Doces ou Travessuras escrita por Beykatze


Capítulo 1
Doces


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Princesa Jujuba desviou de uma flor vermelha que crescia em um jardim, sendo seguida pela sua fileira de crianças animadas com o Halloween e fantasiadas de fantasmas e vampiros. Assim que viu aqueles pequenos doces com roupas largas e maquiagem, achou graça e sentiu que tinha o dever de brincar com eles.

Batendo de porta em porta no reino, a princesa era sempre bem recebida, visto que todos a adoravam.

— Doces ou travessuras – Pedia com um sorriso largo quando a porta era aberta e sua voz era seguida pelas vozinhas finas dos seus amiguinhos. Depois de encher todas as cestinhas das crianças, deixou que eles devorassem seus presentes e caminhou pelas ruas de pedras, sozinha com seus pensamentos.

O reino tinha um cheiro bom no ar, algo como esperança e alegria e Jujuba sorria distraidamente sentindo o odor invadir seu corpo. Pouco a pouco, as luzes da cidade foram ficando para trás, sem que a princesa percebesse que se afastava das casas, até se ver na escuridão do bosque.

Levantou os olhos pequenos, admirando a imensidão daquelas árvores e, ao longe, conseguiu ouvir o som gostoso de gargalhadas. Andou obstinada pela assustadora mata fechada até encontrar uma clareira com uma humilde casa no centro. As luzes acesas e o som de risadas lá dentro deram coragem a Jujuba para bater na porta.

Demorou alguns segundos para que abrissem a porta, mas pareceram horas pela ânsia da princesa de ver a moradora do lugar.

— Doces ou travessuras – Sussurrou quando, inundada pelas luzes da casa, avistou Marceline. A jovem vampira usava uma regata preta com uma caveira branca no meio, uma jaqueta de couro e calças justas. Seus pés nus não tocavam o chão e seus cabelos negros esvoaçavam ao redor do rosto fino.

— Jujuba? – A boca da garota se abriu em surpresa, exibindo suas presas pontiagudas.

— Feliz Halloween – Falou dando de ombros. As duas viviam brigando e se desentendendo, mas sempre acabavam tentando se unir novamente... Ou Jujuba acabava tentando, a outra era muito cabeça dura.

— O que você está fazendo aqui?

— Quem está ai? – Uma voz rouca e familiar perguntou de dentro do lugar.

— Quem está ai? – Jujuba deixou a curiosidade falar mais alto e perguntou com o peito apertado. Marceline estreitou os olhos para ela e certamente diria que não era de sua conta, mas seu convidado apareceu, enfiando a cabeça pelo vão da porta e espiando a garota do lado de fora.

— Ah, olá princesa – Rei Gelado cumprimentou alegremente com um aceno das mãos azuis.

— Rei Gelado? – Olhava do velho maluco e mau para Marceline, que revirou os olhos.

— Eu te disse para ficar lá dentro – Ralhou com ele.

— Me desculpe – Pediu baixando os olhos. Seu nariz pontudo quase tocava na garota – Eu só queria saber quem era sua amiga.

— Ela não é minha amiga – Sentenciou olhando para Jujuba.

— Entre, entre – Rei Gelado pediu abrindo a porta e recebendo um olhar furioso da vampira – Estamos cantando e contando histórias.

— Obrigada – Sussurrou sentindo-se estupida por ter ido até ali – Mas eu já estou de saída.

— Como assim? – O velho agarrou sua mão doce e a puxou para dentro da residência quente – Acabou de chegar!

Marceline bateu a porta assim que a princesa entrou, rumando para a companhia deles com os braços cruzados e um olhar desconfiado.

— Olha, princesa – Falou o título com certo escárnio – Nós não estávamos fazendo nada de errado, tá bem? E eu nem apareci na sua comemoração idiota mais cedo, não tem porque vir me xingar por nada.

— Mas eu...

— Eu não dei as caras fora da minha casa e do bosque para não atrapalhar seus dias doces e você vem até aqui para poder reclamar eu sei lá de que! – Sua expressão era um misto de tristeza e raiva – Eu só queria comemorar essa droga de feriado e o Si... Rei Gelado não está aqui para fazer mal a ninguém.

