A Marca da Borboleta escrita por JiyuNoSakura


Capítulo 6
2044, 20 de setembro. 08:00 às 10:00


Notas iniciais do capítulo

OIOI, MEUS MIRACULERS LINDOS!
Eu voltei antes do esperado, eu sei. Também sei que avisei que o capítulo 6 iria demorar para ser postado. MAS eu vi a data que eu postei o 5 e eu fiquei incomodada com essas duas semanas sem capítulos para vocês. Então, eu dei início ao capítulo 8 e só postarei o 7 quando eu tiver pelo menos o 9 metade escrito, okay? Deve levar também umas duas semanas ou mais, visto que terei que escrever o 8 e metade do 9 a partir de hoje.
NESSE CAPÍTULO INICIAMOS UM DIA NOVO. Muito feliz de ter finalmente saído do 19 de dezembro. E PRECISO DIZER: assim como o 3, esse capítulo é um dos meus favoritos, é um dos meus lindjos incríveis. TEM MUITO FLUFFY NELE, NOSSA. O açúcar da fanfic inteiro até agora está nesse capítulo, então sem mais delongas vou deixar vocês o lerem.
NÃO SEM ANTES DAR OS MEUS HUMILDES AGRADECIMENTOS a AFadaQTemIdeias por ter deixado seu feedback lindo e divertido. Um muito obrigada a também aqueles que leem e que são fantasminhas. SIGNIFICA MUITO PRA MIM, GENTE. MIL VEZES OBRIGADA ♥
Agora sim, BOA LEITURA ♥



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De supetão, Louis abriu a porta da frente da casa. Titubeou no momento em que avistou a limusine de seu avô estacionada rente à calçada. Ele franziu o cenho confuso, voltando-se para Marinette que vinha logo atrás guiando Hugo pela mão. Um pouco mais distante, viu Emma os seguindo e arrumando a gola de sua camiseta onde Plagg escolheu para se esconder, usando seus cabelos como camuflagem.

“Mamãe, por que o vovô está aqui? Pensei que íamos para a escola. Hoje é terça-feira”, ele perguntou abrindo espaço perto da porta para que os demais passassem e cruzou os braços.

Emma tomou a dianteira e passou por eles com sua bolsa-carteiro, já sabendo de todos os motivos os quais iriam passear de limusine.

Marinette abriu um sorriso enquanto ajudava Hugo a descer os degraus. “Vovô não está aqui, Lou”, respondeu, “Só a limusine dele. Tio Gorilla vai levar vocês para a escola hoje e nos próximos dias”.

No momento em que ela terminou de falar, Hugo voltou sua atenção para os dois demonstrando interesse pela conversa. “A gente vai pra escola hoje de carro?”, ele gritou, os olhos azuis brilhando. Louis assentiu com a cabeça, concordando com o irmão mais novo. Ir de carro era uma novidade, eles sempre iam a pé. “E no carro grande do vovô cheio de botões que fazem mil coisas?”, o pequeno continuou aos berrinhos de criança.

“Sim, meu bem. Esse mesmo”, ela se limitou a confirmar, já soltando risadas.

Hugo nem a deixou terminar de responder e já saiu correndo, ultrapassando a irmã mais velha. Ela já havia aberto a porta e estava pronta para entrar quando ele praticamente se lançou no banco de couro, gritando “oi” para o tio Gorilla.

Isso deixou Emma alarmada e resmungona.

“Ô, guri”, Louis a escutou dizer com firmeza, “Toma cuidado. Você pode cair! E nem pense em sair apertando esses botões!”.

A irmã mais velha superprotetora.

Ele queria revirar os olhos, mas se conteve por estar em frente à sua mãe.

“Isso é parte daquelas medidas de segurança que a senhora tinha falado ontem?”, questionou, receoso.

“São, sim. É melhor vocês andarem com tio Gorilla de hoje em diante só para prevenir coisas que não queremos que aconteçam”, sua mãe explicou tornando seu sorriso um pequeno pedido de desculpas. Louis assentiu, comprimindo os lábios por preocupação. “E, filho? Tenta não comentar nada disso na escola. Precisamos ser o mais discretos possível sobre a nossa situação atual”, ela complementou.

“Tudo bem. Pode contar comigo, mamãe”, ele assegurou puxando um sorriso de canto que se parecia muito com o de seu pai, “Se alguém perguntar, digo que vovô Gabriel perdeu uma aposta pro papai e agora temos a limusine por uma semana!”.

Marinette começou a rir novamente. “Eu tenho certeza que isso vai gerar muita fofoca”, ela comentou.

“Mamãe, nós já somos assunto de muitas fofocas. Mais uma não vai fazer diferença!”, ele deu de ombros.

Ela levou a mão ao cabelo negro-azulado de seu filho, idêntico ao dela, e fez uma carícia. “Só... se limite a brincadeiras, okay querido?”, sugeriu em um tom que o fez considerar imediatamente, “Mentiras, mesmo as pequenas e brancas, nunca são a resposta. Precisamos omitir coisas por agora pela necessidade e proteção, mas essa é uma exceção. A sinceridade e honestidade são a regra e o que valem a pena”. Ele assentiu.

