Somos Nó(s) escrita por Anny Andrade, WinnieCooper


Capítulo 6
Salto


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO.

ESSE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE NC.
SE VOCÊ NÃO GOSTA DESSE TIPO DE CONTEÚDO PULE O CAPÍTULO.
MAS SE VOCÊ VÊ TAIS CENAS COMO UMA EXTENSÃO NATURAL DO AMOR E DO RELACIONAMENTO CONTINUE AQUI!

Desligando o CAPS, agora temos cenas muito bonitas que nos fazem entender mais um pouco desses personagens, dessa família que tanto amamos.
Desejo a todos uma excelente leitura!



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Só com você desço do salto
Tiro a maquiagem
Elevo a minha voz
Baixo o tom do meu português

Encarava o teto de seu quarto. Uma mistura de madeiras sobrepostas de maneira desregular. Estou deitada em sua cama de solteiro, ele ao meu lado segurando firmemente minha mão, algo que fazemos o tempo todo agora, seguramos as mãos. Eu amo entrelaçar nossos dedos. Me sinto segura com esse gesto, como se todo mal, os pesadelos e inseguras da guerra sumissem. Ouvimos eles brigarem.

― Você não pode querer me proteger pra sempre Harry Potter! – ela grita e posso visualizar em minha mente o rosto decido de Gina.

― Você não entende, estou quebrado e não quero te machucar. – ele pondera.

― Já pensou que posso ser a pessoa a te consertar?

A briga para, e penso que finalmente eles estão se beijando, selando amor entre eles, selando seu reencontro em meio aos destroços dos sentimentos soterrados da guerra.

Rony parece alheio a isso tudo. Acaricia minha mão. Segura ela com suas duas mãos e começa a reparar em todos os detalhes dos meus dedos de minhas unhas roídas de nervosismo, de minhas micro linhas que me diferem de todas as outras pessoas do mundo.

― Você é única. – me diz como se lesse meus pensamentos. – Única, nunca uma opção.

― O que está querendo dizer?

― Lembrei de sua fala quando brigava com Lila no sexto ano. Você nunca foi uma opção, sempre foi você. Eu só era muito tapado de enxergar isso.

Sorrio porque sorrir é fácil para mim. Viro meu corpo e o enrosco ao dele. Uma intimidade pouco explorada por nós que quero começar a decorar cada sensação. Ele parece querer fazer o mesmo e coloca seu braço por baixo de minha cabeça, vira seu corpo de frente ao meu, começa a acariciar meu rosto com seus dedos. Como se o tivesse decorando. Eu suspiro e fecho os olhos, esperando o beijo que ele me dá em seguida.

Nossos beijos sempre exagerados, seria essa a descrição melhor, mas desta vez não, ele começa delicado, eu acaricio o seu rosto e o puxo. Não quero um beijo delicado, não agora. Começo o beijar mais forte, desejando mais, desejando mãos passando por meu corpo, desejando seu corpo colocado ao meu. Desejando peças de roupa jogadas ao chão. Desejando me entregar a ele.

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Me decifra e me traduz
Nas minhas sombras você vê a luz

― Eu não me apaixono. – aviso. Ela parece não se importar, tira sua roupa em minha frente, acaricio seu corpo com meus dedos, passando por todo seu seio, eriçando seu mamilo, sinto ela gemer baixinho, começo a beijar imaginando a Lily. Mesmo a garota sendo loira e não ruiva.

― Eu não me apaixono. – aviso. Ela parece não se importar. Começa a acariciar meu rosto, passar os dedos por minhas sardas, a beijo com tamanha intensidade que a sinto derreter em meus braços.  Imagino a Lily. Mesmo ela sendo negra e não ruiva.

― Eu não me apaixono. – aviso. Ela nega com a cabeça não se importando. Começa a acariciar meu membro com seus dedos por cima de minha cueca. Eu reajo, pensando ser a Lily. Mesmo ela tendo cabelos negros como noite e não laranja como o pôr do sol.

