Somos Nó(s) escrita por Anny Andrade, WinnieCooper


Capítulo 3
Perdida e Salva


Notas iniciais do capítulo

Oii queridos leitores, tudo bem?
Está sendo lindo escrever essa história, e ainda mais lindo ler os comentários. São poucos, mas são os melhores que poderíamos receber, cheios de sentimentos como nossa história. Agradecemos de coração.

Mais um capítulo que espero que os encham de sentimentos.
Boa Leitura.



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Em lugar de mil palavras, deixa o instinto se exercer
Deixa o íntimo silêncio percorrer só

 

Câmara secreta. Eu o observo. Tão decidido. Consegue abrir a passagem para buscarmos os dentes do basilisco sem saber a língua das cobras. Lembra-se de pegar uma vassoura porque aparentemente temos que subir um túnel enorme para voltar.

Ele é incrível. E quero dizer isso com todas as palavras que preciso dizer, mas não me permito, aquele medo infantil volta e apenas o observo.

― Você precisa ter essa honra. – ele coloca a taça de Lufa-Lufa no chão a minha frente, está olhando apreensivo pra mim como se soubesse exatamente o que estava por vir, talvez ele soubesse mesmo.

― Não acho que consigo.

― Consegue. – ele confirma com a cabeça. – Precisa sentir como é. Estou aqui por você.

O encaro, tem tanta certeza em seu olhar, quero lhe dizer que é por esse e outros motivos que ele é a pessoa mais importante para mim no momento, quero lhe dizer que o amo antes mesmo de saber o que é amor, quero lhe dizer que apesar de estarmos no meio da guerra quero o beijar. Preciso tanto o beijar.

Mas não faço nada disso. Pego um dente de basilisco e encaro a taça. Aquele pequeno objeto brilhante me encara e em seu reflexo começo a ver formas.

― Hermione eu vi sua alma e ela é minha... – uma voz pavorosa sai do objeto e uma fumaça preta sobe. – Sempre sozinha na infância, ninguém querendo ser seu amigo, sua esquisita. – uma menina nas sombras está chorando, um grupo de crianças a aponta e começa a rir. Sinto algo mexer dentro de mim. A mesma sensação de anos atrás de abandono. – Tentando parecer esperta e sempre ignorada, lembra-se do olhar de desprezo de sua mãe quando descobriu que era bruxa? – fecho os olhos não quero ver mais as sombras. Então o olhar de minha mãe quando recebi a carta de Hogwarts aparece em minha mente, seu olhar de desaprovação e decepção. – Pesadelo, palavra adequada para te definir. – A voz volta a solar e abro meus olhos. Rony e Harry nas sombras rindo. Lembro de um choro no banheiro.

― Hermione, não o escute, acerte a taça... – uma voz ao fundo fala, não sei quem é...

― Já reparou que nenhuma menina é sua amiga de verdade? Nunca tão bonita quanto elas. – ergo os dentes do basilisco no alto. – Ninguém nunca te olhada com outros olhos, sempre esquisita, sempre um pesadelo, sempre um livro andante...

― Hermione acerte!

Sinto lágrimas descerem de meu rosto e me encaminho pra taça decidida, com a maior força que consigo reunir acerto a taça. Um grito de dor ecoa, um líquido preto do objeto. Sento no chão arfando e soluçando de tanto chorar. Sinto Rony atrás de mim me abraçar.

― Você nunca foi um pesadelo. Me desculpe. – ergo meus olhos para ele e entrelaçou meu braço em seu pescoço, o abraço sem medo.

Todos meus medos interiores haviam sido revelados, e ele mesmo assim não se distanciava de mim, quero lhe agradecer por ter sido primeiro meu amigo, quero lhe dizer que não quero ser mais sua amiga. Mas não faço. Me permito ser envolvida por ele e chorar tudo que precisava chorar.

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Tentativas vãs de descrever o que me calou
Me roubou palavras e chão e ar
Me roubou de mim

Ela me encara, totalmente julgadora. Enquanto dou garfadas e mais garfadas em minha pizza. Sinto suas palavras me atingirem “Você vai engordar”. “Ninguém vai olhar para você”. “Todos vão apontar e dar risada”. “Vai chorar quando não achar nenhum vestido do seu tamanho”. Mesmo assim ignoro suas palavras em minha mente e pego a sobremesa. Sorvete. Sento no sofá ao lado de meu pai, e me permito ser abraçada pelos ombros.

