Um eterno déjà-vu escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 4
Sexto ao décimo segundo dia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas, esperamos que gostem desse capítulo. :*



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Albus não o acordou no dia seguinte. Scorpius já estava sentado em sua cama analisando um livro com a varinha acesa quando seu melhor amigo acordou.

— Nunca te vi acordar tão cedo. – comentou levantando-se da cama.

— De fato nunca me viu mesmo. Escute que dia é hoje? – perguntou tirando os olhos do livro e encarando-o.

— É... – ele pareceu pensar um minuto. Quinta-feira?

— Tudo conforme planejei.

— Você odeia quintas-feiras. — Ele comentou se encaminhando para o banheiro.

— Exatamente. Escolheram o dia certo para me pregarem essa pegadinha. – mas o amigo não o ouvia mais. Scorpius pegou um pedaço de pergaminho e escreveu o que tinha encontrado no livro:

Significado de Prepotente

Adjetivo masculino e feminino
1. Diz-se de quem revela prepotência; tirano, opressor; despótico
2. Diz-se da pessoa que possui demasiado poder, que é muito importante ou influente
3. Relativo a quem faz uso do poder referido de forma autoritária, despótica ou dominadora; arrogante

Scorpius não entendia como Rose dizia sempre que ele era prepotente. Ele não tinha autoridade nenhuma no castelo. Como poderia ser tirano e opressor? Resolveu se trocar e tentar encontrá-la no café da manhã. Talvez conhecesse a definição da palavra saindo de sua própria boca.

Ao andar ainda lendo o livro de significados, não viu quando passou dentro de um fantasma.

— Ei garoto não vê...

— Não vê que estou fazendo minha caminhada matinal? – Scorpius completou a fala do fantasma antes que ele dissesse qualquer outra coisa. – Olha, é bem pior para eu sentir a sensação de água gelada caindo em cima de mim do que para você ser atravessado. Acredite não faço isso porque quero, mas acho que devia prestar mais atenção.

O fantasma o olhou com os olhos apertados e resolveu pela primeira vez lhe responder

— Como pode saber? Nunca morreu. Nunca foi condenado a permanecer na Terra sem nunca completar seu ciclo. Estou condenado para sempre a ser assim. Como pode saber se a sensação de água gelada pelo corpo é pior que viver condenado?

E então Scorpius percebeu, ao ver o fantasma continuar a flutuar para longe de si que Rose tinha razão em partes em falar que ele era prepotente.

— Francamente! Como pode ser tão prepotente e chatear o Frei Gorducho?...

— Ele é o fantasma mais amado etc etc etc... – ele já estava na mesa do café. Albus estava do seu lado e Lily tinha acabado de se afastar dele com sua aposta certeira marcada. E então Rose apareceu fazendo sua ordem de roteiro magistralmente. – Escute Rose, quero conversar com você.

— Temos aula agora. Sabe que não gosto de me atrasar.

— É rápido. – ele esticou sua mão a fim de pegar a da garota que estava pousada em cima da mesa. – Como posso ser prepotente se não sou nenhuma autoridade?

A garota o olhou intrigada pela pergunta. Nunca achou que ele fosse prestar atenção em uma simples palavra dirigida a ele. Percebeu que os dedos dele acariciavam o dorso de sua mão suavemente. Retirou a mão de perto da dele automaticamente.

— É uma autoridade como monitor quando abusa de seu distintivo, é uma autoridade para os elfos quando manda neles como se fosse seu dono, é uma autoridade para fantasmas quando esbarra com eles no meio do caminho e acha que a sensação de um banho gelado é pior que viver condenado para sempre. É prepotente pelo simples fato de não pensar no outro e não ser benevolente.

— Benevolente?

— O contrário de prepotente. O que na verdade você deveria ser. – terminou sua explicação e lhe deu as costas. Scorpius sabia que ia ser cada vez mais difícil conquista-la.

Albus o avisou que iria para a aula de adivinhação e saiu. Scorpius abriu o livro que levava até então e procurou a palavra Benevolência.

Benevolência é um substantivo feminino com origem no latim benevolentia, que expressa a qualidade de alguém que é benevolente, ou seja, demonstra afeto e estima em relação a alguém.