― Eu não me apaixono. – aviso. Ela sorri para mim negando com a cabeça. Começo a passar meus dedos por sua barriga, noto pequenos cortes formando micro cicatrizes por toda extensão de sua cintura, beijo cada uma delas, ela geme. Sou delicado com ela, não desesperado. Não penso em Lily pela primeira vez. Mas escuto sua voz rindo ao dizer que também não se apaixona. E continuamos seguindo o prazer e apenas ele.

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Posso me revelar
Falha e imperfeita
E confiar nas minhas glórias
E assim me faço inteira

Estamos nos beijando na horizontal. Ele acaricia meus cabelos volumosos, puxa meu rosto para mais perto do seu desejando um beijo mais forte e eu retribuo porque não sou capaz de me policiar quando estou com ele. Nos beijamos e desejamos por mais, tão mais, que o sinto se entrelaçar as minhas pernas, sinto puxar com suas pernas minha cintura, ele as gruda e sinto seu membro rígido. Não quero o afastar, o desejo com tanta intensidade, mas tenho medo. Desta maneira o empurro.

― Não agora. – peço. Ele parece chateado, mas não insiste. Me abraça ainda deitado comigo, enrosca seu nariz em meu cabelo e sinto ele dormir. Dorme tão facilmente abraçado a mim. E eu só penso em como sou feia para ele. Como meu corpo não é o padrão que ele espera. Como será que ele me imagina sem roupa? Com certeza não como as mulheres da revista que sei que ele tem debaixo da cama, ou dos vídeos que ele assiste para saciar suas vontades, já que nunca deixo terminar o que começamos. Ele nunca insiste. É um perfeito cavalheiro, imagino por quanto tempo vou conseguir fugir, por quanto tempo ele ainda terá paciência. Como dizer a ele que tenho vergonha do que ele pensará do meu corpo? De que tenho pavor de que ele me veja nua.

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Você sabe tudo, e tudo bem
O que eu sou de verdade
E só presa a você
Eu me sinto em liberdade

Ela está me enlouquecendo. Quero a ter completa em meus braços. Começo o beijo delicado, mas ela não quer. Ela me beija forte, tão forte que o sangue em meu corpo corre tão rápido que sinto prazer em somente a beijar. Não quero controlar minhas mãos. Começo a passa-las pela extensão de seu corpo. Ela puxa meus cabelos no beijo respondendo que quer mais. Que quer que eu explore seu corpo mais. Atendo seu pedido. Coloco minha mão por baixo de sua camiseta e começo a deslizar meus dedos por sua barriga. Ela arrepia. Chego aos seus seios, meus dedos tocam seus mamilos delicadamente, sinto eles eriçarem.

 A paro de beijar, olho em seus olhos. Seus lindos olhos castanhos brilhantes, tem desejo neles. Um desejo que nunca imaginei que sentiria por mim. Um desejo que quero saciar. Desta forma volto a beijar, com mais vontade se possível dessa vez, começo a aproximar mais nossos corpos do que já estavam juntos. Aperto seu seio em minha mão, que ainda estava por debaixo de sua camiseta, ela geme em meio ao beijo. Não quero parar. Não agora que meu corpo está tão quente, não agora que não controlo mais minhas mãos, não agora que ela está rendida a mim. Mas paro. Porque não quero a decepcionar.

― Não precisa ser agora sussurro. – estamos em meu quarto, não é nada romântico ter uma primeira vez em meu quarto, não quando Harry e Gina devem estar fazendo a mesma coisa em cima de nossas cabeças. Não enquanto minha mãe prepara o almoço no térreo. Não quando meu pai mexe com a moto velha de Sirius na garagem. Não quando daqui uma hora a senhora Tonks virá com o pequeno Teddy para um almoço familiar. Mas ela parece não se importar com nada disso. Pois me responde.

― Deve ser agora.

Deve? É uma ordem ou uma constatação? Não fico brigando com meu eu interno, não mais. Pego minha varinha ao lado. Lanço um feitiço na porta para que ninguém nos interrompa. Vejo ela sorrir pelo meu ato e no mesmo modo que eu, lança abafiato no quarto, para que ninguém escute nossos gemidos. Me acomodo por cima de seu corpo ainda deitado na cama. Volto a beijar. E desejo que seja perfeito.

