Criaturas Noturnas escrita por Vixen


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

APRESENTAÇÃO
Em um mundo onde bruxas, lobisomens e vampiros tentam encontrar a paz e viver em harmonia em meio aos humanos, uma bruxa se descobre apaixonada pelo Líder do clã dos vampiros. O que é extremamente proibido.
Às criaturas místicas (bruxas) apenas é permitido um relacionamento entre membros do seu mesmo clã ou com humanos. Dando origem a uma nova raça. A raça meio humana herda os poderes da bruxa ou bruxo, estes são transmitidos através dos genes. Enquanto aos lobos e vampiros é permitido se relacionar entre si, formando assim os híbridos, estes nascem quando duas linhagens poderosas se unem. Sendo mais resistentes do que os de raça pura.
A muito tempo atrás bruxas e lobos foram aliados para combater um inimigo em comum, os vampiros. Mas está aliança fora destruída pelo início da criação dos vampiros. Muitas bruxas se relacionaram com lobos, possibilitando assim uma nova forma de magia, sendo está mais forte. Pois ambas as criaturas tem uma conexão profunda com a natureza. Hoje em dia bruxas e lobos vivem em harmonia, mais a bruxa que se atrever a se relacionar com algum deles perde seu poder.
A relação entre bruxas e vampiros é proibida, visto que vampiros são seres manipuladores. Bruxas fazem uso da magia branca e a criação dos vampiros se deu através do uso da magia negra. A bruxa que se relacionar com um vampiro será submetida a um ritual de magia negra, onde o vampiro pelo qual está se apaixonou terá uma insaciável sede de sangue e deverá tomar o dela, até que está não tenha mais vida.
Em meio a esse amor proibido ela resolve fugir e vai descobrir que a maldade faz parte da história do mundo desde sempre.



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EPÍGRAFE

Amar é uma dádiva, ou ao menos deveria ser.

HISTÓRIA

Edimburgo - Escócia. 1867.

Era manhã do dia 13 de outubro, o dia amanheceu nublado, eu adorava dias cinzas e chuvosos. Me trazia uma sensação de paz, calma, melancolia e porque não um pouco de solidão. Sim, era assim que me sentia, sozinha. Com um enorme vazio no peito. Doía. Apenas isso, dor era o único sentimento que eu estava sendo capaz de sentir naquele momento. Doía saber que não poderíamos ficar juntos, doía saber que era contra as regras, doía saber que se que eu ficasse, eu morreria e doía ainda mais saber que o causador da minha morte seria você. Eu não era uma bruxa fraca, até então eu sempre cumpri os mandamentos do meu clã. Sempre fui bastante centrada, sempre procurando evoluir. Mais agora eu estava com medo. Estava assustada, desesperada, eu precisava correr, precisava fugir. Se eu quisesse me manter viva eu precisava ir embora. Precisava deixar tudo e todos. Precisava me desfazer de tudo que eu acreditava. Era preciso deixar a minha cidade, os meus amigos, os meus princípios, eu precisava deixar o meu clã. Tudo isso porque me apaixonei por você. Um vampiro. Um inimigo. Um pertencente ao clã Ventrue. Como se minha situação já não estivesse ruim o suficiente, você não apenas um membro deles, como se não bastasse você era o líder deles. Eu me apaixonei pelo líder do mais influente clã existente. Que tipo de bruxa eu era?

Eu já tinha ouvido falar dos vampiros, todas as histórias envolvendo vocês, sobre como escolhiam sua presa perfeita, como as envolviam em sua teia de mentiras, armavam uma emboscada e atacavam silenciosamente. Sobre como as seduziam e as marcavam, fazendo com que ela ficasse presa e entregue a vocês para sempre. Eu ouvia sobre a sua aparência perfeita, cabelo impecável, olhos sedutores, presas longas e perigosas. Toda sua elegância e requinte. Todas as histórias que envolvem vampiros para mim eram apenas histórias. Eu cresci ouvindo tudo isso e fui orientada a manter distância. Mas eu não precisava ser incentivada a sempre ficar o mais longe possível. Eu sempre repudiei os vampiros, criaturas noturnas, demônios sugadores de sangue. Manipuladores. Há muito tempo atrás bruxas e lobos viviam em paz, éramos aliados. E desde a criação de vocês, toda essa paz se esvaiu. Tudo virou um inferno, uma guerra. Uma guerra entre bruxas, lobos e vampiros. Agora cada clã estava sozinho e devia lutar por si só e defender a sua espécie. Tudo por culpa dos vampiros. Levamos tempo, muito tempo para normalizar tudo e viver novamente em paz, entre nós e entre os humanos.

Eu não precisa ser convencida de nunca me aproximar dos vampiros, eu não pretendia chegar nem perto de vocês. Sempre imaginei ser imune ao charme dos vampiros, mais não fui. Eu fui pega de surpresa, não esperava que isso fosse acontecer e nem você. Ambos sabíamos das regras e também sabíamos das punições. Mesmo que você não quisesse, não tínhamos escolha. Você não iria se opor e nem poderia, você era o líder deles, tinha que protegê-los e defendê-los, era a sua missão. E eu, eu violei uma regra, eu não obedeci a mais rigorosa regra do meu clã e iria pagar, elas não deixariam isso passar. Eu seria submetida ao mais sombrio ritual. Eu pagaria a minha desobediência e pagaria com a minha vida.