Dito isso, Louis entrou no carro, tirando sua mochila das costas e colocando no chão como Emma e Hugo fizeram. A irmã mais velha já havia colocado seus fones de ouvido e o mais novo estava com o tablet em mãos, entretido com um jogo que a primeira com certeza havia o incentivado a jogar para ficar quieto.

A mãe deles apareceu na janela, primeiramente se voltando ao motorista. “Obrigada de novo por nos ajudar, Gorilla”, ela disse.

O gigante assentiu com a cabeça, a carranca de sempre se suavizando pela gentileza de Marinette. “Disponha, madame”, falou, de maneira curta.

“E vocês três”, ela os chamou, o tom de voz mais sério. Louis cutucou Emma e Hugo para que eles prestassem atenção. Assim que eles o fizeram, ela continuou: “Por favor, tomem cuidado hoje, especialmente com pessoas que não conhecem. Eu vou visitar o papai no hospital agora pela manhã e depois da escola, será a vez de vocês”, e colocando a cabeça dentro da janela, finalizou sussurrando de maneira divertida: “Sinceramente? Acho que ele já vai estar acordado quando vocês forem!”.

Hugo soltou gritinhos animados balançando os braços, depois olhou para a mãe com um biquinho nos lábios. Apesar da alegria, o rostinho estava triste: “Eu sinto falta do papai”, revelou.

Emma comprimiu os lábios passando um braço ao redor dos ombros do pequeno, aproximando-o e abraçando-o. “Eu também sinto a falta dele, guri”, sussurrou, a dor evidente na voz. Os olhos verdes de Plagg apareceram entre os cabelos negro-azulados dela, a expressão fechada mostrando a agonia e tristeza que sentia.

Louis soltou um suspiro, mantendo-se em silêncio enquanto olhava a mãe sorrir para os outros dois. “Todos nós, meu bem”, ela comentou enquanto acariciava o cabelo dele mais uma vez.

O rosto de Emma de repente se alarmou e ela olhou para Marinette rapidamente. “Mamãe, eu esqueci de te perguntar”, disse, um sentimento de vergonha a preenchendo.

O sorriso da mãe se tornou presunçoso. “Se você pode dar carona para o Adam com a limusine? Sim, é claro”, ela complementou a pergunta de Emma. Imediatamente as bochechas da filha se tornaram vermelhas, os olhos se arregalando pela surpresa. “Como eu sei? Eu te conheço, pequena”, adivinhou de novo, a voz arrastada combinada com uma piscadela: “Bom, tenham um ótimo dia na escola, meus amores. Um ótimo dia para você também, Gorilla”.

E se afastou, perdendo o pequeno sorriso do motorista espelhado pelo retrovisor.

 

Gorilla estacionou rente à calçada na frente da casa dos Couffaine.

Haviam acabado de deixar Louis e Hugo na escola e sem mais delongas, Emma passou o endereço da casa do futuro-quase-próximo namorado para que pudessem ir busca-lo. Antes disso, ela teve de aturar e ouvir provocações de Louis sobre o quão insuportável ela costumava ficar ao redor de Adam e o quão nojentos eram “as coisas” que eles faziam. Hugo só soltava gargalhadas a cada palavra, provavelmente não entendendo setenta por cento do que o irmão dizia, porém feliz por fazer parte da bagunça.

A mais velha chutou os irmãos do carro assim que ele parou na escola.

E passou o resto do caminho tentando se livrar da vergonha.

Então, de repente, eles já estavam esperando Adam passar pela porta da frente da casa dele. E em segundos, ele apareceu do mesmo jeito que Emma sempre o encontrava: cabelos loiros cor de areia amarrados para trás, camisa vermelha e baquetas à mão. Ela abriu um sorriso largo o recepcionando pela janela, não se sentindo mais envergonhada.

Ao lado de Adam não existia vergonha.

“Te dizer, Agreste”, ele começou abrindo a porta e quase pulando para o banco de couro. Tinha no rosto um sorriso travesso: “Finalmente vejo algo bom nessas ameaças do maluco do Biston. Não vou reclamar de passear de limusine todo dia de agora em diante. Fica à vontade pra me buscar sempre”.

Emma não respondeu de imediato.

Gorilla deu a partida no carro e olhou o casal pelo retrovisor. Ela olhava o jovem como um felino: atentos olhos semicerrados e sorriso de canto, enquanto o próprio ajeitava a mochila no chão e guardava suas baquetas, alheio às intenções dela. Quando Adam a olhou, no entanto, ela lançou suas mãos sobre ele, puxando a gola de sua camisa e aproximando a boca dele da dela. O motorista se contentou em balançar a cabeça em negação e acionar o botão que fazia subir a divisória preta entre ele e os dois pombinhos.

Para ele, foi como assistir Adrien e Marinette novamente sentados no banco de trás.

Apesar de começar abrupto, o beijo se tornou lento à medida em que Adam entendia o que estava acontecendo. Ele fechou os olhos e colocou as mãos no rosto dela enquanto as dela caíram de sua camisa para seu colo. Não era algo urgente ou quente, era doce e provocativo, familiar. Era um beijo que dizia “oi”, mas que também revelava sentimentos, aquela onda pura de intimidade e conexão que eles compartilhavam. Não o aprofundaram, no entanto, diminuindo o já lento para selinhos longos.

