Decreto Matrimonial escrita por Dri Silva


Capítulo 6
Capítulo 4




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— Eu não posso acreditar em como o Profeta Diário está sendo parcial! - Harry poderia jurar que estava vendo o cabelo de Hermione armar ainda mais conforme a raiva dela ia aumentando. - Você viu isso Harry? Essa matéria parece até que não passamos de crianças mimadas fazendo birra por não conseguir o que queremos. 

— Hermione, nós estamos falando da Rita Skeeter escrevendo uma matéria contra você. - Comentou Gina servindo mais um suco de abóbora. - Ela vive para ser sensacionalista e desde que se registrou como animaga, ela vive para te prejudicar. 

É claro que Hermione sabia de todas aquelas coisas, mas as últimas duas semanas tinham sido uma sucessão de ataques públicos e manchetes que estavam acabando com sua paciência. A petição encontrou apoio entre os bruxos mais jovens e famílias puros sangues, mas como Gina tinha avisado uma grande parcela da população bruxa parecia estar indo junto com as ideias do Ministério, só de pensar nisso Hermione teve que conter um grunhido que ameaçou escapar. Olhou mais uma vez para o café da manhã que Gina tinha feito o favor de preparar no Largo Grimmauld e não sentia a menor fome, olhou para Ron comendo como se não houvesse amanhã e então para Harry a sua frente que parecia estar tomando seu café a conta gotas e praticamente mudo. 

Estavam cansados e estavam sendo massacrados pela imprensa desde que o processo tinha se tornado público a duas semanas, uma nota oficial do Ministério divulgou que o decreto estava suspenso até que o processo fosse julgado e desde então até um novo feitiço Fidelius sobre o Largo Grimmauld para terem paz eles tiveram que lançar. 

— O julgamento é amanhã Hermione. - Era primeira vez aquela manhã que Harry se manifestava. - Essa é a pior matéria possível justamente porque é o último ataque para mudar a opinião pública sobre nós que eles vão poder fazer. O senhor Moretti nos avisou sobre isso, nós fizemos 2 declarações oficiais, não estamos sem apoio. E agora... Agora só nos resta esperar. 

A voz calma de Harry conseguiu um meio sorriso de Hermione. 

— Eu sei Harry. Eu sei, mas isso não ajuda minha ansiedade. 

— Acho que devemos ir todos para A Toca. Vocês mal saíram daqui desde que tudo isso começou, George poderia aproveitar a companhia e mamãe com certeza vai nos manter ocupados. 

Sem esperar resposta Gina pulou de seu lugar da mesa e com um aceno de varinha já começou a guardar tudo, o que arrancou um resmungo de Ron. A ruiva virou-se para o irmão e fazendo uma careta acrescentou. 

— Coloque uma blusa limpa pelo amor de Merlin. Você está parecendo uma Trasgo com essa. - virou-se para Harry e com a mesma voz assertiva acrescentou.- Você também Harry, mamãe acharia que vocês estão vivendo como mendigos se os visse assim.  

Com um último empurrão em Harry colocou as mãos na cintura e Hermione riu pela primeira vez em dias vendo aquela típica pose Molly Weasley. 

Na reclusa mansão em Wiltshire o assunto também era a nova manchete do Profeta Diário entre os 2 bruxos que caminhavam pela propriedade. 

— Os ataques estão baixando o nível a cada nova publicação. O que era de se esperar, eles estão indo por todas as frentes para impedir o pedido de anulação de passar no conselho bruxo. - Zabini comentou com o rosto virado em direção ao sol fraco na tentativa de aproveitar os poucos raios. - Pelos menos essa petição pública nos ganhou tempo, você conseguiu resposta para sua carta? 

— Qual carta? - Rebateu o loiro que o acompanhava. - Todos os advogados da família Malfoy estão trabalhando na Sucessão, mas como puro sangue você sabe Zabini que vai além de legalidades. 

— Ele não te respondeu então? - Questionou Zabini parando para olhar Draco mais atentamente. 

— Não. - disse Draco sentindo os músculos da face tensionarem ficando mais sérios. - Se minha teoria sobre os Sagrados estiver certa, vou ter que ceder a esse joguinho de poder e ir resolver pessoalmente. 

