Paz Na Sua Violência escrita por Tricia


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Confesso que fiquei um pouco surpresa com os comentários deixados no capítulo anterior foi incrível saber a opinião de vocês como foi deixado e acabou me fazendo pensar em mais algumas coisas que estou trabalhando desde a semana passada e se tudo der certo quero falar com vocês na semana que vem, ok.
Enquanto isso fiquem com esse capítulo novinho.
Boa leitura a todos



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Estou tão acostumado a estar errado, estou cansado de me preocupar
Amar nunca me deu um lar, então eu vou sentar aqui em silêncio

— Vá embora, Oliver.

Um sempre gritava e o outro devolvia na mesma altura – se não mais alto – um empurrava e o outro puxava para logo empurrar e ser puxado também. Era difícil, mas no final eles sempre acabavam se puxando, juntos.

Mas pela primeira vez enquanto puxava Jade não parecia disposta a puxar de volta.

Nem mesmo empurrar de certa forma.

Apenas deixar.

— Você tem certeza que quer isso mesmo?

Todos sempre apostavam que seria ele a desistir primeiro, mas pelo visto seria Jade.

— Você queria a sua paz, agora eu quero a minha.

Ele não conhecia aquele olhar ou se quer estava familiarizado com o gosto amargo da conclusão de que talvez dessa vez não houvesse mesmo uma volta quando tudo que tinha antes era pequenos términos que prometiam tolamente não retornarem, mas sempre o faziam de alguma forma.

Era assim que funcionavam em meio a toda conturbação da relação.

Não era saudável, mas era o que gostavam.

— Eu vou embora então.

— Feche a porta quando sair.

Erguendo a tela novamente a morena colocou os fones e tornou a digitar freneticamente. O gosto amargo se intensificou e ele saiu com a triste certeza que ela não o chamaria de volta.

 Não dessa vez.

Quando alcançou o último degrau da escada pode encontrar o caçula West ainda desmontando algo novo que definitivamente já não era a panela e outra pessoa deitada no sofá.

Ryan West, o nome surgiu na mente no momento em que o rosto da rapaz olhou-o arqueando uma sobrancelha.

— Ele é o ex namorado da Jay?

— Sim – erguendo a cabeça Filipe também olhando-o por um ou dois segundos antes de se voltar para o primo dando de ombros – A julgar pela cara dele ainda continua como ex.

Filipe não estava sendo cruel, apenas explanando um fato constatado, porem, aquilo soou como verdadeiro soco para Beck.

— É por ai – soltou por fim, com as mãos nos bolsos da jaqueta, os olhos daquele parente que lhe era desconhecido o analisava mais do que poderia ser considerado educado – Eu já vou indo.

O West mais novo não o acompanhou ate a porta por estar entretido demais com suas coisas e Beck só pode agradecer a isso, palavras de confortos nunca viriam de Filipe, no entanto, quando estava do lado de fora em direção ao carro só pode ouvir alguém chamando-o.

Era um West, mas não Jade West.

O rapaz de cabelos escuros e olhos claros se aproximou segurando a jaqueta acima de um dos ombros e um olhar de deboche que só fez Beck questionar-se se este desconhecido viera apenas para jogar sal em sua ferida. Se esse fosse o caso a ex certamente ficaria irritada com ele por esmurrar a cara de um parente querido dela.

— Conhece alguma pizzaria boa? Eu sou Ryan, primo da Jade. Como não sou da cidade não conheço muitos lugares.

Jade apenas entraria no carro dando ordens.

— Entra que eu te levo em uma.

 

~&~

 

Os fones nos ouvidos deitada na cama com os pés apoiados na parede acima da cabeceira Jade não viu a porta do quarto ser aberta e o primo passar até sentir o colchão afundar e um travesseiro ser puxado para acomodar a cabeça do rapaz que a olhava com um pequeno ar de curiosidade.

Uma das sobrancelhas da morena arquearam, removendo os fones esperando, mas o primo não disse nada por tempo suficiente para irrita-la.

— Por que esta aqui?

— Comprei pizza, vim te chamar para comer.

— Estou sem fome.

— Por causa dele? – o silêncio fora a brecha para Ryan continuar – Filipe presumiu que do jeito que o cabeludo caiu daqui vocês não conseguiram reatar. Você não gosta mais dele?

Os olhos da West foram para o teto, os braços rodeando o corpo e um suspiro deixando os lábios.

— Acho que estou percebendo que apenas gostar já não é suficiente. 

— Se fosse suficiente muitos relacionamentos não acabariam tão rápido quanto começam. Por isso meus relacionamentos deram errado.

— Seus relacionamentos deram errados porque você tem um puta dedo podre pra mulher!

— O seu também não é dos melhores – um pequeno silêncio se instalou no cômodo, azul contra azul. Nem mesmo o grito de Filipe os chamando do lado de fora suficiente para distrai-lo mesmo que momentaneamente – Vai defende-lo como fez naquele dia?