 Quando ele os separou, manteve-se próximo, nariz a nariz. Deu dois beijinhos nas maçãs do rosto dela, o carinho fazendo-a se sentir quente por dentro. “Então, quer dizer que longe de conhecidos, você me quer e perto, me mantém distante”, ele brincou abrindo o mesmo sorriso travesso de antes, “Estou sentindo que está me usando, Agreste”.

Emma murmurou um “uhum” em resposta, o sorriso dela de alegria. “Te usando, sim. Perto, sempre. Distante, nem pensar”, continuou com os murmúrios.

“De acordo”, ele disse mantendo os olhos fechados e passando os beijos para as maçãs do outro lado do rosto dela, os narizes se encostando levemente.

Adam, então, desceu seus lábios para os dela de novo, iniciando mais um beijo lento. As mãos dele foram para os longos cabelos negro-azulados, segurando-a enquanto eles aprofundavam o beijo. Ele não sabia mais o que pensar, sua mente se tornando borrada. Parecia que o clima ao seu redor se alterava, tornando-se mais quente. Nada mais importava, ele só seguia as sensações que eram despertadas nele e que o faziam se ligar mais e mais à Emma.

“Sabe”, uma voz arrastada e consideravelmente fina quebrou o momento. De repente, Adam se viu consciente de que estava no carro indo para a escola. Emma ainda estava ao seu lado, mas a magia que os envolvia foi se reduzindo à medida que ele abria os olhos. A voz continuou: “Louis tinha razão. Vocês são nojentos. Eu aprecio se vocês ficarem sem fazer essas trocas de saliva humana enquanto eu estiver acordado, obrigada”.

Emma abriu os olhos, piscando rapidamente para se adequar à realidade. Seu futuro-quase-próximo namorado ainda estava muito perto dela, os narizes ainda se tocando levemente. Ela se afastou um pouco e olhou o kwami negro flutuando ao seu lado, no rosto uma expressão tediosa e um biquinho na boca pequena.

“Plagg!”, ela brigou quando se deu conta de que ele quem havia os interrompido.

Estava muito frustrada. Como ele ousa?

“Minette!”, ele rebateu ainda contrariado, “Não me olhe assim! Culpe seu namorado por ter me acordado!”.

Ela voltou sua atenção para um Adam confuso e também irritado. A careta que havia feito para Plagg se transformou em um sorriso envergonhado. “Ele é sempre esse intrometido?”, o loiro perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto observava o kwami.

“Eu? Intrometido?”, ele respondeu, o ar desafiador, apontando a pata para o jovem “Você se intrometeu no meu sono com essa sua mão. Ousou me bater!”.

Emma passou a mão no rosto. Esconderijo. A gola de sua camiseta abaixo de seus cabelos. O mesmo local onde Adam colocou a mão no segundo beijo. “Plagg, me desculpe”, ela disse suspirando e abrindo sua bolsa, retirou uma vasilha dela e pegou uma fatia de camembert estendendo-o para o kwami. Ele imediatamente mudou de humor, os olhos verdes brilhando e a língua felina para fora. “Deve ser o suficiente para te colocar de volta para dormir satisfeito”, ela concluiu, sarcástica.

“Você me conhece tão bem, minette!”, ele falou, o tom de voz sonhador enquanto engolia o pedaço em uma mordida. Depois, desapareceu cabelos a dentro.

Emma soltou outro suspiro, fazendo sua melhor expressão de “desculpas” e o fitando com os hipnotizantes olhos verde-claros. Adam retribuiu o olhar soltando uma risada sem graça e acariciando uma das bochechas dela. Ela se aproximou de novo e deu-lhe vários selinhos. O jovem alegremente os correspondeu, a magia os envolvendo novamente.

“Desculpe. Plagg não é um kwami fácil”, Emma disse soltando uma risada fraca, “Eu o adoro, mas tem que ter jeito para lidar”.

Adam assentiu, dando-lhe um beijo na ponta do nariz. “Está tudo bem”, deu de ombros, “É que eu sou acostumado com o Sass. Tem vezes que eu nem sei se ele está em casa de tão silencioso e discreto”.

Ela riu de novo. “Lembro de uma vez do tio Luka falando que eles dois meditam juntos”, comentou, “Acho que cada um recebe o kwami que merece”.

“Concordo. Você também não é fácil”, ele brincou recebendo uma mordida dela no ombro quase que instantaneamente. Adam soltou uma risada e complementou: “Estou tão certo que você acabou de provar!”.

“Idiota!”, ela murmurou ao pé da orelha dele, claramente provocativa.

Os dois riram aproveitando o momento juntos.

“Ah, eu tenho uma coisa para te contar!”, Adam revelou, de supetão.

Isso fez Emma arregalar os olhos. Como flashes na sua cabeça, ela se recordou de que também tinha de contar a ele que participaria da missão com Bunnix. Queria que ele soubesse de tudo, do passo a passo de cada risco que ela tomaria, de cada vitória que teria. “Olha só, eu também tenho!”, anunciou.

