Audeline escrita por Jardim Selvagem


Capítulo 13
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Música: Female Robbery - The Neighbourhood



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Perguntar era desnecessário. O sorriso largo de Angela já demonstrava que aquele era um ótimo dia. De verdade. Chegaria ao trabalho na hora certa. A blusa branca continuava intacta. Suas papilas gustativas deliciavam-se com o copo extragrande de café caramelado. E o celular não recebera nenhuma mensagem.

Até o porteiro abriu um sorriso genuíno para ela quando Angela adentrou o prédio. Apertou o botão do sétimo andar e segundos depois as portas do elevador abriram-se. A placa dourada da "Buzz Magazine" parecia mais brilhante do que o normal. As recepcionistas sorriram ao vê-la e lhe desejaram um ótimo dia. Um ótimo dia mesmo!

Caminhou sem pressa até sua mesa, guardou a bolsa e começou a andar até a sala de reunião, os sapatos fazendo um claque claque claque ininterrupto.

Aquela era uma segunda-feira; dia da infame reunião de pauta da equipe. Angela tinha, pela primeira vez em muito tempo, a consciência em paz — sua última matéria fez um tremendo sucesso; a redação nunca recebeu tantas mensagens dos leitores. Desta vez ela estava preparada para as inevitáveis cobranças da chefe; já decidira sua próxima pauta: explorar ainda mais a vida pessoal de James Witherdale. O interesse do público sobre ele aumentou exponencialmente depois do seu escândalo num restaurante em Phoenix.

Entrou com passos confiantes e coluna ereta na sala de reunião, tomando desta vez uma das cadeiras perto do centro da mesa. Joana olhou para cada redator. Menos para Angela.

— Então, pessoal, o que trazem para mim hoje?

— Eu… — Angela iniciou uma frase que foi logo interrompida pela própria Joana.

— Sim, Stanley? Diga.

— Bom, como vocês já devem estar sabendo, ninguém nunca mais viu Edward Cullen ao lado da namorada.

A menção à namorada de Cullen a fez estremecer. A lembrança de Tanya Denali naquele restaurante em Phoenix invadiu seus pensamentos. Como ela parecia bem e sorridente e apaixonada durante o jantar, e como apenas horas depois ela se transformou… naquilo, um corpo inerte no banheiro feminino, olhos mortos, pescoço machucado, vomitando sangue.

Os comentários dos colegas emergiram na sala.

— Sabia que não ia durar… Ele nunca fica com ninguém por muito tempo…

— Há quanto tempo eles não aparecem juntos? Uns dois, três meses?

— E ela deve estar arrasada, sumiu do mapa depois do término, perceberam isso? Coitadinha…

— O que vocês esperavam? Edward Cullen terminou com ela. Eu iria querer morrer…

— E os motivos, Stanley? — Joana perguntou.

Angela observou o entusiasmo de Jessica apagando-se de seu rosto.

— Ainda estou vendo isso com uma fonte…

— Concentre suas energias nisso. Precisamos dos motivos do término mais do que qualquer outra informação.

A reunião continuou com os comentários e apresentações das ideias dos outros. Angela notou, frustrada, que sua chefe a interrompia toda santa vez que ela tentava abrir a boca.

Ao final, quando todos se dirigiam para fora, Joana tocou seu ombro e disse:

Você fica.

Ela esperou os outros saírem para fechar a porta. Sentou-se ao lado de Angela e cruzou os dedos.

— O que vai fazer para a próxima edição, querida?

Angela sorriu para ela.

— Estava pensando em dar continuidade à matéria sobre a vida pessoal de James Wither…

Joana soltou uma risada amarga.

— De jeito nenhum, Weber.

Angela piscou, sem entender num primeiro momento.

— Mas a outra matéria foi tão bem recebida pelo nosso público, eu pensei que…

— Aquela matéria? Pois foi graças àquela linda matéria que estamos sendo processadas por James Witherdale.

Angela calou-se. Os olhos de Joana a culpavam.

— Vou deixar bem claro para você: se não conseguir uma pauta decente até o fim do prazo…

Joana levantou-se.

— …Nem se dê ao trabalho de pisar aqui.

Ela fechou a porta com um estrondo, deixando Angela sozinha na sala, tentando conter as lágrimas antes de voltar para sua mesa de trabalho.

A novata endoidou de vez. Era a única explicação plausível que Rosalie encontrou para justificar a burrice que Bree acabara de fazer. Ou ela achava mesmo que era uma boa ideia ir sozinha num barzinho infestado de vampiros tarde da noite? Aquela anotação que Bree deixou em cima da mesa com o endereço parecia mais um bilhete de despedida aos olhos de Rosalie. Quando a encontrasse (viva, pelo amor de Deus, viva), daria um belo de um sermão. Tá doidona? Quer morrer, garota?

