Decreto Matrimonial escrita por Dri Silva


Capítulo 4
Capítulo 2




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Hermione estava cansada, não no sentido físico, mas no sentido mental e emocional afinal fazia não mais que alguns meses desde a Batalha final e ela tinha decidido partir em busca dos pais na Austrália. E no fim acha-los não foi a parte mais complicada, tinha uma ideia vaga de onde poderiam estar, a parte difícil era justamente fazer com que lembrassem que eram seus pais. Abriu a porta do Flat que alugará com um suspiro pesado, passou o dia com medibruxos tentando –  e falhando- pensar em feitiços seguros para devolver as memórias que havia apagado, sem deixar sequelas. 

Largou a bolsa na cadeira da cozinha e foi pegar um copo de água quando notou a coruja de pelagem avermelhada bicando sua janela, atravessou a curta distância da cozinha e sala conjugada e abriu a janela a ave adentrou o flat e posou sobre a poltrona da sala. 

—Oi Arty, não acredito que Harry te mandou até aqui.- Enquanto falava Hermione procurava petiscos dentro da bolsa para a coruja. - Espero que seja importante pra valer a pena sua viagem de tão longe, né Arty? 

A coruja a olhava de maneira cética, como se questionasse a sanidade de Hermione por estar perguntado algo a ele. Rindo consigo mesma, entrou os petiscos a Arty e pegou a carta para ler no sofá. Reconheceu imediatamente a letra descuidada de Harry e teve uma sensação ruim quase que de imediato. 

“Mione, 

Precisa voltar para Inglaterra imediatamente. 

Não sei quanto tempo demora para que uma carta chegue a Austrália, mas espero que chegue a tempo. O profeta diário não chega até Austrália, eu pedi a Gina sobre isso, então sinto que tenho que te informar, mas essa manhã a manchete do jornal anunciou um novo decreto que deve ser aprovado amanhã pelo conselho Bruxo. Um decreto Matrimonial. Eles vão obrigar todos os solteiros a casarem Mione, algo sobre acabar com os puros sangues. Isso afeta você e eu tinha que te avisar, Volte a Inglaterra Mione, precisamos pensar no que fazer ou não volte talvez longe daqui você não seja obrigada a cumprir com essa estupidez  

Eu não sei o que dizer ou fazer, pegou todos de surpresa, estou enviando um versão reduzida do profeta junto a carta, isso é só uma previa do Decreto que será votado amanhã dia 20 de outubro, mas com o tempo de viagem até ai e mais o fuso horário talvez quando ler minha carta o decreto já tenha sido aprovado. 

Harry” 

Se Arty pudesse falar contaria mais tarde quando voltasse a Inglaterra, que foi a primeira vez que viu uma bruxa desmaiar ao ler uma carta. 

Enquanto isso em Whiltshire, Draco tentava decidir quais as chances de Narcisa Malfoy deixa-lo em paz se não aparecesse para o café da manhã. O dia mal começará e já estava com a cabeça latejando, tinha acordado com sua coruja Zeta trazendo o Profeta diário daquela manhã. Ainda que soubesse que a aprovação era certa, ler o decreto oficial publicado foi como engolir uma bola de espinhos, tinha lido no mínimo 3 vezes e até então o Ministério surpreendentemente tinha feito um documento sem abertura para exceções. É claro que o Ministério resolveu se tornar eficiente justamente quando Draco gostaria do contrário, mas talvez quando analisasse o texto mais calmo Draco ainda encontrasse uma falha. 

Optando por lidar com a mãe mais cedo do que mais tarde, Malfoy sentou-se na posição oposta a ela na mesa do café da manhã. Servindo-se normalmente do seu suco maçã, ignorando os olhares que ela lhe mandava, conseguiu dar a primeira mordida no seu muffin antes da mãe finalmente não se conter mais. 

—E então? - questionou Narcisa. 

—E então o que mãe? - Draco podia jurar que os olhos da mãe estreitaram em sua direção. 

—Draco Malfoy, não ouse se fazer de desentendido. Sei muito que lê o Profeta antes do café, você sabe a que me refiro.- O tom frio da mãe e acusatório não deixou que Draco desviasse do assunto. 

—Sim, mãe. Eu sei exatamente a que se refere, porém não sei o que você espera que eu faça. O Decreto passou, e aparentemente só me resta achar alguém para casar.  

