Let you win. escrita por Jones


Capítulo 1
i think i know all about you.




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— Ah, para de drama. - Girou os olhos diante da companheira de time jogada no chão com uma mão no joelho e a outra na cabeça, rolando de um lado para o outro. - Decida se o balaço te acertou no joelho ou na testa, querida, porque os dois não rola. 

Os companheiros de time se dispersaram com medo de seu olhar mortal. Ela que não os entendessem mal, eles a adoravam: ela era ambiciosa e com grande foco no sucesso, porém era exigente demais. Ser capitã de um time grandioso como aquele era um estresse tão grande quanto o que passara da última vez que tentara cumprir essa tarefa quando dois de seus batedores e seu apanhador viviam suspensos e de castigo em Hogwarts. Hoje em dia ela tinha que lidar com gente dramática e lenta. 

Quase sentia saudade dos tempos da escola. 

— Voltem para as suas posições. Ela vai sobreviver. - Angelina Johnson tentou não olhar para a jogadora que continuava se contorcendo no chão e acrescentou com uma voz irônica. - Mas Jansen, quando você estiver rebatendo os balaços tenta não derrubar gente do seu próprio time, ok? A gente tem adversários para isso. 

Ela era assim, sempre dizia o que sentia. Parecia ter nascido sem um fecho na boca, às vezes gostaria inclusive de não ser desse modo, mas quem a conhecia sabia que depois de um tempo você conseguia distinguir quando era sério ou quando ela estava debochando da sua cara. 

— Quer saber? - Johnson disse depois de mais meia hora de jogadas horrorosas e gente desconcentrada. - Para o vestiário! Vocês decidiram não jogar nada hoje. 

— Pega leve, Angelina. - Fora o batedor Jansen que dissera com seu sotaque irlandês carregado, fazendo um beicinho cansado como quem implorava por uma folga. - Estamos treinando há horas, é quase véspera de natal, está nevando... 

Angelina ponderou por um instante: de fato estava bem frio, as pessoas queriam ver suas famílias e só porque depois que seu pai morrera, que a guerra levara uma porção de gente que ela gostava e que ela se via terrivelmente solteira (e também porque ela não via graça em datas comemorativas), não significava que as outras pessoas não ficavam animadas com o feriado. 

— Tudo bem. - Deu o braço a torcer e franziu o nariz. - Duas rodadas no pub por minha conta hoje e depois vocês podem ir curtir o feriado de vocês. 

Fingiu não ouvir as pessoas ironizando que o inferno congelaria e que sabiam que no fundo Angelina tinha um coração. Ela até tinha um mesmo, mas não gostava de dar muita atenção a ele: havia cometido alguns erros quando se tratava desse assunto, tinha partido alguns corações pelo caminho como quase toda jovem de vinte e dois anos. 

De certa forma, se sentia amaldiçoada: aos dezessete, nutria uma super queda saudável por Cedrico Diggory - mas quem não, não é mesmo? Chegou a beijá-lo certa vez numa brincadeira entre amigos. Meses depois, Diggory se foi. Depois teve um relacionamento amigável com benefícios a mais com Fred Weasley, um de seus melhores amigos durante a escola e eterna paixonite; foram a um baile juntos e passaram a noite dançando e sendo felizes e algum tempo depois... Bem, já sabemos o que aconteceu. 

Angelina Johnson sabia que no fundo não era sua culpa. Entretanto existiam tantas pessoas mais entediantes no mundo, como viver num mundo que existia Pansy e não existia Fred? Parecia o universo querendo mostrar a ela que quem ela odiava sobrevivia e por quem ela tinha alguma afeição romântica não viveria para contar história. 

Bem, sua mãe virginiana e perfeccionista vivia dizendo: garota, você é problema.

Enquanto aos poucos - principalmente depois das duas rodadas grátis - seu time se retirava do pub gritando "até o próximo milênio se o mundo não acabar", Angelina olhava a sua volta. 