A som da divisória negra se abaixando os impediu de compartilharem as novidades, no entanto. Foi só olhar para o tio Gorilla que Emma se deu conta de que a limusine havia estacionado à porta da escola. O motorista arqueou as sobrancelhas para eles, os observando próximos demais um do outro.

“Na sala conversamos, então?”, Adam sugeriu. Ela assentiu com a cabeça.

 

A chegada de Marinette no hospital naquela manhã causou uma comoção gigante.

Ela queria estar surpresa, porém não conseguia. Já esperava que algo do tipo iria acontecer àquela altura do campeonato.

Havia uma quantidade grande de parisienses e jornalistas frente à porta principal do lugar. Não necessariamente tumultuavam a entrada, porém também não se dissipavam de modo a abrir mais espaço. Os civis estavam em grupos, com celulares em mãos e cartazes, placas que diziam coisas que ela não conseguia ler de longe; os mais jovens sentados na calçada. Alguns repórteres estavam entrevistando as pessoas, outros haviam conseguido encurralar médicos e enfermeiros e faziam perguntas, enquanto os demais conversavam com a câmera em uma transmissão ao vivo.

A mulher respirou fundo antes de se aproximar. Queria ficar enrolando um pouco mais dentro do carro, tentando atrasar o confronto e as perguntas invasivas, porém não podia. Cedo ou tarde teria de passar por ali para entrar.

Precisava e queria muito visitar seu marido.

Quando finalmente se aproximou, a aglomeração a alcançou em uma velocidade impressionante, as câmeras coladas nela e os microfones empurrados para seu rosto. De repente, estava encurralada em um círculo fechado, rostos desconhecidos por todos os lados, bem como flashes sendo disparados a cada segundo.

Marinette se sentiu claustrofóbica.

As vozes das pessoas se aumentavam à medida que ela não respondia as perguntas que eles faziam a ela. Elas se aproximavam mais e mais enquanto ela tentava colocar distância entre eles com os braços. Isso deixou a ansiedade que sentia pior, sua visão e audição tomadas pelo tumulto. Ela tinha de sair dali, tinha de chegar ao hospital e fugir dos parasitas. Tinha de chegar a Adrien.

Portanto, ela fez algo que causaria polêmicas: empurrou as pessoas para abrir espaço, exigindo com tom de voz alto que elas a deixassem passar.

Com muito esforço, conseguiu sair do círculo agarrada à sua bolsa. E apertando o passo, quase correu à porta do hospital. Atrás de si, o tumulto a seguia, as vozes agora gritando e pedindo que ela os esperasse, que respondessem suas perguntas enquanto as repetiam incessantemente. Ela se sentiu perseguida, invadida, em sua cabeça pensamentos incessantes de que os akumatizados poderiam estar entre essas pessoas, que eles poderiam sequestrá-la ou segui-la até sua casa.

Marinette avistou seguranças fardados na porta do local. Ela jurava que eles não estavam ali antes. Enquanto chegava perto, os enviou um olhar pedindo ajuda. Eles prontamente a colocaram dentro do hospital e impediram a entrada dos civis e jornalistas quando eles quase derrubaram a porta principal.

A mulher suspirou, passando a mão no chapéu que usava e ajeitando sua jaqueta. Havia fugido. Estava mais segura. Ninguém a incomodaria ali.

Ela se aproximou do balcão da recepção. A mulher sentada atrás a olhou com um sorriso pequeno e soltou um “em que posso lhe ajudar, madame?”. Marinette correspondeu ao sorriso e tirou os óculos escuros e chapéu que estava usando para conversar melhor com ela. A reação da recepcionista foi instantânea: seus olhos se arregalaram levemente em reconhecimento e o sorriso se alargou. “Madame Agreste, desculpe por não a reconhecer de imediato. Acredito que está aqui para visitar monsieur Agreste, certo?”, ela recomeçou com alegria e obteve um aceno de cabeça como resposta, “Perfeito. Vou chamar alguém para guia-la até lá. Seu novo corte de cabelo ficou incrível, inclusive”.

Marinette assentiu de novo, suprimindo um segundo suspiro.

 

Adrien abriu os olhos e imediatamente sentiu-se perdido no lugar desconhecido. Estava sozinho, os objetos que ele olhava rapidamente um pouco borrados. O teto do aparente quarto onde estava balançava levemente de um lado pro outro. Era branco assim como as paredes. Quartos brancos sempre o lembravam de hospitais... é, ele estava em um hospital. Ele tentou respirar fundo para aliviar a tontura e sentiu dor, como se pequenas agulhas estivessem sendo enfiadas em suas costelas. Havia também um gosto de remédio em sua boca junto com uma sensação de secura. Era horrível.

Pouco a pouco as memórias retornaram e ele soube do porquê de estar quase que imobilizado em uma cama de hospital. Cenas da batida, do sorriso sádico do vilão, de um Plagg relutantemente desesperado preencheram sua cabeça, assim como flashes de ele ser carregado em uma maca e de estar em uma sala de operação com luzes fortes e médicos e enfermeiros. Depois disso só havia breu em suas memórias, uma porção gigante de sonhos confusos e a sensação de corpo pesado como se ele tivesse dormido por anos.