—Alguém? Você não pode casar com qualquer alguém, Draco. Sabe muito bem disso. - Draco voltou a olhar a mãe que falava como se fosse um acontecimento corriqueiro, ter de achar alguém para casar. 

—Caso não tenha lido a matéria inteira, eu não vou ter muita escolha a não ser casar com uma nascida- trouxa, mãe. 

—Sim sim, vamos apenas agradecer que Lucius está em Azkaban pelo futuro próximo e não pode dificultar ainda mais a escolha. - Incrédulo Draco agora encarava a atentamente sua mãe para ter certeza do que escutava. - Ainda que nascida trouxa, não pode ser qualquer uma. Eu preparei uma lista. 

—Uma o que? 

—Uma lista. L-I-S-T-A. - Soletrou calmamente a mãe em resposta a surpresa certamente estampada na cara de Malfoy. - Uma lista de candidatas aceitáveis, quero que dê uma olhada e faça uma oferta o quanto antes, temos que garantir o melhor para você,meu bem, e para a família Malfoy. 

—A senhora é inacreditável e isso não é um elogio. - Retrucou Malfoy perplexo. 

Sem pedir licença, empurrou a cadeira de forma ruidosa e saiu tempestivo em direção ao seu escritório, é claro que ao sentar em sua mesa a primeira coisa que notou foi a lista que sua mãe tinha deixado ali. Tinha que conceder o ponto a sua mãe, era bem Sonserina de sua parte já ter uma lista preparada e ainda ter deixado ela em seu escritório, sabendo que fugiria do assunto no café da manhã.  

Rindo consigo mesmo puxou do seu relógio de bolso, 10:15 da manhã seria muito cedo para um copo de whisky num dia como aquele? 

—Preciso de um copo de Whisky ou melhor dois!-Anunciou Blaise ao passar pela porta, e sem esperar por uma resposta já foi logo se servindo. 

—Você está fazendo um habito de invadir meu escritório?- Perguntou Draco aceitando o copo que Blaise serviu para ele. 

—Se você se incomodasse tanto assim já teria bloqueado minha passagem pelas barreiras da propriedade. 

—Talvez eu ainda faça isso- Mesmo ao falar em tom de indiferença o loiro sabia que provavelmente não faria. 

Depois da guerra Malfoy havia se isolado, ou se fosse sincero, havia sido isolado do restante do mundo. Sua imagem pública estraçalhada e não fosse a defesa de Potter e Granger provavelmente estaria numa cela vizinha ao pai em Azkaban. Nada que um Malfoy não pudesse superar, mas logo nos primeiros dias de confinamento fora Zabini que apareceu todos os dias com noticias e ficou mesmo com todo o mau humor, e Malfoy era nada senão sonserino e leal a quem era leal a ele. 

—O que você já faz aqui mesmo? Além de vir atrás do meu whisky 

—Vim pedir qual é o plano? Malfoy essa tentação em pessoa que sou eu, não nasceu para o casamento. Minha mãe foi casada 7 vezes, eu nunca vou confiar na minha esposa pra dormir do meu lado. 

Revirando os olhos para a dramática do moreno jogado em seu divã, Malfoy terminou com o conteúdo do seu copo. 

—Você anda muito dramático, Zabini. Precisamos -  

Malfoy foi interrompido por mais uma chegada não anunciada em seu escritório, o recém chegado foi reto para sua garrafa de Whisky, mas ao contrário de Blaise não se incomodou em arrumar um copo e começou a beber direto da garrafa. 

—Alguém esqueceu de me avisar, que eu estou distribuindo whisky para qualquer um.  

—Malfoy hoje não. - Respondeu Nott entre um gole e outro. - Eu sabia que esse decreto ia passar, mas ler ele hoje foi como receber uma sentença. 

—Componha-se Nott.- Disse Draco, tirando a garrafa de suas mãos.- Como eu ia dizendo a Zabini aqui, precisamos nos acalmar. 

Agora que tinha atenção dos dois colegas, Malfoy voltou a se sentar atrás de sua mesa. 

—Já sabemos que existe algo mais por trás desse decreto. Porém não vamos a lugar algum, se quem estiver por trás disso desconfiar que vamos tentar impedir, publicamente nem podemos. 