No auge de seus um metro e setenta e seis e mais os saltos altos que amava usar, parecia um filhote de gigante em sua opinião. Suas dezenas de tranças com tons de azul nas pontas combinavam com as joias que carregava no pescoço e as calças justas até o tornozelo. Usava um casaco vermelho sentada a uma mesa sozinha enquanto espantava com o olhar qualquer estranho bêbado que a encarasse por tempo demais. Também, era impossível não observar uma mulher negra e bonita no meio daquele oceano de gente branca que era a Inglaterra. Como ela odiava ser a peça exótica do lugar. 

Só notou que alguém se sentara a sua mesa quando terminou de pedir mais whisky de fogo ao garçom. Ele estava mais bonito do que se lembrava, fazia um tempo desde que o vira pela última vez. Usava um jeans escuro rasgado em um dos joelhos - não sabia se seguia a alguma moda trouxa ou se era apenas uma calça velha - uma camiseta branca lisa e uma jaqueta preta sobre. Uma espécie de amuleto pendia em seu pescoço. 

— Ora, ora. - Disse ele, examinando-a de cima a baixo. - Se não é Angie Johnson. 

— Ora, ora. - Ela o imitou. - Georgie Weasley. 

— Você não costuma me chamar de Georgie.

— E você não costuma me chamar de Angie. - Ela encolheu os ombros. - Achei que era o que estávamos fazendo. 

Tentou não pensar muito sobre o apelido que Fred usava quando se referia a ela. E para ser justa, muita gente já tinha lhe chamado de Angie. Ela só não gostava mais de ser chamada assim.

Até aquele momento. 

Ele a chamando de Angie a aqueceu por dentro. 

— Não esperava te ver por aqui. - Angelina disse, chamando o garçom novamente. 

— Eu não esperava ver ninguém aqui. - Ele confidenciou, enquanto pedia ao garçom o que quer que fosse que Angelina estava bebendo. - Eu costumo escapar das redondezas e domínios de Molly quando quero beber umas... Ela não reage bem ao álcool aquela mulher. 

— Aquela mulher no caso a sua mãe? - Angelina girou os olhos para evitar rir. - Ela já tricotou seu suéter desse ano? 

— Eu não sei. - George fez uma careta. - Tentei jogar os últimos na lareira e nem chamuscados eles ficaram. Cada vez mais esperta aquela senhora. 

— Deve ser porque criou umas pestes como vocês. - Angelina não conseguiu impedir o sorriso que brotara em seu rosto. - Alguns verões atrás ela me disse que com vocês ela tinha que ficar com um olho no peixe fritando e com outro no gato do lado. 

— O que faz zero sentido uma vez que nunca tivemos um gato. - Ele tomou metade do copo de whisky de fogo em um só gole. - A não ser que aquela aberração de gato da namorada do meu irmão conte. 

— Seu irmão tá namorando? - Ela perguntou, com uma necessidade imensa de não deixar o assunto morrer. - Espera, qual deles? 

— Você não acreditaria se eu contasse. - George sorriu pela primeira vez em algum tempo. - Ronald. 

— Ronald? - Quase se engasgou com a bebida rindo. - O único goleiro que eu conheço que derrubava artilheiros da vassoura num simples passe? 

— Esse mesmo. - George a acompanhou na risada e mudou seu tom de voz como numa chamada de filme. - Aparentemente, num ato súbito de coragem ele apanhou a bela jovem Hermione nos braços e a beijou com vontade quando tudo parecia estar desmoronando e eles não sabiam o dia de amanhã! 

— Aw, isso é até fofo. - Angelina fez uma careta. - Ele sempre arrastou um caminhão por ela e eles viviam grudados. 

— É. - Ele concordou, encolhendo os ombros. - Mas ele é tão tapado, coitado, não pensei que ele tinha alguma força de vontade. 

— Ele é ok. - Angelina riu. - Tadinho. 

Eles ficaram se olhando por um tempo. Era interessante como o silêncio não era desconfortável e não precisava ser preenchido por palavras. Haviam sido grandes amigos uma vez, mas perderam contato depois dos últimos anos de escola. Quem não havia perdido, no fim das contas? Estiveram juntos novamente num momento de luto no ano anterior e se fizeram companhia durante choros e soluços constrangedores por alguns meses, mas depois...

