Masquerade escrita por brooke


Capítulo 1
Uma memória jamais manchada


Notas iniciais do capítulo

primeiramente, eu queria deixar aqui meus parabéns há todos vocês que se dedicam em escrever ones porque, caramba, deve ser o “desafio” literário mais difícil que eu já tive que enfrentar, sério.

em segundo lugar, queria agradecer a maravilhosa Miss A por ter me chamado para fazer parte desse projeto tão incrível e repleto de autoras maravilhosas, não tem palavras pra expressar a minha admiração por trazer tanto amor nesse mês repleto de caos e gratidão por poder contribuir, pelo menos um pouco, disso tudo ♡

sobre a one, como eu disse, ela foi um desafio enorme pra mim, por isso peço desculpas por qualquer coisa desde já. quem sabe mais para frente eu não tente me arriscar de novo nisso e reescrever essa one ou me aventurar mais em shorts e ones ?” tenho plots para isso, só falta a coragem mesmo.

novamente, obrigada por me inserirem nesse projeto tão lindo ♡♡

ps: sim, nós temos dois títulos e o daqui debaixo é uma frase retirada da música Enchanted.
boa leitura! ♡



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“Tudo que eu posso dizer é que foi encantador te conhecer” — Capítulo Único

— Você tem certeza desse plano idiota? — Albus perguntou, o que parecia ser a milésima vez antes de entrarmos no local.

Ele me encarava como se eu fosse a pessoa mais idiota de todas, e talvez eu realmente fosse.

O Salão Principal estava diferente naquela noite, a única coisa que havia sido mantida era o teto enfeitiçado. No lugar das longas mesas de refeições, pequenas mesinhas eram distribuídas estrategicamente nos cantos, de modo que não atrapalhasse a enorme pista de dança, bem no meio do local, embaixo do lustre. Uma banda bruxa adolescente tocava, revezando também entre as músicas trouxas. A mesa dos professores estava farta de petiscos doces e salgados, além de um espaço para bebidas — nada alcoólico, McGonagall decretou.

Os alunos já se espalhavam pelo salão, uns dançando, outros comendo e bebendo e alguns, talvez os mais tímidos, conversavam nas mesas, tomando coragem para se juntarem aos outros na pista.

E então, ali estava eu, parado na porta do Salão com meu melhor amigo me encarando com todo julgamento que um olhar era possível transmitir.

— Se eu não fizer isso hoje, não farei nunca. — resmunguei, respirando fundo.

Albus bufou, parecendo finalmente convencido de que eu não mudaria de ideia.

— Certo, o que você vai fazer mesmo?

— Vou ter a melhor noite da minha vida com a garota que eu gosto! — sorri, repassando na minha cabeça toda a noite perfeita que já havia programado. — Vamos estar com as máscaras, então não ficarei totalmente nervoso de falar com ela, se algo der errado, o que não vai, ela nunca saberá que era eu.

— Ok, mas e se realmente der certo? O que você vai fazer no dia seguinte? — Albus perguntou. Pela primeira vez, percebi que não havia pensado nisso.

Eu tinha tudo planejado. Me aproximaria, puxaria papo e depois a chamaria para dançar. Ela aceitaria e nós dançaríamos o resto da noite — naquele momento eu perceberia que as aulas de etiqueta e danças que minha mãe havia me obrigado a frequentar eram úteis. Quando ela estivesse cansada, eu a acompanharia até seu Salão Comunal e então ela me beijaria, por livre espontânea vontade porque estaria sentindo tudo o que eu sinto. Só precisava de um momento, um momento para mostrar que eu gostava dela todo esse tempo, e eu sabia que meus sentimentos eram tão fortes que chegariam até ela.

Eu acreditava veemente nisso.

Mas não tinha planejado o que aconteceria depois e aquilo fez eu recuar um pouco. Tentando não transparecer, dei de ombros:

— Nós veremos amanhã.

Albus balançou a cabeça em discordância, mas não disse mais nada, colocando sua máscara veneziana e entrando no salão. Repeti o gesto, o seguindo.

Todos estavam particularmente elegantes ali, com os rostos cobertos pelos mais variados tipos de máscaras. As garotas vestiam seus melhores vestidos, longos ou compridos, das mais diversas cores, as que não se sentiam confortáveis com a roupa — ou simplesmente não se identificavam ou não queriam usar — usavam terninhos, semelhantes dos que boa parte dos rapazes também usava.

Quando minha mãe leu minha carta de Hogwarts do quinto ano dizendo que finalmente eu tinha idade para participar dos bailes anuais da escola, Astoria Malfoy pareceu mais radiante do que nunca. Ela gostava de tudo em extravagância e elegância, e isso incluía também as vestes. Por isso, não foi surpresa nenhuma quando ela apareceu, enquanto arrumávamos juntos o malão, com um smoking caro e totalmente escuro, combinando com a máscara veneziana da mesma cor.

Nos aproximamos das bebidas, enquanto eu ainda passeava os olhos pelo salão, buscando qualquer vestígio que Dominique Weasley estava ali.

— Ela deve estar com nossas primas hoje. — Albus resmungou alto por conta da música, meio a contra-gosto por estar contribuindo com meu plano que ele julgava como estúpido. Eu começava a achar isso também.