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Me decifra e me traduz
Nas minhas sombras você vê a luz

Ela me beija e eu retribuo. Sinto seu corpo roçar no meu de forma sensual, quero mais. Ela parece querer o mesmo e senta em meu colo. Começa a beijar meu pescoço. Suga o nódulo de minha orelha. Sinto me arrepiar inteiro. Ela parece sentir meu membro duro. Ouço ela gemer.

Não a quero machucar. Ela parece ser fácil de ser quebrada. Seus cabelos coloridos destoam de seu corpo branco e pálido. Tem desejo em seus olhos e me pergunta se tenho camisinha. Eu como morador do mundo trouxa e acostumado com elas acento a sua pergunta. Ela me beija novamente. Tira toda sua roupa ficando só com a calcinha. A admiro no escuro. Ela deixa.

Seus mamilos tão claros quando sua pele. Tem um corte profundo debaixo de seu seio direito. Está vermelho e parece que ainda dói.

― Por que está machucada? – pergunto quebrando parcialmente o clima.

― Não quero falar disso agora Hugo. – ela suspira e fecha os olhos.

Volto a beija-la. Não sua boca, mas seu machucado por baixo do seio. Ela geme. Começo a beijar o vão entre seus seios. Ela puxa meu rosto me pedindo mais. Sugo seu mamilo, ela se mexe fazendo movimentos repetitivos me excitando cada vez mais. Eu gemo alto. Ela começa a tirar minhas calças.

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Só com você sonho mais alto
Enfrento os meus limites
Escuto a minha voz
Subo o tom das minhas canções

― Não sou bonita. – grito com lágrimas em meus olhos. É a verdade que sei. É a verdade que quero que ele veja. Não quero que ele me imagine perfeita. – Sou cheia de celulites, minha barriga tem estrias, meus seios são baixos. Não sou como as garotas de revistas.

― Não quero que seja. – diz, mas não acredito em suas palavras, não quero que ele me veja nua e se decepcione.

Eu sempre corto o clima incrível que começamos com os beijos, ele nunca insiste. Mas sei que uma hora ele vai cansar. E parece que está perto. Seus olhos estão tristes. Ele me pede para só esquecermos essa nova desavença. Se entrelaça em meus braços, pede um carinho. Eu acaricio seus cabelos, mas permito que lágrimas ainda caiam de meus olhos sem que ele veja.

 

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Posso me perdoar, desafiar os medos
E sorrir só com vontade
Me jogar de corpo inteiro

Estou trancada. Scorpius conseguiu me trancar em seu banheiro. O banheiro que tem em seu quarto na mansão em que mora. Ele habilmente pegou a varinha e fez um feitiço para que eu não conseguisse sair do cômodo. Não sem magia ou sem a chave. Agora está dizendo tantas palavras para mim e não consigo o fazer parar.

― É difícil me calar não podendo colocar as mãos em minha boca não é? Vai ter que me ouvir. – dizia do outro lado da porta. Estou tensa. Vim para cá para almoçar com seus pais, mas eles não estavam e agora estou trancada em seu banheiro tendo que ouvir suas palavras. – Repare que aí tem um espelho. Quero que olhe nele.

Ele me pediu. Ergo meu olhos e me encaro no espelho. Meus cabelos ruivos que havia alisado com magia para parecer mais bonita para sua mãe, que era estonteante. Meus olhos claros, minhas sardas em meu rosto redondo.

― Quero que se veja como eu te vejo. – ele volta a dizer e continuo a me encarar no espelho. Só vejo defeitos. Minhas sobrancelhas estão horríveis, preciso apara-las, meus lábios estão secos e com um brilho labial por cima.

― Repare em seus lindos olhos azuis, nas sardas de seu rosto... – não tenho amor por minhas sardas, elas são exageradas, às vezes quero arranca-las de meu rosto. – Suas sardas que gosto tanto de contornar com os dedos. Olhe seus lábios, que às vezes passa um batom, às vezes não depende do seu humor. Repare nos detalhes da perfeição que é seu rosto.

― Eu sei o que está tentando fazer. – confesso para ele cansada. Tiro meus olhos do espelho. – Não sou tão bonita, mas você me acha bonita, tudo bem eu entendo.

― Não, não entende. Comece a se enxergar melhor Rosie... – posso sentir que ele está colado a porta.