Era estranho como só agora, olhando para ele de cabelos mais curtos e um semblante mais corado percebia que sentia alguma saudade de seu velho amigo. 

— Como você tem passado? - Ela perguntou de repente com o semblante sério. 

— Ah, como uma merda. - Ele sorriu, timidamente, o que não combinava muito com sua personalidade. - Mas sobrevivendo. E você? 

— Descontando meus ódios e frustrações em outras pessoas como todo ser humano levemente normal. - Angelina disse sorrindo também, mas de maneira mais contida e triste. - Como anda a loja? 

— Teve um momento que eu pensei em fechá-la e mandá-la aos diabos. - George pediu mais um copo de whisky de fogo. - Mas depois pensei: não é o que Fred iria querer que eu fizesse. 

— Como você sabe? - Angelina se arrependeu assim que as palavras saíram de sua boca. Sentiu-se com sorte quando viu o ar bem humorado de seus olhos.

— Coisa de gêmeos, você não entenderia. - George soltou uma sonora gargalhada. 

Angelina girou os olhos lembrando que essa era a justificativa deles para tudo desde tirar zero juntos a serem suspenso juntos. Se era difícil para ela perder um namorado e um amigo, para ele, perder a metade deveria ser insuportável. 

— Não me olhe assim. - Ele falou, percebendo os olhos tristes de Angelina sobre ele e imaginando o que ela estava pensando - Já foi mais insuportável do que agora. 

— A coisa de gêmeos funciona em outras pessoas também? - Angelina tentou mudar de assunto. - Saia da minha cabeça. 

— O que eu posso fazer? Tenho um dom. - Sorriu de maneira presunçosa e lançou-lhe uma piscadela.

— O dom de irritar as pessoas. - Fingiu uma leve irritação e mostrou-lhe a língua.

— Você me adora, Johnson. - George manteve seu sorriso e cabeça erguida enquanto Angelina pensava que de fato o adorava. 

— Talvez eu vá levemente com a sua cara. E já é mais do posso dizer sobre a maioria das pessoas. - Angelina brincou e ele encostou o copo no dela, como num brinde. - Ao que estamos brindando? 

— Ao fim da minha autoestima. - Falou de maneira ácida, o que a fez rir. 

Muita gente não conseguia diferenciar os gêmeos na época da escola. Mas era somente um deles abrir a boca que era fácil de descobrir: Fred tinha um senso de humor mais abobalhado e brincalhão, George era mais ácido e gostava das pegadinhas práticas. George se espelhava em Fred quando precisava de audácia e confiança e Fred em George quando precisava de um plano mirabolante ou uma ideia diferente. Era assim que se completavam. 

Estavam os dois bêbados quando o barman tocou o sino da última rodada. Passaram a noite conversando e rindo, lembrando da época da escola, falando sobre Fred com reverência, conversando animadamente sobre carreiras e negócios. 

E acordaram nus, um ao lado do outro. 

Angelina espremeu os olhos na esperança de voltar a dormir e de repente concluir que tudo aquilo não passara de um sonho deturpado do destino. Ela sabia que não era confiável quando enchia a bunda de álcool. 

Como lidar com a constatação de que dormira com o irmão gêmeo de seu falecido ex-namorado? Um arrepio lhe correu pela espinha. 

Era no mínimo complicado, sem contar as milhares de nuances de esquisito. 

— Eita.

— Eita. – Ela repetiu, se cobrindo até o pescoço com os lençóis. 

— Eu... Eu vou me vestir. - Ele gaguejou, convocando as roupas com a varinha. 

Angelina o assistiu se vestindo de costas para ela. Viu as marcas das unhas que deixara em sua pele branca e cheia de sardas, viu o formato de seu traseiro e pernas magras ajustadas em uma calça jeans folgada porém justa nos locais certos. 

