Cinco anos depois 

— Você vai vir mesmo dessa vez? — Emmett questionou do outro lado da linha. resmungou do outro lado da linha. 

Depois de terminar a faculdade meu irmão mais velho retornou para Forks para visitar nossa família e acabou conhecendo a mulher que acabou se tornando sua esposa, sendo assim, decidiu ficar e começou a exercer sua profissão como médico veterinário. No entanto, quando meu curso acabou e eu consegui um emprego fixo em São Francisco minha decisão foi diferente. Passei um ano inteiro me dedicando ao trabalho como jornalista e passei meses sem visitar os meus pais. 

E, Emmett sempre insistiu que eu deveria voltar e passar um tempo de verdade com todos eles.  

— Você sabe muito bem que vou mesmo dessa vez, Em. Como a mamãe está? — perguntei trocando o aparelho de lado. 

— Está bem. Ela e o papai começaram uma nova dieta e estão se exercitando todos os dias — Emmett declarou e eu sabia que tudo isso era ideia de Esme.

— Isso é bom.

— Que horas você chega amanhã?

— Às 09h. Você irá me buscar?   

— Claro. Aliás, eu tenho uma surpresinha pra você.   

— Tenho medo das suas surpresas — indaguei. 

Emmett gargalhou.

Quando éramos crianças ele sempre inventava de explorar no jardim da mamãe que sempre foi repleto de flores e todos os dias Emmett passava horas brincando no jardim. E, no final do dia, me chamava dizendo ter encontrado um tesouro. Na maioria das vezes meu irmão mostrava com uma sequência de insetos mortos e sempre ficou claro que sua curiosidade era meio peculiar.

— Não se atente ao passado, Edward — Emmett informou como se tivesse lido meus pensamentos — Agora eu apenas cuido dos animais.  

— Tudo bem. Te mando uma mensagem assim que tiver no aeroporto. 

— Ok.

***   

A viagem de uma hora foi tranquila. O único trabalho que tive foi as intermediações de aeroportos e quando cheguei em Port Angeles liguei para Emmett avisando que havia chegado e o mesmo informou que me encontraria no estacionamento. 

No meio da multidão de carros procurei por ele e sua esposa Rosalie e ao vê-los de longe não pude acreditar no que meus olhos viam. A tal surpresa sorria em seus braços.

— Eu não… acredito nisso… — exclamei sem acreditar. Agora próximo deles fiquei admirando o lindo bebe. O cabelo loiro e os olhos azuis iguais aos de Rosalie e o formato do rosto, além da covinhas, tornavam a criança a cópia exata de Emmett. 

— Olha quem chegou, Henry. O seu tio Edward —  Emmett falou em uma voz estranha com a criança. 

— Não acredito que você escondeu isso de mim — declarei nervoso para o meu irmão. 

Abracei Rosalie e cutuquei com força o braço de Emmett. 

— Aí — ele resmungou — Faz anos que você não vem visitar sua família. Acabou perdendo as novidades. 

Revirei os olhos. 

— Ele é muito lindo — disse pegando uma de suas mãozinhas — Quanto tempo ele tem? 

— Quatro meses — Rosalie respondeu. 

— Eu senti muito de vocês — disse sentindo minha garganta arder. 

O motivo de sempre ter fugido de Forks nunca ficou claro para mim. Em partes, por medo de encarar a vida que deixei para trás. Devido ao tempo e a falta de contato eu nao fazia ideia de como as coisas estariam agora e isso era assustador. 

O pequeno Henry sorriu e quando estendi os braços ele veio de boa vontade e durante toda viagem de volta eu o levei no meu colo. 

— Aposto que as coisas mudaram muito — falei no banco de traz do carro, Emmett dirigia e Rose sentou ao lado dele. 

— Continua exatamente igual. Forks deveria ser conhecida como a cidade que parou no tempo —­ Emmett diz brincando.

— Temos uma novidade na família, pelo menos —  digo e deixo Herny brincar com meu chaveiro. 

—­ Teve algumas mudanças. Acredita que Jéssica foi presa? — Rose informa se virando para mim. 

— Você se lembra dela, né? A garota esquisita que estudou comigo no último ano? ­— Emmett completou. 