Eu estava percorrendo um caminho tortuoso e sem volta e não foi por falta de aviso, eu me apaixonei. Me apaixonei pelo proibido. Eu cai em uma armadilha. Seria o destino me pregando uma peça? Eu estava sendo testada? Eu seria destruída por um mero erro meu. Maldita noite em que te encontrei. Maldita noite escura. Éramos seres vislumbrados pela lua, Mais naquela noite não havia uma única estrela, as nuvens encobriam a lua. Era um sinal, só poderia ser e eu ingênua não dei a devida importância, não prestei atenção. Como eu, uma criatura mística fortemente ligada a natureza, não prestei atenção ao que ela me enviava. Como eu pude não me dar conta do que iria acontecer no futuro.

Com esses pensamentos em mente e os olhos banhados por lágrimas o arrependimento veio. Eu estava fascinada por sua aparência, o seu perfume inebriante invadiu minhas narinas e tomou conta de todo o ar que preenchia meus pulmões. Os seus cabelos negros em um belo contraste com sua pele branca foram a minha perdição. Os seus olhos misteriosos e sombrios, me pareciam ter tantos segredos e eu estava disposta a mergulhar nessa escuridão e desvendar tudo o que você escondia ali. O seu corpo, uma porção de misturas malignas se transformando em algo naturalmente belo e visivelmente humano e mortal. Você era o ser mais belo que eu já tinha visto. E eu já deveria imaginar que você era o Diabo. Com toda sua astúcia você criou laços perfeitos para em, acorrentar e fazer de mim a sua presa.

E agora que eu estou fugindo, agora que conseguiu me destruir, eu me pergunto o que você estará fazendo. Será que está planejando o mesmo maldito jogo que me fez cair como um cavalo em um jogo de xadrez. Estou juntando as últimas coisas que me restam para ir embora para sempre. Lendo as cartas que me escreveu, sempre com belas palavras, uma penas serem apenas palavras, palavras essas que eu acreditei e que levaram a minha destruição.

Espingardas e rosas podem fazer uma bela poção, mas seria uma bala de prata capaz de lhe tirar a vida? Seria o seu sangue vermelho-vivo assim como o meu? Porque deveria o meu sangue ser derramado quando fomos os dois a cometermos erros, porque apenas eu deveria pagar. Porque deveria o meu coração ser o único a parar de bombear? Eu estava apaixonada, meu coração estava partido, mas eu não deixaria me tirarem a vida apenas por uma emoção imprudente minha. Será que esse é um erro tão imperdoável assim?

Eu te odeio por isso. Eu te odeio por me fazer sentir, te odeio por me fazer mergulhar em um inferno de sentimentos. Eu te odeio por me fazer conhecer o prazer, por me olhar com luxúria, eu te odeio por me fazer viver no pecado. Eu te odeio por fazer o meu corpo te chamar todas as noites.  Eu me apaixonei por você e não, não me arrependo. Não me arrependo porque sei que foi verdadeiro e único, sei que você também sentiu, sei que eu também consegui tocar o seu coração, assim como você tocou o meu. Você se importou comigo. Você se importou comigo no meio de toda essa confusão.

Por alguns poucos momentos você foi um anjo, um anjo que me olhava com os olhos cheios de esperança e me encorajava, me fazia acreditar que poderíamos viver juntos nesse mundo, sem impedimentos, sem regras, sem punições. Sem sofrimento. Me mostrou e me deu a oportunidade de viver um amor ardente. Mas do nada você me virava as costas e me fazia descartar todas essas possibilidades que eu imbecilmente acreditava. Você me trazia de volta a realidade, me alertava do perigo. Mais quando suas mãos gélidas tocavam minha cintura e os seus lábios carnudos se encontravam com os meus o meu corpo entrava em combustão. Eu perdia toda a sanidade e só conseguia pensar na colisão dos nossos corpos. Você tem o poder de me dominar disseminar o fogo existente dentro de mim.

O perigo me rodeia, problemas e dificuldades não tem fim. Você me ama? Por favor me diga, eu preciso saber, eu preciso da sua resposta. Pois estou disposta a arcar com as consequências dos meus erros. Eu posso entregar a minha vida em suas mãos, basta apenas uma resposta. Eu não quero mais fugir, eu não tenho mais medo. Me olhe nos olhos e diga que me ama. Diga que me ama e eu seria sua, por toda a eternidade. Eu sinto a ar pairando sobre mim, a luz da lua cheia iluminando o meu corpo, sinto os seus braços em volta de mim, o cheiro de sangue, os seus dentes perfurando o meu pescoço. Eu não consigo mais manter os olhos abertos, estou ficando sem oxigênio, os últimos suspiros saem de meus pulmões. Com muito esforço eu consigo levar as mãos até seu rosto, seus olhos estão tingidos por um vermelho vivo, o meu sangue escorre pelos seus lábios, consigo ouvir um “Sinto muito.” Vindo de você e então, eu apago.

É meu fim. Seis palmos abaixo dos meus pés, eu não tenho do que reclamar. Não, eu não me arrependo e também não pedirei perdão. Você me amou mais também me arruinou.


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