Eu não sabia como contaria isso a Charlie, não podia deixar de me preocupar com Bella, era era minha irmã e eu a amava, mas todo drama e toda confusão havia me deixado exausta, eu havia esquecido qual tivera sido a ultima vez em que me preocupei comigo mesma, tinha absoluta certeza que era em Phoenix, desde minha chegada em Forks eu havia me reduzido a sombra da minha irmã mais velha.

Segundos após o carro de Alice ter sumido na estrada, o  Rabbit de Jacob estava em ponto morto junto ao meio fio, com Jared ao volante e Embry no banco do carona, Jacob havia marcado o horário para encontra-lo e irem juntos para o velório de Harry Clearwater.

— O que eu faço Jake? Perguntei ainda desnorteada, Jacob suspirou voltando a me puxando contra seu peito me prendendo em volta de seus braços.

— Não há nada que possamos fazer! Disse ele – Teremos que torcer para os sanguessugas dessa vez!

Balancei minha cabeça e decidi ir para o velório com os garotos e Jacob, eu precisava me preparar para dar a notícia sobre a fuga de Bella a Charlie, após pedir alguns minutos a eles corri para o meu quarto e após vestir uma roupa mais apropriada para um enterro eu entrei no Rabbit, Jared e Embry pularam atrás enquanto Jake assumia o volante.

A residência dos Clearwater era pequena, não tinha espaço para acomodar todos seus conhecidos, Harry assim como Billy era respeitado, por isso Charlie havia sugerido que o velório fosse realizado na própria capela do cemitério, quando o Rabitt vermelho parou na entrada principal do Forks of Cypress Cemetery saímos do carro e Jacob me estendeu sua mão, mesmo sendo Jacob e eu um assunto pendente minha mão sumiu no entrelaçar dos dedos grandes dele, não pude deixar de notar o olhar confuso de Charlie ao nos ver entrando de mãos dadas no local.

Como eu já esperava, não conhecia a maioria das pessoas que ali estavam, Charlie caminhou lentamente vindo ao nosso encontro acompanhado de Billy que não parecia nem um pouco surpreso ao me ver ao lado do filho, eu já havia notado que Billy e Jacob tinham uma relação aberta de pai e filho, deduzi que Jacob já havia contado a ele seus reais sentimentos relacionados a mim. Mas eu ainda não tinha certeza de quais eram meus reais sentimentos com relação a ele, talvez por me incomodar o fato de tê-lo conhecido apaixonado por Bella.

Billy me cumprimentou assim que meu pai e ele pararam a nossa frente,  mas logo em seguida ele chamou Jacob alegando precisar da sua ajuda, Jacob colocou-se atrás da cadeira de rodas do pai e a empurrou me deixando a sós com Charlie.

 – E sua irmã? Perguntou Charlie.

— Ela...não...pode vir! Respondi com a voz falha, o nervosismo de ter que dar aquela noticia a Charlie me dominou, eu respirei fundo em seguida me concentrei enquanto ele me olhava.

— Está com Alice?

—Sim!

— Eu imaginei! Sussurrou ele.

Eu desviei meus olhos dos de Charlie, eu não era nenhuma garota do tipo santinha, mas naquele momento eu me senti mal por engana-lo, embora eu não tivesse realmente mentindo, ao menos não diretamente, olhando por outro lado Bella realmente estava com Alice, eu apenas havia omitido onde ela estava com Alice, pois nem eu mesma sabia.

Mesmo em silêncio Charlie mantivera o seu olhar sobre mim, eu não precisava ler mentes para  conclui a pergunta que ele tentava fazer, o mais cruel de tudo era que eu não saberia responder a ele, o que existia entre e mim e Jacob a final? Eu senti um calafrio assim que ele suspirou e seus lábios se moveram, mas a frase de alívio vem logo em seguida – Venha comigo quero que conheça uma pessoa.

Apesar de meu pai se amigo a anos de dos Clearwater eu não conhecia muito aquela família, quem tinha mais lembranças dos verões na infância era Bella, por ser três anos mais nova que ela eu não havia convivido tanto com os amigos de Charlie, Reneé na maioria das vezes não me deixava passar muitos dias com meu pai por alegar que ele não conseguia nem cuidar de si mesmo quanto mais de um bebê, ao nos aproximarmos do caixão de Harry Clearwater , meu pai me apresentou a viúva, sua esposa, Sue,

Gentilmente prestei minhas condolências.