Será que ele tinha mesmo dormido por anos?

Adrien sentiu uma onda de ansiedade e leve desespero.

Será que havia entrado em um coma prolongado e sido aprisionado a uma cama de hospital? Se sim... como estava sua família? Estavam todos a salvo? Ladybug e o esquadrão haviam conseguido combater o vilão que o acidentara? E... por quantos anos ele havia dormido? Será se havia perdido a graduação de Emma na escola e a primeira troca de dentes de Hugo? E... Marinette... Como estava sua lady?

Ele se sentiu sem ar. Tentou respirar fundo novamente, mesmo com a dor.

Água! Precisava de água.

Ele tateou a divisória de sua cama e a mesa ao lado em busca do botão para chamar o enfermeiro. Depois de algumas tentativas, achou e quando o pressionou, avistou uma luz piscar ao seu lado. Nos minutos seguintes, se pôs a esperar ela ou ele chegar, tentando se concentrar em outras coisas a não ser a sensação de ter tido momentos com sua família roubados de si.

Os minutos que se passaram pareciam horas. Quando ele finalmente ouviu vozes se aproximando de seu quarto no corredor, já havia se tornado consciente de que seu braço e perna direitos estavam engessados e que havia uma quantidade grande de curativos na região de suas costelas. Descobriu também que não podia se movimentar com facilidade e que havia um imobilizador em seu pescoço.

Ele odiou se sentir enclausurado.

“... perfeito timing. Houve uma chamada vinda do quarto, o que só pode significar que monsieur Agreste está acordado”, as palavras advindas das vozes ficaram mais claras. Eram vozes de mulheres, duas pelo menos, e pareciam animadas, “Dito isso, farei os procedimentos de rotina e deixarei vocês sozinhos. Se puder esperar só um pouco, madame Agreste”.

Madame Agreste? Nathalie estava ali? Havia ido visita-lo? Onde estava seu pai?

A porta foi aberta.

Quem entrou junto com a enfermeira não foi Nathalie ou seu pai, foi Marinette.

Uma vez que ela estava ali, as paranoias desapareceram e todos os sentidos dele se voltaram para ela: os olhos ocupados com cada detalhe dela, o nariz com seu cheiro, os ouvidos com o timbre de sua voz, como se o momento fosse novamente a primeira vez que eles se encontraram. Adrien a observou ter uma reação semelhante à dele, os olhos azuis se arregalando levemente ao vê-lo e mantendo-se presos no olhar dele.

Ela estava diferente. Não suas roupas ou sua idade, mas seu cabelo e seu rosto. Estava pálida e tinha olheiras sob os olhos. Parecia exausta. O coração de Adrien se apertou com incômodo e preocupação. O que estava estressando sua lady ao ponto de fazê-la perder o sono? Ele sabia que ela costumava pensar demais nos problemas e fazia tudo em seu alcance para resolvê-los, porém raras eram as ocasiões em que ela de fato se desgastava no processo.

O cabelo, por sua vez, era a parte que mais se diferenciava da última vez que a vira: os fios longos que ela ostentava em penteados criativos estavam muito curtos em um corte moderno, a franja destacada acima das sobrancelhas. Ela parecia feroz, implacável com o novo visual, mais Ladybug do que ela deixava transparecer normalmente. A visão dela o encarando dessa maneira fê-lo se arrepiar, hipnotizado por sua esposa.

O que de fato aconteceu enquanto ele estava dormindo?

Fora esses detalhes, ela estava idêntica ao que ele se lembrava, até mesmo as pequenas e leves marcas de idade no canto dos olhos.

Vê-la ainda aparentando seus quarenta e três anos o fez enxergar melhor a realidade. Talvez ele não tivesse dormido por anos. No máximo ficou inconsciente por uma semana. Adrien se sentiu aliviado. Seus filhos ainda tinham a mesma idade do dia do acidente e o que ele perdeu provavelmente foi só mais uma briga por mais almôndegas no jantar.

Marinette se moveu de modo a deixar sua bolsa e chapéu na poltrona do quarto, ainda afastada. Ele queria se aproximar, queria tocá-la, queria que o seu sentido do tato também fosse tomado por ela. Por que ela estava tão longe?

Totalmente ignorando a presença da enfermeira, ele percebeu por alto as perguntas, cutucadas, trocas de curativos e pílulas descendo por sua garganta, coisas que ela tinha chamado de “procedimentos de rotina”. Só prestou atenção de verdade quando ela estava se preparando para sair, o ajudando a se sentar na cama e ajeitando seu travesseiro em suas costas.

Uma vez que a enfermeira saiu do quarto, as mãos de Marinette estavam em seu rosto e os lábios dela nos dele. Mesmo com a dor dos movimentos bruscos e a incapacidade de envolve-la totalmente, ele retribuiu o beijo. E como ele havia desejado, tudo ao seu redor se tornou sua esposa e somente ela. Tudo se tornou a conexão que ele sentia entre eles, o amor incondicional que o ligava a ela. Adrien conseguia sentir a urgência e o desespero que emanavam dela, seus lábios se afastando dos dele e depositando pequenos beijos ao longo de seu rosto. Lágrimas caíam dos olhos dela e em segundos, ele chorava também.