— E sua mãe? Não teria como ela facilitar o processo da Sucessão?  

— Nós não sabemos com o que exatamente estamos lidando, não quero envolver minha mãe sem saber exatamente o tamanho dessa confusão. - Deu de ombros Malfoy voltando a andar em direção a Mansão. 

Blaise tirou metodicamente o blazer o dobrando sobre o braço e então em passadas largas voltou a acompanhar o loiro. Quando já estava ao lado de Malfoy novamente fez a pergunta que estava se segurando para fazer a dias. 

— E sobre o outro plano, você ainda pretende continuar com ele? - Zabini fez questão de prestar bem atenção na reação do Sonserino ao seu lado. 

— É claro. Se eles vão nos atacar por todas as frentes, eu pretendo fazer o mesmo. - Com o cenho franzido Malfoy acrescentou. - E amanhã mesmo se a petição não passar, eu estarei no Ministério colocando meu plano em prática. 

— E você tem certeza que você não tem nem uma quedinha por ela? - Perguntou Zabini ao mesmo tempo que se afastou alguns passos apenas por segurança. 

Malfoy parou abruptamente e virou-se para o moreno e então soltou uma gargalhada antes de acrescentar. 

— Pelas calcinhas de Morgana Blaise! Vá catar gnomos que você ganha mais. 

E com isso virou-se e seguiu rapidamente para a mansão, Zabini ainda parado no caminho de pedras não deixou de notar que o loiro não tinha realmente negado sua pergunta. Um sorriso que mostrava todos os dentes se espalhou por seu rosto enquanto balançava a cabeça e aparatava para sua casa, Blaise prometeu a si mesmo que ficaria por perto para ver aquele circo pegar fogo. Porém, por enquanto Malfoy o tinha dado uma missão e era melhor ele arrumar as malas logo, estava na hora de prestar uma visita a Sra. Zabini. 

No outro dia pela manhã Malfoy terminava de abotoar as mangas do seu melhor terno preto em estilo longline quando percebeu Narcisa Malfoy pelo reflexo do espelho. 

—T em certeza que você vai ir até o Ministério para a audiência?  

— Sim, minha mãe, é de grande interesse dos Malfoy se essa lei vai passar ou não esqueceu? - Respondeu Draco virando em direção a mãe que automaticamente começou a ajeitar a gola já impecável. 

— A imprensa vai ter muito a falar sobre sua aparição no Ministério. Eles não estão poupando nem os membros do trio de ouro – comentou ela agora passando a mão pelo cabelo de Draco antes de terminar. - Você viu o que eles fizeram com aquela menina Granger? Fizeram uma lista de todos os affairs amorosos dela.  

Fugindo das mãos da mãe, Draco virou-se para pegar sua varinha na mesa de cabeceira. 

— Eles com certeza aumentaram aquela lista. Isso não vem ao caso, se quiserem falar vão falar, eles sempre têm muito a dizer sobre os Malfoys nos últimos tempos. 

E sem esperar uma reposta da mãe, despediu-se e aparatou no Átrio do Ministério, imediatamente notou vários rostos com expressões de desagrado que ele respondeu com uma expressão de desagrado que tinha aperfeiçoado desde os 11 anos. Ninguém ousou ficar em seu caminho até a sala onde o julgamento aconteceria, na porta da sala Nott aguardava por ele. 

— Malfoy – cumprimentou o outro com um aceno de cabeça. 

— Nott. Como vai a pesquisa que te pedi? - Perguntou em tom baixo se encaminhavam para as seções mais altas das bancadas destinadas ao público. 

— Igual procurar um Seminviso na Floresta Proibida a noite. - Respondeu Theodore abrindo o blazer e sentando-se com um suspiro pesado, enquanto Malfoy apenas revirou os olhos para a escolha de palavras do Sonserino e sentou-se ao seu lado. - E Zabini está onde? 

— Enviei ele numa missão, a mesma que preciso que você faça. O que você sabe sobre os Sagrados? 

Sobressaltado com a pergunta Nott olhou em volta para ter certeza que não estavam sendo ouvidos. 

