Garota problema escrita por Clara Foster


Capítulo 10
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Olá! Meu período aqui no segundo semestre de 2020 foi totalmente ausente. Peço perdão! O ano foi muito complicado mesmo para mim e espero finalizar essa história agora no primeiro semestre de 2021.
Tenho um carinho muito grande por "Garota Problema" porque foi a primeira fic que escrevi quando voltei a escrever. Agradeço a todos que ainda estão aqui! Muito obrigada, vocês são maravilhosos!
Para quem gostar de UA de Naruto, hoje lançarei uma nova chamada "The girl at midnight" de Sasusaku, para o próximo ano, começarei a trabalhar também com Naruhina.
Beijos e boa leitura!



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Por um minuto eu não pude deixar de sentir raiva, a mais profunda raiva que seria capaz de sentir um dia. Itachi estava de volta e ao lado de Sakura… Que diabos ela estava fazendo em casa? Que diabos estava fazendo sentada em minha mesa com meu irmão há um tempo já desaparecido?

— Que você quer? - Perguntei para ninguém em específico, percebendo que sentia raiva ainda e que ela não apaziguava de forma alguma.

Itachi não se deu o trabalho de me responder, voltou-se para Sakura e acariciou seu cabelo com carinho, observando seu rosto com delicadeza. Fiquei ainda mais furioso, como ela já podia estar com meu irmão? Qual era o fetiche daquela garota? No entanto, olhei com um pouco mais de atenção, a raiva dissipando um pouco e permitindo que um pouco de lógica adentrasse a mente. Sakura estava machucada, terrivelmente machucada.

Pude perceber o seu olho inchado e roxo, o rosto completamente arranhado e os braços cheio de hematomas, ela tremia, tremia com dor e medo, incapaz de pronunciar qualquer palavra. De repente, meu coração parou por um momento, era a garota que havia mexido comigo e com meu melhor amigo, que mentiu e que era realmente dissimulada, mas de alguma forma, agora, ela estava extremamente machucada e refugiada em minha casa. Não podia ver Naruto ali, não sabia porque Itachi estava ali, mas caminhei até Sakura e segurei sua mão, olhando no fundo de seus olhos verdes, tentando entender o que quer que tenha ocorrido.

— O que… O que aconteceu? - Perguntei para Sakura, encarando seus olhos de maneira muito profunda, sentindo-me estranho por me importar tanto… O que estava ocorrendo? O que aconteceu com Sakura? Olhei para Itachi, procurando qualquer resposta.

— Ela estava voltando sozinha para casa, ao que parece, e foi atacada por dois homens… Acho que queriam mais do que assaltá-la. Eu não sei se cheguei cedo ou tarde, ela não fala nada desde então. - Respondeu Itachi, olhei para Sakura novamente, angustiado.

— Vamos para o hospital, está bem? - Ela não respondeu, não expressou qualquer reação. O meu estômago embrulhou, não podia acreditar que a deixei esperando a noite inteira e aquilo aconteceu quando ela teve que voltar sozinha.

Ignorei Itachi por completo, não queria conversar com ele, não queria lidar com ele agora. Desci e a coloquei no táxi e não me importei de estar perto demais no carro, abracei Sakura e fiquei assim o tempo todo enquanto não nos atendiam no hospital. Lá, expliquei a história ao menos cinco vezes, durante a triagem e todos os exames, não deixei de ficar atordoado, pensando no que havia acontecido. Felizmente, parece que Itachi chegou cedo e Sakura não foi violada, as batidas do meu coração abrandaram um pouco, mas não o suficiente.

O dia inteiro fiquei com ela no hospital, não deixei de segurar sua mão em momento algum e fiquei ali, apenas ali por um tempo indeterminado, pensando em qualquer coisa que não aquela situação. Ela não falou nada o dia inteiro, não se alimentou e não fez menção de que precisava de qualquer coisa, apenas ficou ali, uma mera existência, os traços de uma pessoa cheia de vida, quase como se não existisse. Não pude deixar de pensar no que teria acontecido se eu estivesse junto com ela, se eu ouvisse a sua versão da história e resolvesse acompanhá-la até em casa, ela estaria bem agora. Culpei, por um segundo, Hinata por escolher justo aquela noite para passar mal, mas eu sabia que estava sendo completamente infantil e injusto, só era mais fácil culpabilizar qualquer outra pessoa que não eu mesmo por não estar com Sakura no momento em que ela mais precisou.

