A New Order escrita por TiiaMeddy


Capítulo 14
A Foice Azulada




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Aquele único minuto que se passou desde que o brilho repentino se tornou a bela foice pareceu uma eternidade para Erin, e não pensando duas vezes, a tomou em mãos e contra atacou o ovo de kishin, afastando-o bons metros e a deixando novamente em vantagem. O ser em sua frente estava confuso, parecia analisar bem a situação, a albina fazendo o mesmo enquanto encarava em suas mãos a arma magnifica. Um cabo prateado, e em cada uma das extremidades e de lados opostos, uma longa lâmina em tons diferentes de azul, assemelhando-se ao céu contrastando com o oceano, um raio próximo ao cabo. Da ponta de cada extremidade estendiam-se alguns adornos semelhantes a penas do mesmo azul mais claro da lâmina, e se fossem maiores, definitivamente poderia chamar de asas.

 

—O que houve? Você ainda está bem, Erin? – Uma voz saia da bela foice, ouvida unicamente pela garota.

—Perfeitamente bem, Oliver. – Ela sorria, agora o jogo viraria, e o mais importante: a garota atingiu seu objetivo quando roubou esta aula extra. – Transformação completa, arma branca com fio, e ressonância perfeita. A sorte agora está a nosso favor.

—Sim, si... TRANSFORMAÇÃO COMPLETA?! – Oliver agora olhava para “si mesmo”. Ou ao menos como se enxergava dentro de seu modo arma, encarando a garota e sentindo suas ondas de alma o envolverem como um abraço carinhoso. Estava tão desesperado que nem ao menos reparara que havia conseguido depois de semanas.

—Escute, Oliver. Ainda não tivemos aula alguma de combate, ao menos na Shibusen, mas espero que consiga me acompanhar. Como vimos na nossa primeira aula, isso vai ser como uma dança.

—Entendido. Vamos terminar logo com isso para que eu possa remendar mais seu corpo. – A garota ri, girando a foice em mãos, vendo que seu adversário planejava voltar a atacar.

 

O ovo de kishin corre na direção de ambos, planejando atacá-los com as diversas lâminas em seus braços, a garota apoiando a foice no chão e usando-a de impulso para pular sobre o ser, qualquer um que os visse pensando que a albina estaria voando. Ao pousar, girou rapidamente o parceiro, cravando a foice na perna do monstro, arrancando-a fora como se cortasse um bolo ou algo mais macio. Aquilo o desequilibrou, a garota chutando-o na direção da parede logo depois.

Depois de tudo que Erin apanhou para conseguir que Oliver deixasse suas inseguranças para assumir completamente seu lado arma, ela teria de devolver cada hematoma ao ovo de kishin antes de tomar sua alma.

Obviamente ele não desistiria após perder apenas a perna. Mesmo com a mobilidade prejudicada, ele vira-se almejando o pescoço da garota, seu braço sendo defendido pelo cabo da foice e recebendo logo depois mais uma projeção de alma. Oliver podia sentir na alma da garota que mesmo a dupla agora tendo vantagem, estava apenas brincando com ele, e não pretendia pôr fim ao combate tão cedo. A alma de sua parceira parecia mais sombria desde que ela o pegou em mãos pela primeira vez, assustando a arma, mas o moreno não se importaria com isso enquanto sua vida e a dela estivessem correndo perigo.

A garota continua com seus ataques mirando os membros do ovo de kishin em frente a ambos, pouco a pouco os pedaços de carne arrancados findando por revelarem os ossos como se indicassem um serrilhado de “corte aqui”. Ao afastar-se, Erin gira seu parceiro graciosamente fazendo o vento balançar o que ainda lhe sobrara de roupas e seus cabelos enquanto ele corria na direção de ambos, Oliver jurando ver os olhos dourados da parceira brilharem por um momento antes de movê-lo em alta velocidade, dividindo tanto os membros restantes do resto do corpo como o próprio tronco em dois, ele implodindo e tornando-se uma alma de brilho vermelho.

No momento em que Erin larga a foice para soltar alguns pulos em comemoração, Oliver volta a forma humana, segurando a pequena esfera escarlate e retornando para sua parceira, vendo o estado quase lamentável que a artesã surrada se encontrava. Pela hora, poderia haver alguma loja aberta para a garota arrumar roupas decentes enquanto Oliver conseguia o material necessário para cuidar de seus ferimentos. Então, tirando seu colete na esperança de que aquilo pudesse deixá-la um pouco mais apresentável, Oliver cobriu a garota e seguiu com ela a procura de alguma loja de roupas (preferindo encontrar antes uma farmácia).

