AAAAAH! Virei o Cupido! escrita por danaandme


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792743/chapter/1

Harry bocejou, se jogando sobre o sofá. ‘Quando foi a última vez que ele viu seu celular?’ Suspirando profundamente alcançou uma das fofíssimas almofadas com forro de seda, que havia rolado para o chão, e a abraçou buscando consolo. Com o caos ao seu redor as esperanças de encontrar seu aparelho começaram a esvair-se.

O quarto estava mesmo uma verdadeira bagunça. Mas, aquele era o quarto da bagunça, então, ninguém realmente esperava nada muito diferente da zona composta de produtores, figurinistas, estilistas e assistentes, transitando por todos os lados do cômodo com araras de roupas e assessórios. Afinal, aquela confusão de gente confinada em uma suíte de 78m² era algo rotineiro quando ele estava viajando a trabalho.

Depois de alguns minutos vasculhando a mente, tentando recordar onde exatamente ele tinha visto seu abençoado smartphone pela última vez, algo vibrou no bolso traseiro de suas calças, o fazendo revirar os olhos.

‘Ai está você seu safadinho!’, Harry pensou, pescando seu Iphone das profundezas do mundo invertido que certamente se escondia dentro daquele bolso. ‘Daqui a pouco eu puxo um demogorgon daqui de dentro!’ Ele deu uma risadinha, mentalmente agradecendo suas notificações no Twitter por denunciarem o paradeiro do seu Toshio III. Sim, porque depois de perder seu celular pela terceira vez durante a viagem, ele resolveu batizar o bendito. Vai que assim o treco se apega ao dono e resolve parar de sumir.

“Se Esutairisu-san desejar fazer uma pausa, podemos conseguir uma sala reservada em um dos melhores restaurantes de Tokyo.” Takashi Yamamoto, responsável pela equipe de produção japonesa, sugeriu ao notar Harry se abster da conversa.

Harry desviou o olhar de Toshio III, voltando-se para o produtor japonês. Já Jake, seu produtor artístico olhou ao redor confuso.

“Esutairu-Quem? Que pausa?”

Harry sentiu seus lábios se repuxando, enquanto continuava a reunir todas suas forças para conter o sorriso. Eles já estavam há quase uma semana no Japão e Jake ainda não havia se acostumado com os eventuais erros de pronúncia do jovem Takashi. Rapidamente decidindo impedir Jake de cometer outra gafe, ele limpou sonoramente a garganta e interviu.

“Por favor, Takashi-san. Não precisa se incomodar. Nobuta-san nos convidou mais cedo para visitar uma Osen, em Gunma amanhã. Então, prefiro jantar no hotel.”  

Takashi assentiu com a cabeça e Harry retribuiu o gesto com um sorriso gigantesco, que exibia todo o charme das covinhas nos cantos de sua boca. Não importava quantas vezes ele visitasse o país, esse jeitinho japonês de agir sempre trazia à tona sua persona de titia pentelha. ‘Ah, que fofinho. Deixa eu apertar essas bochechas até esses olhinhos diminuírem ainda mais. Ui, gracinha!’ Era o que ele secretamente desejava fazer todas as vezes.

Do outro lado da suíte Jake coçou a cabeça.

“Garoto, amanhã saem as fotos da campanha da Bushiroad, lembra?”

Harry sabia que Jake não o deixaria escapar assim tão facilmente. Então resolveu apelar.

“É só durante o final de semana.” Ele falou mansinho piscando os olhos com aquele olhar pidão clássico. “O ensaio fotográfico com as dubladoras só acontece na terça-feira pela manhã...Se precisarmos refazer alguma das fotos podemos agendar para o mesmo dia, não é? Também prometo deixar Toshio III carregado e juntinho de mim.” Ele concluiu apertando o iPhone junto ao rosto.

Jake decidiu ignorar o fato de Harry ter batizado seu celular com o nome de uma assombração de um filme de terror japonês e suspirou, passando a mão pelos cabelos, entregando os pontos diante da inocência daquele olhar.  