Saímos do hospital tarde da noite, levei Sakura para o meu próprio apartamento, troquei suas roupas, vestindo-a com as minhas e a deitei em minha cama. Ela realmente não falara nada ou expressara qualquer reação, pouco me importava, ela ficaria ali em segurança. Não importa o que ela tinha feito, de alguma maneira Sakura era minha amiga e não merecia outro tratamento que não aquele.

Encontrei Itachi em minha sala de estar e o observei por um tempo antes de perguntar:

— Por que voltou?

— Terminei uns assuntos inacabados e finalmente pude te encontrar… Você está bem?

— Como me encontrou?

— Naruto. - Droga, Naruto! Sempre com a língua onde não foi chamado.

— Você sumiu depois da morte deles.

— Sumi. - Respondeu Itachi de maneira muito terna. - Precisei.

— Eu tive que me virar sozinho, bancar tudo por mim. - Grunhi para ele. - Você não estava aqui!

— Eu sei. Não precisa mais. Estou aqui agora. - Respondeu Itachi de maneira mecânica. - Você também terá alguns compromissos agora.

— Não o quero aqui. - Respondi com brutalidade. - Não quero você em minha vida nunca mais. - Estava irritado demais para lidar com Itachi naquele momento. Fugir sem nenhuma explicação e voltar misteriosamente sem nenhuma previsão, realmente me deixou furioso. - Você não se importa com ninguém.

Ele riu com um pouco de escárnio.

— Você é novo demais mesmo, uma criança. - Corei com raiva, mas Itachi não pareceu se abalar com aquilo, tratando-me como criança desde sempre. - Infelizmente, só obedecerei seu pedido quando souber o que ocorreu com a mocinha, saber seu nome e avisar alguém que possa cuidar dela.

— Pode ir embora, ela é a Sakura… - Respondi, pronto para me virar e deixar Itachi sozinho.

— Sakura, uh? Você a conhece? - Eu entendi a provocação em sua voz, não ficaria preso nessa brincadeira infantil de Itachi, não naquele momento.

— Ela é… Uma colega de faculdade. - Respondi e entrei no meu quarto novamente.

— Você terá alguns compromissos, Sasuke. Eu ainda voltarei, apenas darei tempo para resolver as coisas com sua... Colega. - Ele enfatizou a última palavra, mostrando que não comprou a história.

— Vá embora, Itachi. - Não esperei por uma resposta ao fechar a porta.

Lá, observei Sakura à meia luz e foi o momento em que me senti pior. Sua pele mais pálida que o normal, estava arroxeada em diversos pontos, simplesmente machucada demais e aquilo era culpa minha. Sakura estava apenas no lugar errado e na hora errada, assim como eu… Se eu não tivesse passado para ver Hinata, se eu seguisse diretamente para o Bar 23, a noite anterior seria muito diferente. Para começar, Sakura não teria se machucado e quase violada e eu… Bem, eu talvez não estivesse mais com Hinata.

Ao observar Sakura agora, percebi quanto eu queria que sua explicação fosse válida, como fosse algo que não uma mentira, só uma confusão. Percebi como queria ouvir que ela me escolheu, como me queria. Eu adorava Hinata, era verdade, a garota era um doce de pessoa e sinceramente merecia alguém que gostasse dela na mesma intensidade e a tratasse com o amor e carinho que ela demonstrava aos outros… Eu não era esse alguém.

Ficar com Sakura podia não ser uma opção agora, talvez nunca, mas percebi que ao menos eu não deveria estar com Hinata. Teria que terminar com a garota em algum momento, o que seria difícil porque eu não suportaria olhar para ela depois e ela era tão boa que não merecia qualquer tipo de tratamento inadequado, eu faria um esforço para conseguir tratá-la melhor ainda depois do término, era isso o que ela merecia. Mesmo assim, Hinata era a pessoa mais doce e gentil que eu já conheci, e gostava dela, gostava de verdade. Gostaria de continuar com ela, talvez... Não sabia exatamente o que eu queria naquele momento, não sabia o que esperar com Hinata, mas sabia que não era Sakura naquele momento... Talvez.

Sakura se remexeu um pouco na cama, os olhos ainda abertos, sem descansar nunca.

