Rebeca esticou as pernas morenas no colchão, empurrando o lençol vermelho com os pés. Observou suas unhas, vendo que já estava na hora de pintá-las de novo pois o esmalte descascava nas pontas. Suspirou sacando o celular da mesinha que ficava ao lado da cama e buscou o contato de uma vizinha que fazia suas unhas.

Rebeca 19:34 – Boa noite, vizinha :) :p

Rebeca 19:34 – Teria horário pra amanhã? :D

Rebeca 19:34 – Acabei de ver que meu pé está h o r r i v e l !!! )o(

Rebeca 19:34 – Ele está gritando “socorro! Chame a Márcia” hahaha :D

A mulher estava recebendo as mensagens, mas não respondia. Imaginando que devia estar ocupada voltou sua atenção para a televisão, circulando pelos canais buscando alguma programação interessante, sem encontrar nada de seu agrado. Saiu dos canais abertos e migrou para a Netflix, colocando em qualquer filme romântico que já tinha visto milhares de vezes.

Pegou o celular mais uma vez e digitou para seu marido.

Rebeca 19:41 – Amooooor *o*

Rebeca 19:41 – Que hora tu vai chegar? ♥

Rebeca 19:42 – Já to com saudadinha de tiii T.T

Marco nem mesmo tinha recebido as mensagens, então revirou os olhos. Era pedir muito um pouco de atenção?

Rebeca 19:43 – Oie

Rebeca 19:43 – To sozinha em casa

Rebeca 19:43 – Quer ver uma Netflix?

Mandou alguns emojis de diabinho e fogo, insinuando que queria algo mais do que ver alguma coisa boba. Também não obteve resposta imediata. Pensou que a vida era um saco e ouviu a porta abrindo. Com um pulo bloqueou o celular e o largou embaixo do travesseiro, fingindo estar concentrada no filme quando seu marido chegasse no quarto. Estranhou quando ele não gritou “cheguei”, pois geralmente o fazia.

Rebeca Batista viu a expressão da pessoa que estava na porta do quarto.

Não gritou, pois não era ninguém estranho.

E só viu que tinha algo errado quando um fio grosso apareceu em seu campo de visão e o mesmo foi passado ao redor de seu pescoço, arrancando seu corpo da cama bagunçada e jogando-o no chão. A mulher tateava a pessoa que a agredia, tentando se defender ou sair do aperto em seu pescoço.

Mas não conseguia.

E, tão repentinamente como começou, Rebeca parou de fugir, deitando a cabeça sem vida no tapete felpudo.