— Eu não disse...

— E você está na minha casa, não pode vir até aqui para me censurar por nada.

— Querida – Rei Gelado tocou seus dedos tortos no ombro da vampira com delicadeza – Respire e deixe a princesa falar, sim?

Marceline bufou e indicou o sofá para que Jujuba sentasse, mas ficou de pé flutuando em sua frente.

— Eu só vim dizer um oi – Sussurrou com medo de represália.

— O que? – Piscou os olhos algumas vezes confusa.

— Eu estava buscando doces com as crianças e fiquei caminhando sem rumo – Explicou enquanto observava a casa da garota, que era pequena e muito aconchegante e cheia de fotografias dela com o Rei Gelado coladas pelos móveis. Uma pontada de ciúmes tocou seu peito – Até que encontrei sua casa. Não quis vir aqui para atrapalhar vocês dois nem nada, só queria conversar um pouco.

— Você quer conversar? – Franziu as sobrancelhas.

— É – Sorriu docemente – “Bater papo”.

Marceline pegou a mão do velho, levando-o para o quarto e falou baixinho, mas Jujuba acabou ouvindo.

— Simon, fique aqui enquanto eu converso com ela, está bem?

— Depois podemos cantar?

— Podemos cantar e fazer o maior bolo que você já viu – Rei Gelado deu uma risada maluca antes da vampira o fechar no cômodo. Voltou ao encontro da princesa, sentando ao seu lado no sofá.

Pigarreou e levantou os olhos, absorvendo as expressões de Jujuba.

— E ai.

— O Rei Gelado...? – Fez uma expressão de confusão, arrancando um sorriso dos lábios vampirescos.

— É complicado. Não sei explicar, mas eu gosto dele.

— Certo. Prometo não julgar essa união estranha – Brincou sentindo que o clima entre elas estava mais leve.

— Não, não é assim que eu gosto dele. Ele é como um pai para mim. Ou eu sou a mãe, porque ele é maluquinho.

— Você cuida dele? – Achou graça.

— Nós temos uma história juntos. Eu precisei dele antes e hoje é ele quem precisa de mim – Deu de ombros – Como eu disse: é complicado.

— Entendido – Sorriu – Escuta... Eu... Me desculpe se eu faço você se sentir assim, não era minha intenção te diminuir.

Marceline acenou positivamente com a cabeça.

— Certo.

— Eu só... Não sou muito boa com pessoas que não me adoram, entende?

— Sim, senhora egocêntrica – Riu.

— Não é assim – Se defendeu sem conter a risada que a contagiava – Estás bem, é um pouco. Mas eu prometo que serei mais paciente com você.

— E eu não prometo nada – Recebeu um olhar fuzilante – Está bem, serei menos teimosa. E vou ouvir mais o que a doce princesa tem a dizer aos seus doces súditos e a mim.

— Obrigada.

— Então era isso?

— O que?

— Pra isso que veio aqui? – Marceline levantou do sofá.

— Acho que sim. Me sinto melhor, você não?

— Um pouco – Concordou timidamente. Jujuba acompanhou a anfitriã até a saída.

— Nos vemos no reino qualquer dia destes – Sugeriu com um sorriso.

— Provavelmente. Ei, Jujuba, não tenho nenhum doce, então acho que vou ficar com as travessuras.

— O que?

— Você anunciou antes de entrar. Doces ou travessuras.

— Ah, sim – Recordou-se. Sempre ficava boba na frente de Marceline – Não sou boa com travessuras, sabe.

— Então o que faremos sobre isso?

— Pode me dar a coisa mais doce que tiver em casa – Sugeriu brincalhona – Menos açúcar, por favor.

Antes de poder falar qualquer coisa, sentiu os lábios da vampira sobre os seus, em um dúlcido beijo suave. Tocou seu pescoço com os dedos finos, aproximando ainda mais seus rostos.

Ei! Marceline, já posso sair?— A voz abafada gritou do quarto, fazendo as duas garotas rirem.

— Foi a coisa mais doce que já experimentei – Jujuba sorriu.

— Já sabe onde encontrá-lo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
Qual o personagem preferido de vocês nesse cartoon?
Até mais :D



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