― Como anda sua redação para a faculdade trouxa? – ela me pergunta. Continuo a tomar meu sorvete.

― Ainda não fiz.

― Já faz um ano que terminou Hogwarts, está na hora de saber o que fazer. – me disse como se não fosse nada. Sinto meu pai apertar meus ombros. Ele sempre me puxando pra superfície, minha mãe sempre me afundando.

― Pode ficar tranquila que não vou ser um peso para vocês. – anuncio não a encarando.

― Não é um peso para nós. – diz meu pai em meu ouvido.

― Pare de me contradizer Ronald. Ela precisa ouvir umas verdades. – ela é claro ataca meu pai.

― Fique tranquila que vou me libertar de você em breve. – anúncio levantando e me encaminhando para meu quarto. Antes de fechar a porta escuto meu pai e ela começarem a brigar.

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Da flor somem os espinhos
É assim o mundo que você me deu

 

Eu a vejo com ele. Como se meu irmão fosse capaz de suprir toda a perfeição que faltava em mim. O filho incrível. Que gosta de saber notícias do mundo trouxa, mas que se encaixa no mundo bruxo. O garoto dos olhos que é alto, magro, ruivo. Exatamente como nosso pai. Exatamente como ela. Quisera eu ter a liberdade dele de não ser importunado 24h por dia. De ser livre.

Meu irmão que tento tanto proteger dessa pressão. Que tento mostrar que ele não precisa disso porque é incrível. Maravilhoso. Uma das pessoas boas dessa família. Enquanto eu fico sendo quebrada e encolhida a cada dia, enquanto ela faz listas mentais em busca da perfeição. Preciso garantir que ele nunca caia nesse limbo eterno de insatisfação.

Provavelmente estou fazendo cara feia, porque quando meu pai encosta ao meu lado ele me abraça pelos ombros me fazendo tirar os olhos da cena.

― Daqui uns dias voltam para Hogwarts, está animada?

Ele sorri, me tira de dentro da roda de hamster a qual me coloco sempre que volto para casa, corro e corro sem nunca sair do lugar.

― Não vejo a hora. – Respiro aliviada. Hogwarts tinha de fato me permitido respirar. Eu tinha voz, tinha amigos e se alguém falava sobre meu peso ou minha comida eu podia azarar. Era perfeito. A maioria não falava nada.

Penso que era a vantagem de não ter seguido o conselho do meu pai pela primeira vez na vida. E contra todos me tornado amiga de Scorpius. A escola não parece propensa a implicar com ele, ou com Albus, consequentemente comigo.

― Vai cuidar do seu irmão?

Dessa vez eu sorrio.

― Eu sempre cuido.

― Rose, você sabe que sua mãe te ama tanto e que por isso se preocupa. – meu pai a defende, as vezes acho que ele tomou como missão defender todos nós mesmo que seja um dos outros.

Eu aceno. Talvez ela me ame porque sou sua filha, mas ela odeia tudo o que eu represento. Toda minha figura.

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.

 

Apesar de ser tão claro
Eu não consigo entender

Não quero que ela passe por tudo que passei. Não foi fácil ser a garota diferente. A esquisita. A feia. E quando descubro das garotas da casa lilás sinto vontade de gritar com todos.

Rony parece não enxergar o quanto aquilo prejudicava a menina, o quanto o sorvete, as balas, os bolos não iam fazer ela se encaixar. O quanto faziam ela ama-lo e me odiar.

Sou a mãe. Descobri ontem que sou chata. Que ela me odeia. Que me vê como inimigo. Enquanto meu marido se torna o herói, o pai maravilhoso, que de fato ele é. Mas não quando tira minha autoridade sobre ela. Ninguém entende que quero apenas o melhor.

Não quero que se esconda em banheiros para chorar. Que não encontre amigas. Que os meninos riam dela. Eu conheço a sensação. E não posso deixar que ela também conheça. Só que toda vez que tento ajudar sou eu quem dá a ela todas as sensações que gostaria de evitar.

