New Moon - A outra Swan escrita por Liz Black, Alina Black


Capítulo 15
Obscuros




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793361/chapter/15

Seu peso tinha envergado a árvore na direção da casa. Jacob se balançava com as pernas penduradas a seis metros do chão e a menos de um metro de mim. Os galhos finos no alto da árvore arranhavam a lateral da casa com um som áspero. — Eu precisava... — ele bufou, fazendo peso para trás e para a frente, enquanto o alto da árvore o sacudia — ... precisava ver você!

Pisquei duas vezes, comecei a acreditar que eu estava sonhando — Você errou de quarto, o da minha irmã é o do jardim da frente não  de trás!  Ele bufou, sem achar graça, balançando as pernas para oscilar mais. — Saia da frente — ordenou.

 — O quê?

Jacob balançou as pernas de novo, para trás e para a frente, aumentando o impulso. Entendi o que ele queria fazer. — Não, Jake! Mas tive que pular para o lado, porque era tarde demais. Com um grunhido, ele se atirou contra a minha janela aberta.

Jacob se moveu com agilidade para dentro do quarto, aterrissando nos calcanhares com um baque surdo. Nós dois olhamos automaticamente para a porta, prendendo a respiração, esperando para saber se o barulho tinha acordado Charlie, mas não houve nada, ele deu um sorriso largo se espalhava pelo rosto parecendo extremamente satisfeito consigo mesmo

— Saia! — sibilei.

— Não — protestou. — Eu vim te ver.

— Já me viu, agora pode ir! Tentei empurrá-lo para fora da janela afinal, se aquilo era um sonho, não ia mesmo machucá-lo e se ele se machucasse seria o castigo por ser atrevido, para meu azar não o movi nem um centímetro, ele apenas sorriu sem esboçar nenhum tipo de reação, meu olhos então se ergueram, Jacob estava muito maior do que na última vez em que eu havia o visto, embora ele tivesse me resgatado na noite anterior eu estava tão exausta que não pude prestar atenção nisso.

Ele não estava de camisa, embora o ar que entrava pela janela fosse frio o bastante para me fazer tremer, e me deixou pouco à vontade ter minhas mãos em seu peito nu. Sua pele pegava fogo, Ele estava imenso. Jacob se inclinou sobre mim, tão grande que escureceu a janela, o sorriso em seu rosto se alargou e eu ruborizei.

Minhas sobrancelhas se uniram em minha testa enquanto ele me olhava intensamente – O que foi? Perguntei tirando ambas as mãos do seu peito nu e dei alguns passos para trás, mas em seguida percebi que havia outras mudanças nele.

— Você cortou o cabelo? E por que diabos está vestido igual aos garotos da gangue do Sam?

Ele suspirou por um breve momento como se buscasse respostas — Eu já disse que precisava ver você.

—  Não respondeu minha pergunta!

Ele sorriu novamente, e eu mantive minha posição de defesa, ele estava estranho demais, não era somente na aparência física, o seu olhar para mim não era o mesmo das semanas anteriores, aquilo começava a me preocupar.

— Eu não posso falar! Ele murmurou.

—  Sam não deixa?

—  Não é nada disso anjo.

—  Anjo? Ergui as sobrancelhas — Você está usando drogas Jacob?

Ele riu.

— Eu só posso dizer que eu estava errado, julguei Sam errado.

— Não é a mim que deve explicações! Falei cruzando meus braços — Bela está mal, você estava fazendo bem a ela Jacob, ela chorou o dia todo hoje.

O sorriso foi substituído por angústia e amargura em seu rosto.

— Tem razão — concordou, e respirou fundo. — Droga. Bom... Eu... eu vou pedir desculpas a Bella.

— Por que veio aqui? Insisti novamente com essa pergunta. Não conseguia compreender o seu interesse repentino por mim, talvez quisesse fazer as pazes com Bella e precisasse da minha ajuda, poderia ser isso, talvez.

— Queria poder explicar... — Ele se interrompeu de repente, a boca aberta, quase como se algo lhe tivesse tirado o ar. Depois respirou fundo. — Mas não posso — disse ele, ainda olhando daquela forma para mim — Bem que eu queria.

— Por quê?

Ele ficou em silêncio por um momento. Girei a cabeça para o lado e vi sua expressão. Isso me surpreendeu. Os olhos dele estavam brilhando, como se tivessem feixes de luz dentro deles, era um olhar intenso — Qual é o problema? — perguntei.

