A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 11
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, bloqueio criativo is a bitch...



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— Eu nunca pedi por isso. Eu nunca pedi para ser o Tordo. Eu só queria salvar minha irmã e manter Peeta vivo. – eu digo sinceramente – Por favor, deixo-o ir e eu desaparecerei. Você nunca mais me verá.

 

Seus olhos azuis tão frios, como os de uma cobra prestes a dar o bote, me encaram e sinto minha espinha estremecer. Ele sorri friamente e depois ri sem humor.

 

— Ah senhorita Everdeen, nós dois sabemos que você não pode fugir disso, não mais quanto você pode fugir dos jogos. – ele então desvia seu olhar para baixo e estremeço ao ver o brilho em seus olhos. 

 

Ele sabe. Ele sabe que estou grávida.

 

— Por favor! Você já me destruiu. Liberte Peeta e me leve em troca. – eu digo tentando me recompor.

 

Não consigo encarar seus olhos nem mesmo via televisor e desvio meu olhar para as pequenas telas ao lado esquerdo. Essa ação, no entanto, não me tranquiliza ao perceber que três das seis câmeras dispostas estão fora do ar, restando apenas Gale, Boggs e mais um soldado cujo nome não reconheço. 

 

Você nem conhece metade das pessoas que estão morrendo por você. 

 

— Acho que não temos mais tempo para um nobre sacrifício como esse, senhorita Everdeen.

 

— Então me diga o que fazer. Sempre cumpri minhas promessas, não foi?

 

— Você disse que não queria uma guerra, e foi isso que aconteceu. Eu disse a você como a paz é uma coisa frágil. E ainda assim, como uma criança, você sentia prazer em quebrá-lo. Eu sei o que você é. Eu sei que você não consegue ver além de suas preocupações mais estreitas. Mas, por favor, senhorita Everdeen, eu duvido que você saiba mais o que é honestidade.

 

Queria me sentir atacada por suas palavras, mas minha preocupação agora está para as pequenas três telas ainda acesas. Eu preciso conseguir mais tempo para eles, ou seu sacrifício por mim será em vão.

 

— Você me pediu para te convencer de que eu estava apaixonada por Peeta. Eu não fiz pelo menos isso? – eu digo a primeira coisa que vem em minha mente.

 

— Senhorita Everdeen, são as coisas que mais amamos que nos destroem. Eu quero que você lembre que eu disse isso. Você não acha que eu sei que seus amigos estão no Centro de Treinamento?

 

E então a tela fica preta. Eu não consigo pensar, estou em choque. O que acabou de acontecer?

 

— O que aconteceu? – eu sussurro. 

 

Viro-me para Haymitch que se encontra à minha esquerda, mas sua atenção está voltada para o vitorioso do 2. 

 

— O que aconteceu? – eu pergunto um pouco mais alto. 

 

— Boggs? Você consegue me ouvir? – diz Beetee para um aparato em seu ouvido que só percebi agora que usava. 

 

— Haymitch, é uma armadilha! Eles sabem que eles estão lá! É uma armadilha! – eu exclamo quase chorando. 

 

O moreno nada diz, só levanta sua palma da mão para mim, como se dissesse para eu esperar. Mas eu não espero.

 

— Temos que falar com eles. Temos que dizer a eles para irem embora! – eu digo mais uma vez.

 

Meu ex-mentor nada diz.

 

— Não há sinal. Não podemos contatá-los.- diz Plutarch.

 

Eu não aguento mais e minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto. 

 

— Haymicth! Haymitch! Ele sabia! Ele estava brincando comigo, Haymitch! – eu digo com a voz embargada. 

 

Os olhos cinzentos de meu mentor me encaram e vejo neles o mesmo desespero que sinto. 

 

— Nós ainda não sabemos, Katniss. – ele diz. 

 

Eu desabo em seus braços. Minhas lágrimas encharcam seu macacão cinza e soluços escapam de minha garganta. Sinto seus braços me apertarem, tentando me acalmar, mas eu não consigo. A única coisa que consigo pensar é que eu os perdi. 

Perdi meu noivo e meu melhor amigo de uma vez só. Em uma noite só.



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Encontro-me deitada em minha cama ainda em choque pelo o que acabei de passar. Há algumas horas que o restante da população foi liberado para voltar às suas rotinas e seus aposentos, já que nenhuma dessas áreas foram danificadas ao ponto de ser perigoso para a população civil utiliza-las. Plutarch mencionou a mim que a Capital despusera de informação muito antiga e por isso que o distrito não foi danificado significativamente.

Ouço a porta do quarto abrir e fechar, mas não olho para ver quem entrou. Eu não me importo mais a esse ponto. Sinto a cama afundar perto de meus pés e por um momento penso ser aquele maldito gato de novo até ouvir a voz doce e suave de minha irmãzinha:

 

— Eu soube o que aconteceu, Kat, eu sinto muito... é a pior tortura do mundo. Esperando, quando você sabe que não há nada que você possa fazer. – ela diz enquanto faz carinho em meu braço - Mas qualquer que seja a força, a coragem, a loucura que nos faz continuar, você encontra em momentos como este.