“Você e a Clarke são as únicas pessoas no mundo que conseguem as coisas assim, sabia?”

Outro sorriso radiante e Harry sacudia a cabeça afirmativamente, feito um daqueles bonequinhos Bobblehead.

Jake Griffin era seu produtor e também o pai de sua melhor amiga, Clarke Griffin. Ele acompanhava a carreira de Harry desde o começo, muito antes do programa de TV que o tornou famoso em todo o mundo. As melhores lembranças da infância de Harry giravam em torno das inúmeras tardes no estúdio de música montado na garagem dos Griffin, onde ele e Clarke ensaiavam suas composições antes de suas ‘apresentações’ para suas famílias, nos tradicionais churrascos de fim de semana. Para Harry, que nunca conheceu seu o pai biológico, Jake Griffin era a referência mais próxima de carinho paterno, o que também garantia alguns privilégios durante as longas e extenuantes horas de trabalho.

“Vou confirmar com Nobuta-san o horário de sua partida para Gunma, Esutairusu—san.” Takashi informou com celular em mãos. Harry agradeceu, notando Jake erguer as sobrancelhas, provavelmente tendo percebido finalmente a semelhança fonética entre Styles e Es-su-tai-ru-su.

“Talvez seja por isso que ele me chama de Jake-san...” O produtor murmurou pensativo.

Harry queria dizer ‘Bingo!’ , mas preferiu não fazer Jake se sentir culpado por ter inadvertidamente frustrado Takashi de persistir com suas tentativas de chama-lo por seu sobrenome. Algo compreensível, pois atender de primeira por alguém chamando você de Gurifiiun-san, realmente exigia um nível mais elevado de entendimento da fonética da língua japonesa.

O relógio na parede marcava 20:00 PM, o que significava que eram sete horas da manhã em New York. Harry agarrou Toshio III e destravou a tela, selecionando o LINE logo em seguida. A loira de belíssimos olhos azuis sorria para ele através da foto no canto da conversa.

‘Papai urso vai traumatizar o pobre Takashi. Placar atual: 8x2. ’ Ele digitou rapidamente antes de apertar o send. Clarke certamente ainda estava perdida em meio ao amontoado de colchas e travesseiros onde ela se entocava todas as noites, mas Hey, ele tinha um placar para atualizar e uma melhor amiga para manter informada. 

“Curly, estamos terminando os ajustes da prova 18, precisamos de você aqui!” Luna Hilker, sua Personal Stylist, cantarolou encostada à porta que separava a pequena saleta do quarto, da suíte onde ficava a cama.

Ainda largado sobre o sofá, Harry contorceu o corpo para encara-la, estreitando os olhos na direção da morena de profundos olhos amendoados e volumosas madeixas encaracoladas.

Um dos passatempos de sua personal era apertar suas bochechas. Era só dar uma folga e a mulher já agarrava seu rosto com ambas as mãos, abarcando sua cara entre os dedos, e balbuciando palavras sem sentindo como se ele fosse um cachorrinho. Podia parecer uma atitude afetuosa para alguns, mas para Harry era intimidador. Sobretudo sabendo que apesar da aparência relax, irradiando a mais pura aura ‘paz & amor’, Luna já havia sido preparadora física de um time de luta, e além disso, também era uma das sócias proprietárias da mais badalada academia de artes marciais de Londres. E se mesmo assim restasse alguma dúvida, bastava assistir uma demonstração de suas habilidades em uma simulação de emergência, como a que ocorreu no início da semana com sua equipe de segurança, quando ela derrubou Lincoln – o homem-armário recentemente contratado para fazer parte de seu time de guarda-costas – com um único movimento, em um combate com duração total de três minutos. Indra, a chefe do time, não sabia se ria ou chorava.

Luna retribuiu o olhar dele com um sorriso predatório.

“Quer ajuda para levantar, Haroldinho?”

Os pelinhos do pescoço dele arquearam.