Então quando ela bate a porta do quarto e tenta esconder o barulho do choro. Eu me sinto a pior mãe do mundo.

E mais uma vez me vejo no banheiro. Enxugando minhas lágrimas.

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Tentativas vãs de descrever o que me calou
Me roubou palavras e chão e ar
Me roubou de mim

Escutá-lo falando aquilo foi demais.

Eu estava tentando me manter forte, mesmo sem amigos. Estava fingindo que estava tudo bem. Pelo menos me dava bem com aulas, com uma boa parte dos professores.

Mas aquelas palavras. Um pesadelo.

Aquilo fez com que todos os sentimentos dos últimos dias desabar através de lágrimas. Enquanto corri para o banheiro minha cabeça mergulhava em um tormento. Nunca me encaixaria.

No mundo dos trouxas sempre fui esquisita, aquela criança que fazia coisas estranhas acontecerem, a que sempre estava envolvida em pequenos desastres, como vidros quebrando, bonecas piscando, livros caindo da prateleira. Eu não sabia o motivo até a carta chegar. Achei que era apenas coincidência. Não era.

No mundo dos bruxos sempre a irritante, que sabe mais que todos os outros alunos, que em várias semanas não tinha feito amigos, não de verdade. Que andava sozinha por todos os corredores do castelo. E agora sabia que era um pesadelo.

Eu deixei as lágrimas brincarem em meu rosto sentido o quanto nunca ninguém iria gostar de mim. Me sentindo errada.

Com onze anos, nenhuma garota deveria se sentir assim, mas era inevitável para mim.

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.

 

Não há sensação melhor
Não há
Sinto estar perdida e salva

Sigo a passos firmes em direção à biblioteca. Estou decidida e não há nada que possa me deter agora. Quando entro no aposento ele está lá. Sorrindo de frente a ela, estudando com ela, dando sua atenção somente para ela. Paro de frente a mesa que ele estava e jogo um livro com a maior força que consigo reunir para chamar sua atenção.

― Rose? – a feição debochada dele me encara confuso.

― Vai te ajudar no seu estudo. – aponto o livro “Estudos avançados em aritimancia” e saio pisando alto de perto dele.

Começo a andar rápido. Quase corro, sinto uma lágrima descer em meu rosto. Entro em uma sessão reservada da biblioteca e tento me esconder entre livros velhos. Choro, tento não chamar a atenção em meu choro. Mas choro.

― Eu sei onde você se esconde. – a voz dele soa em minhas costas e sinto meu coração acelerar de forma descompassada. – Me desculpe? Não sei exatamente o que fiz de errado, mas me desculpe?

― Bem sínico de sua parte me dizer isso não acha? – simplesmente não consigo o ignorar.

― Rose... – ele rela em meu rosto tentando me fazer encara-lo. Mas fecho meus olhos e viro minha face para o outro lado. – Você está chorando, odeio te ver chorar.

― Está tudo bem, eu sou uma tola, como sempre. Parece que cai em minha própria armadilha.

― Do que está falando? – ele parece confuso.

― Eu luto para as pessoas terem voz nesse castelo. As minorias e eu sou o que? Uma minoria não é? Sou gorda Scorpius! – finalmente o encaro, ele nega com a cabeça. – E está tudo bem, porque tenho outras qualidades. Mas não está tudo bem quando...

― Quando você se menospreza e se acha inferior a garotas magras... – ele completa. Não era exatamente o que queria dizer, mas era verdade. – Você é linda Rose.

― Ah, por favor, pare... – coloco minha mão sobre os lábios dele o fazendo se calar. – Não preciso de sua misericórdia.

― O que faço? Não quero te ver chateada. – me pergunta me analisando.

― Você não pode fazer nada. – Digo porque é a verdade. – O sentimento está em mim, não em você.

― Impossível. Você é impossível! – Ele diz escorregando pelos livros e terminando sentado no chão empoeirado.

Me sento ao seu lado.