— O mesmo que você Malfoy, como herdeiro de uma família antiga eu fui instruído decentemente a respeito. - Baixando ainda mais o tom de voz Nott se inclinou na direção do Loiro que continuava encarando a movimentação da sala. - Mas você sabe que eu fiz o possível para me afastar das ideias de supremacia do psicopata do meu pai, antes que eu acabasse morto ou um – O olhar gélido vindo do par de olhos cinzas cortou sua frase no meio. 

— Ou um comensal da morte? - A expressão inquisitiva com apenas uma sobrancelha perfeitamente arqueada fez Nott engolir em seco. 

— Sua situação não era a mesma que a minha, Malfoy. Eu não tinha nada a perder por virar minhas costas para meu pai. - Nott se remexeu no banco desconfortável. -  Respondendo a sua pergunta, sei o mesmo que você, nunca dei importância desde que assumi minha posição como paterfamilias Nott. 

Voltando a encarar a movimentação dos bruxos entrando na sala conforme o julgamento se aproximava, Malfoy podia sentir os músculos do maxilar travados o obrigando a passar as mãos por eles antes de voltar a falar. 

— Preciso que você dê importância agora. Eu tenho razões para suspeitar que isso tudo é uma jogada para controlar os Sagrados. 

— A gente acabou de sair de uma guerra. - Resmungou Theo com uma expressão de que tinha engolido uma poção belicosa e estivesse prestes a vomitar. - Tudo bem, eu vou ver como estão os ânimos com outros membros. Acredito que você mandou Blaise atrás da mãe para um processo de Sucessão? 

— Exatamente. 

Theodore balançou a cabeça e suspirando pesado voltou sua atenção para a entrada do júri bruxo naquele momento. O mais novo - do júri composto de 10 bruxos e bruxas- deveria ter nascido na época de matusalém. 

— Malfoy é melhor você ter um ótimo plano, porque essa petição não vai passar. 

— Eu sei. - respondeu o loiro, mas sua atenção estava na cabeleira castanha que entrou na sala junto com Potter e o cabeça de cenoura. 

Durante toda a leitura dos autos Hermione sentia os músculos doloridos de tão retesados que estavam, o relator do processo parecia ler tudo o mais devagar possível, fazendo daquilo uma tortura. Ao seu lado Harry e Ron encontravam-se igualmente sérios e rígidos, o advogado fazia anotações nos autos do processo, o que fez Hermione se questionar se ele realmente estava preparado. 

— Senhor Moretti, você tem a palavra. - Declarou um juiz de aparência frágil e cansada. 

— Meritíssimo juiz. - Respondeu Moretti levantando e ficando bem à frente do grupo de jurados. - Membros do júri, estamos aqui hoje não apenas para pedir a anulação do decreto, mas para pedir que sociedade bruxa garanta o direito de uma geração inteira, que já sofreu com uma guerra, de escolher o que fazer com suas vidas. Esses jovens aqui presentes representam uma parcela inteira da população bruxa que nem ao menos puderam ser crianças, e tiveram que sobreviver a tempos sombrios e agora ao invés de viverem a paz que eles conquistaram- Moretti enfatizou apontando para o trio. - estão tendo que encarar a possibilidade de não poderem estar com quem amam, de se submeter a casamentos infelizes. O que se oferece nesse decreto é, também, tratar as filhas bruxas dessa sociedade como meras reprodutoras, tirando delas a escolha sobre seus filhos. A sociedade Bruxa da Grã- Bretanha deve ao seu futuro dignidade! 

Hermione pode ver muitas cabeças na plateia acenando em concordância com o discurso que ajudará Moretti a preparar. Contudo, ao reparar no júri suas expressões pareciam céticas e assim se mantiveram durante todo o restante da defesa de Moretti. O juiz então concedeu a palavra a um representante do Ministério, um minion do ministério, paletó cinza e sem graça, pasta preta em mãos e um rosto esquecível se posicionou no meio da sala onde antes estava Moretti. 