******

Ao conseguir um simples vestido preto com alças de pentagrama, Erin agora devidamente enfaixada e com gelo em alguns dos hematomas, quase parecendo um picolé embalado. Oliver estava dividido, encarando a alma vermelha em mãos. Era errado, Erin havia roubado uma missão sem o consultar, mas mesmo assim ela o disse aquilo.

“Coma.”

Segundo ela, Oliver deveria comer, ou melhor falando, absorver a alma em suas mãos para ficar mais forte. E também que aquele era o motivo das aulas externas da classe EAT. Mas eles não eram EAT, ele não merecia essa alma. E temia o tipo de punição que poderiam receber ao não apenas ter a missão roubada, como também ter uma alma absorvida. Decidira esconder a alma na bolsa que a garota levava enquanto ela não olhava, aproveitando-se do cansaço de sua artesã, que logo pegara no sono.

Demorou um pouco para dormir, trocando mensagens com Erwin, ele preocupado pelo sumiço de ambos e por ter membros de três estrelas procurando por ambos, e entre eles, Aya. Todos descobririam mais cedo ou mais tarde, então a arma foi cem por cento sincero com o loiro. Demorou aproximadamente cinco minutos para a resposta de Erwin chegar, provavelmente em dúvida se estava indignado ou ainda preocupado.

E em meio ao sermão dado pelo loiro, Oliver acabou apagando.

 

******

 

Cedo do dia seguinte, a dupla voltava a Death City. Erin estava despreocupada, cantarolando enquanto observa a janela do ônibus, enquanto Oliver estava em pânico segurando a alça da bolsa da garota. A alma ainda estava lá dentro, a luz do sol disfarçando o brilho avermelhado da esfera. Sua mente apenas imaginava as piores possibilidades, por mais que estivessem vivos e sua parceira tivesse o arrastado. No momento em que o veículo parou em frente a grande escadaria, seu corpo perdeu de vez a cor, Oliver vendo apenas o braço esticado de Erin em sua direção.

 

—Vamos, se transforme.

—Como?

—Vai ser mais rápido assim e você não vai se cansar. Vamos!

—Vou... tentar...

—Como assim “tentar”?! É só se lembrar do que sentiu na primeira vez!
            -Medo. Desespero. Pavor. Nervosismo. É exatamente o que estou sentindo agora apenas por estar parado aqui. Excelente, não?

—Ótimo, vai ser mais fácil assim! – Oliver descobre que Erin não entende ironia.

 

Tentando não discutir mais com a garota, Oliver se concentra, visualizando a lâmina que vira no dia anterior. Seu corpo brilha como ontem, a luz tomando cada centímetro de seu corpo e subindo poucos metros, descendo na forma de arma nas mãos da garota. Neste segundo, Erin sorri feliz e satisfeita, movendo-o para trás do corpo e disparando escada acima, ultrapassando facilmente outros alunos que também peregrinavam rumo a suas aulas, o moreno preparando-se psicologicamente para a punição que de fato viria. Ao menos ver sua parceira feliz daquela forma o fez esquecer parcialmente suas preocupações enquanto subiam as escadas.

 

******

 

Após o retorno da missão bem sucedida, por mais que tenha sido roubada, ambos caminham pelos corredores, Erin indo até sua sala como se nada tivesse acontecido e com o peito estufado, Oliver em um desespero quase palpável. Obviamente, toda a escola já sabia do ocorrido, ou ao menos parte dele, visto que os três estrelas procuraram por ela o dia inteiro. Ela claramente estava orgulhosa. Mesmo que não fosse algo para se orgulhar.

Pisando na sala, neste exato segundo, foi recebida com um soco de Erwin, que quase não seria desviado se Oliver não a tivesse empurrado. O loiro então começou parte da bronca que ela receberia no dia, mas como ele estava falando em russo pela raiva, Oliver não entendeu nada e Erin, mesmo que entendesse, estava ignorando-o ainda com o sorriso de retardada orgulhosa na cara.

Pouco depois do início da bronca de Erwin, Hito adentra a sala, ele calando-se a contragosto e indo ainda furioso para seu lugar. Hito estava levemente confuso, mas ao ver a dupla ainda de pé e, assim como ele, perdidos, o moreno mais velho logo “se acha” na conversa e suspira, indo até sua mesa e virando-se para eles. O desconforto que tinha ao ver Erin felizmente estava mais leve, então poderia respondê-los como um adulto normal faria.

 

—Erin, Oliver... o Shinigami-sama os chamou na Death Room.

 

Oliver sentiu como se sua alma que tivesse sido arrancada, e não a do monstro que haviam derrotado no dia anterior.


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