 

Eu nada faço, só deixo as lágrimas escorrerem em minhas bochechas. Sinto ela se mexer e se sentar em frente de minha barriga.

 

— Você é a pessoa mais forte que conheço, Kat. Vai dar tudo certo, eu prometo. – ela diz e depois me abraça.

 

Não, Prim, você não sabe. Não faça promessas que não pode cumprir.



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Depois de nosso momento juntas, Prim se despediu e foi trabalhar no hospital com a mãe. No fundo, eu só queria ficar em minha cama e nunca mais levantar, nem mesmo os chutes de meu bebê me animavam, até por que tudo me lembrava ele. Mas então eu percebi que eu não era a única que estava sofrendo com essa espera, afinal, Peeta não é o único vitorioso mantido em cativeiro por Snow.

Finnick. O vitorioso mais jovem dos Jogos Vorazes também sofria, afinal a sua namorada, Annie Cresta também se encontrava capturada. E cá me encontro, em seus aposentos só desfrutando do companheirismo do ruivo vitorioso , afinal, é melhor sofrer com alguém que sofrer sozinho. Finnick está tão miserável quanto estava quando tínhamos acabado de chegar da arena; nada parece com o homem otimista de algumas semanas atrás. Em todo o meu tempo aqui não dissemos nenhuma palavra além de “Oi, tem alguma notícia?” ; seus olhos estão fixados no nó que insiste em fazer e desfazer, não importa o quão vermelha a sua mão se encontrasse ou da quantidade de sangue pingasse nos lençóis brancos de sua cama. 

Seus aposentos não é tão diferente do meu. A única diferença está na cama de casal o invés das duas camas que se encontram no cômodo de minha família. Finnick deve ter pedido para o Comando lhe dar uma cama de casal caso Annie fosse resgatada com os demais vitoriosos. Me dou um tapa mental por não pensar nisso antes, mas eu estava abalada demais nos últimos dias para pensar em algo tão banal quanto uma nova cama para eu e Peeta. Ou até mesmo um novo compartimento, já que todos pensam que nos casamos antes do Massacre Quaternário e vamos ter um bebê em alguns meses.

Depois de quase duas horas de espera, eu já tinha me cedido ao mais novo hobby de Finnick. Eu mal sei fazer nós tão especiais quanto os deles, mas qualquer distração vale. Minhas mãos também já estão em carne viva; as de Finnick me dão ânsia só de olhar. Eu ainda continuo com deterioramento de minhas mãos até ouvir a porta abrir repentinamente e no fundo eu já sei o que é.

Haymitch se encontra em frente a porta aberta e mesmo com sua cor um tanto bronzeada como a minha, consigo ver que seu rosto está vermelho de tanto correr. Suas palavras saem como um sussurro quase inaudível, mas eu entendo cada letra como se estivesse berrando em um megafone.

 

— Eles estão aqui.

 

Eu me levanto abruptamente e o movimento me deixa um tanto tonta. Mas eu não posso desmaiar agora, Peeta está aqui. E Gale, também. Haymitch me responde antes mesmo que eu falasse alguma palavra:

 

— É só o que sei. Os vitoriosos estão sendo direcionados ao hospital.

 

Não posso perder mais tempo aqui. Quase saio correndo como um veado ao perceber que está sendo caçado por um leão da montanha, até me lembrar do bebê e da última vez que não pensei nas consequências das minhas ações. O caminho até ao hospital parece ter duplicado de tamanho, não importa o quão rápido estou indo, nunca parece que chegou ao meu destino final. Minhas canelas doem de tanto acelerar o passo, mas eu não me importo, eu preciso chegar ao hospital. Eu preciso vê-lo, eu preciso saber se ele está bem. Meus pensamentos se direcionam à nossa reunião eminente. Estou tão perto… Penso na sua reação ao me ver, se chorará, se me abraçará ou tomar meus lábios aos seus. Ou talvez tudo junto. Penso em como ficará ao encarar a minha barriga avantajada onde se encontra nosso bebê e ou senti-lo mover-se pela minha pele. Será que ele ficará feliz? 

Finalmente chego ao hospital. O mesmo se encontra extremamente ocupado, enfermeiros correndo por todos os lados gritando por mais suprimentos ou mais enfermeiros. Mal entro na confusão que se encontra o lugar antes mais quieto de todo distrito 13 e ouço um grito diferente, mas ao mesmo tempo muito familiar.

 

FINNICK! - grita uma mulher pequena à minha direita.