— Como sabe? — questionei, dando um gole no que parecia ser hidromel, e não contendo a careta quando senti minha garganta queimando, enquanto a bebida descia. Provavelmente algum aluno espertinho já havia batizado alguns copos.

— Estou supondo. — deu de ombros, também experimentando a bebida, mas ao contrário de mim, ele não fez nenhuma careta; Albus era forte para essas coisas. — Elas viviam comentando n'a Toca o quanto esperavam ansiosas para terem logo idade para esses bailes e como aproveitariam eles juntas.

— Todas elas? — arqueei a sobrancelha. — Rose Weasley também?

— Não cite essa maldita sonserina perto de mim, Scorpius! — ele exclamou irritado, desviando o olhar para pista. Eu não sabia se para procurar alguém ou somente para esconder a expressão incomodada que deve ter tomado conta do seu rosto.

Rose Weasley era, provavelmente, o único assunto proibido entre eu e Albus. Não lembrava se um dia havia trocado alguma palavra com ela, já que o Potter não fazia questão de nos apresentar, sempre falando algo sobre como para ele era importante não misturar nossas relações. Aquilo nunca fez muito sentido para mim, mas mesmo assim eu respeitava, então sempre que a garota estava com ele em um lugar, eu não estava e assim vice-versa.

Na metade do primeiro ano, talvez na tarde mais fria do ano, Albus chegou irritado de um jeito que eu nunca tinha visto — mesmo que nossa amizade não tivesse nada além de meses, a sensação e cumplicidade eram de anos. Ele entrou nervoso, pegando um par de roupas no malão e entrando direto para o banheiro. Ficou um bom tempo lá dentro e quando finalmente saiu, nenhum de nós dissemos nada. Sabia que não precisava forçar; quando ele se sentisse confortável, iria falar e se abrir. Mas quando finalmente resolveu dizer algo, tudo o que murmurou foi um “nunca mais mencione Rose Weasley na minha presença”, nem uma palavra a mais nem uma a menos.

Albus não se abriu naquele dia e não voltou a citar a prima, nem nos outros dias que vieram, nem nunca mais.

E eu respeitei isso.

— Desculpe. — suspirei. — É que não entendo essa briga idiota de vocês.

— É claro que não. — resmungou, ainda olhando a pista. — Acho que estou vendo Dominique.

— Onde? — perguntei, esquecendo todo assunto de antes, uma súbita animação crescendo dentro de mim.

— Ela está lá no fundo, sentada em uma mesa afastada. — apontou discretamente com o queixo. — Pelo menos os cabelos parecem dela.

Me estiquei um pouco, olhando onde ele disse. Foi então que eu a enxerguei. Ela se recostava na cadeira, observando a pista de dança. Seus cabelos acobreados estavam soltos e mesmo na luz baixa, era possível identificá-los. O vestido escuro — provavelmente azul, ela gostava de combinar com as cores da sua casa — contrastava sua pele clara e combinava com sua máscara, no mesmo tom.

— Ela está linda... — soltei, antes que pudesse me conter. Albus revirou os olhos.

— Você é um idiota apaixonado, Scorpius. — não retruquei, de fato eu era. — Vá falar com ela, está esperando o que?

— Falar com ela?

De repente todo plano que eu havia repassado por anos na minha cabeça pareceu totalmente sem sentido. Na verdade, eu sequer me lembrava dele.

— Você só pode estar brincando comigo! — O Potter exclamou em uma falsa irritação, suspirando em seguida. — Eu não passei anos escutando seus lamentos e discursos apaixonados para você não ir atrás do que quer quando tem oportunidade, Scorpius!

— Eu sei, mas...

— Tome isto. — ele cheirou um dos copos, empurrando pra mim, me fazendo pegar quase que automaticamente. — Beba isso e vá lá!

Respirando fundo e tentando conter todo meu nervosismo, virei a bebida de uma vez, novamente não contendo a careta. Ela era muito mais forte que a outra e eu suspeitava que aquele era o gosto do whiskey de fogo.

Tomado por uma coragem que provavelmente o álcool me proporcionou, caminhei até a mesa que Dominique estava. Ela não se virou ou fez menção de ter notado — ou talvez não tenha se importado suficiente para isso — minha presença quando me aproximei, por isso pigarreei:

— Com licença. — pedi. Ela continuou com os olhos na pista, então continuei. — Está guardando lugar para alguém?

Parecendo meio irritada por a estar interrompendo enquanto observava a pista de dança, ela se virou pronta para dizer algo, mas parou quando seus olhos finalmente caíram sobre mim, me analisando.

Mesmo com a pouca luz, de perto seus cabelos pareciam mais ruivos do que antes e seus olhos eram de uma cor que não consegui identificar dali.

— O que você quer? — perguntou, sentando-se ereta.

Sua voz também era diferente do que eu tinha imaginado. Sempre pensei que Dominique possuía a voz mais doce e meiga que ouviria em toda minha vida, mas de alguma forma, aquela voz, a verdadeira, era muito melhor.