Jacob soltou o ar pesadamente e percebi que ele estivera também prendendo a respiração, deu dois passos se aproximando novamente de mim, surpresa eu paralisei ao sentir suas mãos grandes e quentes segurando a minha.

— Vamos fingi...ele fechou os olhos e riu em seguida olhou novamente para mim — Vamos fazer de conta.

— Do que você está falando? Perguntei totalmente confusa.

— Suponhamos que você tivesse um grande poder sobre mim — Franzi as sobrancelhas e movi os lábios — Me deixei terminar! Eu concordei com a cabeça mesmo achando aquilo muito esquisito — Vamos supor que você tenha um grande poder sobre mim, eu sou seu escravo eterno.

Prendi meus lábios controlando minha imensa vontade de gargalhar, movi o nariz próximo o peito dele e ele me olhou confuso — O que está fazendo? Perguntou.

— Tentando sentir o odor de álcool ou alguma substância entorpecente.

Por incrível que pareça ele riu.

— Vai me deixar continuar ou não?

— Certo! Respondi com ar de riso.

— okay! Ele continuou — Suponhamos que você agora comandasse a minha vida, que eu vivesse por você, que eu fosse para você aquilo que você quisesse que eu fosse — Ele deu uma pausa e novamente respirou — O que você iria querer que eu fosse para você.

O olhei fixamente com uma expressão séria, mas aquele papo estava tão estranho que não podia perder a oportunidade de tirar com a cara dele - O Kim Tae-hyung ! respondi

—  O que? — murmurou, frustrado.

— É um dos integrantes do BTS, ele é lindo.

Jacob rolou os olhos — Aqueles caras? Tá de sacanagem, são horríveis, o que vocês garotas veem neles?

— Aqueles olhinhos puxados.

— Urght! — Estou falando sério Carlie! Ele falou com uma expressão de chateado.

— Jacob! Esse assunto está muito estranho! Reclamei tirando as minhas mãos das mãos dele e novamente me afastei.

— Só vou sair do seu quarto quando me responder! Ele cruzou os braços.

Rolei os olhos, só me faltava essa. — vou gritar e chamar o Charlie — ameacei.

— A vontade! Ele sorriu.

Fiz uma expressão de dor e suspirei, era obvio que ele estava decidido em não sair dali enquanto eu não respondesse a sua pergunta estupida e sem sentindo — Se eu fosse escolher eu pediria para ser o Jacob de semanas atrás, que eu atormentava e que se divertia comigo e com a Bela.

A expressão dele mudou, seus braços se descruzaram do seu peito e ele novamente se aproximou — As coisas não podem, mas ser como antes Nessie.

— Por quê?

Ele ficou pensativo novamente por alguns segundos — Porque eu mudei, muita coisa mudou.

— Jake! Eu murmurei e impulsivamente me aproximei ficando a sua frente — Olha eu não sei o que rolou entre a Bela e você, eu sei que ficou chateado pelo que aconteceu naquela noite no cinema, eu sei a Bela vacilou em levar você e o Mike, mas ela sente a sua falta, você devolveu a ela o sorriso, não quero ver a minha irmã mal novamente Jake.

Os olhos dele se fixaram nos meus, a mão direita se levantou e senti o seu grande polegar tocar a minha bochecha — É isso que você quer? Murmurou.

— É...balancei a cabeça — Não quero novamente passar noites sem dormir por causa dos pesadelos dela, eu estava ganhando olheiras.

Jacob baixou a cabeça rindo, riu por alguns segundo e novamente olhou para mim — Vamos fazer um trato! Sugeriu.

— Que trato? O olhei com desconfiança.

— Eu converso com a Bela, me entendo com ela e voltamos a ser amigos! Ele deu ênfase a palavra amigos.

— E?

— E em troca você me permite ser seu amigo?

— Jacob nós somos amigos!

— Você entendeu.

— Não, eu não estou entendendo nada desde o momento em que invadiu o meu quarto.

— Você me permite ser mais ser amigo do que já somos! Explicou ele.

— E quais as regras desse mais amigo do que já somos?

— Vamos conversar mais, nos vermos mais, sermos mais amigos! Ele tentou explicar, em seguida estendeu sua grande mão na minha frente — então, aceita?