—A guerra está muito recente para puros sangues de afiliações duvidosas questionarem decretos. Nisso eu concordo com você Malfoy. - Concedeu Theodore andando pelo escritório. - Porém como vamos evitar essa piada de decreto e descobrir algo? 

—Vamos jogar pelas regras e seguir o decreto. 

—Cara eu acabei de te dizer porque não quero casar, Malfoy.- Blaise com voz de suplica ao ouvir Malfoy. 

—Publicamente Blaise. Teremos que ao menos fingir seguir o decreto para ganhar tempo. Enquanto isso, sua mãe ainda está casada com aquele bruxo do Ministério? 

—Por enquanto sim. - A resposta arrancando uma risadinha de escárnio de Theodore, que Blaise apenas revirou os olhos. 

—Então você vai tentar sondar, como diabretes esse decreto foi passado com tanto sigilo e quem conseguiu isso. 

—E eu, o que faço? - perguntou Nott 

Malfoy parou para pensar, encarando a mesa quando um nome na lista de sua mãe chamou sua atenção, sua dor de cabeça só aumentava, mas uma ideia começou a se formar. 

—Você é dono de uma das melhores bibliotecas do mundo bruxo, sua família é tão antiga quanto a minha. Então você vai começar a pesquisar qualquer coisa que possa impedir esse decreto, deve ter algum tipo de magia, lei esquecida do tempo de Salazar que impeça isso. 

Nott com expressão pensativa, voltou a pegar a garrafa de whisky e depois de servir uma dose para cada um de seus colegas, tomou mais um gole da garrafa antes de se virar para Malfoy. 

—E você o que vai fazer? 

—Vou revisar cada vírgula desse decreto atrás de uma brecha e ir atrás de uma noiva. 

Draco poderia jurar que ouviu Blaise engasgar com suas palavras. 

Para Hermione teria sido muito mais confortável encarar longas horas de voo da Austrália até Londres do que viajar por chave de portal, mas Granger não tinha tempo a perder. Depois de aterrissar na sala de chegadas internacionais dentro do Ministério da Magia, tomou uma poção Pepperup para melhorar das dores e do estômago embrulhado que a viajem lhe deixou e seguiu reto para o departamento de leis. 

—Eu quero uma cópia do Decreto Matrimonial, por favor. - A bruxa da recepção mastigava alguma coisa de forma ruidosa nem se deu ao trabalho de olhar na direção de Hermione. 

—Fui publicado no profeta diário dessa manhã, docinho, é só comprar a edição. - A voz anasalada contribuiu em nada para evitar a irritação de Hermione. 

—Eu sou uma cidadã mágica que tem direito a uma cópia impressa completa de todos os decretos públicos feitos pelo Ministério. Então você vai levantar dessa cadeira e ir atrás de uma cópia com cada vírgula do decreto aprovado hoje, e não aquela versão resumida que foi dada no profeta. Você entendeu docinho? 

A bruxa finalmente olhou na direção de Hermione e parou o movimento de mastigar no meio ao perceber quem estava falando, e Hermione só conseguia pensar em como ela parecia uma vaca ruminando só que com batom borrado. Depois de alguns minutos ela pareceu se recuperar e se dirigiu aos fundos da sala, voltando de lá com uma pasta de papel pardo com o selo do ministério. 

—Aqui está.- Disse ela  

Hermione nem se dignou a olhar na direção dela, já virando-se para ir embora, foi reto para uma das lareiras do ministério e usou o flu para chegar ao Largo Grimmauld, mal passando pela lareira quando começou a gritar pela casa. 

—Eu viajo por um mês, e vocês deixam o ministério aprovar essa lei ridícula? Harry! Ron! Venham para sala agora!   

Exigiu Hermione largando a bolsa no chão e já abrindo a pasta do Ministério, nem notou a presença da pequena criatura parada na porta e levando um susto quando ele falou 

—Senhorita Granger, bem vinda de volta a nobre casa Potter. Monstro pode ajudar? 

Franzindo o cenho para a reverência do elfo, mas se recuperando do susto 

—Sim, café. Eu preciso de café Monstro, por favor. Eu só saio daqui depois de revisar até a ultima vírgula desse documento. A noite será longa! 


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