— Obrigada… Sasuke. - Sua voz era um sussurro, entrecortado e trêmulo, quase como se ela tentasse se lembrar de como falar. Andei até a cama e me deitei com a garota, abracei Sakura e dormi com ela, esperando que pudesse descansar.

 

(...)

 

Pela manhã, eu estava sozinho na cama. Levantei depressa e fui para a sala de estar, Sakura estava sentada com Naruto, eles conversavam e riam com naturalidade, meu coração se apertou. Ela estava vestida toda de preto e não sei de onde vieram as roupas, tampouco perguntei.

— Bom dia. - Falei de mau humor. Os dois me encaravam agora, Naruto piscou para mim uma vez.

— Tínhamos a mesma garota, eh? - Pisquei surpreso para Naruto e percebi Sakura corando um pouco, desviando o olhar daquela situação que era simplesmente constrangedora. Naruto gargalhou. - Não se preocupe, só fui emocionado. Sem ressentimentos. - E esticou o punho para que eu batesse no dele, pisquei ainda mais confuso, mas bati.

Naruto deixou o aposento e fiquei sozinho com Sakura, olhei para a garota que sorriu constrangida.

— Des-desculpe por ontem… Mas, obrigada. - Foi a única coisa que ela conseguiu dizer depois de um silêncio perturbador, e que sinceramente já mexia com meus nervos.

— Não há de quê. - Não há de quê? O que era aquilo agora? Sakura soltou uma risadinha.

— Está muito educado hoje, hein?

Corei um pouco, realmente Sakura e eu já passamos daquela educação polida. O problema é que eu não sabia como lidar com a garota naquele momento. Como iniciar a conversa? Como continuar a conversa naturalmente?

— O que Naruto disse? - Foi a única coisa que consegui pensar e realmente não foi a melhor coisa a se dizer, visto que Sakura corou muito envergonhada naquele momento.

— Bem, Naruto confundiu algumas coisas… Acho melhor vocês se resolverem. - Foi a única coisa que disse antes de voltar para a própria xícara. Não era o suficiente.

— Explicação? - Fui um pouco mais rude do que planejava, mas Sakura não pareceu se importar, apenas suspirou e abaixou a própria xícara. Ela entendeu o jogo que eu fazia.

— Justo… Bem, o que você precisa saber? - Ela agora me olhava com sinceridade, parecia ser verdadeira ao me encarar… Teria eu as respostas que procurava?

— Naruto? - Decidi que seria melhor continuar com o nosso jogo, não queria realmente encarar Sakura, então só me remexi o suficiente para que ela soubesse que eu a ouvia.

— Lembra do cara que eu saí algumas vezes e não sabia como terminar? Bem, era Naruto… Eu… Eu não sabia que ele era seu amigo. - Ela suspirou uma vez mais. - A culpa foi minha de nunca saber como terminar com ele de verdade.

— Aquela noite? - Ainda não podia encarar Sakura, não estava pronto.

— Era a noite em que eu terminaria com ele… Que eu terminei quando fomos para a minha casa… - Ela esperou por uma resposta que não veio. - Eu não sabia que você estaria lá.

Lembrei-me da surpresa de Sakura naquela noite. Do desconforto total quando ele apareceu e, de repente, pareceu realmente plausível que ela estivesse incomodada com a minha presença por causa do término e não porque me enganava. Ainda assim… Ainda assim, algo no fundo da minha mente não queria acreditar naquela história, algo pensava em Hinata e em como a conheci, como ela era uma pessoa simplesmente maravilhosa e que merecia muito mais, merecia aquela felicidade que sentia comigo depois de tudo o que fizera por mim, pelo meu bem-estar. Pensei que ouvir a versão de Sakura seria um alívio e me traria respostas para perguntas jamais feitas, mas não estava sendo dessa maneira.

— Acho melhor que você vá agora. - Foi a única coisa que disse.

Sakura apenas se levantou e foi até a porta, acompanhei-a.

— A garota especial? - Sakura perguntou antes de sair por completo, fazendo a mesma brincadeira que eu. Por algum motivo, senti a necessidade de não esclarecer as coisas, mas precisava ser sincero.

— Hinata. - Então, Sakura se virou e foi embora. - Me liga quando chegar! - Foi a única coisa que gritei, vendo-a assentir delicadamente. Fechei a porta.

— Cara… Você é muito burro mesmo. - Ouvi Naruto dizer e gargalhar em minhas costas, desejando que a terra se abrisse e me engolisse.


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