Eu suspirei, embora não conseguisse compreender metade da atitude de Jacob em uma única noite eu sabia que aquela era a única forma de reaproxima-lo de Bela, evitar uma briga entre Billy e Charlie e não surtar em meio a uma crise familiar, eu já tinha um problema sobrenatural em minha vida, não precisava de mais problemas.

Estendi minha mão no encontro da mão dele aceitando sua proposta e minha mão sumiu no aperto suave de sua mão grande e quente — Tudo bem, eu aceito sua proposta. Jacob sorriu largamente, um sorriso que parecia até maior dos que eu o via dando para a Bela — Farei esse sacrifício! Conclui puxando minha mão da mão dele.

Jacob se afastou, seus olhos se direcionaram novamente para a janela — Eu acho que talvez eu precise agora cumprir minha parte do acordo.

— Eu espero que cumpra! Respondi — Eu acho melhor você ir.

Jacob balançou a cabeça, mas de repente ele me puxou com força demais. Bati direto contra seu peito. — Obrigado pequena — murmurou ele em meu cabelo, esmagando-me num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas. — Não consigo... respirar! falei ofegante. Ele me largou na mesma hora, mantendo uma das mãos em minha cintura para que eu não caísse. E me empurrou, desta vez com mais gentileza — Boa noite Ness! Ele murmurou dando novamente um sorriso e caminhou para a janela.

— Não seja idiota, Jake — reclamei. — Vai quebrar a perna. Use a porta. Charlie não vai pegar você.

— Não vou me machucar — murmurou ele sorrindo e deu um salto em seguida, eu corri alarmada e então o vi correr desaparecendo pelo lado da casa.

Baixei o vidro da janela e fechei as cortinas, a atitude de Jacob havia me deixado confusa, alguma coisa estranha estava acontecendo com ele, Jacob e Bela tinham mais segredos do que eu poderia imaginar.

Eu bocejei e caminhei para a minha cama  me jogando sobre ela, qualquer que fosse esse segredo assim como eu havia Bela me contar os segredos obscuros dela eu também faria com Jacob, eu descobriria a verdade por trás daquela estranha nova amizade com a gangue de Sam, e todas aquelas mudanças físicas e de comportamento dele.

Por fim percebi que aquele acordo era bastante vantajoso para mim, se eu desejava descobrir o que havia de obscuro na vida de Jacob e daqueles garotos da reserva eu teria que ser amiga dele.

Na manhã seguinte Charlie e eu tomávamos café quando Bela entrou na cozinha, ela não estava mais tão abatida quanto no dia anterior, ela estava mais tranquila.

— Você está melhor? Charlie lançou a pergunta que me deixava em duvidas se não era uma afirmação, Bela sacudiu a cabeça positivamente puxando a cadeira e se sentou ao meu lado tirando da minha frente a caixa de cereal.

— Gosto desse! Ela murmurou provocativa.

Eu puxei a caixa das mãos dela mostrando a letra C feita com canetinha colorida no rotulo branco da caixa — C de Carlie, B de Bela!

Charlie riu — É está tudo bem! Murmurou erguendo as sobrancelhas.

— A letra B não vem antes da letra C? ela revidou puxando a caixa de volta.

— Ught!

— Sem brigas! Charlie reclamou se levantando — Hoje eu não poderei vir para o almoço, não esqueçam nada de bosque, nada de trilhas — Falou em um tom de ordem.

— Sem problemas! Bela respondeu — Nós vamos a La push, a casa dos Black.

— Vamos? Murmurei olhando para ela.

Charlie a olhou curioso — Você e Jacob...

— Nos entendemos! Ela respondeu — Ele me ligou, ontem, a noite, de madrugada.

— Que estranho! Charlie franziu as sobrancelhas — não lembro de ter escutado o telefone tocar.

— Você estava dormindo! Bela murmurou com a colher de cereal em sua mão.

— Seus roncos devem ter abafado o som!

Charlie rolou os olhos e Bela riu. As vezes eu falava demais. Admito.

— Certo, mas direto para a casa de Billy! alertou Charlie. Bela e eu concordamos e assim que eu ouvi o som do bater da porta a olhei seriamente.

— Jacob não ligou, eu teria ouvido.

Bela sorriu — Ontem a noite ele esteve aqui.

— É mesmo! A olhei franzindo o cenho — Onde? No seu quarto?

— Como sabe? Ela perguntou.

— Deduzi! Respondi. Estava começando a acreditar que Jacob Black era um daqueles tarados adolescentes que adoram invadir quartos de meninas.

