Garota problema escrita por Clara Foster


Capítulo 5
Flores e café


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, durante toda a semana postarei capítulos novos! Além do mais, essa semana devo lançar uma nova história. Obrigada por quem está acompanhando :)



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Eu estava consciente de que queria ficar no minuto em que deixei o apartamento de Sakura. Rumo ao meu, pensava na noite agradável e confortável que passei com a singular garota de cabelos cor de rosa. Saber que ela desejava ser médica e não advogada, ouvir um pouco sobre seu antigo cachorro e suas amizades, era algo que me deixava verdadeiramente feliz.

Quase como se já tivéssemos ouvido falar sobre o outro e sabíamos exatamente quais pontos conversar. Um roteiro pré-concebido, o que deixava a experiência da noite anterior ainda melhor. 

Essa fora a minha noitada, mesmo com todos os meus problemas, eu consegui me divertir de maneira muito distinta, em partes pela garota. Por outro lado, talvez fosse o meu desejo de mudar algo? Não sei, ainda não esqueci o olhar da menina de ontem, não esqueci o pequeno ataque que tive por não conseguir o emprego. Não sabia exatamente como lidar com essa situação, não sabia como falar para Naruto que não poderia pagar o primeiro mês de aluguel. Queria apenas que tudo aquilo não fosse algo a existir na minha chance de recomeçar.

— Ei… Teve uma noitada, é? - Foi a única coisa que Naruto disse quando entrei no apartamento, ele segurava um pouco o riso.

Aparentemente, para Naruto, a ideia de que eu fiquei a noite inteira fora era um absurdo. Afinal, ele me conhecia como ninguém e sabia que não era do meu feitio fazer algo como aquilo. No entanto, sua expressão não era mais risonha quando viu minhas roupas e o olhar cansado de quem não dormira a noite inteira.

— Então… Verdade, hein? - O seu sorriso era uma aprovação agora. Não pude evitar de sorrir de volta, Naruto me conhecia como ninguém e poderia dizer exatamente o que eu estava pensando.

— Conheci uma garota. - Respondi simplesmente pela pergunta silenciosa que rondava ali. - Ela é… Legal. - Foi o único adjetivo que encontrei para Sakura naquele momento, imaginando que não chegava perto do que realmente era.

Naruto deu uma risada estrondosa e deixou o assunto quieto, convidou-me novamente para a festa na sexta-feira para conhecer a sua garota e insistiu que eu levasse a minha. Mesmo que eu ainda não tenha me decidido sobre ir, até aquele momento, não queria envolver Sakura naquilo.

— Não é minha garota, Naruto. - Cortei o pensamento dele, levar Sakura para conhecer a namorada do meu melhor amigo e apresentar ela… Como? Não fazia sentido algum para mim. - Não sei nem se nos veremos novamente… De qualquer forma, eu vou conhecer sua garota.

— Você sabe que ela é especial? - Estranhamente, não achei que Naruto estivesse falando de Sakura, mas não sei porque ele me perguntaria uma coisa dessas a respeito da própria namorada. Ele tinha esse jeito meio ambíguo de falar.

A minha aprovação não deveria ser coisa alguma para Naruto, afinal, minha vida era bem mais bagunçada no momento. Digo isso porque sei que a vida de Naruto não foi nada fácil, mas sei também o esforço dele para conseguir sobreviver de maneira positiva. Nesse aspecto, perdia para Naruto de muitas maneiras.

Concordei com a cabeça, sabia que ela era especial, fosse quem fosse, e deixei Naruto tirar as próprias conclusões. Contei sobre o emprego, como não conseguiria pagar o primeiro aluguel e ele apenas disse que essas coisas acontecem. De qualquer forma, ele perguntaria para a namorada se poderia conseguir uma vaga para mim na empresa do pai… Seria uma oportunidade única, eu não iria me arrepender. Ao menos, era assim que Naruto afirmava.



O dia seguinte foi muito tranquilo, conheci o campus. Resolvi fazer o tour sozinho, não poderia depender de Sakura para qualquer coisa. Além do mais, não sabia como ligar e apenas convidá-la para sair simplesmente, uma vez que os efeitos da bebida deixaram meu corpo por completo e não sei se a conversa seria a mesma de qualquer maneira.

Talvez eu quisesse manter qualquer aparência e também não queria descobrir se ela era apenas encantadora por causa da bebedeira. A imagem daquela Sakura eu não poderia desconstruir, porque era bonita. Descobrir que talvez ela fosse diferente, não era realmente o que eu procurava, seria decepcionante e frustrante. O que eu procurava, porém?

Os dias passavam de maneira muito pacata naquela cidade, começar os estudos foi muito tranquilo. Conheci alguns professores e outras pessoas, uma garota e um garoto que eram irmãos e mais reservados, o que era ótimo para mim, evitava algumas perguntas desnecessárias e incômodas.

A faculdade parecia oferecer uma ótima estrutura realmente, ou talvez fosse apenas a visão de meus pais sobre mim e como eu gostaria de orgulhar os dois. A esperança de orgulhar aos dois aumentava quando Naruto confirmou que a namorada poderia me arranjar uma boa vaga na empresa do pai, e como era um favor para Naruto, a vaga realmente seria boa e daria conta de todas as minhas despesas sem maiores problemas.

Pensar em dinheiro era algo que me atormentava, porque se não fosse esse emprego, eu não teria como continuar parte da faculdade depois do primeiro semestre e o apartamento. Concorrer a uma bolsa de estudos era o que eu precisava, mas a aplicação levava ao menos um semestre. Deveria economizar para além desse semestre caso algo ocorresse com a bolsa.