Benevolência significa demonstrar bondade ou boa vontade em relação a outras pessoas, revelando altruísmo e empatia. Um amigo é um ser benévolo, porque tem boas intenções, é sincero, compreensivo e tolerante.

“Então preciso ser benevolente para você me notar?”

De fato ele deveria ser uma pessoa melhor para Rose começar a perceber o quanto ele era interessante. Scorpius, podia ter mil defeitos, mas ele era fiel aos amigos, dificilmente dedurava alguém eram duas características importantes não eram? E diferentemente do que as pessoas achavam, ele não ficava em rodinhas implicando com os outros, escolhendo alguém para ser o seu alvo.

Logo quando entrou em Hogwarts não foi fácil ser um Malfoy. Ele era essa pessoa que vira alvo de brincadeiras e maldades. Uma criança de onze anos não deveria passar por isso. Então enquanto estava em férias decidiu que ele não iria passar o resto da vida sendo a pessoa que sofre as brincadeiras, nem a pessoa que faz. Ele só seria superior a tudo aquilo. Criou sua personalidade.

Infelizmente, agora sua tentativa de ser benevolente começava a fracassar porque quando entrou na sala de adivinhação esqueceu de pedir licença e Rose o encarou da mesma forma que o encarou em todos os outros dias.

Tinha chegado a hora de criar uma nova personalidade. Scorpius se mostrou capaz disso. Criava armaduras constantes para não deixar os outros lhe ferir. Mas Rose atingiu a parte que não tinha como proteger.

— Significa que está se conectando com algo espiritual, significa mudanças... – E ela lhe informou seu destino pela borra de café e o garoto finalmente entendeu.

— Mudanças? – perguntou mais para si mesmo. A professora confirmou que a garota tinha lido certo a borra e foi dar atenção a outra turma. – De fato, mudanças é o me espera.

— O que está dizendo? – ela lhe perguntou confusa.

Mas ele não respondeu. Resolveu começar a ser à sombra de Rose por onde quer que ela fosse.

— Eu te ajudo a carregar seu material. – se ofereceu quando a aula de adivinhação havia terminado. Pegou a mochila da garota e seus livros carregando escada abaixo. Albus olhou estranho para o amigo não entendendo seu comportamento repentino.

— Tenho aula diferente de vocês agora. Runas antigas. Fica do outro lado. – a garota foi tentar arrancar os materiais das mãos dele.

— Sem problemas. – puxou os livros de volta para si.

— Não seja teimoso. – ela puxou novamente.

— Você é teimosa. Estou sendo benevolente. – então numa última puxada, rasgou a capa do livro da garota. Ela o olhou horrorizada.

— Você faz tudo errado! – gritou quase chorando puxando finalmente seus materiais e saindo correndo de perto dele.

— O que foi que aconteceu aqui? – perguntou Albus a ele que estava parado olhando garota sair correndo.

— Vou ter que mudar isso amanhã. Ser menos intenso.

Sétimo dia:

— Eu te ajudo carregar seu material. – ele falou após a aula de adivinhação, mas bem mais calmo. – Eu sei, você tem Runas antigas. Só me deixe te ajudar para me sentir benevolente.

Pediu assim que viu que ela iria recomeçar a puxar o material para si. Ela o observou e resolveu ponderar o pedido. Deu de ombros e saiu andando na frente com o garoto atrás de si. Albus olhava para os dois não entendendo o comportamento estranho que estavam tendo.

— Obrigada. – Rose agradeceu pegando seu material assim que chegaram de frente à sala de Runas antigas. – Agora vá para não perder sua aula.

— Eu não mereço nenhuma recompensa? – pediu. Quem sabe ganharia um beijo no rosto de agradecimento.

— É... – ela começou a pensar. Abriu sua bolsa e tirou de lá um livro. – Leia. Vai te fazer bem e aprenderá a ser mais benevolente. Já que quer mudar.

Scorpius olhou o objeto em sua mão e leu o título do livro “O pequeno príncipe”.

— Um livro?

— Agora vai! – ela o expulsou e o garoto só pensava o quanto era difícil mudar por Rose. E o que aquele livro tinha a ver com isso tudo.

— Um livro trouxa? – Ele analisava o livro que por sorte não parecia tão grosso como os outros que a menina costumava ler.