— Nós conversamos, mas tem algumas coisas que preciso tirar a limpo! Ela respondeu — Como prometi que não guardaria mais segredos quero que venha comigo.

— Tudo bem! Respondi concordando com a cabeça. Terminamos o nosso café da manhã enquanto Bella me fala de suas desconfianças, ela tinha absoluta certeza que a mudança de Jacob estava relacionada a Sam, nada que eu também não pensasse, mas ela também ligou isso a uma antiga lenda quileute.

— Há um monte de lendas! Bela explicou enquanto seguíamos para La Push —  Ao que parece, os antigos quileutes são descendentes de lobos... E que os lobos ainda são irmãos dele.

Olhei para Bela erguendo as sobrancelhas — Espera um pouco! Dei uma pausa — Está tentando me dizer que aqueles lobos do bosque são antigos Quileutes? Espíritos?

Bela riu — Bem mais que isso, eu tenho um palpite — Ela deu a curva na estrada e voltou a olhar para mim —  E há as histórias sobre os frios.

— Frios?

— É. Há histórias dos frios tão antigas quanto as lendas dos lobos, e algumas são mais recentes. De acordo com a lenda, o bisavô  do Jake conheceu alguns. Foi ele quem fez o acordo que os manteve longe de terras deles.

— O bisavô do Jacob?

Bela contínuo — “Ele era um ancião da tribo, como o pai dele, segundo a lenda os frios são os inimigos naturais do lobo... Bom, não do lobo, mas dos lobos que se transformam em homens, como os ancestrais, dele, como, lobisomens.”

O semblante de Bela mudou, como se algo a sufocasse, ela tentou engolir, mas ficou parada olhando para a estrada, sem se mexer.

— Lobisomens — eu disse, ofegante. Aquela história começava a ficar muito mais bizarra, mas fazia um certo sentindo, a mudança de Jacob, os lobos gigantes correndo atrás do vampiro. Eles poderiam ter nos devorado, devorado a mim e a Bela, mas eles simplesmente passaram por nós como se nos protegessem.

O mundo oscilou, inclinando-se do jeito errado em seu eixo. Que tipo de lugar era esse? Poderia realmente existir um mundo onde lendas antigas ficavam vagando pelos limites de cidadezinhas mínimas e insignificantes, enfrentando monstros místicos? Isso queria dizer que todo conto de fadas impossível era baseado em alguma verdade absoluta? Havia, afinal, alguma coisa racional ou normal, ou tudo era magia e histórias de fantasmas?

Um mito não bastava para qualquer um, não era suficiente para uma vida inteira?

Mas Jacob? Jacob, que era apenas Jacob, e nada mais do que isso. Jacob, nosso amigo? Jacob, era um ser humano, ou nem ele era humano?

Em minha cabeça, tudo girou e mudou de lugar, reorganizando-se de tal modo que aquilo que antes tinha um significado passara a ter outro. Não havia gangue nenhuma. Nunca houvera uma, nunca fora uma gangue. Não, era muito pior do que isso. Era uma alcateia. Uma matilha de cinco lobisomens perturbadoramente gigantescos e multicores que passara por mim na campina.

A preocupação me dominou, Charlie estava lá fora, no bosque. Será que eles se importavam com isso? Fiquei pensando... Até então, só estranhos haviam desaparecido. Isso significava alguma coisa ou era só obra do acaso?

Era inevitável que eu comparasse Jacob aos amigos da minha irmã, os Cullen.

Eu não sabia nada sobre lobisomens, esperava algo mais parecido com os filmes, criaturas metade homem, grandes e peludas, ou coisa assim, se esperasse mesmo alguma coisa. Então não sabia o que os fazia caçar, se era fome, sede ou só o desejo de matar. Era difícil julgar, sem compreender isso.

Por outro lado, Bela havia jurado para mim que os Cullen eram diferentes, eles não caçavam por maldade, não se alimentavam de sangue humano, eles se esforçavam para serem bons. Os lobisomens escolheram um caminho diferente?

Bela e eu ficamos em silencio enquanto iamos de carro pela estrada ladeada pela floresta até La Push. Agora entendia o que ele dissera na noite anterior que ele não podia me dizer.

Paramos perto da casa dos Black, a casa estava escura, nenhuma luz nas janelas, mas eu não me importava de ter de acordá-los. O punho de Bela  bateu na porta da frente com a energia e o som reverberou pelas paredes.