“Eu estou tão feliz que você está bem”, ele a ouviu sussurrar em meio a soluços, “Pensei que iria te perder, que teria de viver o resto da minha vida sem você... eu...”.

Adrien sentiu um aperto no peito. Assisti-la sofrer o agonizava, quebrava-o pedaço a pedaço de dentro para fora. Ele envolveu a cintura dela com seu braço movimentável, passando a mão em suas costas. Ali fez carinhos e a apertou mais contra si. Mesmo não sendo o abraço que ele queria verdadeiramente dar a ela, ele se esforçou para confortá-la do jeito que podia.

Ele, então, se afastou um pouco e a fez olhá-lo nos olhos: “Eu sei que eu não tenho controle sobre as coisas que acontecem na vida. Esse acidente foi prova disso”, começou vendo-a secar algumas lágrimas e estar atenta às palavras dele, “Mas, my lady, você nunca vai me perder. Eu sempre voltarei para você, não importa quantas vezes eu caía. Eu te amo. E é esse amor que me mantém ligado a você”.

Marinette sorriu, os olhos azuis dela brilhando pelo novo choro que se formava. “Eu também te amo, meu príncipe”, ela respondeu se inclinando novamente, “E eu sei que nosso amor vai durar para sempre”. E ela o beijou de novo, mergulhando ambos em uma sensação de quentura e conforto, na estabilidade do amor construído e nutrido por tantos anos e pronto para dar muitos frutos pelos próximos que se seguiriam.

 

Na escola Lycée Moilère, o sinal para o intervalo foi tocado e os estudantes começaram a se dirigir ao pátio e à cantina. Assim que os colegas de Emma saíram de sua sala de aula, ela pulou para a outra mesa sentando-se ao lado de Adam. Deixou sua mochila-carteiro ao seu lado e depois de verificar se Plagg estava bem e alimentado dentro dela, voltou sua atenção para o futuro-quase-próximo namorado.

Haviam combinado de conversar na hora do intervalo visto que não havia dado tempo antes das aulas do dia começarem. Isso, infelizmente, faria eles terem de dar bolo em Fleur, Gaël e Ambre e vê-los somente na hora do almoço, como sempre faziam.

Ela já podia ouvir as provocações e zoeiras que viriam depois.

“Mandei mensagem para Fleur avisando que iríamos ficar na sala hoje”, avisou ao observá-lo terminar de guardar seus pertences na mochila, mesmo depois da aula ter sido finalizada há cinco minutos. Adam sempre enrolava as tarefas mais simples, ela já estava acostumada.

Ele arqueou uma sobrancelha fechando o zíper. “Há! Tenho certeza que ela disse algo sobre nós dois estarmos os abandonando ou algo do tipo”, comentou.

“Parecido”, ela respondeu, sufocando uma risada, “Aparentemente teremos que pagar as sobremesas hoje”.

“Bom... pagar a sobremesa significa também escolher qual iremos comer”, Adam lembrou com um dar de ombros, “Sorvete do André?”.

“Sorvete do André”, ela confirmou, os olhos radiantes. E, intencionando mudar de assunto, apoiou sua cabeça na mão cujo braço estava nas costas do banco e soltou: “Então, você começa ou eu começo?”.

O loiro colocou a mochila de lado e virou seu torso totalmente em direção a ela, dando-lhe sua total atenção. Ele sorriu. “Primeiro as damas”, e piscou, provocativo.

Emma revirou os olhos. “A ironia é você ter a total certeza de que eu não sou nenhuma dama e mesmo assim dizer”, rebateu e depois de algumas risadinhas compartilhadas, ela abaixou a voz adquirindo um tom sério: “Não sei se seu pai compartilhou o que aconteceu na reunião ontem contigo, mas eles conseguiram criar uma estratégia para combater Biston”.

Adam arqueou as sobrancelhas, surpreso. “Sério? Isso é ótimo”, comentou também assumindo um tom baixo de voz, “Acho que não deu tempo de comentar algo ontem à noite. Eu já estava trancado no quarto no momento da reunião e hoje eu saí mais cedo que ele. Mas qual é a estratégia?”.

“Viagem no tempo”, a jovem respondeu de imediato, em um misto de nervosismo e animação, “Eles decidiram que irão descobrir a identidade de Biston, como ele tomou conhecimento sobre os miraculous e os kwamis e impedir isso de acontecer no passado. Bunnix disse que essa é a única maneira efetiva de lidar com nosso problema e consertar o que já foi feito. E, bom... é uma coisa que eu queria conversar contigo porque... eu farei a missão junto com ela”.

Ele abriu a boca em um “o”, os olhos levemente arregalados. Depois de alguns segundos, ele suavizou sua expressão e continuou olhando para ela. No entanto, não disse nada. Mantendo seu olhar, Emma começou a sentir uma ansiedade e preocupação que não estava esperando. Não necessariamente esperava que ele desse pulos de alegria ou a encorajasse a liderar a missão que não combinava com sua mísera experiência, no entanto esperava que ele ao menos falasse alguma coisa.