“Já estou de pé!” Harry passou por ela feito uma flecha. “É essa camisa? Tiro a roupa agora?” O pobre rapaz já desabotoava a camiseta diante das assistentes e do figurinista, ao mesmo tempo que quicava as sandálias para longe.

Luna cruzou os braços satisfeita.

“Jake!” Harry gritou por seu produtor ao se lembrar do seu celular esquecido no sofá. “Por favor, resgate e proteja Toshio III com sua vida!!!”

O produtor desviou o olhar para o iPhone caído sobre o chão acarpetado, imaginando quantos dias seriam necessários para eles voltarem a loja afim de adquirir um Toshio IV.

...

[02:45 AM]

Com todas as provas de figurino para a sessão fotográfica da próxima terça finalizadas, Harry pode finalmente retornar para o conforto do seu quarto e desfrutar da deliciosa barca de sushi e sashimi que ele havia reservado para o jantar. No pé da cama, uma pasta com imagens da personagem especial do novo jogo eletrônico da Bushiroad, exibia algumas ilustrações das peças de roupas recém produzidas para caracterizar sua versão em 3D no jogo. Ternos coloridos, com estampas variadas inspiradas em design ocidental se misturavam a peças mais tradicionais da cultura japonesa. Sua predileção pelas hamakas acabou deixando Luna e Michiru-san – a figurinista do projeto – tão empolgadas, que o cantor havia sido presenteado com alguns modelitos exclusivos de calças estilo Boho no final da reunião.

Harry desligou a TV e lançou um olhar preocupado para Toshio III. O aparelho descansava sobre o carregador no criado mudo. Quase meio-dia em New York e nem um sinal de Clarke.

“Eu avisei a ela para contratar uma cerimonialista.” Harry resmungou, tentando arrumar uma desculpa para o sumiço de sua amiga. Clarke provavelmente estava atolada em compromissos, tentando organizar os últimos detalhes de seu casamento, que ocorreria daqui a três semanas.

Não havia motivos para se preocupar.

‘Vai dar tudo certo. Confie em mim. Nós vemos em Londres.’ Ela prometeu um pouco antes dele embarcar para Tokyo.

Porém, a questão não era exatamente não confiar nela... O problema estava justamente no fato de Harry não confiar no noivo dela.

Deixando o corpo cair por cima dos lençóis. Harry decidiu que se Clarke não desse notícias até amanhã ao fim do dia, ele acionaria a patrulha mãe. Simples assim. Abby Griffin encontraria a filha mesmo ela estando presa em uma dimensão paralela, amarrada no lombo de um Tiranossauro, galopando para o infinito e além. Clarke definitivamente iria chutar seu traseiro na próxima vez que eles se encontrassem, porém, caso sua amiga resolvesse continuar a personificar o Gasparzinho, ela seria a única culpada por Harry apertar o botão de emergência.  

Agora mais tranquilo, Harry puxou as calças para baixo lançando a roupa para cima. Dormir soltinho era gostoso demais, principalmente quando os lençóis eram tãoooo macios.

Não demorou muito para Harry estar aninhado junto aos travesseiros, sendo arrastado lentamente para o mundo dos sonhos.  

...

[11:30 AM]

Lobby do Ascott Marunouchi– Otemachi, Chiyodaku City – Tokyo

Sentado em uma das poltronas do lobby no piso térreo, Harry aguardava ansioso pelo carro que o levaria até a Estação de Tokyo, onde eles embarcariam no shinkansen— o trem bala japonês – rumo à Estação de Jomo-kogen em Gunma. Ele já havia pesquisado na noite anterior todo o trajeto até a famosa Takaragawa Onsen Osenkaku, o refúgio de fontes termais localizado nas montanhas no distrito de Tone em Minakami, e mal podia conter a euforia de finalmente conhecer uma Onsen fora da região metropolitana.