— Entre — ouvimos  Billy gritar depois de um minuto, e uma luz se acendeu. Bela girou a maçaneta; estava destrancada. Billy estava encostado a uma porta aberta perto da pequena cozinha, um roupão sobre os ombros, e ainda não estava em sua cadeira. Quando viu quem era, seus olhos se arregalaram brevemente e seu rosto ficou sério.

— Ora, bom dia meninas, o que estão fazendo por aqui tão cedo?

— Oi, Billy. Preciso conversar com o Jake... Ele está? Bela perguntou.

— Hmmm... Na verdade não sei — Olhei para seu semblante que denunciava que ele estava mentindo na maior cara de pau.

— Nós gostaríamos de falar com o Jake! O encarei.

Billy franziu os lábios por um longo tempo. — Poderia apostar que ele ainda está dormindo — disse por fim, indicando com a cabeça o minúsculo corredor na saída da sala.

— Obrigada — Bela falou baixinho enquanto andava para o corredor. Billy suspirou, antes que eu pudesse segui-la olhei para Billy por alguns segundos, ele também me encarou com um tímido sorriso nos lábios e um olhar de curiosidade, eu estava morrendo de vontade de perguntar sobre a participação dele naquilo. No que ele achava que o filho tinha se transformado? Pude ver muitas perguntas para mim nos olhos escuros de Billy, mas ele também não verbalizou nenhuma delas. Bela retornou.

— Acho que vou deixá-lo descansar um pouco.

— Ele está dormindo?

— Sim ! Ela respondeu.

— Olhe — eu disse, rompendo o intenso silêncio entre Billy e eu — Vamos lá embaixo, na praia, quando Jake acordar, diga que estamos esperando por ele, está bem?

— Claro, claro — concordou Billy.

Nós caminhamos até a porta e pisamos nos pequenos degraus uma ao lado da outra, quando eles apareceram, saindo de entre as árvores, apesar de ter a imagem dos lobos em minha cabeça. Esses eram só quatro rapazes grandes e seminus, eles me lembraram irmãos, quadrigêmeos. Algo no modo como se movimentaram quase em sincronia para se colocarem do outro lado na nossa frente; o fato de todos terem os mesmos músculos longos e arredondados sob a mesma pele moreno-avermelhada, o cabelo idêntico preto curto e o modo como suas expressões mudavam justamente no mesmo momento.

Sam ainda era o maior, embora Jacob estivesse quase de seu tamanho. Sam não parecia de fato um garoto. Seu rosto era mais velho — não no sentido de rugas ou sinais de envelhecimento, mas na maturidade, na paciência de sua expressão.

Bela furiosa, apressou os passos indo ao encontro deles — O que você fez, Jacob? Gritou ela.

Um dos outros, que não reconheci disparou por Sam e falou antes que ele pudesse se defender — O que ele falou a vocês? Em seguida continuou — Por que não consegue seguir as regras, Jacob? — gritou ele, atirando os braços para o alto.

— Ele não pode contar o segredinho sujo de vocês? O encarei me colocando entre Bela e ele, ignorando o fato de que minha testa alcançava a altura do peitoral nu dele.

— Paul, acalme-se, você não pode...não com ela.

 — Ele não queria isso! Bela falou novamente se colocando ao meu lado — Vocês o obrigaram!

Paul gargalhou, uma gargalhada alta e estridente — Não se envolvam nisso se não quiserem se machucar! Falou ele em um tom de ameaça e deboche.

— É mesmo e a quem devemos temer? A você! — Minha mão se ergueu e meu peito apontou afundando no peitoral quente e duro de Paul.

— Você é muito atrevida.

— Nessie vem! Bela me puxou.

— Eu não tenho medo de vocês, são apenas um grupo de brutamonte cheios de anabolizantes e esteroides. Quil que estava ao seu lado começou a rir e Embry o acompanhou. Bela sorriu com o canto dos lábios.

— Não fale desse jeito! — gritou Paul.

— Paul! Novamente Sam falou com um tom de ordem porém mantendo a calmaria em sua voz.

— Que foi magoei seus sentimentos? Fiz beicinho.

— Ela é demais! Embry falou em meio os seus risos.

— Não sei se o Jake teve sorte ou azar! Quil murmurou.

Paul olhou para eles e ambos cessaram seus risos e em seguida olhou para mim — Melhor ir embora, anãzinha de Jardim.

— Você não vai ofender minha irmã! Bela falou se colocando novamente ao meu lado.

