Lua Crescente escrita por Starfall


Capítulo 8
Volterra


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Mais um capítulo para vocês. Boa leitura!



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— JACOB!!! – eu consegui gritar, tentando correr desajeitadamente para trás, sem dar as costas para a vampira a minha frente.

         Sabia que ela não me impediu pois queria que eu escapasse, não tinha como eu fugir de uma vampira, era apenas uma humana. Em instantes Jacob estava ao meu lado, eu já estava na beira da escada, e pude perceber que Victoria saiu pela janela deixando tempo suficiente para que Jacob a visse. Meu coração batia rápido demais, meu corpo inteiro tremia e eu estava completamente gelada.

         Consegui perceber, por alto, Jacob e Alice discutindo brevemente e Alice sumir pela janela de Charlie. Jake me pegou no colo e foi comigo até a cozinha rápido demais, me colocando sentada na bancada ao lado do telefone, as mãos tremendo. Eu sabia, no fundo, que deveria me afastar, que era perigoso estar perto de Jacob enquanto ele tremia dessa forma. Jake falou com alguém no telefone e então me pegou no colo de novo, me levando até meu quarto.

         Já no meu quarto, Jake me deixou na cama enquanto pegava roupas e jogava dentro de uma mala de viagem. Pegou também meu celular em cima da mesa e colocou no bolso de seus shorts. Jacob saiu do quarto apenas por alguns instantes, mas meu coração voltou a bater descompassadamente e eu estava a meio caminho da porta para procurar por ele quando ele voltou com meus pertences do banheiro, meu xampu e condicionador, meu creme de rosto. Franzi a testa, congelada no lugar, e Jacob veio até mim, me abraçando por um breve momento. Observei enquanto ele terminava de colocar coisas dentro da mala de mão e fechava o zíper, vindo até mim sem dizer uma palavra sequer.

— Jake? – minha voz tremeu quando o chamei – O que você esta fazendo?

— Nós temos que sair de Forks. – foi sua única resposta – Preciso tirar você daqui. Eu não posso perder você, Bella.

— Mas para onde nós vamos?

— Não sei. Mas vamos sair daqui enquanto os outros resolvem o problema com a sanguessuga ruiva.

          Quando percebi, já estava em seu colo de novo. Jacob desceu as escadas sem dificuldade segurando a mim e a mala ao mesmo tempo, sem perder tempo indo até a porta e então até a caminhonete. Jacob me colocou no banco do motorista e fechou a porta, jogando a mala na parte de trás da caminhonete. Alguns minutos se passaram até que pude ver Embry vindo em nossa direção com outra mala semelhante a minha, que foi jogada na caminhonete também. Ele trocou algumas palavras com Jacob e entrou na minha casa. Jacob entrou no lado do motorista e deu partida, arrancando com o carro e indo em direção a interestadual.

— Jake...

— Ainda não posso conversar, Bella. – ele me cortou – Preciso acalmar minha cabeça primeiro.

         Deixei que ele dirigisse em silencio, respeitando seu pedido, e me apoiei no encosto, olhando para a janela. Depois de alguns minutos senti Jacob suspirar e então sua mão na minha, apertando de leve. Senti parte do peso em meu coração sair, sabendo que ele não estava se distanciando de mim. O pânico ainda era grande, e irracional, quando algumas coisas aconteciam.

— Bella, não chore. – sua voz estava desesperada – Eu estou aqui, não estou deixando você. Só precisava me acalmar para não...

         Passei a mão em meu rosto e constatei que tinham lágrimas ali, nem tinha percebido que estava chorando. Deixei que a mão de Jake na minha me ajudasse a acalmar minha respiração.

— Charlie! – exclamei, lembrando que não tinha falado com meu pai antes de sair de casa, e de Forks.

— Billy vai cuidar disso. – ele falou mais calmo – A história é que minha irmã está precisando de ajuda e você está indo comigo até ela. E Sam e os outros não vão deixar ele sozinho nem um minuto, fica tranquila.

         Depois disso senti o cansaço tomar meu corpo e me aproximei de Jake, deitando a cabeça em seu ombro. Senti que ele se mexeu e passou o braço direito atrás de minhas costas, me segurando do seu lado. Já estava quase dormindo quando senti um beijo em minha cabeça. O balançar do carro, o cheiro amadeirado de Jake e o calor que transmitia segurança de seu abraço me acalmaram o suficiente para que eu conseguisse dormir.

