Caminho escrita por isa
Notas iniciais do capítulo
Olá, como vocês sabem estou com a torneira da escrita ligada há alguns dias e ai eu venho dividir meus pingados com vocês. Gosto de coisas simples e rápidas e enfim, essa é mais uma delas.
Vocês sabem - ou deduzem, se já leram outras histórias minhas - que meu ship preferido para escrever é Draco e Astoria. Mas o que talvez não fique claro aqui no perfil é que eu amo Ron e Hermione com todas as forças desde os 12 anos de idade, haha. Amo tanto que eu raramente me atrevo a escrever sobre eles, porque morro de medo de fazer merda. Mas aqui está uma one que eu gostei o suficiente pra publicar e eu espero que vocês gostem também :)
Ah, não é uma songfic, mas a história foi pensada enquanto eu escutava essa versão da música que, em 2013, ME fazia sofrer quando estava num relacionamento a distancia com a versão de Ronald Weasley que a vida me deu, rs:
https://open.spotify.com/track/2ilo3w0stilJKeQZS61FeN?si=2nG7njOrQJqY2pgv7qycgA
Hermione se permitiu ficar deitada um instante a mais, o cabelo espalhado pela cama feito nuvem dispersiva, seus olhos fixos no teto. Ela queria que aquilo durasse só um pouco mais: a certeza de que se virasse o rosto encontraria Ronald ainda vermelho da cabeça aos pés, olhando-a como se ela fosse uma deusa grega recém-saída do Olimpo, ainda constrangido por ter estado entre as pernas dela um instante antes.
Era, ao mesmo tempo, adorável e triste que sexo ainda fosse um evento entre eles. Que fosse o tipo de memória que ainda dava para contar nos dedos das mãos e que eles certamente contavam nos longos períodos em que não se viam.
A verdade é que relacionamentos a distância eram difíceis. E Hermione não era ingênua: ela sabia que qualquer tipo de relacionamento - inclusive os não amorosos - podiam ser difíceis, independente das circunstâncias. Ela sabia e nem por isso doía menos.
Mas eles estavam dando um jeito. Ron, que preferiria ter uma intoxicação alimentar a escrever redações em seus anos escolares, preenchia pergaminhos quase todos os dias por e para ela. Hermione amava com a mesma intensidade cada uma das correspondências que ele enviava, das mais simples às quase-românticas.
Amava o modo como a letra dele sempre era bonita ao escrever "Hermione" e como ficava quase impossível de ler quando ele se empolgava narrando algum evento corriqueiro do treinamento intenso para auror. Ela amava os pequeninos erros ortográficos, os problemas sintáticos, o modo como ele fazia a curva da letra R.
Amava quando as vezes, já tarde da noite, eles conseguiam se falar pela lareira da sala comunal, e o modo como ele se empenhava em tirar folgas sempre em consonância com os dias de visita dela a Hogsmeade.
Daquela vez, ele havia chegado ainda na noite anterior e pagara a diária de um quarto no Três Vassouras. A ideia inicial é que eles se encontrariam pela manhã e passariam o tempo juntos. Mas Hermione mandara ao inferno a ideia inicial - e o seu senso moral e também o seu distintivo de monitora e, ainda, as regras da escola - e usara o seu incrível cérebro e múltiplos talentos para escapar depois do jantar.
Ronald ficara tão surpreso e tão agradecido que bastava ela evocar a memória de seu rosto se iluminando ao vê-la para que sentisse uma súbita vontade de chorar.
— Você sabe, eu ainda estou aqui - ele disse, adivinhando-lhe o pensamento e fazendo um carinho em sua bochecha. - E nós ainda temos umas duas horas! Vamos descer e beber cervejas amanteigadas com Harry e Gina, hm? – tentou animá-la.
— Ronald... – ela apertou os lábios um contra o outro, ainda com vontade de chorar. Mesmo que agora fosse recorrente, ela ainda achava a coisa mais surpreendente do mundo o quanto ele poderia ser honestamente atencioso.
— O que? – ele gaguejou, confuso. – O que eu disse de errado dessa vez?
— Nada. – ela se apressou em responder. – Você não disse nada errado. É só que... Eu amo o Harry. E eu amo a sua irmã. Mas eu não poderia ligar menos para eles dois hoje. – Confessou. – Não quero descer e socializar, quero ficar aqui com você. – e sentou-se para fitá-lo melhor.
Ronald se permitiu encará-la de volta. Diferente do cabelo, a roupa de Hermione parecia milagrosamente alinhada. O distintivo já brilhava em seu busto. Em poucas horas, ela assumiria aquele ar compenetrado, inteligente e, de muitas maneiras, inacessível, de quem tinha um futuro brilhante pela frente e a certeza de como fazer para concretizá-lo.
Mas ali estava ela, dizendo a ele— que para todos os fins, se achava só um cara regular com alguma sorte para fazer amigos – que não queria estar em nenhum outro lugar. Com nenhuma outra pessoa.
— Ah, bom, graças a Merlin. – ele disse antes de beijá-la, o que a fez rir com vontade.
— Tudo bem se a gente só tirar a roupa outra vez? – ela perguntou, meio incerta, mas depois assumiu um ar concentrado que ele conhecia bem: - eu quero testar umas coisas.
Rony sorriu e Hermione sentiu um arrepio na espinha ao perceber que ele sequer tinha corado dessa vez.
— É claro. – ele era um aluno aplicado quando o assunto era testar coisas com ela. E Hermione era simplesmente boa em explicar o que queria. Era um ajuste interessante: e funcionava. Definitivamente.
Dessa vez, quando Hermione se vestiu de novo, devagarinho, a tristeza que sentiu foi um pouco menor. Ela ainda tinha longos meses pela frente antes de se formar. Ronald também tinha longos meses pela frente antes de poder chamar a si mesmo de “auror”.
Em resumo, os dois teriam uma janela bem grande de tempo para sentirem saudades. Para se sentirem miseráveis, às vezes. Para pensarem, temerosos e inseguros, se aquilo iria funcionar. E Hermione sabia que doeria toda maldita vez que tivesse que se despedir dele. Mas ainda assim...
— Deixa que eu coloco. – ele se prontificou, quando ela encontrou problemas em prender o distintivo na capa por estar pensando demais. Granger observou os dedos longos e ágeis dele resolverem o problema em poucos segundos. E observou também quando os mesmos dedos passaram da capa para o seu rosto com a mesma rapidez.
O gesto era reconfortante. Familiar. Ron adorava emoldurar o seu rosto com as duas mãos antes de beijá-la em despedida. Ele a olhava preguiçosamente, como se tivesse todo o tempo do mundo e fazia semicírculos com o polegar em torno de suas bochechas pelo simples fato de que... Bem, ele podia fazer isso. Só então se permitia encostar os lábios nos dela.
— Eu amo você. – Hermione sussurrou.
— Bom, quem diria, não é mesmo? – Ele brincou, antes de apertar os braços em torno de sua cintura. – E eu amo você. – de repente, era isso, Hermione pensou por fim, conformada. A sua resposta. O motivo pelo qual, não importava quão difíceis as coisas fossem, eles se encontrariam.
O amor não era só o destino, era também o caminho.
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