Ao lado da mulher havia um casal, um garoto que aparentava ter no máximo uns 14 anos e uma garota mais velha. Sue me apresentou aos dois filhos,  Leah Clearwater que cursava o último ano, como Bella, mas era um ano mais velha do que ela, eu sorri timidamente, a garota tinha uma beleza exótica, a pele acobreada perfeita, o cabelo preto cintilante, cílios como espanadores de penas, ela apenas me olhou balançando a cabeça e manteve seu semblante pensativo. O garoto era Seth, ele tinha 14 anos, e assim que o olhar dele se voltou para Jacob que novamente retornava para o meu lado ele o olhou com olhos de idolatria.

Charlie empurrou a cadeira de Billy e novamente a mão de Jacob cobria a minha, o olhei de soslaio e dei um tímido sorriso, Billy Black e outros senhores mais velhos disseram algumas palavras antes dos garotos incluindo Jacob segurarem de cada lado nos suportes do caixão e saírem da capela como um pequeno cortejo para finalmente ocorrer o enterro.

Os braços de Jacob rodearam meus braços e seu corpo se colocou atrás do meu, eu senti o encostar de seu queixo em minha cabeça no momento das últimas despedidas a Harry, Charlie me observava, tentando disfarçar, com olhos  cautelosos, quando tudo terminou nos deslocamos para  fora junto com Sam e os outros garotos, o que mais me chamou atenção foi o fato de Sam parecer incomodado ao lado de Leah, que era prima de Emily, sua noiva.

Me encostei no Rabbit de Jacob a espera de Charlie preparando-me para o grande momento, Jacob sugeriu ir conosco para casa, mas eu o convenci que era melhor eu conversar a sós com ele, aleguei que poderia ser desconfortável demais para Charlie falar com ele estando presente sobre as loucuras da própria filha. Jacob concordou, após nos despedimos na entrada do cemitério ele me deu um abraço de urso e eu voltei para casa com Charlie.

Já era noite quando chegamos, ao entrarmos em casa meu pai franziu as sobrancelhas achando estranho o fato das luzes estarem apagadas — Sua irmã deve ter saído com Alice — Falou ele em um tom de cansaço porém despreocupado, eu me aproximei do sofá e após me sentar o chamei.

— Pai será que poderia se sentar aqui? Eu preciso conversar com você.

O olhar d Charlie tornou-se curioso, prontamente ele se aproximou se sentando ao meu lado — Imagino sobre o que possa ser essa conversa! Murmurou ele — Mas prefiro ouvir o que tem a me falar sobre isso.

— Sabe? Sussurrei.

— Sobre você e Jacob! Ele finalmente falou, eu senti o alívio no movimentar de seus ombros quando ele suspirou logo em seguida — O que Bella acha disso?

— Eu acho que Bella não está muito incomodada com isso! Respondi dando engate ao fato dele tê-la citado na conversa — Tenho certeza de que o interesse dela está a milhas de Forks.

As sobrancelhas de Charlie se uniram em sua testa — O Cullen! Murmurou — e por isso você e Jacob, bom, ele é um bom rapaz...

— Pai eu acho que podemos conversar em outro momento sobre Jacob — Dei uma pausa e suspirei — O fato é que Bella ela não tem interesse em Jacob, não esse tipo de interesse, tanto que ela foi atrás — eu arfei — Do Edward.

Charlie me olhou, eu podia ver nos olhos dele o quanto era difícil ouvir aquilo, mesmo assim eu havia começado então teria que continuar mesmo sabendo quanta dor isso causaria a ele.

— Como assim Bella foi atrás de Edward? Ele perguntou com um tom de voz um pouco mais exaltado se levantando do sofá em seguida — Onde Bella está?

— Eu não sei! Respondi.

— Como assim você não sabe?

— Eu não sou a sua babá!

A fisionomia de Charlie esquentou foi de congelada a quente de fúria. Eu recuei, percebi que novamente havia falado demais.

— Pai eu...

— Você está certa! Ele suspirou e logo em seguida caminhou na direção do telefone, me levantei e caminhei até a cozinha, abri a geladeira pegando uma garrafa com água e após colocar no copo me encostei no balcão dividindo minha atenção entre o líquido gelado e a voz de Charlie ao telefone.