Me olho no espelho de novo. Reparo em meu corpo desajustado e desalinhado. Todas as curvas e protuberâncias erradas, meus seios grandes e caídos pelo excesso de peso.

― Sabe as garotas da revista? São todas típicas, sem essência. Você não Rosie, você é perfeita. Perfeita quando deixa seu cabelo despenteado e só o amarra em um coque, perfeita quando não passa nenhuma maquiagem de manhã e me vê com a cara amassada. Perfeita.

― Scorpius. – suspiro relando minha mão na porta, quero tanto o fazer parar de falar besteiras. Tanto o calar.

― Eu não me importo se tem celulites, se sua barriga é cheia de estrias, se seus seios são caídos, se é cheia de curvas erradas aos seus olhos, eu te acho linda mesmo não te vendo nua, te acho linda porque você é. Linda.

― Scorpius. – imploro a porta quase chorando.

― Então vai em frente! Se olhe no espelho, veja a si como eu te vejo.

O obedeço. E calmamente começo a retirar minha roupa. Reparo em todos os detalhes errados de meu corpo nu. Fecho os olhos porque pra mim é tão difícil me enxergar no espelho. Escuto minha mãe em meus pensamentos me dizendo para não comer doce porque ninguém iria reparar em mim. Lembro das palavras escritas num guardanapo de papel num clube, lembro de garotas maldosas em Hogwarts apontando para mim com meu vestido de baile. Lembro de Scorpius não se importante com nenhuma delas e me beijando.

― Está vendo o quanto é linda? – me pergunta, mas eu não respondo.

Sinto lágrimas descerem de meu rosto silenciosamente. Preciso me libertar do meu corpo. Preciso da ajuda dele.

― Abra a porta. – peço.

Escuto ele a destrancar com magia. Pego na maçaneta e abro a porta que me separava dele.

Scorpius se assusta a meu ver nua, tampa seus olhos com os dedos.

― Preciso de sua ajuda. Me ajude a me enxergar como você me vê. – peço esticando minhas mãos num pedido mudo para que ele entre no banheiro.

Meu namorado incrível tira seus dedos de seus olhos e segura minha mão. Entra no aposento e tranca a porta atrás de si.

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Você sabe tudo, e tudo bem
O que eu sou de verdade
E só presa a você
Eu me sinto em liberdade

Não é como nos meus amados livros. Eles escrevem coisas impossíveis de acontecer na vida real, mas é tão perfeito quanto.

Sempre pensei em nossa primeira vez, com luzes enfeitando o lugar, com flores, com um teto enfeitiçado salpicado de estrelas. Imaginava uma primeira vez sempre durante a noite. Mas ali estávamos nós. Literalmente entrelaçados feito nós, sem medo algum de ser errado, de dar errado. Apenas juntos em uma cama pequena demais, com o sol iluminando cada detalhe dos nossos corpos, do quarto inteiro.

Ele acaricia meu corpo como se estivesse brincando de desenho, como se tentasse contornar cada centímetro de meu corpo. E eu olho para a poeira que brinca no feixe de luz que entra por sua janela.

As partículas dançam em movimentos agitados, sem regras, cada uma vai para um lado. Algumas se chocam. É hipnotizante. É como todo o sentimento que compartilhamos e que trocamos. Uma agitação desgovernada. Beijo sua pele tão mais pálida que a minha. Ligo suas pintas. Me permito me apaixonar mais uma vez. Me questiono quantas vezes é permitido que ele tome meu coração. Porque cada novo movimento ele o toma mais uma vez.

Para sempre. Para sempre. Para sempre.

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Me decifra e me traduz
Nas minhas sombras você vê a luz

Ela estava deitada na cama. Entorpecida depois de minutos de prazer que tínhamos compartilhado. Não tinha vergonha de seu corpo, e eu sem medo de toca-la passava meus dedos por cada cicatriz de sua cintura. Queria decora-la. Ela sorria conforme meus dedos gelados a conferiam. Parei no seu machucado mais recente, abaixo de seu seio. Passei meu polegar por ele num caminho de vai e vem. Ela sorriu.

― Não vai me contar o que aconteceu com você? – ela negou com a cabeça com os olhos fechados, aproveitando meus dedos passando por seu corpo.