— To’ mais afim de socar a sua cara do que defender ele.

Um sorriso se apoderou do rosto do rapaz com tais palavras e até foi correspondido por um de Jade. Uma das pessoas que mais a ensinara a ser cruel jamais teria medo dela.

— Esta entregando as fixas?

— Talvez. Estou mais preocupada em organizar minha cabeça agora.

— Isso é bom – Ryan pegou o fone brincando com a dobradura que o objeto permitia – Uma vez uma pessoa me falou de um ditado chinês; “Pessoas arrumam os cabelos todos os dias. Por que não o coração?”. Achei extremamente ridículo quando ouvi na época, mas acabei gostando com o tempo.

— Ele não combina com você.

— Não combina mesmo – Ryan deu de ombros – Mas combina com você. Se você acha que dá para consertar alguma coisa e vale a pena, apenas faça, se não, apenas siga com a consciência leve de que fez o que pode e não precisa se arrepender de nada.

— Não quero sair daqui correndo atrás dele como sempre fiz.

— Então não faça. Por agora vamos apenas comer e ver se o Filipe conseguiu remontar aquela panela e fazer uma sessão de Sexta-feira 13.

 

~&~

 

Ele esperou pacientemente por um ligação dela todo o final de semana, não aconteceu. Até mesmo os pais dele fizeram comentários estranhando o tempo prolongado do termino, a mãe quis comemorar o fato, mas o pai a impediu e Beck agradeceu muito por isso. As coisas já estavam incomodas o suficiente.

Quando a segunda-feira chegou e a primeira vez que a virá ela estava arrumando as coisas no armário enquanto ele era atormentado pelo pedido de uma colega de classe pedindo ajuda em algo e oferecendo seu número para que pudessem manter contato com maior facilidade.

Jade não o cumprimentou e apenas se foi quando alcançou tudo que precisava.

— Copie o que precisar e depois me devolva quando der – disse estendendo o caderno de capa cinzenta, em outras situações ele pegaria o papel para jogar fora logo depois, mas pela primeira vez ele não viu sentido no ato de gentileza desnecessário, para não dizer falso.

— Beck.

Ele ignorou o chamado fechando o próprio armário e apenas seguindo para o andar de cima.

Cat não passava mais tanto tempo com o grupo quando Jade não estava mais com eles e com desgosto ele pode ver a morena dialogando com alguém de modo que não parecia que veria aquele ser humano contando os segundos para sair correndo de perto da garota.

— Devemos torcer pra Jade começar a namorar aquele individuo sem amor à vida e talvez nos deixar em paz? – André ponderou com os braços cruzados sobre a mesa metálica onde assistiam o desenrolar de um dialogo entre a colega assustadora e o rapaz.

— Se isso acontecer abortamos o plano do Japão – Robbie acrescentou – Lá se vai meu plano de viver de yakisoba e lámen.

— Você não duraria um mês lá, cabeçudo – Rex alfinetou.

— O que você acha disso, Beck? – Tori questionou notando o silêncio do amigo.

O rapaz riu estendendo o caderno para a morena que fez uma careta ao ler o que estava escrito ali falando algo que Beck supôs ser algum comentário ácido para abalar o colega, não abalou, porque ele ainda continuou sorrindo comendo salgadinhos apimentados que Beck sabia serem os favoritos da ex. Ele próprio tentou comer, mas não aguentou e ela riu e fez piadas por longos minutos sobre a falta de resistência dele. Foi irritante, mas as risadas dela fizera valer a pena o momento.

— Não vai dizer nada, Oliver.

Beck não reconheceu a voz de primeira até virar-se para ver quem havia falado e encontrar o rapaz de estilo rockeiro dividindo a atenção entre olhar para as pessoas ocupando a mesa e a outra mesa onde a prima estava. Uma das sobrancelhas arquearam quando a atenção se demorou mais sobre Beck, esperando.

— Te conhecemos amigo? – André soltou com uma pitada de incerteza que Beck supôs provir da mentira porque as chances dos amigos conseguirem reconhecer Ryan eram grandes.

Ryan deu de ombros.

— Beck me conhece. Eu vim por ele.

— Mano, isso soou meio estranho.

Internamente Beck concordou com André.

— Senta ai.

— Melhor não – os olhos de Ryan vagaram pelo lugar – Vamos dar uma volta que precisamos conversar... em particular.

Ele poderia dizer não ou insistir em conversar aonde estavam, mas guiando-se pela curiosidade Beck apenas juntou a mochila e se levantou seguindo o West e ignorando os olhares preocupados que tomava conta das faces dos amigos, mas ele conseguiu ouvir uma última frase ser proferida por André enquanto se afastavam.

— É hoje que o Beck vai pra pancada.


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Notas finais do capítulo

Para quem gostou de Ryan West ele voltou para dar pitaco na vida de nossa Jade enquanto Beck que segue sofrendo. Continuo afirmando que ainda não sinto pena dele e vocês?
Até o próximo capítulo
Bjs




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