— Sério? —­ eu pisquei confuso. A garota apesar de esquisita sempre foi muito simpática com todo mundo na escola e uma vez ajudei o pai dela na loja de pescas deles e nunca notei nenhum comportamento estranho nela —­ Por que ela foi presa?   

— É uma longa história —­ Emmett diz balançando a cabeça. Seus olhos ainda atentos na estrada —­  Mas, resumindo Jessica atacou um cara no trânsito e ameaçou ele de morte, só que o cara nao era qualquer um. 

—­ Quem era? —­ perguntei curioso. 

—­ O senador da cidade.  

— Que loucura —­ digo ainda sem acreditar.

— Teve as coisas boas também —­ Rosalie diz ainda rindo. Por algum motivo ela e Emmett tinham o mesmo senso de humor —­ Alice e Jasper se casaram e compraram um casa e a Bella voltou a morar em Forks.

Ao ouvir o nome dela fez meu corpo inteiro estremecer e uma sensação estranha surgiu ao pé da barriga. Por muito tempo evitei pensar em tudo o que tinha acontecido e sempre que lembrava, colocava na minha cabeça que havia sido a decisão certo. Um dos motivos principais de evitar voltar para Forks sempre foi por causa da Bella, pois não sabia como seria minha reação. 

— Que cara de espanto é essa, Edward? —­ Emmett perguntou sem entender. Ninguém sabia o que tinha acontecido naquela última noite que nos vimos e eu jamais contei para alguém. Henry começou a chorar nos meus braços e Rosalie se curvou para pega-lo.

— Não é nada —­ sussurrei — Já estamos chegamos? ­— perguntei de forma impaciente. 

O jantar com meus pais foi entusiasmado, se assim posso dizer. Tive que contar os mínimos detalhes sobre a experiência que tive no jornal The New York Times e minha mãe chegou a ficar emocionada com o relato. Depois do jantar segui direto para o meu antigo quarto, onde minha mãe havia deixado organizado para minha visita.

Os pensamentos vieram em toneladas e Bella não saiu da minha cabeça por um minuto sequer. Depois de alguns minutos pensando conclui que eu queria muito vê-la, mesmo que fosse por alguns instantes e, evitar isso não fazia nenhum sentido. No entanto, estava claro que isso não aconteceria. 

Depois de algum tempo pensando lembrei que Emmett havia mencionado um festival artístico que aconteceria essa noite e procurei meu celular para mandar uma mensagem para o meu irmão. 

Edward: Vocês vão ao festival?

Emmett: Não. Henry está com cólica.

Edward: Ah, tudo bem.

Emmett: Você deveria ir. Vai ter muita coisa legal. 

Edward: Ok

Depois de pensar muito resolvi que não seria uma má ideia ir ao festival e como Forks não é uma cidade grande a maioria dos moradores seria conhecido. Vesti uma calça jeans e uma camiseta cinza antiga que achei escondida no meu antigo quarto. 

Quando cheguei ao local do evento fiquei encantado com a quantidade de atrações que as pessoas haviam montado. Uma área grande foi destinada para vários brinquedos como pula-pula, piscina de bolinhas, mesa de pingue pongue e até um castelo gigante. Além disso, diversas tendas enfileiradas deram vida a várias lojas de artesanato. Intrigado com a dos trabalhos feitos a mão acabei comprando um pingente em formato de uma ilha que chamou minha atenção e que daria um significado a mais para dos meus pais, pois antes de voltar para Forks comprei passagens para eles visitarem o havaí.

— Esse é um pingente tão lindo.

A voz soprano de Isabella soou ao meu lado e os pelos do meu braço se arrepiaram ao sentir sua presença. Ela tocou o pequeno enfeite e puxou delicadamente. 

— Daria tudo por um pouco de sol nesse momento — Bella falou e riu.

Ao passo que sua risada encheu meus ouvidos continuei paralisado sem saber o que fazer e seu perfume de flores deixou meus sentidos ainda mais atentos. Respirei fundo e aos poucos virei a cabeça encarando Bella como se fosse a primeira vez. O seu rosto parecia ainda mais delicado, sem muitas mudanças, mesmo depois de tanto tempo e o cabelo que outrora foi compridos, havia sido cortado na altura de seus ombros, chamando ainda mais atenção para seu rosto, fazendo-me  focar em seus lábios rosados por tempo longo demais. 