Eu sorri. Sorri largamente mantendo meus olhos fixos nos de Paul, eu precisei apenas de dois passos para dar impulso o suficiente para subir meu joelho direito em uma forte joelhada em sua virilha, o sorriso de Paul se desfez enquanto ele dava dois passos para trás curvando o corpo para frente.

— Os anões da branca de neve também eram perigosos! Murmurei ao vê-lo se contorcer. Ouve risos, gargalhadas estridentes, mas Paul se ergueu me olhando novamente. Vi o tremor percorrendo em ondas no corpo de Paul, passando pelos ombros e descendo por sua coluna.

— Paul! Relaxe! — ordenou Sam. Paul sacudiu a cabeça, não em desafio, mas como se tentasse se concentrar.

— Meu Deus, Paul — murmurou um dos outros meninos — Controle-se.

Paul girou a cabeça para ele com os lábios contorcidos de irritação. Depois voltou seu olhar para mim, Sam deu um passo para se colocar na minha frente. Foi o que bastou. — Isso mesmo, proteja a garota! — rugiu Paul, ultrajado.

Outro tremor, outra convulsão percorreram seu corpo. Ele atirou a cabeça para trás, um grunhido rasgando por entre os dentes. — PAUL! — gritaram Sam e Embry juntos.

Paul pareceu tombar para a frente, tremendo com violência, em seguida houve o som alto de algo se rasgando e o menino explodiu. O pelo prateado-escuro brotou do rapaz, fundindo-se numa forma cinco vezes maior do que ele, uma forma forte e curvada, pronta para atacar. O focinho do lobo recuava nos dentes e outro grunhido rolou por seu peito colossal. Os olhos escuros e coléricos me focalizavam.

— Nessie corre! Bela gritou me puxando pelo braço, meus olhos se arregalaram e corri logo em seguida.

No mesmo segundo, Jacob atravessou correndo ao nosso encontro, direto para o monstro — Jacob! — Bela gritou.

— Nessie! Ele gritou passando ao lado dela, em seguida ele pulou para a frente, mergulhando de cabeça no ar,  outro som áspero de algo se rasgou, Jacob também explodiu. Rompeu para fora de sua pele e fragmentos de roupa preta e branca se espalharam no ar. Aconteceu com tanta rapidez que, se eu piscasse teria perdido toda a transformação. Em um segundo era Jacob mergulhando no ar, no outro era o lobo castanho avermelhado gigantesco, o mesmo lobo que havia me olhado naquela tarde na campina, ele era imenso e não consegui entender como sua massa podia caber dentro de Jacob que se lançou para a fera prata que estava agachada.

— Jacob! Eu murmurei paralisando a alguns passos dele. Jacob recebeu de frente a investida do outro lobisomem. Seus rosnados furiosos ecoaram como trovão nas árvores. — Jacob! — gritei outra vez, avançando um passo.

— Fique onde está, Nessie — ordenou Sam.

Os lobos se mordiam e se dilaceravam, os dentes afiados lampejando no pescoço do outro. O lobo-Jacob parecia estar em vantagem, era visivelmente maior do que o outro e também parecia ser mais forte. Ele golpeou o lobo cinzento com o ombro repetidas vezes, empurrando-o para as árvores.

— Levem elas para a casa de Emily — gritou Sam para os outros meninos, que assistiam ao conflito com uma expressão extasiada.

Jacob empurrou o lobo cinza  e eles desapareceram na floresta, embora o som de seus rosnados ainda fosse alto. Sam correu atrás deles, tirando os sapatos no caminho.

Quil começou a rir, eu me virei para o encarar, meus olhos arregalados pareciam paralisados, como se eu não pudesse piscar. O rapaz parecia estar rindo de minha expressão.

— Bom, isso é algo que não se vê todo dia — zombou ele.

Bela que também estava paralisada e imóvel um pouco mais a frente finalmente parecia sair de seu transe temporário, se aproximou de mim e senti sua mão em meu braço — Você está bem? Murmurou ela.

— Sim! Eu respondi — Depois disso tenho certeza de que suporto qualquer coisa.

— Bom, isso é algo que não se vê todo dia — Emby falou se colocando ao nosso lado.

— Eu vejo — murmurou o outro rapaz— Todo santo dia.

— Ah, Paul não perde as estribeiras todo dia — discordou Embry, ainda rindo. — Talvez dia sim, dia não.