Estava tão concentrado em sua voz, que não havia raciocinado sua pergunta. Uma onda de desapontamento me tomou quando finalmente a entendi.

— E-Eu... — me xinguei mentalmente por estar gaguejando, mas tentei não demonstrar. — Está guardando ou não? — e claramente falhei, descontando nela a irritação que sentia comigo mesmo.

Não conseguia observar sua expressão por baixo da máscara, mas tive a sensação que ela arqueou a sobrancelha. Após alguns segundos, por alguma razão inimaginável, ela sorriu. Um sorriso que não consegui identificar de fato o que significava.

Dominique Weasley sempre me pareceu uma pessoa leve, alegre e simpática, diferente de toda aura misteriosa que estava transmitindo ali. Curiosamente, eu preferia essa Dominique.

— Pode se sentar.

Me sentei nervoso, juntando as mãos no meio das pernas. Ela me observou por mais alguns segundos, antes de voltar seu olhar para pista. Eu não sabia o que falar, não havia planejado o que dizer, mas sabia que precisava dizer algo.

— Então... alguma razão especial para garota mais bonita desse baile estar sentada sozinha aqui? — perguntei, me xingando novamente por ter escolhido, provavelmente, a coisa mais idiota de todas.

Ela me encarou, e mais uma vez tive a impressão de ela ter arqueado a sobrancelha. Soltou uma risada nasalada, meio debochada e voltou a olhar para pista.

Eu já estava considerando levantar dali e voltar para o dormitório da grifinória, quando ela voltou a falar.

— Terminei meu namoro. — contou. Eu nem ao menos sabia que ela tinha um namorado, mas uma parte egoísta de mim se sentiu extremamente feliz com o término. — E, por favor, você deveria melhorar suas cantadas.

— Foi tão ruim assim? — mordi o lábio inferior, nervoso. Ela me encarou.

— Nem tanto, mas é o tipo de cantada que caras inexperientes usam. — eu me sentia a pessoa mais idiota de todas, e sabia que se Albus estivesse ali, ele estaria gargalhando como uma hiena. — É sua primeira vez?

— Como?

— Sua primeira vez dando uma cantada. — explicou.

— Ahn... sim. — respirei fundo. — Eu planejava sentar aqui, conversar com você e depois te chamar para dançar. — resolvi omitir a parte em que a noite acabaria com ela me beijando.

Ela se calou, analisando minha fala.

— O que faríamos depois? — se recostou na cadeira, seus olhos pareciam me analisar.

— E-eu... V-Você me beijaria enquanto nos despediríamos na frente do seu dormitório, depois de eu a acompanhar até lá. — soltei, me sentindo mais patético do que nunca.

— Você realmente pensou em tudo. — ela não parecia me julgar, apenas parecia curiosa. — Por que eu beijaria você?

Senti minhas bochechas esquentarem. Por que Dominique Weasley beijaria Scorpius Malfoy, o garoto mais inseguro e patético da Grifinória? Eu não conseguia pensar em um motivo, assim como não conseguia achar motivos para o brasão com o leão estampar meu uniforme; simplesmente não fazia sentido.

— E-eu gosto de você então eu pensei que... — respirei fundo. Eu não conseguia ver sua expressão e ali percebi que estava cometendo um erro. — Esquece, me desculpe por tudo isso, eu vou indo já.

Levantei, pronto para seguir meu caminho para fora daquele salão, direto para o dormitório.

— Espera! — escutei sua voz exclamando, e me virei confuso. — Acho que tenho uma solução para isso.

Eu não falei nada, voltando a me sentar na cadeira. Ela me encarou de novo por longos segundos, antes de voltar falar:

— Vamos por seu plano em prática. — foi impossível conter minha expressão de surpresa. — Mas não vou beijar você. — assenti, a simples ideia de estar ali e dançar com ela já fazia aquela noite valer a pena. — Não vamos falar sobre nossas vidas reais e vamos usar nomes falsos.

— Nomes falsos? — perguntei, sem entender.

— Sim. — concordou, mas não explicou o porquê de tudo aquilo. — Me chame de Jean.

Me perguntei internamente se ela tinha alguma relação com aquele nome.

— Certo. — acenei. — Eu sou o Hyperion então.

Ela soltou uma risada nasalada, como se soubesse o porquê daquela escolha. Não que tivesse alguma razão muito grande para eu usar o meu segundo nome — só que eu era uma pessoa totalmente sem criatividade —, mas eram poucos os que tinham conhecimento dele.

— Certo, lembre-se sempre desse momento então, Hyperion. — sorriu divertida. — Essa noite nós vamos criar uma memória que jamais será manchada.

— E como começamos com isso? — perguntei. A garota pareceu pensar um pouco, e então sorriu.

Ela se levantou, estendendo a mão direita na minha direção. Eu a encarei confuso.

— Você está me chamando para dançar? — perguntei ainda sem entender.

— Confie em mim. — murmurou, após revirar os olhos. — A primeira regra para criar uma memória que não pode ser manchada, é fazer as coisas sem pensar muito.

Ainda meio desconfiado, segurei sua mão e ela prontamente entrelaçou nossos dedos. Eu apenas me deixei ser guiado por ela.