“Monsieur Couffaine?”, ela retomou com sarcasmo, tentando em vão camuflar seu mais novo nervosismo, “Pode por favor falar algo?”.

O loiro comprimiu os lábios, os olhos dele se enchendo de preocupação. Levou mais alguns segundos para responder. “É só que... Me desculpe, Agreste... eu... Você me pegou de surpresa”, titubeou.

Emma se sentiu ainda mais nervosa. Ela nunca havia presenciado Adam enrolar tanto assim para revelar algo para ela. Ele sempre havia sido direto em suas declarações, dizendo exatamente o que pensava e o que sentia. Hesitar ou titubear com as palavras não eram do seu feitio.

“Okay... Me desculpe por ter pressionado uma resposta sua... É que eu também não estava esperando...”, ela retomou, quebrando o contato visual entre eles e colocando o rosto entre as mãos.

“Não, não”, ele a interrompeu rapidamente alcançando suas mãos e elevando de novo o rosto dela. Ele encarou os olhos verdes que, no momento, estavam com seu brilho um pouco apagado. “Você não pressionou nada. Eu que me deixei levar pelos riscos que você tomaria, por você possivelmente ter de enfrentar Hawkmoth e akumatizados sozinha, por você acabar se machucando na missão... Emma, eu não disse nada por ter ficado perdido no medo de algo horrível acontecer contigo”, revelou, a voz um pouco embargada por proferir tudo de uma vez.

A jovem juntou as sobrancelhas, sorrindo e usando suas mãos dessa vez para acaricia-lo no rosto. O nervosismo desapareceu e em seu lugar, ela sentiu o calor quentinho da paixão que sentia por ele e da demonstração de paixão e cuidado que ele próprio fazia para ela. “Eu serei brutalmente honesta”, disse lentamente, “Há esses riscos. Há a possibilidade da minha mínima experiência não me ajudar e a sorte falhar comigo. Mas, monsieur Couffaine, alguém tem de encabeçar essa missão. E se não for eu, será Viperion, Ladybug ou Rena Rouge... outros que, ao contrário de mim, tem pessoinhas que dependem deles. Ladybug tem a mesma opinião que você, exatamente a mesma. É como se vocês tivessem combinado. Ela quase não me deixou assumir a missão”.

“Isso parece com algo que ela realmente faria”, ele comentou, os olhos concentrados nela, quase que hipnotizados, “Ladybug consegue ser muito firme quando ela quer”.

“Exatamente”, Emma soltou risinhos, aliviada por eles estarem se conectando novamente, “Mas eu insisti. Bunnix intercedeu em meu favor também. Ela percebeu a lógica imbatível. Porque como eu iria, por exemplo, deixar seu pai ir no meu lugar? Ele é tudo que você tem. E se algo acontecesse com ele, como eu iria me sentir? O mesmo aconteceria com Rena Rouge e Carapace com Fleur e Gaël. Se eu sou a escolha perfeita, como eu poderia decidir não ir?”.

Adam assentiu, virando sua boca em direção à mão dela e beijando sua palma. Ele fez isso com tanto carinho e amor que ela se sentiu um pouco sem ar. “Eu entendo, Agreste”, disse suavemente, ainda aos sussurros, “Você tem que ir. Pela paixão com que você defende sua decisão, eu diria que você nasceu para fazer isso. Eu estarei te esperando todos os dias”.

Ela o encarou, apaixonada por sua compreensão e por seu olhar capaz de acalmar tempestades. Levada por esse sentimento, ela se aproximou dele e depositou um beijo cheio de promessas e agradecimentos nos lábios dele. Depois, se afastou, mais perto do que antes, porém longe o suficiente para manter o contato visual.

“Inclusive, acho esse o timing perfeito para te dizer o que eu queria dizer”, ele começou assumindo um tom mais sério. Adam se afastou mais dela, alcançando sua mochila e pegando seu celular. Quando se virou para ela novamente, mostrou a foto de uma menina.

Ela olhava diretamente para a câmera e em seus olhos haviam um brilho feroz. Parecia mais nova que os dois, os traços infantis ainda em seu rosto. O cabelo era loiro, porém mais voltado a um tom similar a areia e os olhos eram de um azul mais claro. E a menina usava azul em suas roupas, cor que combinava muito com o tom de pele bronzeado.

Antes que Emma pudesse questionar, o loiro a informou: “Essa é a minha mãe”.

A revelação a acertou como um choque. Ainda olhando a foto, ela começou a notar as semelhanças entre os dois: o mesmo cabelo liso loiro, o olhar provocativo que ela estava acostumada, um pouco dos traços do nariz. Havia muito dos Couffaine, especialmente de Luka, em Adam, no entanto também havia muito da menina da foto.

“O... o que?”, ela perguntou, o som quase inaudível, “Sua mãe? Como você sabe que é ela? Tio Luka te contou?”.

Adam assentiu com a cabeça. Ele virou o celular para olhá-la mais uma vez.