Ainda estou chateada e ainda quero chorar. Quero desver aquela cena, porque de tudo que poderia acontecer. Ele com ela era o pior. Mesmo eu podendo será muito egoísta nessa declaração, mesmo eu me tornando na maior “nice girl”, preferia ele com qualquer garoto da escola, mas não com ela. Seria mais fácil perder por algo maior do que uma aparência padrão. Mas não era o caso.

Ficamos lado a lado em silêncio. Ele sem saber o que fizera de errado e eu completamente errada.

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E a dor some no vazio
Que o seu beijo preencheu

O que? Ele mencionou algo sobre os elfos. Não para os mandar para a guerra. Mas sim os proteger da guerra? O garoto que me ajudou a destruir a taça minutos atrás. O garoto que me chamou de pesadelo, o que enfrentou aranhas, seu pior medo para me ajudar a não ficar mais petrificada. O garoto que implicava com meu gato, mas me defendia nas aulas de Snape, o que não teve coragem de me chamar para o baile de inverno, mas destruiu o boneco do Victor Krum em seu quarto. O dono do cheiro que senti na amortentia, o que segurou minha mão por estar com medo de dormir, o que chamou meu nome na mansão Malfoy quando estava sendo torturada, me fazendo voltar a razão. O Rony. Meu Rony.

Deixo os dentes do basilisco caírem em cascatas no chão e me lanço em seus braços o beijando.

Nosso primeiro beijo.

Enquanto sinto seus lábios penso que tenho apenas essa chance, apenas em meio a uma guerra e prestes a morrer. Provavelmente em qualquer outra situação o beijo morreria antes de acontecer. Afinal poderia ter acontecido antes. No dia que espionamos Draco na loja, quando eu tomei cerveja amanteigada excessivamente, aquilo certamente foi uma tentativa, quando ele me viu vestida para o casamento, em qualquer momento nos acampamentos. Tivemos tantas oportunidades e apenas não conseguíamos.

Eu esperando por ele, por uma atitude. E agora eu tive que resolver isso grudando meus lábios aos dele. O surpreendendo. Nos transformando pela primeira vez em nós.

Quando nos separamos e ele ainda assim se mantem grudado a mim, segurando minha cintura. Sei que não importa quantas vezes eu tenha que tomar a iniciativa. Tomarei. Porque sempre valerá a pena.

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Em lugar de mil palavras
Deixa o instinto se exercer

Estou obcecada.

Não que nunca tenha sido, mas ultimamente tenho a sensação de pensar nele o tempo inteiro. Quando acordo, durante o dia, mas principalmente a noite. Penso tanto nele que muitas vezes desisto de dormir, pareço uma sonâmbula andando pelo salão comunal, ou enquanto leio livros em minha cama. Livros que nunca saem da mesma página porque enquanto leio estou pensando nele.

Nossa amizade tão estabilizada, fomos criando laços, contando segredos, conversando sobre assuntos que não conversávamos com outras pessoas, coisas particulares e problemas familiares. Só ele sabia o quanto minha mãe conseguia me deixar desconfortável e eu sabia das crises de ansiedade que seu pai tinha que o deixava assustados.

Conversamos sobre tantas coisas. E agora eu obcecada com esses sentimentos confusos que sempre me corroem por dentro. Eu me odeio por sentir isso. Por querer beija-lo. E é exatamente o que eu quero. Beija-lo. Sentir seus lábios juntos aos meus.

Enquanto eu o vejo conversando com os amigos, me pergunto quanto tempo continuaremos amigos, por quanto tempo conseguirei ficar sem estragar tudo que temos.

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E a dor some no vazio que o seu beijo preencheu
Da flor somem os espinhos é assim o mundo que você me deu

Eu o beijo.

O pego despreparado. No meio de uma conversa sobre poções que deram errado. É como se eu o atacasse. Mas não conseguia mais aguentar a loucura em minha cabeça.

Posso escutar Hagrid e Albus prenderem a respiração. Estávamos lá para tomar um chá, não para um encontro romântico. Mas eu nunca sei muito bem em que momento posso ter rompantes de coragem e quando tive esse apenas me obriguei a agir.

Nossos lábios ainda estão unidos e eu estou quase me arrependendo de ter tomado a iniciativa quando sinto suas mãos me puxando para ainda mais perto. Como se nossos corpos não estivessem juntos o suficiente.