Assim que chegamos ao sétimo andar e paramos em frente ao retrato da Mulher Gorda, ela soltou minha mão e eu instantaneamente senti falta dos nossos dedos entrelaçados, então se virou para mim, ainda sorrindo:

— Considere essa sua primeira missão da noite, Hyperion; traga a capa de invisibilidade do Potter.

Arqueei a sobrancelha, ponderando.

— Primeira missão? — perguntei confuso. — Vão haver outras?

— Não sei... — seu rosto se formou em uma careta contrariada. — Apenas achei que essa frase seria mais impactante. — deu de ombros.

Foi inevitável conter o sorriso, e ela retribuiu. Aproveitei aqueles pequenos segundos para admirá-la. Pela luz do corredor, eu conseguia ver muito mais detalhes do que antes. Seu vestido, diferente do que havia pensado, era de um verde escuro tão forte que era possível ser facilmente confundido com o preto, assim como sua máscara veneziana. Seus cabelos, presos em uma mecha para trás, eram de um vermelho tão vivo que contrastava perfeitamente com sua roupa.

Com toda certeza, aquele era o contraste mais lindo que eu já havia visto.

Jean me olhava em desafio, mas ainda sorrindo. De perto, eu podia ver que seus olhos eram de uma cor totalmente diferente que eu já havia visto em qualquer lugar; era o tom exato em que o verde se tornava azul. E era lindo, como tudo nela.

Percebi que a encarava por tempo demais, e tentei disfarçar o sorriso que se alargou no meu rosto quando pude notar suas bochechas se tornando avermelhadas.

— Certo. — balancei a cabeça, me recompondo. — Você poderia tampar os ouvidos?

— Por quê? — sua expressão se tornou confusa.

— É que... — cocei a nuca, tímido. — Bem, você pediu para eu buscar o que sugere que você não é dessa casa e o que consequentemente significa que não pode saber a senha.

Seus olhos se reviraram por baixo da máscara. É claro que eu sabia que ela não pertencia ali, mas Jean realmente não precisava saber que eu sabia quem ela era, afinal, não falar sobre nossas vidas reais era parte da noite. Além do mais, eu não queria quebrar uma das regras da casa e todos sabemos que, embora seja uma característica o desprezo por elas, ser alguém leal também era uma desses atributos. E eu era leal à minha casa.

— Não tenho a intenção de fazer um massacre grifinório, Hyperion. — retrucou, seu tom de voz ao falar dos membros da Grifinória deixando claro seu desdém.

— Eu sei, mas é que... — parei um pouco, só então percebendo uma coisa. — Como sabe que sou dessa casa?

— Argh! Só vá logo com isso! — tampou os ouvidos, nervosa.

Murmurei a senha, vendo o buraco circular que conduz para o Salão Comunal se abrir. Assim que passei pelo retrato, a passagem se fechou, deixando a garota para fora.

Entrei no meu dormitório, vendo as diversas roupas que Albus havia espalhado pelo chão antes de sairmos. Chutei algumas peças do caminho, enquanto me dirigia até o malão do meu amigo. O Potter guardava sua capa no fundo de seu malão, e eu a achei sem dificuldades, afastando da minha cabeça qualquer sentimento de culpa ou remorso por estar roubando — mesmo que por tempo limitado — seu itém mais valioso.

Eu não fazia ideia para o que Jean pretendia usar aquela capa, mas ali prometi para mim mesmo que independente do que acontecesse, não me arrependeria. Havia sonhado com aquela noite por tempo demais e eu não sabia se era isso ou a presença viva e a confiança que a garota exalava, mas eu confiava nela.

Confiava o suficiente para saber que ela manteria a promessa — embora não tenha dito com todas as letras, eu considerava uma — que fez no começo da noite, e se ela daria seu melhor para realizá-la, então eu também daria.

Talvez eu estivesse começando a entender o efeito que Jean causava — e estava gostando mais do que havia imaginado.

Com esses pensamentos, voltei para fora do Salão, encontrando-a de braços cruzados e parecendo impaciente.

— Vamos, acho que Filch irá aparecer em alguns minutos. Merlin, eu odeio aquela gata dele! — resmungou, puxando a capa das minhas mãos e jogando sobre nós, voltando a entrelaçar nossos dedos para andarmos mais rápido. Me perguntei internamente se ela também sentiu a corrente elétrica que passou pelo meu corpo ao sentir seu toque.

Chegamos ao terceiro andar em passadas rápida, mas cuidadosas. Filch quase nos pegou quando as escadas mudaram de lugar e a garota soltou um palavrão alto, que foi silenciado o mais rápido que podia com minha mão. Ela me fuzilou com o olhar, mas ficou quieta o resto do trajeto.

Paramos em frente a estátua da bruxa caolha, e Jean se abaixou, pegando sua varinha presa ao salto e tocou-a, murmurando um feitiço. No mesmo instante abriu-se uma passagem, revelando um caminho estreito e terroso. Ela me olhou com um sorriso satisfeito, antes de soltar minha mão e adentrar o corredor mal-iluminado, com eu ao seu encalço.

Com as pontas das varinhas acesas, mas ainda por baixo da capa, começamos a caminhar.