— Oi Reneé! Falou ele tentando controlar seu tom de voz, deu uma pausa e continuou — Bella por acaso entrou em contato com você? — ouve uma nova pausa —Bella fugiu de casa! Ele continuou — Não faço a menor ideia, Carlie também não sabe!  Após uma pausa mais longa ele concluiu — Reneé talvez essa seja a melhor solução, quando ela me aparecer a coloco no voou de volta para você, não sei mais o que fazer com ela.

Em seguida ouvi o som do bater do telefone sendo desligado.

Charlie entrou na cozinha e puxou a cadeira se sentando a mesa, seu rosto estava dividido entre a preocupação e o aborrecimento — Não sei o que faço com sua irmã! Grunhiu ele.

— Você quer que eu prepare algo para o jantar?

Charlie me olhou e seu semblante mudou para confusão — Não devia estar preocupada com sua irmã? Ele perguntou.

Eu sorri, fiquei me perguntando como Charlie reagiria se soubesse do risco que ela estava correndo, que poderia haver uma possibilidade de seu amigo Harry não ser a única pessoa que ele enterraria em apenas poucos dias, mas embora eu tivesse preocupada eu havia escolhido seguir o pensamento de Jacob, torcer pelos vampiros.

— Eu estou! Respondi me levantando da mesa — Mas eu estou cansada, — Desculpe, pai. — Minhas desculpas pareciam meio tediosas, até para mim — Eu não sou uma garota que gosta de dramatizar seus problemas, mas, eu estou a sete meses em Forks e desde o primeiro dia em que cheguei todas as nossas conversas sempre tiveram o mesmo motivo, minha irmã.

O olhar de Charlie se prendeu no copo sobre a mesa, por uma fração de segundos, depois se direcionaram para mim, Ele hesitou, avaliando minha reação às palavras que ia dizer — Você quer voltar para Renée, para Jacksonville — perguntou ele.

— Você quer isso?

— É claro que não!  Em seguida ele continuou — Olhe, querida. Acho que... que talvez você não esteja feliz aqui comigo.

— Confesso que no início eu não estava feliz, mas eu busquei fazer coisas que me fizessem feliz, os amigos da escola, as garotas da torcida...até mesmo as loucuras de Bella.

— Olhe, querida. — Ele parou, procurando de novo pelas palavras.

— Charlie, o interrompi, mesmo sabendo que ele odiava que o chamássemos pelo nome — Eu estou infeliz, mas não é com Forks, não é com a chuva, mas porque eu acabo de perceber que é mais fácil para você achar que eu vou ser mais feliz com a Reneé e com o Phil do que tentar ser meu pai.

A testa de Charlie se franziu e ele respirou fundo.

— Eu só quero que se preocupe um pouco comigo, que converse, sem que seja necessário eu ter crises como Bella ou me perder em um bosque, porque isso são coisas que eu não gosto! Fiz uma careta — Enfim, eu só queria falar isso a você para que soubesse.

— Não é nada disso querida — argumentou ele, frustrado, em seguida ouvi o som da cadeira sendo arrastada  e ele não precisou dar mais que três passos para se aproximar, suas mãos seguraram meus ombros e seus olhos se fixaram nos meus  —  Você sempre foi mais calma! Ele sussurrou — Nos últimos sete meses cheguei à conclusão de que você tem mais juízo do que sua mãe e sua irmã juntas!

Eu sorri com o canto dos lábios — Eu não sou a boa menina pai, faço coisas erradas as escondidas.

— Eu sei! Dessa vez quem sorriu foi ele — Mas você não me da trabalho algum garota, apesar da pouca idade você é dona de uma maturidade absurda, sábia que hoje Billy passou o velório todo elogiando você?

— Isso é sério?

— Sim! — O semblante de Charlie mudou para desaprovação — Talvez seja por isso que o filho dele mudou de Swan.

— Sobre o Jacob e eu...

— Não se preocupe, eu estava enganado! Sussurrou ele me interrompendo, logo em seguida ele soltou meus ombros e me deu um abraço. Por um longo tempo — Eu te amo menina, eu só quero que você seja feliz.

— Eu também amo você pai!

Charlie sacudiu a cabeça, franzindo a testa de ansiedade. Em seguida, falou num tom que não me permitia questionamento — Diga ao Jacob que espero ele amanhã para uma conversa entre homens!

— O que?

Os braços dele folgaram em meu corpo — Vou pedir uma pizza para jantarmos, você merece uma folga da cozinha! Falou Charlie indo para sala.