         Acordei com o sol batendo em meu rosto, e o carro estava parado entre algumas árvores. Olhei para Jake e vi que ele estava dormindo, o braço firme em minha volta, o rosto tranquilo, sem as linhas de preocupação em volta de seus olhos. Observei ele dormindo por alguns minutos até que ele abriu os olhos devagar, bocejando, e me olhou também. Sem pensar, encostei meus lábios nos dele e deixei que ficasse assim por uns segundos. Ao me afastar, pude ver um brilho de felicidade em seus olhos.

— Bom dia, Jake. – murmurei, me aconchegando ao seu lado. Vi que meu celular estava no painel, brilhando com notificações de chamadas perdidas.

         Me estiquei e o peguei, vendo que as mensagens eram de um número desconhecido, mas que ao ler era possível ver que eram mensagens da Alice, e mais de 30 ligações perdidas do mesmo número. Gemi e disquei o número, sentindo Jake tensionar ao meu lado. Acariciei sua mão com a minha mão desocupada e senti um pouco da tensão deixar seu corpo.

— Bella! – a voz de Alice estava estridente – Você precisa voltar para Forks, agora!

— Não preciso não, Alice. – respondi, cansada. Ela some e volta do nada, esperando que tudo continuasse como antes?

— Bella. – sua voz era urgente – Edward ligou para sua casa depois que saímos de lá, e alguém atendeu o telefone. Ele perguntou por Charlie.

— Ótimo, e o que isso importa? – esbravejei – Porque tenho de voltar para Forks?

— Essa pessoa disse que Charlie estava organizando um funeral, Bella. – a voz de Alice parecia ficar mais estridente a cada palavra – E ele acha que é seu funeral, Bella! Está indo para a Itália agora mesmo.

— O que isso tem a ver comigo, Alice? – estava quase gritando com o celular agora – Ele foi embora! Todos vocês foram embora, e sequer se despediram!

— Bella, Edward vai provocar os Volturi para que eles o matem.

         Todo o ar saiu de meus pulmões. Por mais que eu estivesse com raiva dos Cullen, não podia deixar que Edward fizesse isso. Por consideração a Carlisle, consideração a Esme... ela ficaria devastada se perdesse outro filho.

— Tudo bem, Alice. – suspirei – Eu volto.

— Me encontre no aeroporto de Seattle.

         Com a ligação finalizada, fiquei encarando o telefone. Senti que Jake não se mexia, estava completamente imóvel além de sua respiração.

— Jake, não estou fazendo isso por ele. – afirmei.

— Não vá, Bella. – a dor em sua voz era palpável – Não faça isso, por favor.

— Eu preciso, Jake. – minha voz estava baixa – Não é por ele. – repeti – É por Esme. Ela já perdeu um filho, e tentou se matar por isso. Foi quando Carlisle a encontrou e a transformou.

         Senti o corpo dele relaxar um pouco e depois de mais alguns minutos ele ligou a caminhonete, voltando para a estrada.

— Promete que não é por ele, Bella?

— Prometo, Jake. – falei olhando em seus olhos – Estou com você, ok?

— Ok.

         O caminho foi silencioso, e quando chegamos me despedi de Jake com um beijo longo. Peguei minha mochila e deixei a mala na caminhonete, prometendo a ele que voltaria logo. Ele ajudaria a patrulhar minha casa, protegendo Charlie, enquanto não voltasse. Com um ultimo abraço a Jacob, segui Alice até o check-in. Não me preocupei em saber como ela estava com meu passaporte, somente a segui em silencio pelo aeroporto.

Quando estávamos sentadas confortavelmente em poltronas de primeira classe, percebi que ela iria tentar iniciar uma conversa e virei para a janela. Não estava pronta para conversar ainda, longe de Jacob a dor em meu peito estava aberta e sangrando novamente. Não dormi durante o voo, mas não tirei os olhos da janela. Ao pousar, Alice alugou um carro e eu a segui até ele.

— Nós vamos até Volterra, Bella. – ela disse quando estávamos dentro do carro, já acelerando mais rápido do que era seguro para sair do estacionamento – Ele vai se expor ao sol, ao meio dia. Está tendo um festival... Muita gente o verá se você não o impedir.

— Ótimo. – resmunguei – Terei plateia.

         Senti que ela iria falar algo mas mudou de ideia. Voltei a olhar pela janela, observando a paisagem da Itália passar rápido demais por mim. O estado de torpor, de negação, estava de volta. Ignorei a sensação até chegarmos nos portões da cidade. Tinha muita gente a nossa volta, todos de capa vermelha, mas Alice dirigiu de forma perigosa e imprudente até quase a praça principal, onde um guarda a parou.

