After Dawn - Alvorecer escrita por Alina Black


Capítulo 66
La Campanella




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Minha conversa com Jacob não saiu como eu esperava, não de uma forma negativa, mas como uma grande interrogação, apesar de não ser uma mulher tão experiente com relação a homens eu acreditava que ele ficaria um pouco mais insatisfeito, e eu não sabia se essa reação era algo com que eu deveria me preocupar.

Olhei para a sala através dos vidros das grandes janelas e vi a reunião de vampiros organizando seu plano de ação para os próximos dias, apesar das preocupações eu não estava interessada em saber o que faríamos, não naquele momento, minha irmã e seus problemas já eram o centro das atenções portanto não seria egoísmo que naquele instante eu me tornasse o meu centro.

Dei a volta pela casa contemplando o grande jardim de Esme e parei diante da minha estatua póstuma, eu não havia tido tempo para pedir que eles removessem aquilo afinal de contas eu estava viva e não era muito confortável vê uma cópia minha deita de gesso no centro do jardim.

— A estatua faz eu me lembrar de alguém.

A voz de Zo denunciou que a noite só havia começado, sorri timidamente e virei meu corpo na sua direção e então ele se aproximou lentamente -  Acho que eles não tinham modelos presentes quando fizeram – respondi.

Zoran sorriu parando a alguns centímetros de mim – A conversa com o lobisomem não foi boa?

Meus olhos se estreitaram – Desde quando é tão curioso? Respondi voltando a caminhar.

— Não é curiosidade – Respondeu ele me acompanhando.

—Então? Murmurei dando um pequeno sorriso.

— Estou tentando descobrir o que eu terei que enfrentar.

Dei um suspiro e o olhei de soslaio balançando a cabeça de forma negativa – Não sei do que está falando...

A mão de Zo segurou meu braço me obrigando a cessar meus passos e lentamente meu corpo se virou de frente para o dele – Você está diferente Mia, não precisei de mais de vinte segundos para perceber isso e sei que isso tem a ver com aquele lobisomem.

— Eu acho que se esqueceu do que me disse quando nos despedimos que eu precisava descobrir quem eu queria ser, Mia ou Renesmee.

Zo sorriu – Não esqueci, mas eu tinha uma gota de esperança de que um cara chamado “Jacob” não existisse.

Meu semblante mudou para incompreensão – Como assim? – meus olhos se estreitaram mais uma vez – Você sabia sobre o Jacob? Quem contou a você?

— Você – respondeu ele apertando o meu queixo.

Sorri totalmente sem compreender – Eu não disse nada a você.

O lábio inferior dele se torceu – Não diretamente.

— Eu não estou entendendo.

Sua mão escorregou por meu braço parando em uma das minhas mãos a segurando – Quando encontramos você cheia de fraturas porém viva você chamava apenas por um nome, Jacob, acreditávamos que era algum familiar seu porém quando acordou não tinha nenhuma lembrança.

Meu olhar mudou para surpreso- Você nunca me disse isso.

— Por que não queria atormenta-la.

— Somente por isso?

Os olhos dele se prenderam nos meus – Todas as noites em que a vi dormir nos últimos quatro anos você chamou por ele, apesar de tê-la conhecido quando ainda era uma menina eu tinha plena convicção de que ele era alguém importante.

Dei um semi-sorriso e soltei minha mão da mão dele – Eu não sei o que dizer, eu era uma adolescente quando conheci Jacob, ele era meu melhor amigo e todas aquelas coisas aconteceram.

—Nosso primeiro amor sempre é na nossa adolescência.

—Zo...

— Mia, ou melhor, Renesmee, eu tenho idade o suficiente para saber que aconteceu algo entre vocês eu só não contava que fosse ser tão rápido.

Fechei meus olhos e suspirei – Você não entenderia.

—É claro que eu entendo – Ele deu alguns passos aproximando-se de mim – Eu só não pretendo facilitar as coisas para aquele lobisomem.

Eu o encarei por alguns minutos, ainda o via com os mesmos olhos de Mia, mas não com a mesma intensidade, Zo aproximou seu rosto lentamente do meu e quando seus lábios estavam próximos o suficiente para me beijar minha mão subiu pousando sobre os lábios dele – Eu preciso ir – sussurrei tentando me afastar lentamente e senti sua mão em meu braço.

— Eu vou lutar por você.

As palavras desapareceram, e quando a mão dele folgou meu braço apressei meus passos dando a volta em torno do jardim buscando a entrada dos fundos da mansão.

Confesso que senti um grande alivio quando entrei, caminhei pela pequena cozinha e parei diante da geladeira a abrindo, sorri quando percebi que algumas coisas não haviam mudado nos últimos anos, apenas o fato de estar alta o suficiente para pegar o grande pote de sorvete de morango no freezer, enquanto segurava o pote com uma das mãos, fechei a porta da geladeira a empurrando com os quadris e olhei na direção das gavetas.

— Vamos lá, a colher fica na terceira.

Bingo.

Puxei a cadeira da mesa e me sentei deixando o grande pote a minha frente, após enterrar a colher e leva-la a boca a voz de meu pai interrompeu meu momento prazeroso.

— Bem-vinda ao lar – Disse ele como se aquele fosse o momento o qual eu tivesse retornado, como se não tivéssemos problemas o suficiente e  não tivesse outros 12 vampiros na sala envolvidos em várias perseguições, e mais uma dúzia espalhada em algum lugar por aí. – Acredito que passou um bom tempo com Jacob hoje?

Dei um sorriso e voltei minha atenção para o sorvete – Aham! Murmurei , como se ele não soubesse tudo que havia acontecido naquele dia.

— Filha – meu pai sussurrou puxando a cadeira ao meu lado enquanto eu levava  uma colher cheia de sorvete a boca e virei meu rosto na sua direção e vi um pequeno sorriso se formar em seus lábios – Sua mãe e eu só queremos...

—Eu sei – o interrompi – Eu estou tentando e você sabe.

— Esperamos que consiga – ele respondeu tocando o canto da minha boca com seus dedos gélidos limpando o sorvete – Porque te amamos.

Balancei a cabeça concordando – Eu os amo também.

O sorriso de meu pai aumentou e seu braço passou por cima de meus ombros me acolhendo contra seu peito de mármore, enchi novamente a colher com o sorvete e aproximei dos seus lábios rindo ao vê-lo fazer uma careta.

— Ainda se lembra da ultima vez que tocou piano comigo? Disse meu pai em um tom convidativo de voz.

— Sim- Respondi deixando a colher enterrada dentro do pote – Você não conseguiu tocar “La Campanella”.

— Eu andei praticando – ele se defendeu.

— Eu só acredito vendo.

Seu braço deixou meu corpo e então ele se levantou – Acho que sua mãe vai gostar de participar de nossa disputa particular.

— E o que eu ganho se vencer você?

— O que você quiser.

—E se você vencer?

— Ainda não pensei sobre isso.

Baixei a cabeça e ri – não é muito justo, mas eu aceito.

— Sua mãe e eu esperamos você na biblioteca, limpe a bagunça – disse ele antes de sumir em questão de segundos.

Eu suspirei voltando a olhar para a mesa, apesar do perigo que estávamos correndo e de não saber o que o futuro nos aguardava naquele momento eu me senti em casa.

Percebi que sempre estive, eu só precisava abrir as portas.


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