Sombras escrita por Lola Cricket


Capítulo 1
why can't you hold me in the street?


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente!

Chegou a minha vez né? Confesso que to bem nervosa, porque sou acostumada a escrever one-shorts-long com mais de 6k de palavras, e essa fic surgiu em uma madrugada e no notes do celular e acabou ficando curtinha.

Decidi não estendê-la, porque acredito que seja um momento do Albus e suas inseguranças sobre porque a pessoa que ele ama não consegue passar por cima do medo para ficar com ele.

Quero agradecer as meninas do Pride que me convidaram para o projeto, fico muito feliz de ter aceitado e está ficando lindo de ler!

Se quiserem ler a fic escutando Secret Love Song - Little Mix, foi meio que inspirado nela.

Enfim, boa leitura.

Ah a fic não foi betada, dei uma revisada por cima, mas peço desculpas desde já.



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Albus olhou para os lados antes de soltar um longo suspiro e tirar a capa da invisibilidade.

James, seu irmão mais velho não tinha o conhecimento de que a capa – herança de família –, estava em sua posse. Mas ambos eram Potter afinal, apesar de seu pai deixar sob a responsabilidade de James, não havia nenhum mal em pega-la emprestada as vezes.

Tomou cuidado ao sussurrar lumus e andar pelos corredores vazios sem acordar os quadros. Acorda-los era sinônimo de chamar atenção de Pirraça, o que não era sua intenção. Muito menos queria ser flagrado por Rose Weasley, monitora-chefe da Grifinoria. Se bem que imaginava o que ela deveria estar fazendo.

Sorriu ao lembrar da vez que passou por ela com a capa sob sua cabeça e a flagrou com seu namorado e monitor da Sonserina, Logan Nott.

Que também era seu companheiro de quarto. Mas a vantagem de não o ter por perto no dormitório esse horário era a falta de questionamento sobre as fugidinhas noturnas do Potter e consequentemente, uma detenção.

— Potter. — Albus deu um pulo ao ouvir uma voz familiar.

A figura masculina estava encostada em um canto do corredor, com os braços cruzados e uma postura arrogante.

Os dois se olharam por longos minutos até abrirem um sorriso um para o outro.

Conforme se aproximava, Albus viu toda a postura se esvair do corpo do garoto a sua frente. Estava acostumado, de dia, eram dois desconhecidos, de casas diferentes. Ele, um Potter sonserino, encrenqueiro, rei das detenções por estar sempre de mau humor. O garoto, um popular – não do jeito encrenqueiro como ele, mas do jeito bom —, sempre rodeado de amigos, um grande jogador de Quadribol e um aluno exemplar.

Albus sentiu todo o ar de seus pulmões se esvair quando o garoto diminuiu a distância entre eles e o beijou de leve.

Seu coração sempre batia estranhamente rápido quando seus lábios se tocavam. Albus inicialmente ficava de olhos abertos, observando o garoto de cabelos claros – mas que também lembravam quase um acastanhado –, de olhos escuros perder completamente sua postura de garoto exemplar e ser o seu cara.

O que começou leve e sem intenções, se tornou algo urgente logo em seguida. Albus sentiu-se ser pressionado contra uma parede sem quadros e suas mãos foram para o cabelo liso e macio do garoto, entre abrindo seus lábios para algo mais profundo. Suspirou de leve quando suas línguas se encontraram e o garoto puxou seu lábio inferior de leve.

Suas mãos já conheciam o corpo dele de cor e vice-versa. Sempre agarrava o moletom que o garoto usava e o puxava para mais perto, sentindo seus corpos estarem grudados a ponto de sentir os batimentos acelerados um do outro. As mãos do garoto, sempre iam para seu quadril, acariciando o ossinho que havia ali causando arrepios em Albus.

Quando a boca dele desceu para seu pescoço, mordiscando de leve num ponto especifico, uma veia que sempre pulsava quando sentia todo o controle de seu corpo se evaporar, um gemido escapou de seus lábios involuntariamente. Isso causou um riso do cara em seu pescoço, intensificando seus arrepios.

