Anjo.

Seth teve noticias essa manhã e tivemos que nos reunir, você dormia tão tranquilamente que não quis acorda-la, eu preparei seu café da manhã, o que acha de passar a manhã com Rosalice? Prometo não demorar.

Jake.

— O que acha de passar a manhã com Rosalice?

Repeti a mim mesma enquanto seguia a trilha que dava para a residência dos Clearwater, por mais que uma parte em mim estivesse insegura a outra parte me dizia que Jacob tinha razão, eu não tinha tido uma conversa amigável com minha irmã na manhã anterior, não sabíamos o que viria pelas próximas horas e precisávamos estar juntas.

Eu suspirei enquanto me aproximava da pequena casa azul um pouco oprimida pelas demais casas que eram um pouco maiores, tentei controlar meus pensamentos, eu ainda lembrava da convivência com meu pai antes de meu incidente sabia perfeitamente que ela já sabia da minha presença.

Quando me aproximei o suficiente da casa a pequena porta branca se abriu, a morena alta e linda passou pela porta com o semblante que eu conhecia, um mal humor estampado em sua face – Oi Leah a...

— Sim ela esta esperando você – Disse Leah não deixando que eu completasse minha frase – Só peço que dessa vez não a aborreça.

Ao ouvir as palavras da loba meus braços se cruzaram em meu peito e um vinco se formou em minha testa – E a quem eu devo obedecer? A você?

Leah sorriu com o canto dos lábios – Seria uma sábia decisão.

— Com certeza seria vira-lata – Respondi passando ao lado dela – uma sábia decisão da sua parte!

Em um gesto rápido a mão quente e grande de Leah apertou um dos meus braços, instantaneamente meu corpo girou e sem dificuldades a atirei na direção de uma das árvores como se atirasse uma pequena pedra, o som do quebrar dos galhos se misturou ao rosno da grande loba cor de areia que levantou partindo em minha direção, mas parou antes que me atingisse.

— Leah não!

A voz de comando do alpha fez a loba recuar, Sam surgiu entre as samambaias se colocando entre nós duas, Leah rosnou e novamente deu dois passos a frente.

— Ela não, você sabe que não pode!

As palavras de Sam me deixaram um pouco confusa, o que ela não podia? A loba recuou novamente e seus olhos se prenderam nos meus, a encarei por alguns segundos e então ela disparou desaparecendo entre a vegetação.

— Parece que minha irmã agora gosta de confusão!

Lice aparecia na porta e dava um tímido sorriso, Sam nada disse, apenas deu as costas e caminhou tranquilamente na direção onde Leah havia ido – Na verdade não gosto mas se eu entrar em uma não costumo sair – Respondi.

Rosalice sorriu e assentiu, em seguida deu as costas entrando na casa, dei um longo suspiro a segui.

Lice sentou no pequeno sofá rodeado de caixas pegando um pequeno urso de pelúcia – Então, você veio conversar comigo? Perguntou ela fazendo um suave carinho no urso.

— Porque me pergunta se já sabe até o que eu pretendia falar?

Ela sorriu novamente deixando o urso ao seu lado – Na verdade não sei, eu consigo controlar meu dom, então prefiro que você mesma me diga o que tem a dizer.

O nervosismo me dominou.

As coisas pareciam mais fáceis e simples quando eu era apenas Mia, mas desde que minha memória havia retornado tudo se tornou mais confuso, meus sentimentos por Jacob, por minha família e por  Zo, eu estava totalmente perdida e não conseguia sequer disfarçar isso.

— Bem – eu tentei iniciar aquela conversa – Eu acho que devo a você um pedido de desculpas.

O semblante de minha irmã mudou e um pequeno sorriso se formou em seus lábios – É – murmurou ela – Acho que devemos um pedido de desculpas uma a outra.

Confesso que suas palavras me fizeram relaxar, meus ombros se moveram quando meu peito se encheu de ar e novamente suspirei – Eu me sinto perdida...

— Eu sei – respondeu Lice, seus olhos pousaram no espaço ao seu lado no sofá, de imediato compreendi seu convite, dei alguns passos e segundos depois estava sentada ao lado dela, as mãos dela buscaram pelas minhas e ela sorriu novamente – Eu sinto muito – disse ela – Esse era para ser um momento onde nós todos tínhamos que ajudar você principalmente nossos pais e ao invés disso eles estão sabe Deus onde tentando me proteger e proteger meu bebê.

— Você não tem culpa – Respondi – Não tem como saber o que vai acontecer.

— É, mas, eu não quero que se sinta assim, não quero que ache que eu não me importo com você, Nessie, eu também carreguei fardos quando desapareceu, não foi fácil para mim ser sua lembrança quando todos acreditavam que não estava viva, eles buscavam você em mim, nossos pais e principalmente Jacob.

— Não foi fácil para nenhum de nós...murmurei.

— É não foi – Lice sorriu novamente e tocou uma mexa do meu cabelo – Mas sabe o que eu acho, que o passado não pode ser mudado, mas o presente sim.

Dei um tímido sorriso – Talvez tenha razão.

— Tenho, olhe para você, você se tornou uma mulher linda e forte, é normal toda a confusão que esta sentindo, principalmente com relação ao Jake.

— Onde foi parar o “também controlo meu dom?” – resmunguei ao perceber que ela estava lendo minha mente.

Ela riu – me desculpe, mas é que não me sinto confortável em saber seus reais desejos por Jacob Black e o que rolou com o tal do Zo.

Fiz uma careta e soltei suas mãos me levantando do sofá – Será que posso ter privacidade?

— Tudo bem – disse ela sorrindo – Mas quer um conselho?

Olhei para ela desconfiada – Qual?

— Porque não conta ao Jacob o que sente? Seus reais sentimentos por ele?

Balancei a cabeça negativamente – As coisas não são tão simples, mesmo as nada tendo mudando entre Jake e eu não sei...

— Se ele retribuirá?

— Sai da minha cabeça. Resmunguei.

Lice riu.

— Eu tenho certeza que ele retribuirá! Disse ela se levantando do sofá, sorri achando engraçado vê-la com aquela barriga enorme, tão mais feminina do que nossas lembranças da infância.

— Como pode ter certeza? Viu os pensamentos dele? A confrontei

— Nessie irmãzinha, não é preciso ler mentes para saber que Jacob Black esta com os quatro pneus arriados por você, a forma como ele te olha, parece que esta pelada na frente dela.

A olhei com espanto – Desde quando você...

—Não seja sonsa – ela me interrompeu – Você já fez coisas bem mais avançadas com Zoran Bártory.

Meu rosto queimou e nos encaramos por alguns segundos, mas acabamos rindo juntas – Eu senti falta disso – sussurrei segurando sua mão novamente.

— Eu também – disse ela me encarando – o bom que agora temos assuntos bem mais interessantes para conversarmos, não que os nossos assuntos da nossa infância não fossem.

— Eles eram mesmo a maioria deles sendo seus jogos eletrônicos.

Novamente nossas risadas ecoaram pela pequena sala e em um gesto rápido Lice me abraçou, fechei meus olhos e retribui seu abraço, talvez ela tivesse razão, as duvidas sobre o passado sempre existiriam mas não havia como mudar, mas o presente e o futuro era apenas eu era responsável.

Quando nossos corpos se afastaram minha irmã gêmea sorriu e eu carinhosamente toquei sua barriga, eu havia retornado para protegê-la, e mesmo com incertezas eu faria isso, Lice era minha irmã e melhor amiga, todo amor que sentia por ela não havia mudado.