Spiral Universe - One-Shot escrita por Spiral Universe


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem dessa one tanto quanto eu gostei de criar uma fic da minha história.



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 Ele caminhou pela rua escura e bem deserta, sentindo a presença do outro. Estava curioso sobre aquele estranho. Conhecia todo o submundo da cidade, e eles o conheciam de volta, mas aquele homem nunca estivera ali.

 Edward sabia que seria atacado. Podia sentir as intenções daquele homem, a emboscada que ele estava preparando. Edward não estava certo se o homem o conhecia ou não; ele era bem famoso no submundo, mas, por outro lado, quem o conhecia não era suficientemente burro para ataca-lo diretamente e sozinho.

 Quando o homem atacou, saído de um canto escuro, Edward não teve nenhuma grande luta. Uma espada pequena era a arma de seu inimigo. Uma horda de vampiros já o havia atacado e sido dizimada. Vários feiticeiros das trevas caíram diante dele. Os lobisomens foram uma piada. Aquele homem com sua fraca espada era quase um insulto.

 Ele girou, afastando-se quase preguiçosamente, e torceu o braço do homem, fazendo-o gritar. A espadinha caiu no chão com um barulho tão patético quanto seu tamanho.

 — Quem é você? – Edward perguntou calmamente.

 — Me larga! Me larga! Me larga!

 — Quem é você? – Repetiu mais sério.

 — Me solta! Me larga! Me larga!

 — Tudo bem, vamos colocar assim: você pode me dizer numa boa quem é você e o que você quer comigo – Edward falou alto, para se sobressair aos protestos do homem – Ou eu posso entrar na sua mente, revirar ela inteira e te deixar como um completo maluco para o resto dos seus dias.

 O homem parou de falar, olhando-o em completo terror. Este era um de seus poderes que ele evitava usar, salvo em casos extremos, mas as ameaças sempre funcionavam. O homem não parecia ser muito velho, talvez no final dos vinte ou no começo dos trinta, bem magro e de olhos encovados.

 — Eu vou te soltar – Avisou Edward – E não tente fugir, porque eu vou te pagar com muita facilidade. E daí não haverá mais espaço para conversas.

 O homem obedeceu, trêmulo da cabeça aos pés.

 — Vou perguntar uma última vez: Quem é você?

 — A-anthon, senhor – Gaguejou o homem; estava falando a verdade, Edward podia sentir.

 — Muito bem, Anthon. Agora me diga, por que tentou me atacar, Anthon?

 — S-senhor – Anthon engoliu em seco – Eu... eu só... S-senhor...

 Edward estreitou os olhos.

 — Diga e diga de uma vez – Mandou friamente.

 — Me pagaram, senhor... P-pagaram para que eu o atacasse.

 — E você aceitou? – Edward riu – Diga-me, Anthon, quem o contratou disse exatamente quem você iria enfrentar?

 O homem balançou a cabeça, mostrando cada vez mais medo.

 — Perdão, senhor – Começou a choramingar – Por favor, por favor, perdão, eu precisava... Precisava do dinheiro, senhor... Moro em um lugar muito longe, muito pobre, precisava do dinheiro...

 — O que você é? – Não podia ser humano, ou ao menos Edward achava que nenhum humano de bom senso acreditaria em seres do submundo, menos ainda a ponto de concordar em atacá-los. Contudo, não conseguia sentir o cheiro habitual dos vampiros, nem dos lobos, nem de outro feiticeiro nem de nenhum outro tipo de ser magico.

 — M-minha avó, senhor, era uma loba, senhor – Contou Anthon – Mas eu não sou, nem minha mãe antes de mim, nem meus irmãos, senhor. Nascemos sem a magia no sangue. Minha avó era... chefe, alfa, alguma coisa assim, mas... M-mas quando viram que minha mãe não era loba, senhor, eles... Eles...

 — Levaram tudo – Edward concluiu, sabendo que era exatamente isso. O novo alfa levava todas as riquezas do anterior quando a matilha mudava de liderança.