Mas Albus desacelerou. Ele sabia como era. O garoto gostava de algo físico, enquanto Potter precisava conversar. Ele gostava de conversar, de conhecer. Francamente, aqueles momentos eram muito melhores que simples beijos quentes e cheios de luxuria.

O garoto em sua frente suspirou pesadamente, seus olhos escuros de desejo, o cabelo bagunçado, mas pegou a mão de Albus e o puxou para um abraço confortável.

— Conte sobre seu dia. — O garoto pediu.

E assim, tudo se tornava tão especial. As palavras tão simples, faziam uma confusão no peito de Albus, que abria um sorriso e contava sobre seu dia, já que frequentavam poucas aulas juntos. O garoto então, contava sobre o dele, nunca o soltando do abraço. Hora ou outra, o garoto entrelaça seus dedos nos dele e acariciava em um padrão de círculos em seu polegar e Albus sabia que ele fazia sem perceber e esse pequeno gesto lhe causava coisas estranhas no peito.

— Você pensou sobre o que te falei? — Albus soltou as palavras antes que pudesse se controlar. Era sempre assim, já podia sentir o corpo todo de seu amado se enrijecer.

Como os trouxas diziam: o elefante na sala. Não conseguia evitar.

— Não é uma boa ideia.

— Porque não? Nós não somos uma boa ideia? — Seu tom aparentava toda a mágoa que sentia.

Porque por ser um Potter, Albus não sabia viver nas sombras. Tudo sobre sua vida era pública. Inclusive sua sexualidade, esta parte pelo menos para seus pais, irmãos e avós, que sempre o apoiavam. Albus Severus Potter era de uma família enorme, e nunca esqueceu como sua avó olhou em seus olhos e sorriu, quando ele lhe contou que se sentia diferente. Vovó Molly segurou sua mão e falou que todos eles eram diferentes de alguma forma e que o que os tornava tão unidos eram o amor que sentiam um pelo o outro.

E bem, poucos sabiam, mas realmente Albus fazia jus ao nome. Lembrou da vez que conversou com o quadro de Albus Dumbledore e como seu xará lhe confidenciou alguns segredos, tirando toda a angustia de seu peito naquele momento.

Albus deixou seus pensamentos de lado e observou todo o medo do cara a sua frente. Porque sim, a pessoa que estava apaixonado, tinha medo de dizer as pessoas quem era verdadeiramente.

Porque ele tinha uma reputação.

Essa palavra lhe causava náuseas.

— Contar as pessoas não é uma boa ideia. As pessoas se intrometem demais. Sua família é conhecida, a minha também. Imagina o escândalo para o Profeta Diário?

Albus queria muito aumentar o tom e ter essa discussão do jeito certo. Outro ponto que o irritava, todas as conversas com o garoto eram sussurradas. Como segredos.

O que, na verdade, era o que eles eram. Um enorme segredo.

— Não fique irritado comigo, por favor — Chegou o momento da fala mansa, Albus pensou soltando um riso debochado.

Sempre assim. Todas as vezes que tentava entrar nesse assunto, sobre serem algo público, sobre poder segurar a mão dele na frente de outras pessoas, o garoto mudava de assunto drasticamente ou tentava fazê-lo deixar para lá.

O garoto se aproximou segurando suas mãos, tentando puxa-lo para um beijo, mas Albus fora mais rápido virando o rosto. O garoto franziu o cenho.

— Albus.

Não. Não posso mais viver assim. Entendo, é assustador dizer as pessoas que não se é como elas esperam. Mas acredite, meu pai ficou mais emotivo quando contei que fui para Sonserina do que quando falei que sou gay!

— Não compare minha família com a sua.

Albus riu debochado.

— Como se sua família fosse um grande problema com isso, sabe que não são. Eu sei que não são. A verdade é que você tem vergonha de mim, não é?

Albus segurou o rosto de seu amado com as duas mãos.

— Não vou te obrigar a se assumir, mas vou me obrigar a não viver mais escondido.

Albus o soltou, decidido a ir embora e pronto para colocar a capa da invisibilidade.

— Eu te amo.