Talvez fosse a única pessoa que ela conhecia que conseguia ficar no mesmo nível de seus olhos mesmo que ela usasse saltos quinze. Ele costumava ser muito magro na época da escola, de maneira até esquisita, e agora parecia mais fisicamente saudável. 

Muito provavelmente a Sra. Weasley deveria estar o alimentando o dobro para tentar preencher o buraco em sua alma. Uma mulher maravilhosa. 

— Gostou do que viu? - Ele murmurou de costas, sentindo os olhos dela sobre seu corpo. Vestiu a camiseta e se virou para ela. - Agora eu deveria vê-la se vestir também, para ficar mais justo. 

— Até parece. - Angelina girou os olhos tentando esconder o quanto estava envergonhada. - Saia para que eu possa colocar umas roupas. 

Ele bufou de brincadeira ao sair do quarto e ela se vestiu rapidamente com um moletom e uma camiseta e prendeu as longas tranças num rabo de cavalo. Pensou em se arrumar um pouco melhor, mas não sabia o procedimento a seguir: geralmente ela fingia dormir enquanto os caras se vestiam às pressas e fugiam de seu apartamento e vice-versa. 

— Eu deveria ir... Embora. - George disse quando ela o encontrou na sala de estar do pequeno apartamento. - Foi legal te ver. 

— Idem. - Angelina respondeu, com as mãos nos bolsos da calça. - Não seja um estranho, apareça de vez em quando. 

— Pode deixar. - George murmurou, indeciso se deveria cumprimentá-la ou simplesmente abrir a porta e ir.

Escolheu acenar de longe e sorrir e ela repetiu o gesto. 

Quando a porta se fechou atrás dele, Angelina se jogou no sofá e bufou para si mesma: "não seja um estranho". Quem ainda dizia coisas assim? Deveria ter dito algo sensual e vago como "te vejo por aí" com um sorriso torto e um ar natural de quem não tinha um grama de insegurança em si mesmo. 

O que era obviamente mentira, mas ela estava trabalhando nisso. 

Enquanto se lembrava da boca dele na dela, suas mãos em seu corpo esbelto, os apertões dele em sua bunda... Se sentiu ridícula em pensar se algum dia ele poderia se apaixonar por uma mulher como ela, não por causa das linhas das estrias ou de todos os defeitos físicos que encontrava em si mesma. Mas porque ela era verdadeiramente complicada, com problemas familiares, além de uma verdadeira capitã em todos os lugares da sua vida e sem vontade nenhuma de mudar. 

— Garota, você é problema. - Murmurou para si mesma abrindo a geladeira naquela véspera de natal. - E tem um problema. 

Se recusava a passar o natal com o novo padrasto e sua mãe. Richard era um desses ricos bruxos esnobes que precisa colocar na mesa cinco garfos e colheres, uma taça de água, uma de vinho e uma cujo o propósito nunca aprenderia. 

Não entendia como sua mãe poderia ter partido de um homem incrível como seu pai para... Richard. Quando tinha interrogado sobre isso, inclusive, tudo o que ela respondera fora: ele é uma boa companhia e o coração trabalha de maneiras misteriosas. 

Trabalhava mesmo, Angelina pensou enquanto procurava alguns menus de restaurantes para sua ceia solitária de natal. Passara o dia pensando em George Weasley e seu sorriso tímido fofo ao se despedir dela, seu rosto corado ao vê-la nua a luz do dia, a sensação de seus dedos entre os cabelos finos e ruivos dele... Mal podia acreditar que estava vendo George com outro olhar. 

Após a meia noite, depois de se conformar com um pacote de macarrão instantâneo que não serviu nem para começar a saciar sua fome, ouviu o interfone tocar. Como não esperava ninguém, pensou que se tratava de um daqueles moleques que saem apertando todos os interfones do bloco porque não tinham o que fazer. 

— Pirralho infeliz. - Ela bradou ao telefone irritada quando ele tocou pela terceira vez. - Enfia seu dedo no cu e deixa meu interfone em paz.

— Recado recebido. - Não conseguiu prender o riso. - Mas sinto dizer que eu estou com as mãos meio ocupadas agora. 