Três dias de folga! Bem, a sexta-feira seria praticamente consumida pela viagem, mas mesmo assim, seria recompensador, ainda mais porque todo do visual interno do lugar lembrava um filme de época do Japão Feudal. Além disso, baseando-se nas imagens no folder turístico, as instalações do hotel ficavam afastadas da zona urbana mais próxima, justamente por causa da localização das fontes termais, que formavam as piscinas naturais magnificas de água quente mantidas à céu aberto, rodeadas por um cenário verde belíssimo, com direito até a um esplendoroso rio cortando caminho pelos anexos dos prédios que compunham o estabelecimento.

Resumindo: Harry já estava quicando de impaciência com vontade de se espalhar todinho naqueles piscinões.

“Estão vendo esse olhar?” Indra apontou na direção de um Harry sonhador. “Significa perigo. Quando ele começar com essa cara de ‘ah, estou abandonando a realidade’ grudem nele. Geralmente em menos de cinco minutos acontece alguma aloprada que termina com ele se esborrachando no chão.”

O bom humor de Harry oscilou.

“Entendido.” Octávia e Lincoln, seus dois guarda-costas escalados para acompanha-lo responderam em uníssono. Eles pareciam dois soldadinhos, o cantor pensou, tendo momentaneamente esquecido que sua aventura seria monitorada por suas sombras.

Quando ele se preparava para retorquir, Takashi e Jake anunciam a chegada do carro, aproveitando para dar bom dia para todos.

“Harry. Você esqueceu isso.” Jake chamou sua atenção estendendo algo para ele.

‘TOSHIO III!!!!’

“Oops...” Harry murmurou constrangido. “Obrigada.”

“Eu tomei a liberdade de ativar o GPS. Octávia tem o número do id. Espero que isso impeça Toshio III se ‘escapar’ de você mais uma vez...”

Foi um comentário irônico. Harry fez beicinho.

Ao lado de Lincoln, Octávia só observava a cena com as mãos cruzadas atrás das costas, óculos escuros agravando ainda mais sua postura séria. Harry definitivamente gostaria de saber que tipo de treinamento Indra submetia seu time, porque todos eles mais pareciam a Guarda Real da Rainha Elizabeth II. Só faltava usar o enorme capacete de pele ‘falsa’ de urso.

‘Com toda essa seriedade, quem acreditaria que essa garota é três anos mais nova que eu?’, Ele pensou.

Se Harry fosse ser sincero, a culpa de ter esquecido Toshio III no quarto não havia sido dele. Quer dizer, não exatamente dele.

‘A culpa disso tudo foi daquela mulher com o espeto.’ Uma afirmação que merece uma breve explicação.

Na maioria das vezes, ele dormia feito um anjinho, com direito aos sonhos mais lindos...porém, essa noite, um pesadelo medonho resolveu acometer seu inconsciente. Harry acordou gritando, dando voltas na cama, correndo de uma mulher assustadora com uma cara de quem era capaz de chutar alguém pela janela de um prédio. A dita cuja chamava o seu nome o encarando ameaçadoramente com aqueles olhos cor de jade penetrantes, vestida feito uma guerreira apocalíptica, carregando um espetinho dourado em uma das mãos.

Foi algo tão esquisito, mas tão real que desde então Harry podia sentir seu corpo todo tremer de calafrios, como se estivesse sendo vigiado.

“Tente não se meter em confusões durante o final de semana, garoto.” Jake deu dois tapinhas em seu ombro, entregando sua bagagem para Takashi, já que o produtor o acompanharia até a Estação de Tokyo.

Indra suspirou pesadamente e Harry já sabia o que viria em seguida.

“E por favor, caso volte a ter pesadelos, tente não sair novamente do quarto pelado.” A chefe de segurança pediu olhando para ele por cima das lentes escuras do seu Ray-ban aviador.

É isso aí. Se seu inconsciente, algum dia lhe desse a oportunidade, Harry diria umas poucas e boas para essa mulher do espeto.

...