As palavras o fizeram parar. Era a primeira vez que o garoto lhe dizia aquilo. Albus se virou, olhando para ele, que era uma pessoa tão importante para ele, sentindo a raiva se esvair e seu peito voltar a doer incontrolavelmente. Uma dor boa, mas ao mesmo tempo tão difícil de sentir.

Porque amar alguém é muito difícil de lidar.

— É a primeira vez que me diz isso.

O garoto lhe deu o sorriso mais bonito que já vira. Albus não sabia se era para apaziguar a situação, mas voltou a se aproximar e o beijou.

Os dois ficaram mais alguns minutos se beijando, enquanto seu amado repetia algumas vezes que o amava. Albus queria rir e chorar ao mesmo tempo.

Os dois decidiram voltar para seus dormitórios. Albus o deixou na porta do Salão Comunal da Grifinoria, o puxando para mais um beijo antes de ir. Voltou para o dormitório da Sonserina, sentindo seu corpo dormente pelos acontecimentos da noite. Acontecimentos simples, discussões recorrentes, mas momentos sempre significativos para o moreno.

Ele não disse que o amava de volta.

Não por não amar, porque Albus amava. Desde o momento em que perceberam que brincadeiras que faziam um com o outro provocando, na verdade eram flertes. O que foi uma surpresa para Albus e um susto para o garoto que estava se conhecendo ainda.

Mas Albus aos poucos o fazia se abrir. Mostrava que com as pessoas certas ao seu lado, não havia nada a temer.

Porque sim, tinham coisas. Seus colegas sonserinos eram babacas que faziam piadas horríveis e eram extremamente homofóbicos, isso que nem sabiam sobre Albus. Mas nunca se sentiu como se não fosse normal, porque todos os dias as pessoas certas, sua família e amigos lhe lembravam o que realmente importava. Amor. Mesmo sendo um sonserino, uma casa com reputação ruim, não gostava de lidar com o ódio. Nem de ser associado a isso.

Albus diria que o amava na hora certa.

As manhãs seguintes aos encontros eram sempre as piores. Albus se sentava em sua mesa ao lado de seu amigo Scorpius Malfoy e observava a mesa da Grifinoria.

Lá estava a pessoa que Albus queria desesperadamente gritar que amava. Ele sentia seu estômago afundar toda vez. Eram como desconhecidos na frente dos outros e isso o matava por dentro. Como alguém lhe dizia que o amava numa noite e na outra fingia que não o conhecia? Isso não era amor.

É querer manter seu ego inflado. Pensou.

Toda vez que olhava para Lorcan Scamander do outro lado da mesa, ao lado de seus amigos e garotas, sentia que ia vomitar. Reparou como uma delas colocou a mão em seu ombro de um jeito íntimo e como seu garoto pareceu estar incomodado, mas se incomodava mais com o que as pessoas pensariam se soubessem a verdade para tirar a mão dela dele.

— O amor deixa as pessoas cegas. — Se assustou ao ouvir a voz de Scorpius Malfoy praticamente lendo seus pensamentos. Queria contar ao amigo o que se passava em sua mente, mas apesar das magoas, Albus respeitava o segredo de Lorcan.

Soltou um risinho ao ver que Scorpius, na verdade, observava Rose Weasley abraçada do namorado, Nott.

Voltou a observar Lorcan, que no momento olhou para ele. Albus conseguia sentir toda a intensidade do olhar, toda a conversa não dita. Eu te amo. Queria gritar para todos.

Os dois se olhavam discretamente, Lorcan lhe lançou um sorriso sem dentes, mas pela primeira vez, Albus não retribuiu e voltou sua atenção para a comida e a conversa com seu amigo.

Porque apesar de respeitar o segredo dele, Albus não conseguia mais ser parte dele.

Porque apesar de dizer que o amava, Lorcan Scamander gostava de viver nas sombras.

E Albus nunca fez parte delas.


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Notas finais do capítulo

Então, quando escrevi quis deixar meio que no ar quem era o boyzão que o Albus tanto gosta e ama. Espero que tenham gostado.


Mais uma vez quero agradecer as meninas por terem me convidado para o projeto! Obrigada pela oportunidade e vejo vocês em outras leituras. Deixem os comentários ♥

Beijos!