— Mas você viu a cara do Paul? Tenho certeza de que ele nunca mais esquecerá desse golpe de joelho!

Bela me olhou fixamente — Eu não acredito que você bateu nele!

— Nem eu! Murmurei dando um sorriso.

Os garotos juntaram as roupas de Sam e nos acompanharam até a picape, apesar de assustada eu estava bem, mas bela era quem parecia tropeçar nervosa nos próprios pés.

— Jake devia ter nos avisado — reclamou Embry subindo atrás na caminhonete.

 — Não devia ter metido a namorada nisso. O que ele esperava? Quil falou entrando no carro e sentando no banco do motorista, Bela e eu nos ajeitamos no banco ao lado.

— Bom, agora sabem do lobo. — Embry suspirou. — Que ótimo, Jake.

Os três garotos discutiam tranquilamente fazendo apostas de quem venceria o combate Paul ou Jake, Quil deu a partida no carro enquanto Jared saltou com agilidade na caçamba. Assim que fechou a porta, Quil murmurou para Bela.

— Não vomite, está bem? Só tenho dez dólares, e se Paul colocar os dentes em Jacob...

— Tudo bem — sussurrei.

— Ei, como foi que Jake contornou a injunção mesmo?

— A... o quê?  Bela murmurou.

— Hã, a ordem. Sabe como é, de não dar com a língua nos dentes. Como foi que ele contou a vocês sobre isso?

— Ah, isso — Bela respondeu tentando não entregar o que ela e Jake haviam conversado na noite anterior.

— Ele não contou, nós advínhamos! Respondi.

Embry franziu os lábios, parecendo surpreso. — Hmmm. Acho que você seria capaz.

— Aonde estamos indo? — perguntei.

 — À casa de Emily. Ela é namorada de Sam... Não, agora é noiva, eu acho. Eles vão nos encontrar lá depois que Sam lhes der uma lição pelo que aconteceu agora. E depois que Paul e Jake arrumarem umas roupas novas, se Paul ainda tiver alguma.

— Emily sabe dos...? Perguntou Bela.

— Sabe. E, olhe, não fique encarando a garota. Isso irrita Sam. Eu franzi a cara para ele.

— Por que eu iria encarar? Embry pareceu pouco à vontade.

— Como você acabou de ver bater em lobisomens tem seus riscos. — Ele mudou de assunto rapidamente.

Quil passou pela casa mais a leste da estrada antes de entrar em uma rua estreita de terra. — Sua picape é lenta — observou ele. No final da rua, havia uma casinha mínima que um dia fora cinza. Só existia uma única janela estreita ao lado da porta azul desbotada, mas a jardineira embaixo era cheia de cravos amarelos e laranja, conferindo a todo o lugar uma aparência alegre. Quil abriu a porta e inspirou. — Hmmm, Emily está cozinhando.

Jared pulou da traseira da picape e foi para a porta, mas Embry o impediu com a mão no peito. Ele olhou para mim sugestivamente e deu um pigarro.

 — Eu não trouxe a carteira — disse Jared.

— Tudo bem. Não vou esquecer. Falou Embry.

Os garotos subiram um degrau e entraram na casa sem bater, Bella e eu os seguimos, como na casa de Billy, a cozinha ocupava a maior parte do cômodo da frente, uma jovem com pele acobreada e acetinada e cabelos longos, lisos e pretos estava junto à bancada da pia, tirando grandes muffins de um tabuleiro e os colocando num prato de papel. Por um segundo, pensei que o motivo de Embry me dizer para não a encarar fosse ela ser tão bonita.

Emily perguntou, numa voz melodiosa: “Estão com fome?”, e se virou para nós com um sorriso em metade do rosto. Foi quando eu vi que o lado direito de seu rosto era marcado, do limite do couro cabeludo até o queixo, por três linhas grossas e vermelhas, de cor vívida, embora havia muito estivessem curadas. Uma linha repuxava para baixo o canto de seu olho direito, escuro e quase amendoado, outra retorcia o lado direito da boca numa careta permanente.

Lembrei do aviso de Embry, rapidamente desviei os olhos para os muffins em sua mão. Tinham um cheiro maravilhoso — de mirtilos frescos.

— Ah — disse Emily, surpresa. — Quem são elas?

— As irmãs Swan — disse-lhe Jared, dando de ombros. Ao que parecia, eu já fora assunto de conversa. — Quem mais seria?

