Barriga de aluguel escrita por Ana Cullen


Capítulo 1
Capítulo 1. Respira bem fundo somos só eu e você.


Notas iniciais do capítulo




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Cap. Edward.

Abri a janela na esperança que o vento frio me salvasse da falta de ar. Meu peito doía tanto que parecia que estava rasgando a minha carne. Era o fim e eu sabia disso, mesmo assim queria viver. Fechei os olhos, procurando forças para resistir, arrependido por ter dispensado a equipe médica da minha imensa mansão. 

Por que as pessoas só dão valor quando perdem? E não estou falando de dinheiro ou de qualquer  coisa que se pode comprar. Estou falando daquele abraço que você deixou de dar, do eu te amo para a pessoa certa que ainda não chegou. De sentir o cheiro a chuva, de sorrir com amigos e de todas as coisas que você achou que era importante, mas deixou para depois por que pensou que tinha tempo. Sim, eu vou sentir falta disso.

Nem sempre fui doente. Estudei nas melhores escolas e universidades do país. Conheci vários países. Sou filho de um bilionário que enriqueceu com petróleo, não preciso dizer que a busca incessante por dinheiro afastou nossa família. Até que um dia minha mãe morreu devido a um problema no coração e foi nesse dia que descobri que tinha o mesmo problema.

—Senhor, vou ter que ultrapassar os sinais - Falou meu motorista me fazendo voltar para a realidade.

Abri a boca, mas não consegui falar. Eu queria gritar que mesmo que ele ultrapasse todos os sinais, ainda assim ia morrer.

—Vá devagar. Murmurei em um último esforço.

—Mas senhor, se não fizermos isso nunca chegaremos ao hospital a tempo - Falou o motorista que por um segundo se virou para me olhar se contorcendo no banco do passageiro.

Foi um segundo, mas foi o segundo que mudou toda a minha vida. Quando meu motorista perdeu o controle e atropelou aquelas pessoas. A batida foi tão forte que me fez perder os sentidos.

Depois disso me entreguei a escuridão. E não sei quanto tempo permaneci assim.

—Abra os olhos - Disse uma voz desconhecida.

—Está tudo bem agora, abra os olhos - Insistiu.

E essa voz repetiu várias e várias vezes até que consegui abrir os olhos. A claridade do quarto me fez fechar os olhos novamente.

—Onde estou? Perguntei ao perceber que não estava em casa.

—Você está no hospital e eu sou o médico que pegou o seu caso - Disse um homem na casa dos quarenta, de estatura baixa, calvo, vestido de branco e quando digo isso inclui máscara, luvas e tudo que faz parecer estar dentro de um filme daqueles que existe alguma doença contagiosa. Suas olheiras fundas denunciavam seu cansaço.

—Como? Eu ainda estou vivo?Perguntei abrindo os olhos lentamente até que me  acostumasse com a claridade.

—Você está vivo- Disse o médico sério fingindo anotar algo na prancheta.

—Mas o coração doado ainda estava no Colorado - Questionei confuso.

O médico ficou em silêncio e seu olhar me denunciava que algo estava errado. Coloquei a mão no curativo que estava no meu peito era evidente que fui operado.

—Jasper está do lado de fora?Perguntei ainda sentindo dificuldade.

O médico apenas concordou com a cabeça.

—Ótimo! Sabia que a família do meu segurança trabalhava para Yakuza? E basta apenas dar o nome que essa pessoa já era - Ameacei.

—O que quer saber? Perguntou o médico com medo.

—Tudo - Insisti.

—No caminho do hospital você sofreu um acidente, quer dizer o seu motorista bateu em um carro - Falou o médico pausadamente para que eu pudesse absorver aquela informação.

Acidente? Pensei antes de buscar em minhas memórias. Droga era verdade.

—Então o que aconteceu depois do acidente? Perguntei sem saber o que pensar.

— O seu motorista morreu...

—E o carro que estava parado no sinaleiro? Perguntei desesperado.

—Todos morreram que dizer a filha ainda está em coma.

—Não, por favor me diga que não é verdade - Implorei horrorizado.

Não sei por que mais algo em mim me disse que tinha algo errado.

—Há algo que preciso saber?

—Foi desse acidente que tirei seu coração - Falou o médico rapidamente.

—O quê?

—Havia um rapaz jovem, que acabou morrendo, você e ele eram compatíveis...

—A família dele permitiu isso?

— Seu pai pagou pelos papéis de permissão, ninguém sabe disso.

Meu pai havia pago um coração. Eu mal consegui acreditar no que estava ouvindo. Tinha deixado bem claro que estava na fila como qualquer outra pessoa e que não queria privilégios.

—Me deixe sozinho- Gritei insatisfeito.

Eu queria pensar em como era sortudo por estar vivo, mas a culpa me corroía. Pessoas haviam morrido por minha causa. Uma pessoa morreu para que meu coração batesse novamente. Sem pensar peguei meu celular e comecei a procurar por notícias. E não demorei muito para conseguir.

—Família Swan - Falei alto para mim mesmo, enquanto pensava o que fazer se é que era possível fazer algo.

A família Swan era dedicada a ajudar os necessitados, Charlie e Renée eram professores que nas horas vagas davam aulas de reforço em um orfanato, além de distribuir sopa aos desabrigados. Eles tinham apenas uma filha, Isabella, que seguia o mesmo caminho dos pais. Era a filha que todo pai queria ter, praticamente uma santa que namorava Jacob um menino órfão que ela conhecia desde criança. Eles parecem bem felizes nas fotos. Jacob, o dono do meu novo coração parecia amar Isabella. Eu não me cansava de saber sobre aquela família, eu não me cansava de ver as fotos dela, ela era linda, Jacob era um rapaz de muita sorte.

Quinze dias se passaram e eu ainda estava preso naquele quarto. 

—Como está meu paciente? Disse o médico friamente.

—Querendo ir para casa - Falei entediado.

—Talvez na semana que vem, mas ainda vai precisar de uma equipe na sua residência.

—Esse sofrimento não vai acabar?  

—Você fez um transplante e não uma extração de dente - Insistiu o médico.

—Tudo bem- Respirei bem fundo.

—Veja pelo lado bom, logo terá sua vida da volta, enquanto a moça do acidente...

—Isabella? Você sabe em que hospital ela está? Perguntei aflito.

—Ela está no quarto ao lado, sei pai está pagando uma equipe de médicos somente para assisti-la.

Sem pensar levantei da cama sem me importar com os apelos do médico. Eu tinha que vê-la.

—Ela ainda está em coma - Falou a enfermeira paga por meu pai para acompanha-la.

—Saia.

—Mas...

—Saia agora.

—Isabella, por favor viva - Falei beijando a sua testa. 

Ela era bem mais nova do que nas fotos. Estava pálida, seus cabelos cor de mel que estavam presos em uma trança, era pequena, mas ainda sim, fez meu coração bater mais forte. Ela é linda.

—Me desculpe, eu sinto muito, isso tudo é minha culpa...

Falei me lembrando que eu havia destruído a vida daquela garota. Ela não tinha mais nada. Nenhuma razão para viver.

—Isabella, viva por mim.

Continua...........

 


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Notas finais do capítulo

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