 

Seus cabelos ruivos enormes voam pelo ar enquanto corre em direção em minha direção. Percebo que seus olhos estão focados em algo atrás de mim. Finnick. Viro-me e a cena que acabo de presenciar é como daquelas dramatizações da Capital Tudo parece estar em câmera lenta; eles correm em direção um ao outro e se esbarram violentamente, mas ao mesmo tempo tão delicadamente. Finnick toma-a em seus braços e a gira enquanto seus lábios estão selados uns ao outros. Por um momento, sinto inveja deles; também queria um momento especial desse jeito para eu e Peeta, mas então me lembro da situação delicada em que ele estava não há mais dois dias atrás…

Sou despertada pelo meu transe pelo casal apaixonado em minha frente ao sentir uma mão em meu ombro. Viro-me e encaro os olhos cinzentos de meu melhor amigo. Solto um ar que nem sabia que estava prendendo.

 

— Gale! - digo enquanto o abraço.

 

— Oi, Catnip. - ele sussurra em meus cabelos. 

Levanto a cabeça para perguntar-lhe se está bem, mas ele me responde sem nem ao menos perguntar.

 

— Estou bem, não se preocupe. Ele está lá, segunda porta à direita.- ele diz apontando para um corredor atrás de nós. 

 

Ao mesmo tempo que quero correr como Annie fizera há pouco tempo atrás, não quero decepcionar Gale ao sair tão rapidamente.

 

— Não há problema, Catnip, pode ir. - ele afirma, mas algo em sua voz não soa tão firme assim.

 

Eu não consigo esperar mais e sigo seu conselho. Corro o mais rápido que posso pensando em como vou encontrá-lo. Sinto uma presença atrás de mim o caminho todo que acredito ser Haymitch, afinal ele também ama Peeta. Cá estou, encarando uma porta de tamanho normal cinza com uma espécie de janela que dá para ver o interior, mas eu sou pequena demais para ver alguma coisa interessante por ela. Eu paraliso. Eu tenho medo de como posso encontrá-lo: será que está tão debilitado que não vai conseguir se levantar, ou falar, ou me abraçar? Será que ele terá de ficar desacordado de tão torturado que seu corpo se encontra? Será que ele irá me reconhecer? Será que ele se lembra de mim, de nós? 

Não consigo mais aguentar a ansiedade e empurro a porta cinzenta com toda a minha força, escancarando-a. E lá está ele, de costas para mim. Sinto meu coração errar uma batida e minha mão vai de encontro com a minha boca pelo choque da cena à minha frente. Ele está ainda pior do que antes. Ele está tão magro… Consigo ver seus ossos... A quantidade de hematomas em seus ombros antes tão largos e musculosos... Há sangue seco em várias partes de seu corpo, incluindo seu cabelo, que parece pelo menos três tons mais escuro de tão sujo que se encontra. 

 

— Peeta… - sussurro ainda em estado de choque.

 

Ele me ouve. Ele se vira para mim e tenho medo que qualquer movimento brusco possa quebrá-lo de tal frágil que se encontra. Ele levanta a cabeça e seus olhos azuis prendem meu olhar e arrancam um suspiro de mim, como sempre. Vejo o brilho tão familiar neles, que antes pareciam tão sem vida na Capital. Aquele mesmo brilho de toda vez que ele me encontrava, aquele mesmo brilho que meu pai tinha ao estar com a mãe. Meu peito se aperta. 

Não trocamos palavras, só nos encaramos. Nem percebo que me encontro mais uma vez em seus braços, os mesmos braços que me acalmavam depois de um pesadelo, os mesmos braços que sempre serão meu lar. Nem mesmo no estado em que se encontram eles falham em causar o mesmo sentimento. Meus braços o envolvem e descanso minha cabeça em seu peito. Seus batimentos cardíacos são como música para meus ouvidos. Só percebo que estou o apertando demais quando ouço um gemido de dor em meu ouvido. Rapidamente desvencilho-me de seus braços agora tão magros e machucados. 

 

— Está tudo bem, Kat. - ele diz e percebo que são suas primeiras palavras para  mim depois de meses sem nos vermos.

 

— Oh Peeta… - eu suspiro e selo nos lábios.

 

Eu esperei tanto por esse momento, de finalmente beijá-lo de novo e sentir aquele calor se espalhar em meu peito. É como se estivesse em um sono profundo e só agora despertei. Ah o jeito que esse homem me faz sentir… Nossas bocas se movem perfeitamente uma com a outra, como se fosse feitas uma para a outra, e de uma forma, elas foram. Suas mãos grandes envolverem meu rosto e ele sorri pelo beijo. Sorrio de volta, nossas lágrimas salgadas se misturarem em nosso beijo, mas não nos importamos. Nossos lábios se separam quando o ar nos falta e nossas testas se colam, só aproveitando a presença um do outro enquanto rimos felizes ao meio do choro e posso finalmente dizer que estou em casa.       


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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