— Vamos. – Albus começou a correr porque o ato de Scorpius certamente os atrasaria.

Scorpius gostaria de começar a ler o livro. Só que sabia que mais do que qualquer outra atitude Rose abominava aqueles que desrespeitavam os professores. O garoto correu para aula, estava seguro que dessa vez não faria nada de errado.

Passou a aula concentrado, porém pensando no livro. Logo voltaria a se encontrar com Rose e gostaria de poder comentar algo que estivesse naquelas páginas. Aproveitaria o caminho entre uma aula e outra para fazer uma leitura dinâmica e pelo menos  entender do que tudo aquilo se tratava. Scorpius não poderia imaginar que o livro lhe apresentaria bons aprendizados.

— Um elefante...

— O que? – perguntou Albus. Estava sempre lhe fazendo perguntas.

— Uma jiboia engolindo um elefante...

— Oi? – estava cada vez mais confuso.

Ambos estavam comendo as saladas do almoço e Scorpius finalmente viu Rose chegar à mesa para almoçar.

— Esse livro é sobre uma jiboia engolindo um elefante ou um chapéu? – perguntou diretamente não entendendo nada do que lia.

— Hum, está lendo? – ela lhe entregou um sorriso de lado. — Então me diga. O que você vê nessa imagem? Um chapéu ou uma jiboia engolindo um elefante?

O garoto pareceu pensar. Olhou atentamente o desenho do livro e resolveu dizer o que pensava.

— É um chapéu.

— E aí é que a magia toda se perde. – ela sacudiu a cabeça em negativa e sentou-se para começar a comer.

— Vocês estão mais estranhos que o normal hoje. – constatou Albus olhando de um para outro cada vez mais confuso com a conversa de jiboias, chapéus e elefantes.

— Então quer dizer que é uma jiboia comendo um elefante? – Scorpius perguntou a ela ignorando Albus.

— Não perca sua magia Scorpius. Acredite. É claro que isso não é num chapéu. Ou você já se transformou em um adulto prepotente?

E lá estava de novo aquela palavra que o perseguia. Teria que terminar de ler o livro e mudar sua conversa com ela no dia seguinte.

Oitavo dia:

— Então me diga o que vê nessa imagem. Um chapéu ou uma jiboia engolindo um elefante?

— É uma jiboia engolindo um elefante. – respondeu sorrindo para Rose.

— Olha, até que está prestando atenção no que está lendo. – ela sorriu sincera para ele. Scorpius se sentia mais leve.

Tinha de fato lido todo livro noite passada, mas ainda tinha coisas muito confusas. Como a história do cativar. E o fato do príncipe ter uma rosa única em seu pequeno asteroide. E o exagero de ver o pôr do sol quarenta e três vezes quando estava triste. Scorpius pensou que nunca tinha se permitido ver o pôr do sol como o príncipe do livro. Questionou-se se deveria tentar, talvez com Rose. Provavelmente a menina também gostava de olhar o sol se pôr, aparentemente gostava de tudo que tinha naquele livro.

— Hei, Rose...

— O que?

— Você também gosta de ver o pôr do sol?

Ela analisou muito bem a expressão do garoto. Ele parecia ter dormido um e acordado outro. Alguma coisa não estava batendo. Por fim ela acenou afirmativamente, enquanto tinha soado um alarme em sua mente e ela ficaria atenta nas atitudes de Scorpius.

Continuou seguindo o cronograma do dia. Viu a garota ganhar o amasso de Hagrid.

— Podia chamá-lo de Déjà-vu. Não lembra seu antigo gato? – sugeriu tentando ser gentil com ela, enquanto se encaminhavam para assistir o jogo de quadribol.

— Ah gostei da ideia. – e ela começou a acariciar o animal. Scorpius sentia seu peito doer de ciúmes de seu carinho ser dado somente para o felino.

— Weasley é nosso rei! – ela aplaudia entusiasmada e seus olhos brilhavam de orgulho do irmão vencendo a partida por ter feito defesas incríveis no quadribol.

— Gostaria de ver o pôr do sol com você. – falou no ouvido da garota afim dela prestar atenção em si em meio a multidão de gritos e algazarras pelo resultado do jogo.