— Como você...? — perguntei, quebrando o silêncio.

Só então me dando conta de que, além das passagens secretas, ela também sabia que a capa de invisibilidade estava em posse de Albus. Eu tinha total conhecimento das passagens secretas porque era melhor amigo do moreno, e apesar de tecnicamente os dois fazerem parte da mesma família, Jean — ou Dominique — nunca havia sido próxima o suficiente do Potter para fazê-lo contar seus segredos mais profundos ou, principalmente, compartilhar suas heranças mais preciosas.

Todos sabiam que Harry Potter tinha em mãos a capa de invisibilidade e o mapa do maroto, mas ninguém sabia que ambos já haviam sido herdados pelo seus filhos. De acordo com Albus, seu pai havia pedido segredo sobre isso já que, bem, seu avô não usava necessariamente para fazer coisas boas, o que significava que a Professora e Diretora McGonagall não ficaria muito feliz quando soubesse. Desta forma, Albus foi instruído para contar apenas para aqueles que confiava e eu me sentia feliz por fazer parte daquele pequeno círculo de confiança. E por fazer parte, sabia que Dominique não era um deles.

— Eu sou uma Weasley, mas isso você já sabia. — foi tudo o que disse.

Afastei meus pensamentos, me focando na garota que caminhava cuidadosa na minha frente.

Ali, enquanto andávamos pelos corredores estreitos da passagem, cheguei a conclusão que aquela noite não seria como eu havia planejado; seria melhor.

Nada do que havia imaginado da Weasley chegava aos pés da realidade. Tudo era muito melhor.

O resto do caminho foi silencioso e eu já sentia minha respiração ofegante quando finalmente chegamos ao topo da enorme escada, encontrando o alçapão. Ela o abriu, se desvincilhando da capa e se apoiando em seus próprios braços, subindo. Eu repeti o gesto, embora com um pouco mais de dificuldade.

O porão da DedosDeMel continuava da mesma forma que eu lembrava; cheio de caixas e caixotes de madeira, com um piso muito empoeirado e uma grande escada de madeira que levava à loja principal.

A garota sorriu largo quando entramos na loja, admirando todas as várias e várias prateleiras dos doces mais diversos. Ela caminhou até a barrica enorme de feijõezinhos de todos os sabores, retirando de lá um pacote.

Eu me contentei em pegar um sapo de chocolate, me sentando no chão e apoiando as costas no balcão.

— Esse é um dos meus lugares preferidos no mundo! — ela sorria abertamente e parecia encantada quando se sentou ao meu lado.

— Por quê?

— Não sei, me lembra... a infância. — sorriu, dessa vez carregada de nostalgia. — Sempre vinha a Hogsmade com meu pai, já que ele administra uma das lojas do meu tio aqui, e toda vez passávamos aqui.

Refleti suas palavras, tentando me lembrar se alguma vez vi Bill Weasley, pai de Dominique, na filial da Gemialidades Weasley do povoado bruxo.

Meus pensamentos foram cortados quando a garota ao meu lado soltou um grunhido de desaprovação, formando uma careta no seu rosto ao experimentar um dos feijõezinhos.

— Quem teve a brilhante ideia de fazer uma bala de vômito? — reclamou e foi impossível conter a risada. Seus olhos faiscaram na minha direção. — Está rindo, é? Duvido você experimentar esse! — me estendeu um dos feijõezinhos, que era meio bege com manchas azuis.

— Aceito o desafio com uma condição. — peguei a bala e por conta da proximidade, acompanhei quando sua sobrancelha se arqueou por baixo da máscara. — Quem pegar um sabor ruim, será obrigado a responder uma questão do outro.

— Achei que tinha deixado claro que perguntas pessoais estavam fora de cogitação. — retrucou, mas não parecia brava.

— Você quem começou ao revelar ser uma Weasley, Jean. — sorri calmamente.

Ela pareceu ponderar alguns segundos e eu desejei ter prestado mais atenção nas aulas particulares de Legilimência que meu pai me dava, para saber o que se passava em sua cabeça ruiva.

Por fim, retirou mais uma bala do pacote.

— Tudo bem. — deu de ombros e eu apenas sorri.

Meu sorriso se alargou ainda mais quando no instante que colocamos as balas na boca — ao mesmo tempo — seu rosto se contorceu em uma careta ao identificar o sabor provavelmente ruim.

— Merlin, eu realmente não dou sorte nisso. — retrucou. — O que quer saber?

Eu não sabia o que perguntar. Havia trilhões de coisas que eu gostaria de saber sobre ela, mas ainda assim nada se passava pela minha cabeça.

— Quando eu contei toda noite que havia planejado com você, o que você pensou? — ela pensou por alguns instantes.

— Que você precisava relaxar. — arqueei a sobrancelha, tentando entender sua resposta.

— O que quer dizer com isso? — perguntei.

— Eu só respondo a uma pergunta, Hyperion. — sorriu triunfante.

Bufei, pegando mais um dos feijõezinhos e pondo na boca. Senti o gosto ruim da cera de ouvido e foi impossível conter a careta.

— Estou começando a odiar esse jogo. — grunhi, fazendo o sorriso em seus lábios vermelhos aumentar.