Nosso primeiro beijo.

Não o seu porque Scorpius Malfoy chamava atenção das garotas.

Mas o meu primeiro porque ser gorda em uma sociedade preconceituosa dificulta uma vida amorosa.

Nesse momento não me importo. Porque sei que estou perdida. Nunca mais conseguirei superar esse beijo. Também sei que estou salva, porque ninguém me beijaria desse jeito.

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Tentativas vãs de libertar o sentido maior
Que as palavras prenderam quando eu disse amo você

 

Ombros caídos. Olheiras. Pesadelos. Somos um resumo disso. E eu o observo. A tristeza não deixa seu rosto. Tudo fica pior na cerimônia fúnebre realizada nos jardins de Hogwarts dois dias depois que Harry vence Voldemort.

Ele está em pé. Debaixo de uma árvore, uma árvore que recebeu tanto a gente em tantos momentos durante as aulas. Olha o Horizonte e me pergunto se um dia a dor vai nos deixar. A única certeza que tenho é que preciso de seus braços e sei que ele precisa dos meus.

 O abraço. Sinto ele fungar em meus cabelos tentando controlar um choro que vem fácil. Quero lhe dizer tantas coisas. Quero lhe falar que sinto sua dor, tão aguda e lancinante. Quero lhe dizer que pretendo estar ao seu lado para sempre se assim ele me permitir. Quero lhe contar que as tempestades vêm, mas a calmaria logo chega e precisamos nos reconstruir. Que quero me reconstruir e ajudar a colar os cacos que ele se transformou. Todas nossas cicatrizes formando nossa história. Quero lhe dizer que quero construir uma nova história com ele. Mas nada disso é preciso. Digo as três palavras que resumem tudo isso:

― Eu te amo.

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Tentativas vãs de libertar o sentido maior
Que as palavras prenderam quando eu disse amo você

 

― Eu te amo. – disse quando cai no chão e ralei meus joelhos e chorei tanto que ele teve que fazer um feitiço para brilharem estrelas em meu machucado fazendo-o se curar mais rápido.

― Eu te amo. – disse quando ele roubou um pedaço de bolo de chocolate que a vovó Molly fez em nosso aniversário na calada da noite sem mamãe saber.

― Eu te amo. – disse me despedindo dele em seu ouvido, antes de entrar no trem em direção ao meu primeiro dia em Hogwarts.

― Eu te amo. – disse quando ele me apoiou em seguir meus estudos no ramo que desejava, mesmo que isso significasse uma carreira instável e pouco rentável.

― Eu te amo. – disse quando ele aceitou Scorpius como meu marido ao me entregar a ele no dia do meu casamento.

Dizer eu te amo sempre foi fácil para mim. Meu pai me ensinou enquanto crescíamos. Quando minha mãe saia para o trabalho um eu te amo e um beijo estalado. Quando eu me sentia para baixo, um eu te amo e um abraço apertado. Quando Hugo entregava desenhos de aniversário um eu te amo e um abraço com tapas nas costas. Fomos criados com essas três palavras. Então eu estava acostumada em arremessa-las ao ar, para toda e qualquer pessoa. Eu fui ensinada a amar a vida.

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Sinto estar perdida e salva

Estou sentada em um sofá sobreo, em uma sala ligeiramente escura. Pareço grande demais para o lugar. Não me encaixo com a decoração ou com nada em volta. Me encaixo tão bem a ele.

Quando os dois descem a escada vejo o quanto meu namorado é parecido com seu pai. Os cabelos, a altura, o jeito que aparenta ser soberbo, o jeito duro de encarar as pessoas. Mas percebo que o sorriso é exatamente como o de Astoria. Sua mãe é tão bonita. E também alta. Entendo porque Scorpius é como é.

Ele segura minha mãos o tempo todo. Enquanto escutamos seus pais relembrando de quando começaram a namorar, muito mais velhos que nós. Consigo soltar risadas e percebo o alivio que ele transmite a cada novo assunto que surge.

― Eu te amo. – ele diz em meu ouvido. Não estava preparada.

Eu me derreto por dentro.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostados e aguardamos seus comentários sobre...
Até o próximo!