Ficamos desse jeito alguns minutos, não conseguia parar de pensar no quanto ela era bonita cheia de cortes. Queria entender esses cortes.

― Vai me contar porque nunca se apaixona? – ela me pergunta e paro de movimentar meus dedos a encarando.

Seus olhos negros me encaram sem medo. Não vejo razão de me esquivar.

― Eu sou quebrado. Me apaixonei uma vez e não fui correspondido.

― A velha história do amor platônico. – ela ri, descobrindo meu segredo.

― Acho que ela sempre soube que eu a amava. Todos pareciam saber a nossa volta. Ela só não...

Não queria falar de Lily. Não ali depois de fazer sexo com ela. Mas essa garota trouxa parecia como me contornar. Começou a passar as mãos pelas sardas de meio peitoril, parecia conta-las.

― Ela não sabia apreciar o quanto era uma joia rara. – terminou minha fala por mim e me beijou em seguida. E eu retribui. Nunca me senti dessa maneira com nenhuma outra garota, quase desejava conhecê-la por mais de uma noite.

Nos separamos e fiquei a encarando. Seus olhos pretos, mesmo lotados de prazer, carregavam consigo uma história triste, sua boca vermelha, tinha vários cortes que pareciam ser formatos por dentes mordendo seus lábios de nervosismo. Tinha uma pequena falha em sua sobrancelha preta, uma micro-cicatriz não permitia pequenos pelos crescessem. Ela era feita de pequenos machucados. Levantei sua mão em direção a minha boca para beija-la. Foi quando vi um uma cicatriz em seu pulso.

Ela percebeu que notei e ficou me analisando. Queria saber minha reação ao constatar o fato que ela já havia tentado se matar.

― Eu sou fragmentos de cacos. – me disse.

Em um súbito ataque de sinceridade deixo escapar.

― E quem não é? – Sei que sou fragmentos de duas vidas. Um pouco trouxa um pouco bruxo. Um pouco sorrisos um pouco raiva. Mas não digo mais nada. Fico apenas a olhando.

Encarando seus olhos negros naquela noite. Desejei outra mulher, desejei conhecer sua história, desejei colar esses cacos.

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Você sabe tudo, e tudo bem
O que eu sou de verdade
E só presa a você
Eu me sinto em liberdade

Eu não esperava por aquilo. Pela dor. Pelo topor. Pela capacidade de sair de meu corpo e assistir a cena de cima. Não que eu tenha de fato saído de mim, se tivesse não sentiria tudo que senti. Não teria sentido meu corpo arrepiar e minha respiração ficar fraca e forte. Como em uma sintonia. Fraca. Forte. Mas ao mesmo tempo eu podia assistir a cena em minha mente. E por aquele momento, enquanto a escuridão me permitia enxergar apenas contornos. Naqueles instantes eternos tudo estava em seu lugar.

Não havia erros. Seus cabelos refletiam a luz que entrava da rua. O chão gelado me mantinha acordada enxergando sua pele, seus pelos tão loiros quanto os cabelos, quanto os cílios de seus olhos cinzas que me faziam pensar em tempestade.

Sinto sua respiração. Seu corpo contra o meu. Me mantendo presa, salva, viva. Me dizendo que mesmo depois de tudo, mesmo depois de tirar minha armadura, me revelar nua, crua, inteira, ainda continuara me querendo. Desejando tudo que eu posso e não posso dar. Seus lábios pousam em meu pescoço em um beijo de quem poderia ficar para sempre em um pequeno banheiro, em um chão gelado.

Não sei como continuaremos daqui. Como conseguirei encara-lo na luz do dia, sabendo que ele conhece cada pedaço de minha pele, cada cicatriz que carrego. Minhas sardas todas espalhadas, misturadas com pintas e algumas espinhas. Não sei como reagirei quando o sol se mostrar. Mas agora o vejo como todas as expectativas ganhando forma.

Me sinto pela primeira vez, livre para amar.

Deixo meus olhos fecharem por um segundo, não preciso me preocupar com nada. Não aqui. Não agora.

 


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Notas finais do capítulo

Nos digam o que acharam desse novo capítulo.
Até a próxima!



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