— Por que você gosta de mim?

— Como é?

— Você disse que gostava de mim, por isso achou que eu te beijaria. — explicou. — Quero saber porquê.

Não precisei pensar muito para responder.

— Você é sempre alegre e simpática com todos, além de ser muito bonita, claro. Não que você ser linda signifique muito, quero dizer, você não é feia, mas a beleza não é tudo que importa... — me atrapalhei com as palavras, enquanto via uma expressão divertida surgir em seu rosto. — Merlin, eu sou péssimo nisso...

— Eu entendi. — sorriu complacente, embora não tivesse abandonado totalmente sua expressão anterior, me estendendo mais um feijãozinho.

Nós ficamos nessa brincadeira por algum tempo, descobrindo coisas não muito relevantes sobre o outro, mas ainda assim, qualquer nova informação que eu descobria de Jean me deixava maravilhado e intrigado, me fazendo querer saber mais e mais sobre aquela garota por trás da máscara — e não só metaforicamente falando.

— Não acredito que você incendiou os cabelos do seu primo! — comentei rindo. Eu lembrava vagamente de Albus ter comentado aquela história uma vez, mas não conseguia lembrar totalmente dos detalhes.

— Não é um feito que eu me orgulhe, ok? — murmurou falsamente brava e eu sorri. — Acho que devemos parar por aqui, estou cansada de revelar meus podres e você só ter histórias que me fazem parecer um monstrinho!

— Certo, paramos por aqui então.

Ela voltou sua atenção para os feijõezinhos e acompanhei sorrindo todas as vezes que ela experimentava um sabor ruim e como seu rosto franzia, assim como o sorriso infantil que surgia aos seus lábios cada vez que provava um bom. Foi inevitável sorrir.

— O que está pensando? — perguntou, levantando seus olhos e me fitando.

— Nada. — respondi com sinceridade. Ela sorriu largamente.

— É exatamente assim que sabemos que estamos tendo um encontro bom. — arqueei a sobrancelha. — Estamos pensando o tempo todo, então acho que encontrar alguém que nos faça parar de pensar, significa que estamos tendo um encontro bom, não acha?

— Então estamos em um encontro? — sorri largamente, mas uma vez observando suas bochechas corarem.

Ela resmungou alguma coisa indecifrável e eu novamente me vi perdido nela, admirando ela e suas palavras. Jean era a garota mais fascinante que já havia encontrado.

Inconscientemente, me aproximei dela, sentindo sua respiração desregulada batendo em meu rosto. Me senti hipnotizado por seus olhos e ela retribuía o olhar na mesma intensidade. Mas antes que eu pudesse — finalmente — colar nossos lábios, ela se afastou, apressada.

— Vamos voltar. — murmurou, se levantando e já começando a se direcionar ao depósito.

Soltei o ar, embora ela tivesse avisado que não me beijaria, foi impossível conter a frustração que me atingiu naquele momento. Coloquei as mãos no bolso, buscando alguns galeões e os colocando em cima do balcão, antes de seguir o mesmo caminho que a ruiva.

Nosso caminho de volta ao castelo foi tortuosamente lento, e o único pensamento que eu tinha era que não podia deixar aquela noite acabar assim, ainda mais por minha culpa.

— Me desculpe por antes, eu me deixei levar pelo momento e... não deveria ter tentado nada. — soltei, quando finalmente saímos da passagem.

— Não se preocupe. — respondeu rápida, já começando a caminhar.

— Espera! — exclamei. — Acho que você está me devendo uma dança. — ela me olhou desconfiada e eu suspirei. — Prometo que não tentarei nada... é uma dança, só isso.

Jean pareceu pensar por alguns segundos, por fim suspirando também e acenando positivamente.

— Tudo bem. — murmurou, começando a andar.

Apressei meus passos, começando a seguir. Chegando ao sétimo andar, paramos em frente a parede e ela fechou os olhos. Mais uma vez, me vi hipnotizado e admirado a observando.

— Você é linda. — soltei, antes que pudesse controlar as palavras, me xingando mentalmente por ser tão idiota e não conseguir controlar a própria língua, mesmo depois de quase ter perdido a noite perfeita com ela.

Em resposta, ela surpreendentemente se virou para mim com um sorriso largo, me puxando para dentro da sala que havia se formado.

O cômodo era espaçoso, com uma sacada extensa onde era possível admirar o céu que ainda estava repleto de estrelas — quanto tempo ficamos fora?, eu me perguntava. Havia um carpete fofinho e um piano de calda bem no meio da sala que tocava sozinho, embaixo de um lustre de cristal.

Ela caminhou até a sacada, ficando de costas para mim. A acompanhei, parando ao seu lado e admirando o céu estrelado.

— Então, o que estamos vendo? — perguntou, me fazendo sorrir.

— Está vendo aquele amontoado de estrelas perto da mais brilhante? — questionei, a vendo acenar positivamente. — É a constelação da Ursa Maior.

— Mesmo? — embora ainda usasse sua máscara, foi perceptível quando ela arqueou a sobrancelha e uma expressão divertida se formou no seu rosto.

— Não faço ideia. — ri, vendo-a gargalhar.