 — Sim, senhor. Minha família ficou sem nada e estamos vivendo muito mal há anos, senhor. Quando esse homem veio até minha casa, senhor, eu não pude recusar.

 — Quem era esse homem?

 — N-não sei, senhor, ele não disse quem era, não disse nenhum nome, só disse que precisava de alguém para um serviço. Eu me ofereci... Ele só disse o que era quando já estávamos aqui, senhor... Me deu a espada e me disse quem você era, senhor... Me mandou aqui... Não pude recusar, era muito dinheiro, vai... Iria alimentar minha família por meses, senhor...

 — Anthon, da próxima vez que alguém te contratar para alguma coisa assim, procure investigar quem terá de matar. Com a mesma facilidade que te dominei, poderia ter te matado sem fazer pergunta nenhuma. Como era a aparência desse homem que te contratou?

 — A-alto, senhor, bem alto, mas só vi a boca... Estava usando um capuz grande, roupa larga, senhor... Por favor, não me mate, por favor, não me mate, senhor...

 Edward olhou para aquele pobre homem. Não havia uma única mentira nas palavras de Anthon. Foi cegamente para uma missão suicida, na esperança de ganhar sustento para a família. Era terrível vir de um ramo mágico sem que a magia aflorasse. 

 — Não vou te matar, Anthon – Edward tentou tranquiliza-lo enquanto ele ainda suplicava – Volte para sua casa e sua família. Eu lhe mandarei alguma ajuda em breve, para compensar o dinheiro que você perdeu ao falhar na sua tarefa. Mas você não deverá mais aceitar esse tipo de trabalho. Outros podem não ter a mesma paciência.

 — S-senhor, e-eu... S-senhor, é muito gentil...

 — Vá para casa, Anthon – Edward ordenou – Eu mandarei ajuda. Vá.

 Ficou observando Anthon se afastar cambaleando, e quando o jovem sumiu, Edward se abaixou e pegou a espada no chão. A lâmina não era de boa qualidade e mostrava ferrugem em vários pontos. O punho estava gasto e torto. Não estava afiada.

 Edward balançou a cabeça, pensando se aquilo era algum tipo de brincadeira. Se alguém realmente o queria morto, era bem incompetente. Nunca que um homem sem treinamento e magia, com uma arma podre daquela, iria conseguir. Era tão ridículo que parecia mesmo uma brincadeira, embora ele não conhecesse ninguém que acharia graça em enganar um pobre coitado, ainda mais sabendo que uma brincadeira dessas podia terminar em morte.

 Um homem alto com capuz... Quem poderia ser esse homem? Não tinha nenhum inimigo real desde a morte de Anthrax. Depois daquela guerra terrível, Edward fez a promessa de que se manteria longe dos problemas do submundo até quando pudesse, e estava cumprindo essa promessa. Não havia ajudado na batalha contra os feéricos justamente por causa disso. Queria paz.

 Ele bufou e desfez a lâmina, esperando que as cinzas desaparecessem no ar, e então voltou para casa.

***

 Encontrou Bella na sala, polindo seu arco. Ela também jurara não mais se intrometer nos problemas do submundo, mas amava tanto aquele arco – um presente de Artemísia e muito útil na guerra contra Anthrax – que o mantinha lustrado e muito bem cuidado.

 — Alguma ideia de quem te mandou Anthon? – Ela perguntou quando o viu.

 — Me diga você.

 Não era nenhuma surpresa que ela já soubesse. O dom da visão se expandiu muito durante os meses de luta; Bella aprendeu a controlar parte dele. Ela podia ver o futuro sempre que quisesse, embora o tempo presente ainda lhe causasse dor de cabeça, e o tempo passado permanecia inalcançável. A surpresa de Edward se devia ao fato de não ter sido avisado por ela que seria atacado.