— Jacob sempre descobre um jeito de quebrar as regras — murmurou Emily. Ela encarou Bela e depois a mim, e nenhuma das metades de seu rosto antigamente bonito era simpática. — Então qual delas é garota do vampiro?

Eu sorri — e você é a garota do lobo? A provoquei.

Bela sorriu.

Emily também riu, assim como Embry e Jared. O lado esquerdo de seu rosto ficou amistoso. — Não somente eu — Em seguida ela se virou para Jared. — Cadê o Sam?

— A Nessie, bom, ela usou o joelho no Paul essa manhã!

— Ah, Paul — ela suspirou. — Acha que vão demorar muito? Eu estava começando com os ovos.

Não se preocupe — disse-lhe Embry. — Se eles se atrasarem, não vamos deixar que nada se desperdice.

Emily riu e abriu a geladeira. — Sem dúvida — concordou olhando para Bela e para mim — vocês não estão com fome? Podem pegar um muffin.

— Obrigada. — Bela falou pegando um no prato e começou a mordiscar as beiradas.

Eu sorri pegando um, o parti ao meio o colocando na boca, era delicioso e por isso não demorei a jogar o outro pedaço na boca, Embry me olhou de boca cheia e riu, olhamos juntos para o maior que estava no prato e pegando juntos, Mas Jared foi mais rápido, pegou o muffin e atirou na boca enorme.

— Tem certeza de que ela é sua irmã? Quil perguntou a Bela que se encostava na bancada observando minha briga com Jared pelo Muffin encantado.

— Ela não é adotada? Embry perguntou.

Bela riu — Ela também briga com Charlie pelos bifes.

— Deixe alguns para seus irmãos — Emily falou batendo na cabeça de Jared com a colher de pau. A palavra me surpreendeu, mas para os outros passou despercebida.

— Porco — o provoquei.

A porta da frente se abriu e Sam passou por ela — Emily — disse ele, e havia tanto amor em sua voz que fiquei sem graça, sentindo-me invasiva, enquanto o observava atravessar a sala em apenas um passo e pegar o rosto dela nas mãos largas. Ele se inclinou e beijou suas cicatrizes escuras na bochecha direita antes de beijar seus lábios.

Eu que acreditava que não havia alguém mais meloso que Jacob Black mudei de opinião com aquela cena.

— Ei, parem com isso — reclamou Jared.

 — Estou comendo. — Então cale a boca e coma — sugeriu Sam, beijando outra vez a boca arruinada de Emily.

— Argh — eu gemi franzindo as sobrancelhas e Embry riu.

Olhei para a porta e Jacob e Paul passaram , Bela parecia chocada quando viu que eles estavam rindo. Enquanto eu olhava, Paul deu um soco no ombro de Jacob, que, em troca, deu-lhe um murro nos rins. Eles riram de novo. Os dois pareciam estar ilesos.

Jacob esquadrinhou a sala, os olhos parando quando me viram mas depois se aproximou de Bela que estava encostada, desajeitada e deslocada, na bancada do canto mais distante da cozinha. — Ei, Bells — ele a cumprimentou alegremente. Pegou dois bolinhos ao passar pela mesa e parou a meu lado. — Desculpe pelo que aconteceu agora pouco— murmurou. — Você está bem?

— Não se preocupe, estou bem, esses Bolinhos são gostosos. — Mostrei o bolinho para ele. Jacob sorriu e mordeu o bolinho da minha mão encostando os dentes suavemente em meus dedos.

— Ah, cara! — gemeu Jared, interrompendo-nos — Dois é demais para mim.

— Você está bem? — Bela perguntou a ele em voz baixa.

— Nem um arranhão. — Ele respondeu com uma expressão presunçosa, ele olhou novamente para mim e eu senti que estava entre eles — Você não quer se sentar? Perguntei olhando para Bela o lugar ao meu lado entre Jacob e mim.

— Estou bem assim! Ela suspirou — Acho que precisamos conversar! Concluiu ela.

Jacob olhou para mim e se afastou — Vamos dar uma volta! Disse ele em um tom calmo.

Eu me levantei da cadeira pegando o último bolinho — Ei essa era meu! Quil reclamou, mas bastou Jacob encará-lo para ele baixar o tom de voz — Mas pode comer eu já estou satisfeito!

Bela saiu ao lado de Jacob e eu corri atrás, nós entramos novamente a caminhonete e seguimos na direção da praia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "New Moon - A outra Swan" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.