Ela o olhou intrigada e resolveu ceder. Scorpius pegou o dinheiro da aposta do placar, entregou a Albus e pediu que o melhor amigo lhe ajudasse a pegar algumas comidas diferentes na cozinha com os elfos para tentar fazer uma espécie de piquenique. Enquanto a garota se arrumava em seu dormitório para ir jantar. Ele levou uma toalha até uma árvore que ficava com a visão privilegiada para o sol. Lembrando-se do feitiço que havia treinado dias antes transformou-a em uma árvore típica da primavera, diferente da que se apresentava naquela estação.

— Para quem assumiu que gosta da Rose hoje, está bem romântico e mudado. – comentou Albus assim que o ajudou a terminar de arrumar tudo.

— São alguns longos dias até esse momento. – ele suspirou a vendo andando em direção a eles.

— Boa sorte então. – Albus se despediu saindo de perto do amigo.

Rose se aproximou e parecia impressionada.

— Fez tudo isso? – perguntou. Reparou na toalha xadrez. Nas frutas por cima. Copos de sucos. Alguns sanduíches e algumas tortinhas doces. Reparou na árvore cheia de flores. Reparou que o sol já estava bem baixo e quase era hora do pôr do sol.

— Tive ajuda do Albus. – confessou. Esticou sua mão para que ela segurasse e assim ela o fez, sentaram-se de frente ao espetáculo que tinham ido assistir.

— Não sabia que conseguia ler um livro tão rápido. – ela comentou reparando em seu livro em cima da toalha ao seu lado.

— É um livro interessante. – ele tentava acariciar a mão da garota ao seu lado. Ainda lembrava-se das carícias que ela dava ao amasso.

— Estamos aqui para ver o espetáculo não é mesmo. – ela levantou a mão antes dele acaricia-la e apontou ao sol que estava começando a se pôr.

E ele o olhou. Era tão bonito. Deixava o céu um laranja aconchegante que se mesclava com as cores do cabelo dela. Quando se deu conta sua feição estava toda voltada para a amiga admirando a cor que o pôr do sol se refletia em seu cabelo, em seus olhos azuis em suas sardas brilhantes.

— O pequeno príncipe poderia assistir o pôr do sol diversas vezes no mesmo dia. Queria ter a sorte dele. – confessou a garota.

Ele se deu conta que de certa forma ele tinha essa sorte e maldição de assim fosse possível.

— Será mesmo que era uma sorte? – Ele questionou. Estava pensando mais nele do que no príncipe.

Porque se por um lado à sorte lhe favorecia para repetir o dia até chegar ao seu objetivo, certamente teria que sempre repetir as mesmas ações para chegar ao objetivo, até que ponto aquilo era verdadeiramente sorte? Scorpius pensava isso tão intensamente que quase esqueceu-se de continuar aproveitando o momento. Estava sendo um dos melhores.

— Por que pensa assim? — Rose questionou intrigada. Aquele garoto não parecia nem de longe o Scorpius Malfoy que ela conhecia.

— Não sei. – ele deu de ombros. – acho que na verdade é sorte sim. Olha só todas essas cores no céu.

Ele apontou para frente e respirou fundo.

Ficaram sentados olhando para o céu até o crepúsculo começar a ficar mais intenso passando de laranja para quase preto. Era hora de juntar as coisas e voltar para o castelo. Porque apesar do ambiente preparado ainda estavam em pleno inverno e começava a esfriar ainda mais.

Scorpius ajudou Rose a se levantar. E aproveitou a proximidade para mantê-la ainda mais perto dele. A segurou pela cintura. A respiração quente de ambos fez com que virassem vapor assim que tocaram a superfície gelada do ar.

Era o momento perfeito. Após o pôr do sol, depois de um piquenique. O frio tomando conta ao redor. O garoto tomou a iniciativa e tocou o rosto de Rose, tirou alguns fios de cabelo que o vento soprava para os olhos da garota e a beijou. Sem aviso.

Os lábios dela estavam com sabor de tortinhas doces, mais precisamente da de framboesa. Era muito melhor do que o beijo da garota do bar, da menina que precisava de ajuda com transfiguração. Ou de qualquer beijo que ele tivesse dado na vida.

Mas Rose parecia não pensar o mesmo e o empurrou se afastando dele.

— O que pensa que está fazendo?

