VII

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{no, you can't hide your secrets and lies}

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— Eu sei o seu segredo. — a mulher disse com um misto de doçura e veneno em sua voz. Um prazer indescritível crescendo em seu íntimo.

— Eu não faço ideia do que você está falando. E francamente, Malfoy, não tenho tempo para suas bobagens. — a outra afirmara com toda a classe e desdém que possuía, não aparentando estar nada abalada com o que acabara de ouvir.

As duas loiras trocaram um olhar longo e significativo e logo caíram na risada. Havia mais de vinte anos desde a última vez em que estiveram juntas e muito havia acontecido. Muito havia mudado. A Segunda Guerra Bruxa, que acabara há pouco mais de um ano, arruinara a ambas.

Narcisa Malfoy estava bastante ciente de que era o único motivo de sua família não ter encontrado um destino muito pior. Seu nome estava lama, sua influência destruída, seu legado despedaçado. Até mesmo seu orgulho fora estilhaçado. E caminhar com a cabeça erguida se tornara uma tarefa quase impossível. Ainda assim, fora poupada – juntamente com marido e filho – dos grilhões de Azkaban. Aquilo teria que ser suficiente. Cumprira seu dever como esposa e mãe uma última vez e salvara sua família. Estava livre agora.

Não valia continuar com aquele teatro e todo aquele sacrifício, especialmente quando Lucius se mostrara tão inútil em cumprir aquele que deveria ser o seu papel naquela união. O marido lhe fora uma decepção como homem e quase arrastara Draco para a morte. Aquilo Narcisa jamais perdoaria. Não quando o filho era seu mundo inteiro, o único pelo qual ela abrira mão de seu orgulho.

Então, ela pedira o divórcio. Não havia motivos para não fazê-lo. Os nomes do Black e dos Malfoy estavam destruídos de forma irreparável. E não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso. Cumprira com seus deveres pelo tempo que lhe fora possível. Pelo tempo que lhe fizera sentido. Por mais tempo que qualquer uma das irmãs ou primos. Mas era suficiente. O mundo havia mudado. Era o momento dela mudar também.

— É Black, na verdade. Me separei de Lucius. Além disso, Narcisa Black sempre soou melhor aos meus ouvidos.

Rita sorriu. Estava tão acabada quanto a mulher a sua frente. Perdera o emprego e renome. A carreira que se esforçara tanto para construir fora dilacerada assim como a confiança que o público geral tinha em seu trabalho. Não fazia ideia do que faria a seguir, mas sabia que daria um jeito. Era engenhosa e criativa e, se não encontrasse uma saída, a inventaria. Uma mentira ou duas sempre a levaria a um lugar melhor, ela sabia.

— Por isso você me chamou aqui? — Skeeter perguntou intrigada. A curiosidade sempre fora uma de suas muitas falhas — Porque se divorciou.

— Talvez.

— Eu não passei vinte anos te esperando, Narcisa. — e era verdade. Sinceridade bruta e cortante. O tipo de honestidade que ela reservava apenas para a Black.

Narcisa, no entanto, não pareceu sequer abalada.

— E eu não passei vinte anos te esperando, Rita. Mas isso não quer dizer que eu tenha te esquecido. — e era verdade. Sinceridade em sua forma mais vulnerável. O tipo de honestidade que ela reservava apenas para a Skeeter.

Rita sorriu novamente.

— Também não posso alegar ter te esquecido, Cissy.

— E aqui estamos. Livres de qualquer amarra ou compromisso. Com reputações além do reparo. Mas vivas e livres. Então, eu pensei: por que não? — Narcisa disse com um dar de ombros leve e gracioso. O que ela tinha a perder, afinal?

Skeeter a olhou intensamente por um longo minuto, conseguindo enxergar a garota que um dia fora dela por detrás da mulher que não pertencia a ninguém. A garota de quem guardara todos os segredos, por duas décadas, por detrás da mulher que lhe era um enigma. Uma estranha. Uma estranha que ela adoraria conhecer.

— De fato. Por que não?

Nenhuma das duas era inocente. De uma forma ou de outra, tanto Narcisa quanto Rita tinha suas mãos sujas de sangue e mais pecados do que poderiam contar. Ainda assim, nenhuma delas jamais clamou inocência. Elas eram o que eram. Duas serpentes astutas, traiçoeiras, egoístas e perigosas que fariam o que fosse preciso para sobreviver e prosperar. A grande questão era que, a partir de agora, poderiam fazer juntas o que fosse preciso para sobreviver e prosperar.