— Se você continuar me olhando assim vou acabar ficando sem graça, Edward — Bella indagou com os olhos ainda no pingente. 

— Me desculpa, eu... — gaguejei. 

— Está impressionado? 

— Bastante. 

— Bom... Eu também estou.

Seus olhos castanhos encontraram os meus e ela estendeu a mão para devolver o pingente, mas ao inves de apenas o objeto Bella segurou a minha mão estendida e trêmula. Sentir sua pele foi a melhor sensação que eu tive em anos.

— Eu senti tanto a sua falta, Bella — disse sentindo minha garganta arder e em um minuto de loucura insana abracei seu corpo sem hesitar, passando os braços ao redor de sua cintura e fechei os olhos sentindo seus dedos deslizarem pelos meus cabelos em um carinho suave. 

— Eu também senti a sua falta, Edward. 

Depois de um tempo aquele abraço me pareceu íntimo demais para quem era somente um amigo e com isso contive minhas mãos, me afastando­ um pouco dela. Bella recuou um passo também, ambos estávamos emocionados demais. A saudade que eu sentia era tão grande e tão forte que eu poderia beijá­-la sem ao menos me importar com as várias pessoas ao nosso redor. No entanto, algo importante me fez voltar a realidade, pois agora eu sabia muito pouco sobre ela e a vida de Bella poderia ter mudado nesse meio tempo, talvez ela tivesse um companheiro, filhos, uma família e essa atitude minha soaria como abusiva. 

— Veio fazer ao festival sozinha? — perguntei admirando seu rosto corado enquanto suas mãos dançavam ao redor de seu corpo, ajeitando o vestido azul que ela usava. 

— Se esse é o jeito mais idiota de saber se estou namorando outra pessoa, Edward — aquele humor tão familiar soou de seus labios — E a resposta e não. Minha mãe estava muito cansada para sair de casa.

— Imaginei que a resposta seria diferente, depois de um tempo percebi que você sempre me esperou, e eu... 

— Que tal deixarmos essa conversa pesada para outra ocasião e ir aproveitar a festa, hein? — Bella sugeriu. Seu sorriso foi suficiente para me fazer sorrir e eu percebi o quanto eu sou apaixonado por ela.

Seguindo atrás dela por um caminho de pedras fizemos o percurso da trilha do horror que criaram para o festival. Eles se inspiraram no halloween, no entanto, aquilo não dava medo nem em uma criança. As pessoas que deveriam estar decapitadas mantinham um sorriso no rosto. Coisa de cidade pequena. 

— Quando você voltou para cidade? — perguntei andando ao seu lado.

— Assim que a faculdade terminou. Minha mãe ficou um pouco doente e eu vim ajudá-­la e acabei ficando. 

Nossas mãos balançavam próximas demais e mesmo com a dúvida se aquilo seria o certo ou não eu agarrei sua mão, entrelaçando nossos dedos, como um casal. Esse era um dos passeio que deveríamos ter tido e que por minha culpa nunca aconteceu. 

— Você parece chateada, Edward. O que aconteceu? — Bella perguntou depois de alguns instantes, usando como sempre, seus poderes de melhor amiga. 

— Aconteceu que eu fui idiota esse tempo todo. Eu perdi você... 

Parei de andar sentindo minha garganta ardeu outra vez e só percebi que estava chorando quando senti os dedos de Bella secando meu rosto. Parada na minha frente e sobre a luz do luar seus olhos brilhavam como diamante. 

— Edward... — Bella sussurrou acariciou meu rosto — Eu estou aqui agora e eu ainda amo você mesmo depois desse tempo. Como posso te provar isso? 

Meus olhos piscaram levando embora as lágrimas e sendo o mais delicado que consegui toquei seus lábios sentindo a maciez deles e sentindo uma sensação imensurável de senti-los e antes que atitude partisse de mim Bella puxou o meu rosto e me beijou. Ardente e apaixonadamente. E, naquele momento, tive a certeza do que era o amor, descobrindo por fim a diferença entre amor e a amizade.

FIM