Se Rosalie estava irritada com Bree, Leah ficou furiosa com as duas. Rosalie passou as semanas anteriores evitando as perguntas de Leah quanto ao assunto precisamos-de-três-litros-de-sangue-humano. Leah então finalmente desistira de importuná-la, contentando-se em saber que, mesmo sem o veneno e com o atraso nas investigações, as três ao menos estavam seguras dentro de casa.

Até a hora em que uma delas enlouqueceu e resolveu procurar Victoria Sutherland e Laurent Da Revin num ninho de vampiros.

Agora lá estavam elas, apenas com as balas de prata e estacas que Rosalie encomendara na deep web. Sem veneno. Sem segurança. E, pela cara de Leah, sem paciência.

Rosalie olhou ao redor. Nunca estivera naquela parte de Forks antes, mas achou instantaneamente que aquele era o bairro perfeito para a instalação de um ninho de vampiros. Ela e Leah andavam nas calçadas obscuras e viam ao longe todo tipo de gente: moradores de rua, vendedores ambulantes, garotas de programa e jovens bêbados risonhos.

Atravessaram a rua e passaram por um posto de gasolina abandonado e sujo, entrando numa ruela sem saída e enfim deparando-se com um sobrado escuro e de portas grandes. As varandas no andar de cima ofereciam um vislumbre do que acontecia lá dentro: sombras dançando e se fundindo em meio às batidas eletrônicas. Não era à toa que o fórum recomendava aquela boate: ela não destoava em nada das outras dezenas de casas noturnas em volta do bairro, o que significava apenas uma coisa — parecia comum o suficiente para atrair humanos ingênuos, que entrariam ali como cordeirinhos guiados para o abate.

Rosalie respirou fundo quando se aproximaram da entrada. Sentiu o olhar de Leah sobre ela. Não precisavam abrir a boca para saber que compartilhavam o mesmo pensamento: não deveriam, em hipótese alguma, chamar atenção para si mesmas. Assim que encontrassem Bree, cairiam fora dali o mais rápido possível.

Entraram na escuridão, desviando dos humanos e vampiros que dançavam à sua volta, e pararam num canto perto de um bar. Vários clientes lotavam a bancada, todos segurando latinhas de cerveja e energético. Rosalie notou que um cara de capuz bebia sem parar, tomando a atenção do bartender para si. Ela revirou os olhos. Continua desse jeito que você vai virar presa fácil, otário.

— Vou ficar aqui no primeiro andar. — Os olhos de Leah já vasculhavam as paredes da boate.

— Beleza. Eu vou pra fila do banheiro ver se encontro a novata por lá… — disse Rosalie.

Ela se despediu de Leah com um menear de cabeça e foi até ao corredor que dava para os banheiros masculinos e femininos.

Assim que entrou na fila cheia, franziu o nariz. Não só pela sujeira e bagunça — no chão havia guimbas de cigarro, copos de bebida derramada e poças de vômito —, mas porque o lugar estava infestado deles. Aquele cheiro era inconfundível e sempre atacava seu olfato. Rosalie chamava aquilo de cheiro de morte. Açúcar, ferrugem, mofo e carne apodrecida, uma lembrança indelével do verdadeiro estado daquelas criaturas. Todos mortos. Sem respiração ou batimento cardíaco. Só não definhavam por conta dos litros e litros de sangue humano que corriam debaixo da pele gélida. Toda vez que Rosalie sentia aquele odor, era como se entrasse em uma pequena câmara mortuária. Pelo jeito a tendência dos perfumes fortes ainda não chegara no submundo vampírico de Forks.

Na sua frente, havia pequenos grupos de mulheres, as humanas já bêbadas e com a maquiagem borrada, rindo estupidamente enquanto as vampiras acariciavam seus braços, do jeito como um lobo rodeia e aprecia sua presa antes de atacá-la. Na fila para os banheiros masculinos, os homens trôpegos, rindo como hienas sobre nada em particular, acompanhados de vampiros permanentemente sóbrios e famintos.

Seus olhos procuravam Bree, mas acabaram encontrando outra pessoa.

E quando Rosalie o pegou olhando de volta para ela, xingou baixinho.

Ele parecia contente em vê-la, como um cachorrinho feliz com a companhia humana depois de um longo tempo separados. Os olhos dourados encaravam-na como se ele abanasse o rabinho. Rosalie empurrou as pessoas que estavam à sua frente e andou decidida até ele.

