Corremos o mais rápido que podemos, tudo ao nosso redor é um completo borrão. Eu posso ouvi-los atrás de nós, se aproximando a cada segundo.

Eu seguro a mão de Aurora e continuamos correndo.

— A gente devia ter se alimentado naqueles humanos idiotas. – Ela diz, tão baixo que só eu posso ouvir.

— Também me arrependo – é a única coisa que consigo responder.

Eu sei que eles vão nos pegar, eles bebem apenas sangue humano e isso é uma vantagem para eles. Eles são mais fortes, rápidos e poderosos. De qualquer maneira, desistir sem lutar não é uma opção. Nossos pés mal tocam a grama do campo que estamos correndo em algum lugar no interior da Italia.

— Vão atravessar o oceano correndo também? – Felix pergunta com um tom metido, sua voz mais perto do que eu esperava. Aurora aperta minha mão.

Filho da puta, bombadinho ridículo e atitude de merda. E foda-se os Volturi.

— Não quer molhar o seu cabelo emo ridículo? Ou sua capa preta cafona? – Pergunto da forma mais debochada possível, ele rosna.

— Isso é só desperdício de tempo, nós sabemos como termina. – Demetri diz, eu seguro uma risada.

— Então para com essa merda e vá embora. É o seu corpo que vai acabar queimando de qualquer maneira... – Eu respondo e sinto minha irmã apertando minha mão, dessa vez como um aviso. Eu sei que eu não deveria estar irritando eles ainda mais, mas não posso controlar. Ela é a racional, eu sou a irmã mais nova de pavio curto.

— Você fala muito para quem vai estar morta daqui a pouco – Felix diz, sua voz bem grossa. Se eu fosse humana, eu provavelmente engasgaria de medo ou tropeçaria nos meus próprios pés, mas como vampira, eu foco em correr ainda mais rápido.

Na nossa frente tem uma casa grande perto de um jardim de uvas e uma fabrica de vinho,  é ali que temos que fugir e abrir um espaço decente entre nós. Enquanto chegamos perto da plantação eu observo cada detalhe procurando qualquer vantagem para distrai-los ou nos afastar deles. Nós podemos escalar o telhado do que parece um estabulo, contornar a casa ou correr entre os vinhedos e abrir uma distancia, mas sinceramente, acho que eles vão destruir tudo no caminho deles.

— Acho que é melhor no telhado, nós podemos derruba-los e conseguir uns segundos a mais. – Aurora sussurra, eu concordo com a cabeça.

Quando chegamos perto, nós pulamos a cerca e pousamos entre os vinhedos, então pulamos novamente no estabulo. Eu pouso no lado e escalo para o telhado. Ouço Felix e Demetri destruindo o caminho deles até o estabulo.

Aurora está no topo observando nossos arredores, eu pouso ao seu lado.

— Tem  uma floresta pra lá – ela diz – nós podemos ir nas arvores...

Ouço Demetri chegar no telhado, então nós duas corremos para a floresta. Mas eu, estupidamente e humanamente, piso em uma madeira rachada do telhado e meu pé afunda na superfície.

— Arianna! – ouço minha irmã chamando de longe, de onde ela pulou.

— Merda. – eu xingo e me jogo para cima e fora do telhado, quebrando a madeira ao redor do meu pé. Já estou no ar quando sinto a mão de Demetri agarrando meu cabelo e me puxando para ele.

Felix está ao seu lado e me empurra pelo pescoço, quebrando o telhado e nós dois caímos dentro do estabulo, minhas costas batendo no chão e feno voando.

— Finalmente – ele ri. Eu empurro meu pé contra o chão e levanto meus ombros tentando derrubar ele, mas ele me empurra ainda mais contra o chão, evitando contato visual.

Ele olha para o meu cabelo, boca ou chão mas se certifica de não me olhar nos olhos porque ele sabe que se ele olhar, eu posso hipnotiza-lo. Preciso irrita-lo o suficiente para ele olhar diretamente para mim para que eu possa hipnotiza-lo.

— Irmã... – Aurora diz assim que entra no estabulo. Demetri pula em sua frente e ele rapidamente segura ele e começam a lutar.

Felix aperta mais o meu pescoço tentando quebrar, eu luto embaixo dele tentando escapar, ele cai pro lado e eu pulo em cima dele e puxo sua cabeça para trás e mordo seu pescoço tentando causar uma rachadura para poder quebrar. Ele resmunga alto e me puxa, me jogando longe. To fudida, ele é muito mais forte que eu.

— Você gostava quando eu beijava seu pescoço, anos atrás. – Falo enquanto me ergo em pé – Não sente falta?

Ele olha na minha direção mas não faz contato visual mas posso ver que ele está furioso. Ele corre na minha direção e eu faço o mesmo e nós nos trombados, cheios de mãos e dentes. Eu acabo rasgando sua capa, ele rosna.

— Vai Felix, não me ignora. Você amava quando eu era violenta com você, quando você rasgava minha roupa e eu rasgava a sua. Você esqueceu dessa época? – Eu sussurro para ele e pulo em sua perna e me jogo sob sua cabeça, segurando seu pescoço por trás e puxando forte, ele segura meus pulsos.

— Meu maior prazer vai ser te queimar – responde. Ele é um homem de poucas palavras.

— Hm, amo quando você fala sujo comigo...

Ele vira seu corpo e segura minha cintura bem forte, e então ele olha diretamente nos meus olhos mas antes que eu possa hipnotiza-lo, eu ouço Aurora gritando.

Quando olho para ela, Demetri arranca seu braço esquerdo e joga em cima do seu braço direito já no chão.

— Não! – eu berro e corro na sua direção, mas antes que eu possa alcança-la, Demetri joga um isqueiro na sua direção e eu assisto minha irmã explodir em chamas.