Takaragawa Onsen Osenkaku – Terma Maka , Banho Misto

Noite de Sexta-Feira – 02:45 PM

Se você nunca ficou peladão em uma Osen Japonesa, suas prioridades precisam ser revistas. Mesmo considerando que logo depois de entrar na água seu primeiro pensamento seja ‘Ah! Virei um ovo cozido!’ , passados alguns minutos seu corpo vai simplesmente re-la-xar e você vai ficar lá, com uma cara abobalhada todo largadão, feliz da vida, sentindo seus músculos declamarem Odes em sua homenagem.

Como previsto, a maior parte do dia foi dedicada a viagem. Primeiro saindo de Tokyo de Shinkansen— o trem bala japonês, lembra? Depois, de micro-ônibus fretado, partindo da Estação de Jomo-kogen, com algumas paradas obrigatórias para ir ao banheiro – porque, sério, bexiga que é bexiga gosta mesmo é de dar trabalho para o motorista do transfer – e outras duas paradas para comer – porque, sério, quem ia deixar passar a chance de comer algo típico, naqueles restaurantes únicos que você só encontra na beira da estrada? Ou de aproveitar a onda e parar em alguns lugares para comprar quitutes para comer mais tarde? – Sendo assim, eles chegaram a pousada no início da noite, conforme o previsto...por Harry pelo menos.

Imediatamente após a chegada, Octávia deixou Harry a encargo de Lincoln e seguiu Nobuta-san – que já os aguardava no local – para organizar a divisão dos quartos. Harry ficou imensamente feliz ao constatar que sua suíte era uma das decoradas em estilo japonês no prédio principal. Ele tinha até uma pequena varanda!

Em vista da felicidade do cantor, Nobuta-san pareceu brilhar. O homem havia se dedicado tanto em conseguir uma celebridade como Harry para alavancar as vendas da edição especial do novo jogo da companhia, que testemunhar a concretização de seus esforços era emocionante.

“Ter Harry-san representando nosso jogo é muito enaltecedor. Eu só peço que permita expressar minha gratidão por acreditar na nossa proposta.” Agradeceu o executivo inclinando o corpo levemente para frente, com a tradicional cortesia japonesa.

‘Ah, olha só a minha persona de titia aflorando novamente.’

Harry retribuiu com o mesmo gesto.

“Nobuta-san, eu que agradeço por pensar em mim para esse projeto. Quando for à Londres para o lançamento Europeu, vou leva-lo para comer o melhor kebab da cidade.”

Nobuta-san riu, apertando os olhinhos ainda mais.

“Ah, parece gostoso! Mal posso esperar.”

Depois disso, houve um jantar com um farto menu de iguarias japonesas, com a presença dos donos da Osen, o casal Kenji e Megumi Sakamoto e sua filha mais velha, Yuki. A garota passou o jantar todo desafiando seus limites de se auto transfigurar em um pimentão, a ponto de Harry começar a imaginar como desculpar-se caso a coitada se entalasse com a comida e sua cor mudasse de vermelho para roxo, somente porque ele não conseguia parar de rir das piadas de Nobuta.

Depois das despedidas, – e aqui Harry assumiu toda a culpa pela pobre Yuki praticamente desmaiar após receber um abraço dele – o cantor retornou para seu quarto acompanhado de Octávia e Lincoln, que ocupavam os dois quartos junto ao dele.

“Tem certeza que não esqueceu de nada, Harry?” Octávia nada sutilmente agitou um iPhone no ar, segurando o aparelho com as pontas dos dedos.

‘TOSHIO III!!!!!’

Harry esticou os braços agarrando seu precioso celular.

“Às vezes dá mais trabalho proteger seu celular do que você...” A guarda-costas resmungou dando as costas, se dirigindo para a entrada do segundo quanto à esquerda do seu. “Se precisar de qualquer coisa, estarei no quarto ao lado. E nem tente sair de fininho, Styles. As paredes no Japão são tão finas que vou poder ouvir você suspirar.”

Lincoln piscou os olhos inocentemente ao vê-la desaparecer pela porta.