Ficou na ponta dos pés para alcançar seu ouvido. A pele dele exalava o perfume amadeirado que agradava Rosalie mais do que deveria.

— Que merda você tá fazendo aqui, Emmett? Tá me seguindo por acaso, é?

Ele riu.

Eu? Por que eu seguiria uma mulher treinada especificamente para me matar?

— E eu lá sei? Vai que você tem uma tara por masoquismo…

— Acho que se tem alguém seguindo alguém aqui é você.

— Você e sua espécie estão cansados de saber que a gente só vai atrás de quem se comporta mal e não cumpre o trato, então deixa de história que não estou aqui por um panaca como você.

— Ahhh, eu posso me comportar mal se você quiser…

Rosalie puxou Emmett pela barra da camisa e empurrou os que estavam à frente deles. Diante dos protestos, ela xingou e ameaçou todos. Entrou no banheiro feminino e bateu na portinha da última cabine com força, ainda segurando a roupa de Emmett, que não pareceu se importar nem um pouco em ser carregado para o que quer que ela fosse fazer em seguida.

Quando uma menina abriu a porta, pronta para xingá-la, Rosalie olhou para ela com raiva e mandou-a sair dali. Mostrando o dedo do meio para os dois, a garota saiu tropeçando no salto alto. No instante seguinte, Rosalie jogou Emmett para dentro. Lá fora, os grupos de pessoas uivaram incentivos quando ela entrou e trancou a porta.

Emmett ainda a fitava com aquele sorriso patético no rosto. Rosalie empurrou-o contra a parede; suas pernas tremeram quando o sorriso dele se alargou.

— Por que você quis me ajudar naquela noite? Hein? Por que não acabou com a minha raça como um vampiro normal assim que percebeu o que eu era? O que tem de errado com você, hein, Emmett? Bebeu sangue estragado?

— Hmm, não sei, talvez porque eu simplesmente não goste de ver sangue humano derramado no chão?

— Qual a sua preferência então? Sugar de canudinho?

— Ainda não conquistei o direito de saber seu nome?

— Não vem querer mudar de assunto não, seu…

Emmett continuava olhando para ela com paciência, esperando a resposta. Passou pela cabeça de Rosalie tudo que ele fizera por ela — quer dizer, pelas meninas — naquela noite.

— É Rosalie.

— Rosalie — ele pronunciou as sílabas lentamente.

— Não fica muito esperançoso. — Sorriu para ele. — Não vou virar banco de sangue pessoal de vampiro filho da puta nenhum. Nunca.

— Eu nunca morderia você, Rose — Emmett disse em tom ofendido. — Só se você quisesse, é claro.

Ele deu uma piscadinha. Ela tentou conter o sorriso.

— Vai à merda.

— Mas agora falando sério, o que você está fazendo aqui, se sujeitando a isso de novo? Está procurando alguém?

— Quer saber por quê? Vai me ajudar por acaso?

— Se isso evitar problemas aqui, vou sim.

Rosalie suspirou, frustrada e aliviada ao mesmo tempo.

— O que você está fazendo aqui? — ele repetiu, apoiando as mãos geladas e macias nos ombros dela, os dedos fechando-se em sua pele suavemente como se ele quisesse tranquilizá-la. Os olhos dele eram dourados límpidos, puros, um contraste explícito com a sujeira daquele lugar. Era errado e estúpido, mas naquele segundo Rosalie intuiu que poderia confiar em Emmett. Seus olhos não tinham nada a não ser verdade e preocupação.

É melhor eu não me arrepender disso.

— Lauren Mallory e April Jenks. Reconhece algum desses nomes?

Os olhos dele se arregalaram por uma fração de segundo. Rosalie reparou no seu pomo de Adão descendo e subindo.

Emmett…

— Sei que estão mortas, pelo que saiu nos jornais. — O tom dele era cuidadosamente casual.

— Você não me engana, Emmett.

— Do que você está falan…

— Ah, mas você não me engana de jeito nenhum. Você sabe alguma coisa sobre elas e vai me contar. Agora.

Ele deu uma risadinha trêmula e tentou desvencilhar-se dela.

— Olha, por mais que ficar trancado num cubículo com você seja uma experiência muito agradável mesmo, acho melhor eu ir…

Rosalie tirou a estaca do bolso e encostou a ponta entre suas costelas.

Abre essa boca, Emmett.

— Nós dois sabemos que isso não pode me m…

— Mas pode causar um estrago grande o suficiente pra te fazer se lembrar de mim amanhã.