— Aquela é a constelação do Cão Maior. — explicou. — Talvez você só deva ter confundido os animais. — piscou, me fazendo sorrir.

Ficamos em silêncio, ainda admirando as estrelas e tentando ao máximo evitar o fim daquele encontro — bom, pelo menos eu queria retardar o máximo que pudesse.

— Me desculpe mesmo por ter tentado te beijar e... sei lá, me desculpe se pareci invasivo em algum momento da noite. — suspirei.

— Você foi perfeito hoje, Hyperion. — sorriu calmamente, desenrolando aquelas palavras devagar como que para eu entendesse o peso delas. — Estou te devendo uma dança, não é?

Ela caminhou até uma área vaga da sala, e eu a segui. Sua mão tocou a minha e delicadamente, ela pousou minha mão sobre sua cintura, nos aproximando. O pensamento de tê-la tão perto acelerou meu coração e eu me perguntei se ela podia escutar; agradeci mentalmente a música alta naquele momento.

Não conseguia deixar de olhá-la; de perto, era possível ver todas as suas sardas que enfeitavam o seu rosto como as estrelas enfeitavam o céu noturno do lado de fora.

— É linda, não é? — perguntou distraída.

— É realmente linda. — soltei. Sabia que ela falava da melodia, mas ali, ao seu lado e com sua mão sobre a minha, tudo que eu conseguia pensar era nela. Seus olhos desviaram para os meus rapidamente, logo voltando a encarar o piano e eu pude perceber quando suas bochechas se tornaram avermelhadas.

— Você dança bem. — elogiou.

— Cortesia das minhas aulas de etiqueta. — contei sorrindo, ela retribuiu.

— Então quer dizer que além de ser novato em flertes, você fez aulas de etiquetas? — riu. — Você é definitivamente um garoto raro, Hyperion. — eu notei como gostava de como meu nome soava quando ela o dizia.

— Isso é algo ruim?

Levantei o braço, formando um arco para a garota girar, como a música e a dança pediam.

— Não. — sorriu. — Com toda certeza não. — foi a minha vez de sorrir. — Posso confessar algo? — questionou, parecendo manter-se concentrada em não encarar os meus olhos.

— Pode. — assenti.

— Eu gostaria que você tivesse me beijado. — falou rápida. Arqueei a sobrancelha, sem entender. — Mas não podia fazer isso.

Nossos corpos se moviam lentamente e eu gostava daquela proximidade e da sensação que era ter minha mão entrelaçada a sua.

— Por quê? — perguntei.

— Porque tenho certeza que não sou quem você pensa, então se me beijasse poderia se arrepender. — contou. — E não quero que tenha arrependimentos hoje.

— Eu... — não sabia o que dizer. Queria poder dizer que ela era sim que eu pensava, mas por alguma razão nada saia da minha boca.

— Mas podemos tentar uma coisa. — abriu um sorriso tímido. — Sabe qual é a melhor parte do beijo?

— Qual? — consegui dizer.

— O momento que vem antes. — explicou. — Você se aproximou de mim antes e eu senti meu coração acelerar e juro que posso ter ouvido também os tambores rufando... é essa a melhor parte.

Sem responder, me aproximei dela, mais uma vez sentindo sua respiração quente se misturando com a minha. Seus olhos alternavam entre os meus e meus lábios e eu sabia que fazia a mesma coisa.

Sentia meu coração sair do peito, minhas mãos suarem e minha mente implorar pelo momento em que eu tocaria seus lábios.

— Jean... — minha voz saiu mais rouca que o normal. — Eu...

— Eu sei. — respondeu, soltando um suspiro e se afastando. Merlin, por que meu coração estava batendo tão forte?

— Você sempre faz isso com garotos descolados que conhece? — sorri, tentando descontrair o clima e disfarçar minha vergonha. Ela abriu um sorriso.

— Você é uma exceção. E você é bem melhor que os caras que conheço. — seu sorriso se desfez, ao mesmo tempo que desviava o olhar. — Gostaria que você não tivesse alguém... ela é uma garota de sorte.

— Como assim? — perguntei mais uma vez sem entender.

Ela balançou a cabeça, novamente se esgueirando das minhas perguntas.

— Você disse que tinha tudo planejado... o que planejou para o dia seguinte?

— Eu... não planejei.

— Acho que está na hora de nos despedirmos. — murmurou após minutos em silêncio, desviando o olhar.

— Qual o seu plano agora, Jean? — perguntei, tentando conter meu desapontamento de por um fim naquele encontro. — Se nos despedirmos agora, você quebrará a promessa de criar uma memória que não possa ser manchada...

Ela sorriu, um misto curioso entre divertimento e tristeza — talvez eu estivesse da mesma forma.

— O que compartilhamos hoje não pode ser manchado, Hyperion. — lançou uma piscadela. — Feche os olhos.

— Isso é parte do seu plano?

— Sim.

Minha mão esquerda tocou sua bochecha, evitando que seus olhos desviassem dos meus.

— Me deixe só... aproveitar esse último momento. — sussurrei.