— Ele está naquela direção, Bella. Vai fazer logo embaixo da torre do relógio. – ela me empurrou para a porta – Vai, já é quase meio dia!

         Eu sai do carro e fechei os olhos por um instante, lembrando do rosto de Esme, e o quanto isso destruiria ela. Quando abri meus olhos, estava determinada a impedir que Edward fizesse alguma besteira. Sai correndo em direção a torre do relógio, empurrando as pessoas em meu caminho. Quando estava a apenas alguns metros do lugar onde Alice disse que ele estaria, vi com horror que ele estava tirando a camisa enquanto o relógio badalava meio dia. Apertei o passo, me jogando em uma fonte para não ter que empurrar pessoas para fora do meu caminho, e em segundos estava me jogando por cima dele, impedindo que o sol brilhasse contra sua pele.

— Vai para dentro, Edward! – gritei, tentando empurrá-lo – Anda!

— Bella? – sua voz estava incrédula, senti ele me abraçar enquanto dava alguns passos para trás – Está viva?

— Estou. – grunhi – E também estou cansada de dizer isso as pessoas!

         Me soltei de seu abraço quando percebi que ele estava seguro nas sombras e voltei para a abertura, para o sol. Edward me observava com uma expressão indecifrável.

— Se vista, Alice está nos esperando. Preciso voltar para casa. – falei enquanto me virava e seguia pelo caminho que tinha feito alguns instantes atrás e fui determinada até o carro.

Sabia que ele estava me seguindo, sentia seus olhos queimando em minha nuca. Decidi ignorar ele e abri a porta do carro com raiva, me jogando no banco de trás e fechando a porta antes dele entrar e sentar ao meu lado. Para passar a mensagem de forma clara, baixei a tranca manual e virei o rosto para a frente. Edward hesitou antes de entrar no banco do carona e Alice não perdeu tempo ligando o carro e saindo da cidade de muros altos e antigos. Se os Volturi eram tão rigorosos quanto diziam, eles não seriam legais ao saber que uma humana sabia da existência de vampiros.

A viagem de carro até o aeroporto foi tensa, silenciosa e cansativa. Eu não falei uma palavra, conseguindo somente pensar em Jacob. E em meu pai, e nos lobos, e em como Victoria estava a solta em Forks, deixando todos eles em perigo. Quando Alice estava comprando as passagens, Edward tentou conversar comigo. Eu o ignorei, escolhendo ir até uma cafeteria e comprar um bolinho. Pensei triste em Emily, e em como ela também estava em perigo por causa de minhas escolhas. Com o bolinho em mãos, sentei em uma cadeira e esperei que Alice voltasse com as passagens.

Edward não desistiu, tentando iniciar uma conversa diversas vezes no aeroporto, durante o embarque, no avião. Alice tinha arranjado os assentos para que sentássemos juntos. Eu não o respondi, nem mesmo o olhei, nenhuma vez. A dor em meu peito estava se transformando, a raiva tomando seu lugar. Como ele ousa me deixar, me destruir, e depois de meses tentar se matar por achar que eu estava morta? Como ele ousa sequer pensar em algo que machucaria a própria família? Nem mesmo nos meus piores dias eu cogitei fazer algo parecido.

Uma voz no fundo da minha cabeça me lembrou que se algo acontecesse com Jacob eu faria o mesmo, tentaria acabar com minha vida. Decidi ignorar essa voz e quando do outro lado da janela a luz se transformava em trevas, eu adormeci.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Eu sei, eu sei... parecia que a Bella ia ser transformada em vampira!
Bom, sei que esse capítulo está COMPLETAMENTE diferente do que temos no livro, mas me deixe explicar: os Volturi não precisam se envolver pois a Bella não é mais apaixonada pelo Edward, gente.
Eu estou bem orgulhosa de como a Bella melhorou e evoluiu, e sinceramente bem orgulhosa de mim por conseguir escrever uma Bella que teria uma reação a situação parecida com algo que alguém depressivo e que foi deixado teria. Eu sei que eu não largaria tudo que melhorei e conquistei depois de ser deixada de uma forma tão horrível para voltar com a pessoa que me deixou, não como aconteceu em Lua Nova.
Espero que vocês tenham gostado! Me contem nos comentários :)
Até logo! ♥



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