Ele sorriu.

— Eu me lembraria de você de qualquer jeito.

As palavras de Rosalie embolaram-se na garganta. A mão que segurava a estaca afrouxou-se por um segundo. Antes que ele dissesse mais alguma coisa que a fizesse corar, Rosalie conseguiu se recompor.

— Não vem com essas gracinhas pra cima de mim. Já mandei você abrir essa boca, cacete. O que você sabe sobre Lauren e April?

Ela pressionou a extremidade de madeira contra seus ossos. Emmett levou as mãos para o alto.

— Tudo bem, eu conhecia as duas, certo? Mas isso já faz tempo… Anos, até. Eu…

— Não acredito que você tá envolvido nessa merda toda, Emmett…

— Não, não! — Ele voltou a apoiar as mãos macias em seu ombro, desta vez apertando a pele sem hesitar. Ela olhou para ele e novamente viu sinceridade brilhando nas pupilas. — Eu juro que não tenho nada a ver com a morte delas, juro pela minha vida que…

Rosalie espalmou a mão em seu peito.

Vida? Não tem nenhum coração batendo aqui, Emmett.

Ela ia tirar a mão sobre a camisa dele, mas ele a segurou de volta. Rosalie engoliu em seco, tentando sufocar o rubor que surgia em suas bochechas. Emmett abaixou a cabeça levemente, aproximando o rosto do dela, e uma onda de ansiedade colegial inundou Rosalie. Os dedos dele afagavam o dorso de sua mão. Ele continuava fitando-a em silêncio, esperando uma autorização muda que ela concedeu assim que fechou os olhos.

Em vez de beijá-la, Emmett tirou de sua outra mão a estaca, atirando-a no chão, o objeto deslizando para a cabine ao lado. Desvencilhou-se de Rosalie com habilidade, girando-a, deixando-a contra a parede e então destrancando a porta e saindo do banheiro.

— Filho da puta!

Ela tentou correr atrás dele, mas Emmett já tinha desaparecido na multidão.

Todas aquelas matérias exageradas sobre seu descontrole no restaurante em Phoenix. Todo o julgamento e ódio do público. Todos os contratos e convites perdidos… Eles não significavam nada perto da sensação de, finalmente, querida, finalmente, vê-la, segui-la, tê-la em suas mãos, embora no instante seguinte ela tenha escapado naquele Volvo ridículo. Encontrar Giulia em Phoenix era o estímulo de que James precisava para saber que estava no caminho certo. Era inevitável: ele a encontraria mais cedo ou mais tarde.

As investigações de Black também pareciam avançar. De acordo com as teorias do velho, Giulia possuía algum tipo de conexão com a tal Angela Weber, a responsável pela infame matéria sobre seus relacionamentos naquela porcaria de revista. Black não disse, mas James não precisava de confirmação para entender a mensagem implícita: deveria viajar para Forks e achar a jornalista.

Quando chegou à cidade, hospedou-se num discreto hotel no centro de Forks, tentando seguir as recomendações do agente. Ao anoitecer, perguntou ao concierge quais as casas noturnas mais obscuras da região. Desta vez evitaria os clubes, restaurantes e bares exclusivos e caros; a última coisa de que precisava agora era ser filmado e fotografado em algum inferninho em Forks. James desejava misturar-se às outras pessoas, desaparecer como uma sombra no meio da escuridão.

Decidiu por uma boate pequena numa ruazinha sem saída. Pegou um táxi e parou em frente a um casarão do século XIX, as varandas do segundo andar oferecendo uma amostra de clientes bêbados e música ensurdecedora.

James vestiu um capuz antes de entrar na boate — não poderia arriscar ser reconhecido, ainda mais num lugarzinho como aquele. Aproximou-se do bar e pediu um shot de tequila. Observou a multidão à sua volta, corpos balançando-se hipnotizados com a batida da música, casais recém-formados agarrando-se nas paredes, pessoas derrubando suas bebidas no chão.

Pediu mais um shot. Engoliu rápido, o líquido queimando em sua garganta, álcool misturando-se ao sangue em suas veias. Pediu mais um. Bebeu num único gole. Mais um.

Mais um. Mais um. Mais um, mais um, mais um e…

Uma mulher linda de cabelos ruivos sentou-se ao seu lado.

— Vou querer a mesma coisa que o cavalheiro aqui está bebendo, por favor.

James a encarou e ela sorriu, os dentes brancos e grandes.

— Acho que vai ser muito forte para você — ele disse, as palavras começando a esbarrar umas nas outras.