 — Desculpe, eu não estava prestando atenção – Bella encolheu os ombros – Você lidou muito bem com ele. Fico feliz que não o tenha matado. Mas eu não consigo ver quem o mandou, nem se planeja mandar mais alguém.

 — Tudo pareceu uma grande brincadeira idiota – Edward se largou ao lado dela no sofá – E bem sem graça. E se eu matasse ele queimado? E se estivesse com minha espada? Teria estraçalhado aquela arminha dele e depois cortado Anthon como manteiga, com um só golpe.

 — Torço para que tenha sido só uma brincadeira, ainda que bem tosca e perigosa – Bella comentou muito séria – Não gosto de pensar que tem alguém atrás de você de novo, não agora que estamos tão bem. Não quero ver o pesadelo recomeçar. Não quero.

 Edward apertou os dentes, querendo reprimir a culpa. Era um trauma que levaria anos para Bella superar. Ter contado a ela sobre a profecia da casa dos Imortais foi um erro; ela vivia aterrorizada com as três mortes profetizadas para Edward. O sofrimento da primeira morte ainda a fazia acordar gritando de noite, chorando e chamando por ele.

 Ele sabia que cedo ou tarde o restante da profecia iria alcança-lo. Ainda faltava duas mortes e ele não duvidava que viriam. Dessa vez, porém, não sabia o que seria feito para trazê-lo de volta. Os feiticeiros vermelhos dominavam a arte da necromancia e do sopro de vida, mas haviam se recolhido de volta a dimensão da Noite, e Era, a feiticeira que o trouxe de volta da primeira vez, o alertou de que aquela seria a única participação deles na guerra da dimensão Azul.

 Edward não queria pensar em Bella sofrendo novamente por sua morte, mesmo sabendo que seria impossível evitar. Ele estava se esforçando ao máximo para dar a ela uma vida cheia de alegrias e amor, enquanto pudesse fazer isso. Enquanto a bolha deles não fosse estourada pela terrível profecia.

 — Foi só uma brincadeira idiota – Ele falou tirando o arco das mãos dela e pousando na mesinha, para que pudesse entrelaçar os dedos nos dela – Ninguém que quisesse realmente me matar teria sido tão burro assim.

 — Prefiro um burro do que um esperto. A inteligente é a mais perigosa das armas.

 Ele sorriu, olhando naqueles olhos que ele tanto amava.

 — Minha garota vai começar a ter frases de efeito? – Perguntou bem-humorado.

 — Sua garota quer fazer outras coisas, e nenhuma delas envolve falar.

 Edward a beijou, ouvindo o suspiro de contentamento em resposta. Às vezes, desejava poder ser apenas um humano normal, sem o peso daquela profecia nas costas. Nem mesmo Anthrax fora capaz de deixa-lo tão assustado quanto aquelas palavras cheias de um peso maior do que o do mundo.

 Ele e Bella crescerem e estudaram juntos, treinaram juntos, descobriram seus muitos poderes variados juntos. Demoraram um pouco para admitir um para o outro – e para si mesmo, para falar a verdade – que estavam apaixonados. Mas quando se entregaram ao sentimento, foi avassalador.

 Tiveram tão pouco tempo antes da profecia começar, antes de ceifá-lo pela primeira vez. Ele ainda se lembrava do grito cheio de dor e alegria dela quando o viu novamente vivo após meses de sofrimento. Era um som que estava gravado a fogo em seu coração.

 Era chamado de o feiticeiro mais poderoso da nova geração. Era temido e respeitado, tinha um monumento em sua homenagem após a guerra contra Anthrax, dinheiro o bastante para viver bem. Trocaria tudo isso pelo fim daquela profecia, para poder viver em paz com Bella e com os filhos que pensavam em ter. Infelizmente, poderia ser algo impossível.

 Edward a apertou com mais força contra si, afastando de uma vez aqueles pensamentos ruins. Não sabia quanto tempo tinha, e queria aproveitar ao máximo cada precioso segundo.


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Notas finais do capítulo

Thanks ♥



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