— O Ministério existe pelo interesse da população de bruxos da Grã-Bretanha e Irlanda, suas ações não são pessoais, são para a bem maior. - A voz monótona fazendo uma irritação queimar em Hermione. -  Não estamos aqui pessoalmente atacando esses jovens bruxos – indicou ele na direção do trio. - é claro que somos todos gratos pelos seus esforços, mas a guerra acabou e o Ministério precisa pensar justamente no futuro e, por isso baseamos o Decreto em razões plausíveis, racionais e impessoais. Apenas na história recente 3 guerras foram travadas com ideais supremacistas, parece então lógico acabar com a tradição de famílias puros sangues em nossa sociedade, não acham? Além disso, meus caros, depois de duas guerras em sucessão o tamanho da população bruxa diminuiu de maneira vertiginosa. Como poderia então o Ministério não incentivar novos nascimentos, principalmente se isso significar uma não extinção da sociedade? 

“Merda” 

Era tudo que Hermione pensava o minion do Ministério estava virando a opinião, podia perceber no público interessados no discurso principalmente entre os mais velhos presentes. 

— Agora meus caros membros do júri, diante de tal cenário como poderia o Ministério não tomar uma decisão. Ainda na nossa linha de pensamento impessoal, racional e plausível, buscamos na história da humanidade Bruxa e devo ressaltar aqui Trouxa. Qual o passo que poderíamos dar para significar uma união entre sangues puros e nascidos trouxas? Para unir definitivamente os dois lados dessa guerra que de tempos em tempos assola nossa sociedade? Sabe o que nos disse a História, que não existe acordo de paz mais simbólico e duradouro entre ambas as partes! Assim o ministério propôs uma solução para grandes problemas da nossa sociedade de maneira imparcial e eu lhes pergunto o que estamos dispostos a fazer pelo bem maior diante de tais colocações?  

Se Hermione não estivesse em estado de choque teria batido sua cabeça contra a parede para tentar acordar daquele pesadelo, ao seu lado Ron xingou baixinho e Harry olhou em direção a Gina na arquibancada. Seguindo a direção do olhar de Harry, Granger notou os cabelos loiros de Malfoy logo atrás de onde estava a família Weasley, por um momento seus olhares se cruzaram e Hermione se impressionou com a intensidade agressiva que emanava de Malfoy. 

— Apresentada ambas as defesas, e leitura dos autos do processo, eu convido o júri da câmara dos comuns do Ministério a deliberar. A sessão está em recesso, voltamos quando o júri concordar em um veredito. 

Já do lado de fora Hermione se sentia desesperançada, ainda que os amigos que a rodeavam tentassem a animar. 

— Hermione, temos que acreditar que isso vai dar certo. - Dizia Neville com uma expressão nada encorajadora. 

Hermione apenas assentiu, olhou para Harry e Gina que estavam de mãos dadas com tanta força que seus dedos chegavam estar brancos, sua troca de olhares tão intensa que Hermione chegou a ficar constrangida. A felicidade de todos ali na mão de bruxos que nasceram a umas 3 vidas antes deles, Hermione sentiu Ron passando os braços por sua cintura num abraço, mas se afastou de repente. 

— Eu não vou voltar lá.- erguendo as mãos para que os amigos não a interrompessem continuo.- Nossas chances foram diminuídas manchete a manchete, o júri não continha uma pessoa nascida nesse século, e aquele discurso é praticamente o ultimo prego no caixão.  

— Hermione  - começou Harry mas sem conseguir continuar. 

— Não, se eles vão mesmo tirar meu direito de escolher o que fazer da minha vida nas próximas horas. Eu vou escolher estar bem longe daqui, do que nessa agonia. Eu vou aproveitar meus instantes de liberdade. 

Sem esperar uma resposta, jogou a massa de cabelos castanhos e endireitando os ombros andou altiva entre o público do julgamento para a saída. Sua movimentação sendo acompanhada por uma paz de olhos acinzentados que não demorou a seguir ela pelo Ministério, quando Hermione já estava quase no átrio se preparando para  Aparatar escutou alguém lhe chamando. 

— Granger espera! - Sua expressão confusa deu de cara com Malfoy andando a passos largos na sua direção. - Eu tenho uma proposta para você. Podemos conversar? 

 


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Notas finais do capítulo

Venham conversar comigo :)
Digam o que acham, se estão gostando. Quais suas teorias?



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