— Ah, não se preocupe, eu tenho uma tolerância sobrenatural com álcool. — Ela virou o corpo em sua direção. — Primeira vez aqui?

James riu.

— É tão óbvio assim?

Ela chegou mais perto e ele sentiu o perfume adocicado de sua pele.

— Ninguém daqui usaria um capuz de grife num lugar como este.

James tirou o capuz sem pestanejar.

— Melhor agora?

— Quase. Ainda falta bastante para se passar por um local… Deixe-me adivinhar… — Os olhos da mulher escanearam James. — Phoenix?

— Portland. — Ele sorriu. — Mas vou muito a Phoenix por causa do trabalho.

— Deve ser algo importante, já que você tentava se esconder com essa roupa.

O raciocínio de James começava a alentecer, mas ele ainda conseguiu notar que a mulher não o reconheceu.

— Digamos que estou tentando desaparecer do mundo por um tempo.

— Acho que posso ajudar você com isso. — A mulher estendeu a mão delicada e pálida. — Sou Victoria. E você?

— Pode me chamar de Paul.

Ela puxou seu pulso e o guiou até as escadas que davam para o segundo andar. Enquanto se deixava ser levado como um garotinho por Victoria, James percebeu a mudança súbita de atmosfera. Lá em cima, a única fonte de luz vinha dos raios coloridos que atingiam os rostos dos que dançavam. Os clientes pareciam mais soltos, colados uns nos outros sem cerimônias ou pudores. Nos cantos, sombras humanas pareciam engajadas em atos ou ilegais ou promíscuos.

Para a surpresa de James, Victoria virou de repente para um corredor estreito, com uma série de pequenas portas de madeira nos dois lados. A maioria tinha uma placa com um enorme X vermelho pendendo na maçaneta.

James riu. Victoria poderia ter dado a iniciativa, mas ele mostraria a ela quem dominava de verdade naquela noite.

Ela abriu a última porta do corredor e olhou para ele com um sorriso vulpino nos lábios vermelhos enquanto pendurava a plaquinha com o X na maçaneta.

— Entre.

James entrou, ainda rindo para si mesmo, e se deparou com uma sala minúscula, decorada com um sofá de veludo velho e uma mesinha baixa de madeira, duas garrafas de bebida barata repousando em cima. Ouviu o barulho da porta se trancando.

Victoria pulou no sofá e se esparramou como uma gata, as pernas cruzando-se sedutoramente para ele, o vestido subindo até sua coxa. Ela soltou uma risadinha angelical.

— Vem cá, eu não mordo.

— Então é assim que vai me ajudar a desaparecer? Nos trancando nesse lugar?

Ela sorriu para ele, rodou a chave pequena e enferrujada no seu dedo indicador e então a atirou longe no chão.

— O que acha? Prometo que ninguém vai nos encontrar aqui em cima.

James aproximou-se de Victoria e começou a deslizar a mão por sua coxa.

— Eu não teria tanta certeza… Os seus gritos podem colocar tudo a perder. — Ele deu uma mordida leve no lóbulo da orelha dela.

— Alguém aqui está muito confiante esta noite…

— É apenas uma constatação.

Victoria quis rir mais uma vez, mas ele sufocou a risada com um beijo faminto, aproximando seu corpo até que ele pairasse a centímetros do dela. Ela puxou a ponta do moletom dele, que prontamente o tirou e jogou no chão. Victoria parou, fitando o corpo de James, os olhos agora grandes e atentos, detendo-se por mais alguns segundos no seu pescoço. Ela umedeceu os lábios com a língua antes de fechar os olhos e puxá-lo novamente para um beijo. As mãos dele passearam por seus quadris, James pressionando seu corpo com mais força sobre o dela, fazendo-a arfar quando seus dedos passaram por debaixo de seu vestido.

As mãos de Victoria prenderam-se nos cabelos loiros enquanto ele fazia uma trilha de beijos no pescoço dela.

— Acho que quem vai passar a noite gritando é você…

Ele, que agora afastava as alças do vestido dela para beijar-lhe o espaço entre os seios, parou por um segundo e olhou para Victoria.

Mas quando notou os olhos dela — completamente negros, as pupilas dilatadas e brilhantes refletindo seu rosto —, já era tarde.

Victoria prendeu James num abraço esmagador, enterrando fundo as unhas em seus ombros, tirando filetes de pele e sangue, e os dentes grandes e brancos perfuraram seu pescoço.

Ela tinha mesmo razão quantos aos gritos. Ele urrou de dor antes de perder a consciência.

 


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Notas finais do capítulo

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