E então nós ficamos em silêncio, mas sem quebrar o contato visual, e sem dizer uma palavra eu sabia o que se passava em sua cabeça; nós dois não queríamos dar fim aquela noite. Jean havia se mostrado, em muito menos de vinte e quatro horas, a garota mais incrível que já conheci e eu sabia que, se tivesse mais tempo, existia muito e muito mais para descobrir sobre ela.

Eu sabia que o fim era inevitável, mas mesmo assim, saber disso não impediu que meu coração doesse.

Por Salazar, eu sou péssima em despedidas. — ela riu, balançando a cabeça e quebrando o silêncio entre nós. — Feche os olhos.

Sentindo meu coração pesar mais do que nunca, eu a obedeci. Senti quando seus dedos finos tocaram minha pele, desenhando cada traço descoberto do meu rosto como se quisesse memorizá-lo em seu toque. Por fim, ela se aproximou o suficiente para sua respiração quente se misturar com a minha, e depositou um singelo beijo no canto da minha boca.

— Boa noite, Hyperion. — sussurrou. — Conte até trinta.

E quando eu abri os olhos, no fim da contagem, Jean havia partido tão silenciosa quanto se aproximou deixando apenas seu perfume para trás — rápida e, definitivamente, marcante.

{...}

— Cara, eu te procurei a noite toda! — Albus comentou, quando viu eu sentar ao seu lado no Salão Principal.

Meu cabelo molhado dava indícios do banho recente que havia tomado e eu senti minha barriga roncar ao encarar a farta mesa de café da manhã.

— Eu estava ocupado. — sorri, um misto de nostalgia e felicidade, as lembranças da noite se passando pela minha cabeça.

— Cara... — Albus começou, meio receoso. Arqueei a sobrancelha pelo seu comportamento. — Encontrei Roxanne no Salão Comunal mais cedo, ela disse que Dominique não havia ido ao baile porque tinha passado mal, e então passou a noite inteira na enfermaria.

— Então quem...

Meus olhos se arregalaram e a voz da garota invadiu meus pensamentos.

Porque tenho certeza que não sou quem você pensa, então se me beijasse poderia se arrepender. E não quero que tenha arrependimentos hoje.

E então tudo pareceu se encaixar — mesmo que, internamente, eu já soubesse mas não quisesse admitir.

Todos os sinais — que agora percebo quão óbvio eram — começaram a fazer sentido, desde os cabelos ruivos demais para serem de Dominique até a história de ter terminado o namoro — era de conhecimento geral que ela havia terminado algumas horas antes do baile com Caius Mclaggen —, sobre seu pai administrar a Gemialidades Weasley e, principalmente, por saber que Albus tinha a capa de invisibilidade, até porque em algum momento os dois eram inseparáveis.

Merlin, até suas expressões — que tipo de aluno, se não os da Sonserina, usariam o “Por Salazar”? e seu vestido verde denunciavam quem ela era! E agora eu lembrava claramente do Potter ter chegado um dia gargalhando e contando como Rose Jean Weasley havia incendiado os cabelos de James.

Passeei os olhos pela mesa da Sonserina, encontrando seus olhos sobre mim. Sem máscaras, vestidos ou nomes — nem tão — falsos, meu coração disparou da mesma forma que antes.

Era Rose Weasley. A garota fascinante que eu havia tido a noite perfeita não havia sido Dominique como eu tinha planejado, e sim aquela maldita sonserina. Mas era ela quem havia feito meu coração disparar e ter outras milhares de sensações que eu não conseguia nem descrever, mesmo em um tempo limitado.

Foi ela quem me deu uma memória que eu jamais poderia manchar; era ela que eu estava encantado em conhecer, não Dominique.

Eu vivia constantemente me programando e planejando, querendo sempre estar no controle de tudo porque tinha medo do diferente, do que não podia controlar — mas ao encará-la mordendo os lábios nervosamente e parecendo avaliar minha reação, como por medo de eu surtar ou qualquer coisa do tipo por ter descoberto a verdade, e depois de ter até mesmo saído do castelo sem autorização — uma hipótese que nem mesmo por tortura já havia cogitado —, percebi que eu precisava disso na minha vida. Eu precisava dela.

Albus colocou a mão no meu ombro, em um apoio silencioso, parecendo entender toda a situação.

E então eu sorri — não precisei olhar para saber que o Potter havia arqueado a sobrancelha ao meu lado, mas eu não me importava. Acompanhei quando um sorriso lentamente se formou nos lábios vermelhos da garota, embora ainda parecesse desconfiada ela me lançou uma piscadela.

E ali, com a mão do meu melhor amigo ainda sobre meu ombro e encarando Rose Weasley, eu soube; e sei que ela também descobriu naquele momento.

Ah, e é claro que Albus também soube — embora desviasse do assunto e sempre se mostrasse desconfortável, eu sabia que o Potter clamava por uma reconciliação, e percebi que Rose também queria isso pela forma que ela desviava o olhar de mim para meu amigo, parecendo esperançosa; aquele era o início de mais um capítulo de Albus e Rose, mas dessa vez, seria escrito por nós três, porque com toda certeza eu aproximaria os dois novamente.

Aquela, definitivamente, era apenas a primeira página da nossa história e não o fim.


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