Scorpius ainda um pouco atordoado com o beijo respondeu o que lhe pareceu a única resposta possível.

— Te beijando.

— Por que de repente resolveu me beijar? – Ela estava corada, seus olhos pareciam prontos para explodir em lágrimas.

— Fiz algo de errado? – Ele questionou enquanto enumerava nos dedos. – Li seu livro. Não impliquei com o Frei. Fui gentil com os Elfos. Sugeri um bom nome para seu bicho. Organizei um piquenique. Fiz tudo certo.

— É sério? Mesmo? – Rose não podia acreditar. – Fez tudo isso para me beijar?

— Rose. – Scorpius não conseguia compreender.

— Isso só afirma toda a sua prepotência. Fingindo ser o que não é e nunca vai ser. Só se importa com você mesmo.

— Me importo com você. Por isso fiz todas essas coisas.

— Não se importa comigo. Queria me beijar e fingiu ser alguém que não existe. – Rose deixou as lágrimas caírem. – Você se importa apenas com você. Quando entender que é bom fazer pelo outro, que não precisa ter medo de ser bom e que as pessoas se magoam. Quem sabe consiga mudar. Agora continua magoando todo mundo.

— Não queria te magoar.

— Mas estou muito magoada. – ela disse se afastando, deixando para trás o livro.

Scorpius provavelmente teria que reler muitas vezes para entender o que o livro ensinava. E agora queria apenas entender como tudo tinha dado errado no último minuto.

E ele tentou repetir aquele piquenique diversas vezes. Mas toda vezes que chegava perto de repetir o beijo:

Nono dia:

— A cor do pôr do sol se mistura com a cor do seu cabelo e... – e ele tentou se aproximar para beija-la.

— Tudo isso foi uma encenação para tentar me beijar? Não posso acreditar quão idiota eu fui.

Décimo dia:

— Acha que seria uma sorte eu repetir esse cenário e cena todos os dias só para ver o quão bonita fica com o pôr do sol batendo em seu rosto?

E então ele começou a se inclinar para beija-la.

— Está me dizendo que tudo isso foi uma encenação? Francamente continua o mesmo prepotente de sempre!

Décimo primeiro dia:

— Acho que sou tão sortudo quanto o pequeno príncipe em ter uma rosa tão valiosa para assistir o pôr do sol comigo. - inclinou-se para beija-la.

— Está dizendo que sou sua? Olha não sei o que aconteceu com você hoje, mas parece estar interpretando um personagem.

Décimo segundo dia:

— Estou apaixonado por você. – confessou desesperado quando viu que ela não acreditaria mais em suas cantadas de ver o pôr do sol ou rosa valiosa.

— Ninguém muda da noite para o dia. Pare de mentir para mim!

E ele ficou vendo a garota sair de perto dele. Ficar longe de seu alcance. Longe de seus dedos. O que estava fazendo de errado? Parecia que o destino queria lhe pregar uma peça. Nunca mais tinha conseguido repetir o beijo com ela, mesmo se esforçando ao máximo. Rose parecia perceber que ele não era ele. E a garota não gostava de seu antigo eu. Parecia não gostar do seu atual eu. Simplesmente não sabia o que fazer. Estava amaldiçoado a viver o mesmo dia sem ter um final feliz em nenhum deles.

Foi dormir sem vontade nenhuma de enfrentar outro dia exatamente igual a todos os outros. Quando conseguiu adormecer teve uma mistura de sonhos de seu primeiro ano, como foi moldando sua personalidade, como as pessoas não mexiam mais com ele, na maior parte do tempo falavam apenas o necessário, Rose o chamando de prepotente milhões de vezes, no fim acordou depois de todo o castelo se juntar para rir dele e zombar dele por estar eternamente preso ao mesmo dia. Ainda era madrugada, mas não queria voltar a dormir. Pegou mais uma vez o livro de Rose, e o releu novamente.


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Notas finais do capítulo

Devo dizer que Anny e eu associamos Pequeno príncipe a todas nossas Scoroses, minha primeira one deles foi de fato toda do livro, gosto de pensar que tem algum tipo de relação. Não é fácil enganar a Rose. Scorpius tem muito a aprender ainda. Nos digam o que acharam disso tudo. Obrigada por quem está lendo o comentando, vale demais ♥