“Ela sabe que o meu quarto está entre o dela e o seu, não é mesmo?”

Harry ergueu as sobrancelhas dando de ombros.

“Isso quer dizer que vou poder ouvir seus pensamentos, novato!”  A voz de Octávia ressoou pelo corredor vinda do rádio que Lincoln carregava preso na cintura. “E quantas vezes já eu avisei para baixar o volume antes de desconectar o fone de ouvido?”

Harry e Lincoln se entreolharam de olhos arregalados. Ambos certos da razão pela qual Roan – outro membro do time de segurança – afirmar que Octávia era a favorita de Indra.

Entretanto, embora as ameaças de Octávia geralmente surtirem efeito, a vontade de Harry de se enfiar na água quente era maior. Foi difícil, mas nada que um par de sandálias fofinhas atrelada a sua infalível técnica de ‘deslizar’ pelos corredores, não resolvesse.

Por isso, agora, Harry se considerava o cara mais sortudo do mundo, com uma piscina natural de água quente gigantesca só para ele. Quem precisava dormir, quando se tem a oportunidade de passar a madrugada fazendo glub, glub, glub, peladão, em meio a natureza, ouvindo a música da noite sob o céu estrelado.

Todos os seus problemas, todas as suas preocupações haviam se derretido no calor da fonte termal.

“Ah...Jake vai se arrepender de não ter vindo, quando eu contar...” Opa. Jake. Jake Griffin... Clarke Griffin! Clarke! Ele devia ter acionado o botão de emergência, meleca!

E lá se foi seu momento zen.

Dizendo adeus a tranquilidade, Harry se levantou da piscina sentando em uma das pedras junto à borda. Toshio III tinha ficado no quarto carregando e agora ele precisaria retornar e enviar uma mensagem para...

Harry olhou para trás.

Estranho. Ele tinha quase certeza ter ouvido alguém chamar seu nome. Mas, atrás dele não havia nada mais que uma ribanceira que acabava em um pequeno fio de terra margeando o rio lá embaixo.

Foi quando ele se voltou para a pousada que ele a viu. Esculpida pela noite em meio a nevoa formada pelo calor da terma, de pé na pedra à sua frente, o encarando com aqueles profundos olhos cor de jade.

“A mulher do espeto!” Harry mal conseguiu gritar, se atirando para trás rolando pela ribanceira, sentindo seu corpo se ralar nos pedregulhos até atingir com um baque seco a terra gelada da beira do rio.

Sua visão embaçou, mas antes de apagar ele pode vê-la mais uma vez junto a borda da piscina há quase cinco metros de altura de onde ele estava. Seus longos cabelos castanhos balançando suavemente com a brisa.

 Então tudo ficou escuro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem ficou curioso segue link com alguns videos da Onsen que usei como referência
https://www.takaragawa.com/english.html
E para quem não entendeu, Onsen é uma piscina de água quente, natural ou artificial que pode ou não está localizada a céu aberto.
Hamaka é um estilo de calça tradicional japonesa. Boho é uma versão mais moderninha.
Nessa história Harry segue os costumes japoneses de adicionar honorificos como SAN no final dos nomes das pessoas, justamente para demonstrar respeito pela cultura.
Quando as tentativas de reproduzir a dificuldade de alguns japoneses nativos para pronunciar corretamente nomes estrangeiros, tudo que posso dizer é que acontece mesmo em alguns casos. Algumas palavras são verdadeiros trava linguas para nossos amigos na terra do sol nascente, mas garanto que isso não diminue nem um pouco o carinho e respeito que dedico a todos meus amados amigos de olhinhos puxados! Ao contrário, eu acho um charme! hahahaha 'sugoku kawaiiiii'
As outras referências de cidades, distritos e locais no Japão são reais :) quem ficar curioso a respeito só colocar no Google e se divertir.
PS- Só procure por referências do Toshio se você realmente não se assustar fácil... esse moleque é de dar calafrio. Esteja avisado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "AAAAAH! Virei o Cupido!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.