— Ai meu Merlin. – Praguejou, abrindo o portão para George. 

Dois minutos depois ele estava ali em sua frente com a mesma jaqueta preta da noite anterior sobre um suéter horroroso amarelo e vermelho com uma letra G enorme. 

— Parece que o ketchup e a mostarda tiveram uma briga - Angelina disse analisando seu suéter de Natal. - E os dois saíram perdendo. 

— Ha-ha. - George girou os olhos sorrindo abertamente. - Vou mencionar para Molly que essas são suas cores favoritas. 

— Nah, combina mais com você. - Ela disse, gesticulando para que ele e sua cesta enorme entrassem no apartamento.

— Por falar em Molly... - Ele apontou para a cesta e ela observou seu rosto adquirir um tom escarlate de vermelho até as orelhas. - Quando ela me viu fugindo da ceia, me fez um pequeno interrogatório e eu deixei escapar que eu viria te desejar um feliz natal... Daí ela insistiu que eu trouxesse comida para você e mais umas quinze pessoas provavelmente. 

— Você ia fugir para vir me desejar um feliz natal? - Angelina deixou escapar um sorriso doce que ela nem sabia que fazia parte de seu repertório. 

— Você me disse para não ser um estranho. - Ele colocou a cesta na bancada da cozinha e enfiou as mãos no bolso, fingindo uma irritação consigo mesmo embora continuasse sorrindo. - Eu sabia que eu deveria ser menos literal com as coisas! 

— Bem, talvez no próximo milênio. – Angelina encolheu os ombros e o abraçou de súbito. 

— Uh, alguém está feliz em me ver. 

— Não se engane. - Johnson riu socando seu braço de leve. - É o cheiro de toda essa comida maravilhosa. 

— Bem, eu estou. 

— Maravilhoso?

— Sempre. - Soprou o ar convencido e depois fitou seus olhos negros. - Feliz em te ver, eu quero dizer. 

— Eu também. - Ela disse, sustentando seu olhar. - De verdade. 

— Fico mais feliz ainda em saber. - O sorriso se alargou ainda mais, mesmo que ele achasse impossível. - Para hoje teremos purê de batatas, mince pie, um assado e um monte de outras comidas que mamãe fez questão que eu trouxesse. Certeza que deve ter uns muffins e talvez um carneiro inteiro aí. 

— Sua mãe não se importa que você esteja perdendo a ceia de natal? - Angelina perguntou cautelosamente.

— Achei que ela nem notaria minha ausência. Tem tanta gente naquela casa que tá difícil andar. É Harry, Hermione, Fleur e a bebê Victoire que chora à beça, o afilhado do Harry, Gabrielle, Audrey... - George tentou enumerar usando os dedos das mãos. - Sem contar que a senhora Weasley é uma mulher esperta e disse que eu deveria vir rever o passarinho verde que parecia que eu tinha visto. 

— Eu sou o passarinho verde? 

— Você me fez sorrir. - Ele encolheu os ombros e lhe deu mais um sorriso tímido. - Mais do que eu tenho sorrido nos últimos tempos. 

Angelina não pode deixar sorrir nervosamente antes de pular e se enroscar em seu corpo totalmente despreocupada com a falta de preparo físico que os levaram ao chão. E rindo eles se olharam antes de se beijarem novamente e arrancarem todas as roupas que os cobriam repetindo conscientemente todo o processo da noite anterior. 

Extasiados, ofegantes e olhando para o teto os dois sorriram: 

— Deveríamos nos sentir culpados? - Angelina praticamente sussurrou. 

— Por que você teve um caso com meu irmão gêmeo falecido e eu me preocupo que você imagine ele quando está comigo? - Ele fez uma careta ainda olhando para cima, enquanto ela se virava e apoiava a cabeça na mão e se erguia em um dos cotovelos. - Acho que não.

