasley, pois a amizade é certamente uma das mais poderosas armas mágicas existentes, tão poderosa quanto o amor. Se esta magia, o amor, foi a responsável pela sobrevivência de nosso caro amigo no passado, receio que ninguém será mais essencial a vida dele nos próximos anos que vocês dois. 

E é com pesar de ter de lhes caber tamanha responsabilidade que peço que mantenham esse companheirismo, mesmo que Harry Potter seja evidentemente pretensioso e imprudente em realizar seus feitos sozinho, sabemos que ele precisa de você e do Sr. Weasley. Mais do que nunca, a jornada que o espera irá precisar de sorte, coragem, esperteza, sabedoria e uma fidelidade que apenas amigos podem oferecer. Consigo imaginar o que lhe aguarda, mas somente vocês poderão lhe acompanhar nesta caminhada.

Nas esperança de que sejam superados os tempos sombrios,

Desejo-lhe novamente boas férias,

 

P. W..B. Dumbledore.

 

 

Algo nas palavras de Dumbledore me davam a sensação de que ele não estaria por muito mais tempo conosco, mas isso parecia tolice. Dumbledore é o bruxo mais poderoso vivo, não há como imaginar que seja possível ser derrotado por alguém.

Guardei a carta em meu malão, estava quase completamente organizado para a viagem de volta para casa. 

Falando em cartas, lembrei do pergaminho que usei para me comunicar com Fred Weasley. Depois de semanas sem nada, havia algo novo escrito:

“Cupom vitalício de 20% de desconto em qualquer produto Gemialidades Weasley. Use sem moderação.”

Respondi:

“Mantenha-me informada sobre como vão as vendas da Gemialidades. Estou torcendo por vocês!”

Guardei o pergaminho em meu bolso, assim saberia quando a resposta chegasse. Desci para a entrada de Hogwarts carregando meu malão com magia, assim não teria de dar trabalho aos elfos. Inclusive, já estou me preparando para trazer mais cadernos ano que vem. Dobby me informou que mais 2 elfos aceitaram as aulas e todos pediram, se não for pedir muito, que eu trouxesse um livro novo de histórias!

Apesar de tudo, esse foi um ano com bons momentos de alegria, tricotado por momentos de tristeza.

***

Já no trem, enquanto Rony e eu nos encaminhávamos para o vagão que os monitores se reunião, lembrei de um detalhe importante.

—Rony!

—O que foi?

—Acho que não lhe agradeci adequadamente por ter me salvado naquele dia no Ministério.

E dei-lhe um beijo na bochecha. Ele ficou levemente corado.

—Então é isso que é preciso fazer para ganhar o beijo de uma garota? Sempre achei que fosse chocolates…

Demos risada e continuamos andando. Não posso negar que o humor dele lembra muito outro ruivo.

Quase no mesmo instante, senti meu bolso aquecer e peguei o pergaminho enquanto andávamos.

“Falar sobre Gemialidades Weasley? Com certeza, mas tenho planos maiores para me aproveitar de seu conhecimento ridiculamente grande. Dumbledore nos deu a missão de averiguar casos estranhos de roubos e invasões no Beco Diagonal. É confidencial, claro, mas se eu precisar de um gênio no caso, já sei como encontrar minha enciclopédia particular...”

Guardei antes que Rony perguntasse algo a respeito e entramos para o vagão para as instruções de monitores.

***

Nos despedimos, Rony foi com Harry para falar com seus tios e eu vi meu pai que me esperando na estação King Cross. Dei um grande abraço para matar a saudade.

—Minha monitora preferida de Hogwarts! Como foi o ano? Se divertiu? Aprendeu muito?

Havia em seus olhos uma preocupação camuflada em empolgação.

—Foi tudo maravilhoso, papai. Tudo correu bem!

Era o melhor a se dizer para nós dois.

No caminho para casa, a princípio, achei que se tratava de um mais um jeito Wendell Granger de puxar assunto, mas a informação me chocou mais do que eu imaginava…

—Então, filha… Sua mãe me falou sobre um colega ruivo seu estar interessado em você… - congelei com aquelas palavras - Eu só gostaria de dizer que não concordo com o tratamento ríspido que sua mãe deu  à situação. Não acho que proibir um namoro seja saudável, na verdade, pelo que sabemos dele em relação ao que Molly nos fala, é um bom rapaz. É monitor, assim como você...- agora fiquei mais confusa ainda - O que estou dizendo é que se quiser convidar Rony Weasley para passar uns dias conosco nas férias, ele será bem vindo. Dormindo em quartos separados, é claro. É assim que Molly organiza quando você dorme na casa dos Weasley, certo?

Não consegui falar nada, apenas acenei a cabeça. Meu rosto devia estar em chamas por estar tendo esse tipo de conversa com meu pai.

—Eu só… Não quero que se sinta pressionada com nada, ok? Estudos em primeiro lugar, sei que você sabe disso… Não quer dizer que não possa tomar sorvete com um rapaz nos fins de semanas… Mas eu estou de olhos, ok?

A cada ok dele, eu enfiava mais meu rosto no livro. Acho que foi sinal o suficiente para encerrar a conversa.

Não tinha a menor ideia do que pensar a respeito da conversa mais embaraçosa da minha vida, mas algo em mim parecia estar contente com essa ideia… E se Rony Weasley fosse o “bom rapaz” da minha vida?

O próximo ano realmente seria recheado de surpresas!


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Notas finais do capítulo

E mais uma temporada se encerra!
Agora devo demorar mais tempo para abordar enigma do príncipe.
Talvez eu encurte as duas histórias e faça em uma mesma história... Depende um pouco da recepção à ideia de fazer de nossos gêmeos Weasley os investigadores especiais do desaparecimentos de Olivaras e outros comerciantes do Beco Diagonal. Seria uma criação realmente nova e não tenho certeza de como me sairei sem o suporte do roteiro de JK.

Obrigada a todos que leram até aqui"



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