Emma percebeu confusão e frustração nas expressões dele, como se ele estivesse encarando um grande mistério impossibilitado de ser resolvido à frente. Ela sabia que era exatamente assim que ele sempre havia se sentido quando as questões eram voltadas à identidade e paradeiro de sua mãe. E ela também sabia que, embora tio Luka fosse uma pessoa sempre aberta e tranquila, ele se recusava a falar sobre ela e que somente com muita insistência revelava informações dela. Para o homem, a mãe de Adam era uma pessoa que deveria ser esquecida e que Adam já tinha tudo de que precisava como base familiar.

Adam concordava com ele, ela tinha certeza. Ele amava seu pai e era grato; porém ainda havia aquela vontade de saber mais, de conhece-la, de descobrir o que houve com ela... afinal, ela ainda era a mãe dele.

“Eu tive que arrancar dele”, o loiro soltou uma risadinha, olhando a foto e parecendo perdido em memórias, “Eu não acho que foi a melhor hora para questioná-lo, mas eu insisti. E aí ele contou que ela estudou na mesma escola que ele tinha estudado e baixou essa foto do anuário do site. Olha só ela...”.

Emma sorriu, colocando a mão na nuca dele e fazendo carinho. “Ela é linda”, comentou com ar de sonhadora, “Assim como você. Vocês têm muitas características iguais”.

“É, eu tenho os olhos do meu pai, mas o cabelo dela”, ele adicionou.

“E o mesmo olhar feroz e provocativo”, ela complementou fazendo-o encará-la. Os olhos dele estavam semicerrados e havia um sorriso de canto nos lábios, assim como uma leve franzida no cenho. Emma finalizou: “Exatamente como você está me olhando agora”.

Adam riu e ela o acompanhou, aquele momento gostoso de gargalhadas compartilhadas que ela adorava. Ele ficou sério novamente, depois de um tempinho. “Eu sei que deveria me contentar com o que eu tenho”, ele se confessou, depois de um suspiro alto, “Não quero parecer ingrato para o meu pai, Agreste. Ele é o melhor pai do mundo, o cara mais legal. E ter a tia Alix como possível madrasta também é massa”.

“É, eles são um casal bem fofo, apesar de muitas vezes não parecerem um casal”, ela emendou rapidamente, concordando.

Assentindo, ele retomou, preso em sua própria linha de raciocínio: “E se não fosse por ele, eu nem estaria aqui, eu nem teria existido”. Emma engoliu em seco e franziu o cenho.

Sabia exatamente do que ele estava falando.

Por segundos, a cabeça dela foi tomada por flashes da conversa que teve com ele quando haviam começado a se envolver e estavam se conhecendo melhor. Naquele dia ele havia contado a ela que se não fosse por tio Luka, a mãe dele teria o abortado. Contou também que não sabia o porquê, que seu pai não detalhou a história, que ainda havia muitas lacunas de como as coisas de fato aconteceram. Aquela conversa tinha sido um momento doloroso para ele e significativo para a relação deles. Ela ainda se lembrava do tanto que ele chorava e do quão frustrado, magoado e perdido ele parecia. E do quão apertado foi o abraço que eles compartilharam logo depois.

“Mas eu tenho essa curiosidade, eu tenho esse vazio, essas dúvidas. Sei que ela me rejeitou desde cedo e que eu não deveria insistir...”, Adam continuou, alheio aos pensamentos dela.

“Ela é a sua mãe”, Emma o interrompeu complementando a fala em seu lugar, o tom firme de sua voz reverberando, “Você tem o total direito de querer saber mais sobre ela. E eu acho que o tio Luka sabe disso, assim como também acho que essa situação toda seja dolorosa para ele. Dezessete anos atrás, você perdeu uma mãe, mas ele quase perdeu um filho. Pelo que você me disse, ela não havia considerado a opinião dele na decisão que estava tomando. Então, sim, eu acho que ele também sente dor pelo que aconteceu”.

O loiro parou subitamente, ainda a encarando, porém sem mais palavras. Ela assistiu os olhos dele começarem a marejar e lágrimas descerem por suas bochechas. Com o coração apertado, ela o esperou ter o momento dele de tristeza e de compreensão de tudo que foi revelado. Depois, ela se aproximou e beijou ambas bochechas dele, assim como as pálpebras de seus dois olhos fechados. E por resposta, Adam se inclinou para beijar os lábios dela, que por sua vez estavam salgados devido às lágrimas.

Beijando-o, Emma se sentiu inteira e amada, a intimidade entre eles mais desenvolvida do que nunca. Naquele momento, ela entendeu que eles tinham a capacidade de enfrentar quaisquer consequências, contanto que se mantenham juntos e conectados um ao outro. Ela confirmou que eles iriam dar certo.


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Notas finais do capítulo

ADRINETTE NESSA BAGAÇA, FINALMENTE NOSSO SUNSHINE BOY ACORDOU E ESTÁ PARTICIPANDO ATIVAMENTE DOS DRAMAS. Temos também Marinette com novo corte de cabelo e MOMENTO MAIS LINDO AGRAINE DA MINHA EXISTÊNCIA ♥ Eu AMO esse capítulo!
ME DEEM SEUS FEEDBACKS ♥ Ansiosa pelas reações de vocês.
UM GRANDE BEIJO!

Glossário:
Chat Noir é a versão francesa de “Cat Noir” da versão brasileira e americana.
Minette significa “gatinha” em francês.



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