— Sua voz soa bem humorada, mas as palavras nem tanto. - Angelina sentiu remorso por provocar esse sentimento nele ao mesmo tempo que se sentiu ofendida por ele pensar que isso poderia ser verdade. - E eu me preocupo que você só esteja comigo para ter algo que seu irmão já teve. Um elo conectivo, sei lá.

— Uma ótima conversa pós sexo. - George também se ergueu em um dos cotovelos. - Ainda bem que já jogamos nossos medos assim, um na cara do outro. 

— Você sabe que eu não sou baú para guardar as coisas. - Angelina, que ainda estava ofendida, franziu o cenho. 

— Eu e meu irmão compartilhamos muitas coisas. - George disse, apertando os lábios. - Mas nunca garotas, Angelina. Se eu tô aqui com você, acredite, é porque eu gosto de você e não do que ou quem você fez antes de mim. 

— E eu sempre consegui diferenciar vocês dois, seu idiota. - Angelina girou os olhos. - Eu tenho plena consciência de que o homem pelado na minha frente é George... E eu não sei se você sabe, mas eu e Fred nunca fomos muito além da amizade, uns beijos e mãos dadas. Coisa de adolescente. Eu gostei muito dele e o amei muito, como um melhor amigo. 

— Eu tive medo de estar traindo-o de alguma forma. - George confessou, mesmo suspirando de alívio. – E medo de que você gostasse mais dele que de mim e depois culpa por ter ciúmes do meu irmão falecido. E ainda assim estou aqui...

— A gente não deveria ter essas conversas profundas lá para o terceiro encontro não? - Angelina mordeu o lábio inferior. - Acredite, eu também tive vários sentimentos complicados nessas últimas vinte e quatro horas... Mas a vontade de te ver superou todos eles.

— E eu vim para realizar os seus desejos. - Ela quase sorriu de alívio quando ele afastou a bad vibe com suas piadas costumeiras. 

— Você é tão bem humorado que eu estava aqui pensando se você poderia um dia gostar de uma mulher como eu. - Angelina olhou para as unhas para evitar que ele visse seu semblante preocupado. 

— Gostosa para caramba? - Ele a encarou seminua no tapete. - Bem sucedida? Sem papas na língua? Divertida?

— Nossa. Você vai mesmo com minha cara. - Ela jogou as tranças para trás sorrindo. - Eu estava querendo dizer ocupada demais, complicada demais e...

— De certa forma, perfeita demais. - Ele encolheu os ombros e ela o beijou novamente. - Eu posso me acostumar com isso. 

George sentiu pela primeira vez em anos como se fosse capaz de ser inteiro novamente. Como se a força que ela emanava cobrisse seu corpo inteiro e o fizesse seguir em frente.

— Você poderia ficar aqui no fim de semana. - Angelina propôs timidamente, já pensando em como também existiam coisas com as quais ela poderia se acostumar, como rir até chorar e beijar até cansar. - Sua mãe mandou tanta comida que nem precisaríamos pedir nada para comer. 

George mal podia acreditar na própria sorte. 

— Ou a gente pode sair a noite. - Angelina emendou diante do silêncio de George. - É uma ideia estúpida, porque o dia de hoje nem acabou e eu estou me adiantando.

— Eu estava pensando que você talvez seja louca ou eu tenha feito algo certo e finalmente o universo esteja me recompensando. - George sorriu se aproximando de Angelina e beijando seu pescoço, fazendo-a sentir aquele formigamento excitante já familiar e sorrir abertamente. - Angie, agora eu só saio daqui se você me expulsar.

— Minha nossa, o que eu fui fazer? - Ela brincou enquanto ele depositava beijos em seu maxilar e em suas bochechas até chegar em sua boca. 

— Agora não tem mais volta. - George a beijou finalmente nos lábios e sorriu brincalhão. - Talvez eu nunca mais saia daqui e...

— E nada me faria mais feliz. - Angelina mostrou a língua e os dois sorriram um para o outro. 

No fim das contas não se tratou de talvez, já que ele nunca mais saiu do lado dela. 


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Notas finais do capítulo

Acho que é uma das primeiras George e Angelina que eu posto aqui ♥
#BlackIsBeautiful.



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