No entanto, pensar nessas questões não ajudariam em nada. Ao menos, não por agora quando eu ainda não tinha certeza do futuro que me aguardava. Eu sabia apenas do agora e do antes, e o antes era algo que eu gostaria de esquecer, por um tempo pelo menos. Falar, porém, era consideravelmente mais fácil que agir.

Afinal, quando percebi, já estava parando em uma banca de flores, escolhendo um buquê para deixar embaixo de uma árvore. Uma pequena homenagem para minha mãe pelo seu aniversário, ainda que não estivesse mais aqui. Creio que era a única coisa que eu poderia fazer naquele momento, porque era uma forma que eu tinha de superar os acontecimentos também.

— Flores, é? - Uma voz conhecida veio por trás. - Esperava mais por uma ligação. - Ao me virar, encontrei Sakura.

A garota estava me encarando de uma maneira risonha, vestia um terninho e carregava uma pequena pasta muito elegante. Os cabelos elegantemente presos em um coque baixo, evidenciando o rosto.

— Não são para você. - Respondi simplesmente, notando que o sorriso de Sakura tremeu um pouco antes que ela respondesse.

— Era uma piada. 

Notei como eu pareci mau humorado para a garota, sem perceber como aquilo era simplesmente grosseria de minha parte. Sakura poderia estar pensando qualquer coisa naquele momento, pelo seu olhar, ela estava completamente desconfortável com a situação, o que era bom, porque eu estava mortalmente desconfortável com tudo aquilo, não saberia como começar a pedir desculpas.

— Ah! Então é você a garota para quem ele encomendou essas aqui, hein? - A vendedora, uma garota loira de olhos muito azuis, disse entregando um buquê de cerejeiras muito bem preparado. - Não sabia que era você, Sakura.

— Oi, Ino! Como está? - Sakura estava um pouco corada agora, olhei dela para a vendedora, Ino, tentando entender qualquer coisa daquela situação inteira.

— Bem e você? Bom, quando ele pediu as cerejeiras poderia ter desconfiado por causa do cabelo… E o estilo do homem. - Ino deu uma piscadinha para a amiga, que corou tanto a ponto de me olhar pedindo desculpas pelo ocorrido, ao que eu simplesmente sorri.

Peguei as flores e entreguei para Sakura, agradecendo Ino silenciosamente por resolver a situação de maneira tão singular. 

— Ainda acho que uma simples ligação era o suficiente. - Sakura respondeu pegando as flores com gratidão. - Que tal um café? Ou prefere me levar para jantar? - E riu mais uma vez com a minha reação constrangida.

— Café está ótimo… Conheci um lugar ótimo. - Respondi, um pouco consternado por não conseguir simplesmente entregar as flores para minha mãe.

Ainda assim, não poderia culpar Sakura por aquela situação. Eu nem poderia imaginar o que ela estava pensando sobre o outro buquê em minhas mãos e que nos acompanharam por todo o percurso, e durante o café. Não era culpa de Sakura que ela não soubesse como eu queria entregar aquele buquê sozinho ainda naquele dia, mas não sabia como falar daquilo.

Na realidade, o outro buquê não foi citado no assunto, conversar com Sakura era o suficiente para que o restante pouco importasse. Hoje ela falava sobre como era seu trabalho e como já estava lotada de coisa para fazer, ainda mais nesse momento em que era o momento de contratar e treinar novas pessoas. Contei sobre a minha procura e como meu amigo conseguiu uma ótima vaga para mim, o que foi o suficiente para que ela me pagasse um cupcake para comemorar a conquista.

Dividimos silenciosamente o bolinho, não era estranho estar ali com Sakura. Não esperava encontrá-la tão cedo, porque não sabia como simplesmente desconstruir aquela imagem. Por outro lado, imagem alguma precisou ser desconstruída até aquele momento, porque ela continuava encantadora.

Enquanto caminhávamos antes do anoitecer, olhei rapidamente para uma árvore muito bonita em uma praça e virei para Sakura, sem ouvir realmente o que ela me dizia. Interrompi sua fala de maneira um tanto bruta, o que a sobressaltou:

— Perdão, Sakura… Eu não comprei flor alguma para você. - Quando percebi que ela estava um tanto confusa, e envergonhada pela situação, tentei me explicar melhor. - Ino me salvou de uma situação constrangedora, agradeça ela… Na realidade, este buquê aqui é para minha mãe.

Sakura sorriu timidamente, parecendo um pouco aliviada com a explicação que recebeu. Certamente, não era o que ela esperava como resposta.

— Imaginei que era para alguém especial… Ino tem um toque só dela para as coisas, o que é ótimo… Espero que sua mãe goste das flores. - Foi a única coisa que Sakura disse, mas eu ainda sentia que precisava explicar mais alguma coisa. Como um pedido de desculpas pela confusão, querendo ficar simplesmente sozinho.

— Eu vou deixar naquela árvore para ela. - Não queria verdadeiramente continuar o assunto, mas a delicadeza de Sakura não falhou, pois não parecia incomodada com o fato de que eu fui grosso ou que enganei sobre o buquê até aquele momento, e simplesmente respondeu de maneira muito serena:

— Entendo… Bom, nesse caso, deixarei você apenas com ela! Mas, espero que amanhã eu possa tomar um café, sem flores, com você. 

Sem esperar por resposta alguma, ela me deu um pequeno beijo na bochecha e se afastou sem dizer mais nada, deixando-me apenas com minha mãe e as flores. Enquanto Sakura se afastava, pude perceber como a imagem de Sakura era muito mais bonita hoje que na noite que passamos juntos, notei também como minha mãe gostaria dela, porque a brisa que me envolvia parecia agradecer por tudo aquilo.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :)