After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Eu amei escrever esse capítulo e sei que vocês também vão gostar muito. Não esqueçam de deixar um comentário no final. Boa leitura!



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Me sinto melancólica ao entrar em meu apartamento. Ajudei minha mãe a cuidar do jardim durante a manhã, depois meu pai resolveu cozinhar para nós três. A comida não estava tão boa quanto a de minha mãe, mas algo feito com tanto carinho não podia ser ruim. Cantamos ao arrumar a cozinha, minha mãe fez tranças em meu cabelo e algumas lágrimas rolaram pelo seu rosto ao se despedir de mim, sendo consolada por meu pai que também tinha os olhos vermelhos. Desfaço minha mala, tomo um longo banho e me deito, sem apetite nem coragem para cozinhar algo. Meus pais sempre choravam quando eu ia embora e pediam para que eu visitasse sua casa mais vezes. Eu também sentia muita falta deles, mas com a rotina que eu levava não conseguia viajar com frequência. Ligo para minha mãe para avisar que já estou em casa e ela pede desculpas por ser boba. Sorrio e digo que a amo antes de desligar. Recebo um novo e-mail de Luna, com o endereço da loja de vestidos. Estremeço ao notar que a loja fica na mesma rua que a empresa de Harry. Fazia tantos meses que eu havia feito a escolha do vestido e tirado as medidas, que havia me esquecido desse detalhe irônico. Durmo mal naquela noite, me levantando de hora em hora para vomitar.

No dia seguinte, me sinto exausta quando o despertador toca, mas me forço a levantar da cama e tomar um banho. Para piorar, o dia está nublado e com nuvens carregadas. Preparo uma vitamina de banana para o café da manhã, rezando para que ela se mantenha dentro de mim. Na hora de me vestir, uma chuva torrencial começa a cair do lado de fora, então decido vestir uma calça e uma blusa de algodão bem grossa. Alguns redatores já estão no jornal quando eu chego, como em todas as segundas. Sempre havia muita notícia depois de um final de semana, porque muitas coisas aconteciam nele. Uma festa ou uma balada em que uma celebridade fez vexame na hora da saída, porque bebeu além da conta. Algum jogador acidentado durante uma partida de rugby. Famosos fazendo campanha para ganhar alguma categoria nessas cerimônias de premiação. Assaltos frequentes em alguns bairros chiques. O dólar que havia aumentado mais uma vez. Coisas do tipo. Minha mesa está cheia de papéis, então prendo meu cabelo em um coque no alto da cabeça com um lápis e começo a fazer anotações. A reunião para a escolha da pauta do dia é bem divertida e produtiva. Alguns redatores param de falar por alguns minutos, me perguntando se não quero ir ao banheiro. Me contento em dar apenas uma resposta ácida, já que mostrar o dedo do meio iria ser meio antiprofissional de minha parte. Algumas horas depois, volto para minha sala com Amy ao meu lado, tagarelando sem parar.
— Sua amiga Luna ligou e pediu para eu te lembrar que a prova de vestidos é hoje.- reviro os olhos, me acomodando em minha cadeira.
— Diga aquela idiota que consigo me lembrar muito bem dos meus compromissos. Pode dizer assim, com essas palavras mesmo.- ela fica vermelha ao escrever em seu tablet.- Eu vou saber se você passar a informação de outra forma.
— Gina, me desculpe falar assim, mas você anda muito mal-humorada ultimamente.
— Eu sempre fui, bobinha. Sempre fui. Agora preciso que você saia para que eu possa terminar essas planilhas. Tenho que sair mais cedo hoje e não posso entregar esses documentos para o Sr. Pattinson amanhã.
— O que vai querer para o almoço? - coloco meus óculos, encarando as contas a minha frente.
— Eu peço algo se sentir fome.- ela assente e saí, me deixando sozinha.
Graças a Deus, não tinha reuniões marcadas para hoje. Oliver ia participar de todas, já que andava muito focado em ganhar o tal prêmio. Me afundo nos papéis, rubricando o que precisava de minha assinatura e sublinhando onde meu chefe precisaria assinar também. Resolvo contas do orçamento, montando um projeto para que possamos economizar um pouco mais. Quando termino de preencher meus papéis e quebrar a cabeça com aquelas questões burocráticas, encaro meu relógio de pulso horrorizada. Já passa das cinco e meia, então pego meus papéis, correndo para a sala de Oliver. Solto um longo suspiro, aliviada pela sala estar vazia, já que meu chefe adorava puxar um assunto. Deixo os documentos em cima de sua mesa e volto correndo para minha sala, puxando minha bolsa para o ombro. Tento andar o mais rápido que consigo em cima daqueles saltos até meu carro. Entro no mesmo jogando minha bolsa no banco ao lado, o olhar voltado para a rua. Estou tão focada em chegar rápido em meu destino que o caminho conhecido me passa despercebido. Estaciono em frente a loja quando meu relógio marca exatamente seis e dez. Entro pela porta automática, encontrando muitos vestidos e diversas mulheres tagarelando. Caminho até a recepção, onde uma moça de cabelos pretos me encara com um sorriso.
— Boa noite, seja bem-vinda a Bront's Delorée.- sorrio para ela também, ignorando o nome engraçado enquanto refaço meu coque no alto de minha cabeça.
— Boa noite, meu nome é Gina. Estou procurando uma noiva chamada Luna. Sou uma das madrinhas.
— Claro, ela está te aguardando. Elas estão lá em cima, terceira porta à direita.- agradeço e caminho em direção as escadas, mas quando piso no primeiro degrau, minha cabeça gira e preciso me apoiar no corrimão. Algumas pessoas vem até mim, me perguntando se quero ajuda.
— Não, está tudo bem.- tento me concentrar em subir, mas minha cabeça continua rodando, então me encosto no corrimão, com medo de cair. Só então me lembro que não havia comido nada o dia inteiro.
Uma funcionária me entrega um copo de água e eu bebo, agradecendo. Me sinto melhor alguns minutos depois, então continuo subindo. Consigo encontrar a sala em que Luna está, que vem correndo em minha direção e me abraça.
— Gina! Te liguei várias vezes, pensei que não ia vir. Sua assistente me passou o recado, só para você saber. Que coisa feia.- ela balança a cabeça, segurando minha mão e me puxando para o meio da sala.
— Claro que eu iria vir, sua boba.- me limito a dizer, já que não queria estragar a noite de minha amiga com minha pequena indisposição. Eu só precisava comer alguma coisa.
— Meninas, olhem quem chegou! Agora podemos começar a experimentar os vestidos.- ela bate palmas, como uma criança quando ganha alguma bala.

Cumprimento as outras madrinhas, abraçando-as. Não conhecia muito bem nenhuma delas. Éramos seis no total. Algumas trabalhavam com Luna em sua clínica de veterinária. Outras eram amigas da faculdade, como eu. A sala em que estamos é bem grande, com vários modelos de vestidos pendurados em cabides, cobertos com um plástico transparente. Pelo salão, várias poltronas bem acolchoadas estão distribuídas e eu me apresso em sentar em uma delas. A cor de nossos vestidos é um azul bem clarinho, que fazia um perfeito contraste com minha pele branca e meus cabelos ruivos, que estavam enormes. Todas já haviam escolhido o modelo da primeira vez que viemos, mas como isso foi a alguns meses atrás, precisávamos fazer novas provas. Embora todos fossem da mesma cor, cada um tinha algo de diferente. O meu era um modelo sereia e tinha uma longa fenda na perna direita. Luna está tagarelando com uma funcionária enquanto a mesma ajuda uma das madrinhas com o vestido.
— Já sei! O que vocês acham de eu colocar o meu vestido também? - Luna segura uma taça de champagne em uma das mãos e suas bochechas estão levemente coradas.

Todas concordamos, animadas com a ideia de ver o tão falado vestido. Ela entra em uma salinha com uma das estilistas e me deixa sozinha. Me sinto levemente deslocada, sem ter muito o que conversar com aquelas mulheres animadas demais. Arrisco dizer que já estão bem bêbadas. Uma das madrinhas, que se eu não estiver enganada se chama Ana, para em frente a um espelho, apertando a barriga por cima do tecido fino do vestido.
— Não acredito que ele está apertado em mim. Tenho malhado tanto nesses últimos dias!
— De repente você ganhou mais músculos.- ela me encara, a testa franzida. Depois da de ombros e caminha até uma mesinha no canto da sala, beliscando os aperitivos.

Caminho até uma arara de roupas com nossos vestidos e procuro meu nome no plástico transparente. Encontro-o um tempo depois e seguro o cabide, me virando rápido demais quando ouço risadas e palmas atrás de mim. Luna está voltando da salinha de trocas, segurando o vestido contra o corpo enquanto sobe em uma base feita de madeira no meio do salão. As estilistas fecham os botões do vestido da noiva. Um calor sobe pelo meu corpo, embora a sala tenha ar-condicionado. As vozes das madrinhas misturadas com a de Luna são altas, mas de repente, as vozes ficam distantes. Minha visão fica completamente embaçada e eu me atrapalho com a cauda de meu vestido, que aperto contra o corpo na esperança de manter algum equilíbrio. Estou suando agora e tento me apoiar na arara de roupas, pedindo para que alguém me ajude. Caio no chão e ao longe escuto vozes mais altas, mas minha visão escurece e não consigo responder.

Acordo assustada em uma cama dura. Pisco com força algumas vezes, a claridade da sala cegando meus olhos. Ouço o barulho de um bip e sinto um leve desconforto em minha mão. Olho para baixo e percebo um pequeno cano transparente. Olho para cima, achando a origem do cano. Uma bolsa de soro pinga lentamente. Estou em uma sala de hospital. Meu braço possui um pequeno band-aid, daqueles que colocam na gente quando tiramos sangue. Uma onda de pânico invade meu corpo e o bip parece aumentar de volume. Ouço vozes alteradas do lado de fora. Será que era Luna e algum enfermeiro? Mas por que estavam brigando? Me apoio em meus cotovelos, tentando me sentar. Percebo quando a porta é aberta devagar e encaro o espaço vazio, sem saber direito o que esperar. Meu rosto queima e meus olhos se arregalam ao notar quem é. Metade de mim sente vontade de gritar, perguntar o que ele estava fazendo ali. Mas a outra metade queria abraçá-lo e dizer o quanto estava sentindo sua falta. Minha garganta está seca, então não falo nada, apenas o encaro. Ele faz o mesmo, os olhos verdes passeando pelo meu rosto. Seu rosto está muito pálido e o pescoço cheio de manchas vermelhas, o que acontecia quando ele estava irritado. Era ele quem estava alterado do lado de fora, então. Um longo tempo parece se passar quando ele coloca as mãos no bolso da calça social, tosse um pouco e quebra o silêncio.
— Oi, Gin. Como você está? - consigo me sentar com certa dificuldade e percebo que estou usando uma daquelas roupas de hospital. Harry vira um pouco o rosto quando minhas coxas são descobertas e eu puxo o lençol até meu queixo.
— O que você está fazendo aqui? - dispenso as formalidades, me sentindo enjoada outra vez.
— Luna me ligou perguntando qual era o hospital que nosso plano de saúde cobria e me contou que você tinha desmaiado. Ela me disse que estavam próximas a empresa, então eu mesmo te trouxe para cá.- reviro meus olhos, condenando mentalmente minha amiga.
— Por que estava discutindo com ela lá fora, então? Se veio por livre e espontânea vontade.
— Eu estava falando com uma enfermeira. Ela não queria me deixar entrar, mas eu estava preocupado. Já fazia uma hora que você estava dormindo.- fico surpresa ao escutar aquilo.- O que aconteceu? Você não é o tipo de pessoa que passa mal.
— Estou trabalhando muito esses dias. Esqueci de almoçar.- ele balança o corpo, visivelmente desconfortável. Eu sabia qual era a opinião dele sobre não comer.
— Você precisa se cuidar um pouco mais.- encaro Harry, que está com o cabelo desgrenhado e a barba precisando ser feita.
— Olha quem fala.- ele abre a boca para responder mas é interrompido quando a porta é aberta bruscamente. Uma enfermeira alta entra segurando uma prancheta.
— Boa noite, Sra. Potter. Como você está se sentindo? - as bochechas de Harry ficam coradas e ele encara o chão. Decido não corrigi-la, para a situação não ficar ainda mais constrangedora.
— Estou melhor, já posso ir para casa? - ela sorri, conferindo minha pressão com aquele aparelho horroroso.
— Infelizmente, você vai precisar passar a noite aqui. O resultado do seu exame de sangue saiu e estamos um pouco preocupados. Você está com anemia, porém na sua situação é comum. Vamos te receitar alguns remédios. Mas você estava muito desidratada, Sra. Potter. Está se sentindo mal a muito tempo? - Harry caminha até uma poltrona e se senta enquanto a enfermeira troca meu soro e me faz perguntas. Ele era muito inconveniente. Queria jogar algo nele e pedir para que ele saísse, por favor.
— Na verdade, tenho me sentindo mal a algumas semanas. Tenho muitos enjoos e não consigo manter nada em meu estômago.
— É normal ter enjoos nos primeiros meses. Vamos receitar um remédio para isso também. Mas nessa situação, você precisa se alimentar bem.- estava ficando irritada com aquela enfermeira. Eu não era médica para saber qual era minha situação.
— Me desculpe, mas por que você fica dizendo nessa situação? Qual é a situação? - ela olha para mim e depois para Harry. Olho para ele e percebo que a cor some do seu rosto quando, sorrindo, a enfermeira me fala qual é minha situação.
— Você está grávida, Sra. Potter. Parabéns, vocês vão ser papais.


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Notas finais do capítulo

Então temos um baby Potter a caminho!! Estou muito curiosa sobre a opinião de vocês. Até semana que vem!



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