O Conde que me seduziu escrita por Mari


Capítulo 5
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas vim! Curtam esse capítulo!



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O dia amanheceu fechado em Olympia. As paletas das paisagens eram de cinza e as cores haviam desvanecido. O clima era frio e a chuva era torrencial. Edward, observava pela janela de seus aposentos aquele dia. Quatorze anos da morte de seus pais. Não havia um ano que, naquela data, Olympia não ficasse obscura, assim como o coração do conde.

Depois do seu banho quente, colocou suas vestes negras e um broche de herança dos Cullen no lado esquerdo do peito. Resolveu ocupar-se com suas tarefas (que não eram poucas) para esquecer daquele aniversário de falecimento de seus pais. Quatorze anos que ele se fechara para as emoções do mundo. Ele acreditara no começo que aquele vazio dentro de si iria passar quando houvesse tanto tempo que o fatídico dia aconteceu, porém a dor era sempre a mesma e agora percebia que nenhuma quantidade de anos ou décadas apagaria aquela dor, que era quase palpável, como um fantasma que o acompanhava dia e noite, lembrando-o de todos os momentos que agora eram apenas memórias.

Ele se tornara entorpecido à outras emoções que não fosse àquela, como se seu espírito tivesse deixado aquele corpo, restando apenas aquela ferida que não cicatrizava.

No outro lado da parede, Isabella também contemplava o tempo esquisito que assolara o condado. Tudo parecia sem vida. Decidiu descer para o café e quando saiu do aposento de condessa esbarrou com a lateral do corpo do marido, que também se dirigia as escadas. Este, não pediu desculpas, nem murmurou sequer uma palavra. Apenas desceu a escadaria como se ela não existisse. Bella não pode evitar que os olhos enchessem de lágrimas ao constatar que sua vida seria para sempre assim.

Nunca amaria e estava fadada a ser uma mulher solitária, vazia e superficial, que só possuía atividades para cuidar daquele lugar. O arrependimento veio como uma onda forte e a banhou por completo. Três meses com a tia Miranda em Bridgetown não seria tão execrável se comparado a décadas com seu esposo que não percebia sua existência.

Quando chegou ao andar de baixo, deparou-se com Gilly.

— Chegou esta carta para a senhora, milady. – comunicou, entregando o papel na mão da condessa.

— Obrigada, Gilly. – sorriu e abriu a mensagem.

Londres, 01 de Dezembro de 1882

 

Isabella Swan,

Eu não posso ACREDITAR que você casou-se e mudou-se sem falar nada para mim! Ainda considera-me sua melhor amiga???? Ou já encontrou alguém à altura em Olympia para substituir-me? Meu rosto parece que vai explodir enquanto escrevo esta carta. Espero uma explicação. Uma decente! 

Alice Brandon

Bella riu por conseguir detectar a quantidade imensa de ódio naquela carta. Era além de compreensível que sua amiga estivesse brava. Decidiu escrever-lhe de volta o mais rápido possível e sentiu-se feliz por estar menos sozinha ali, escrevendo aquela mensagem.

Olympia, 10 de Dezembro de 1882

Querida Alice,

Peço perdão por minha atitude como amiga. Eu sei que devia ter avisado a ti, porém tudo aconteceu muito rápido e não foi possível. Mamãe queria que eu me mudasse para Bridgetown com Tia Miranda... Não dá para acreditar, não é? Não aceitei de maneira alguma. Então Beau veio oferecer a mim uma proposta de casamento, pois seu chefe, o conde, meu atual marido, perderia sua fortuna caso não se casasse. O casamento não teve a presença de ninguém além de nós e foi bem breve. Confesso que não sinto-me amada ou acolhida. O conde é como um lobo solitário e finge que eu não existo. A Tia Miranda agora não parece-me tão abominável... 

Sinto sua falta,

Isabella Swan

***

Isabella estava na estufa tratando de algumas rosas quando avistou seu marido passear pelo viridário¹. Ele parecia admirar, distante, algo na imensa árvore da entrada. A condessa foi para mais perto da parede da estufa, no entanto não conseguiu ver nada demais pois ele estava de costas para ela. Unicamente viu quando ele abaixou a cabeça, encarando o gramado. Parecia mais reflexivo e absorto do que o normal.

— Pobre rapaz. – disse uma voz por trás de Bella que saltou. Respirou fundo e olhou para trás a fim de ver quem era o dono daquela voz. Se tivesse com o alicate ou a tesoura nas mãos provavelmente teria se cortado.

— O que disse, Jeffrey? – indagou ela, gentil.

— Ah, nada! – respondeu o homem senil com um sorriso sem jeito, tocando as pétalas das rosas brancas.

— Tenho certeza de que ouvi o senhor murmurar algo.

— Ah, milady não sou senhor.

— Estás a desviar do assunto? O conde não irá gostar de saber que não estás a me servir bem. – disse ela, apelando para a ameaça.

— Acho mesmo que meu senhor detestaria se eu mencionasse o que havia dito. – retrucou esperto, deixando a estufa.

                - Espere! – Bella agora implorava. – Por favor, Jeffrey. Dou-te a minha palavra de que não contarei a ninguém o que vier a me confiar, nem mesmo ao meu marido. – suplicou ela. Aqueles olhos de chocolate não permitiam uma recusa. O cocheiro suspirou.

                - Está bem. Estava pensando alto, apenas expressando solidariedade ao meu conde.

                - Por qual motivo...?

                - Milady, isto terá que descobrir...

                - Jeffrey, por favor!

                - Tudo bem, tudo bem. A senhora não desiste fácil. Bem, o conde, o antigo, pai de seu marido teve uma morte trágica. Não só ele. O conde Carlisle e a condessa Esme eram verdadeiros patrões. Eles reconstruíram esse condado das ruínas deixadas pelo primo dele. Eram de uma bondade enorme, porém tinham muitos inimigos. Poder traz não apenas responsabilidades, mas inimigos consigo. Meu atual senhor era muito jovem quando tudo aconteceu. – a voz dele era sombria e seu olhar se remetia há anos atrás. Parecia estar viajando para um passado longínquo. – Estavam em viagem para Londres, senhor Carlisle, sua esposa e o bebezinho. Era um menino, não tinha dois anos, estava acometido por alguma mazela e precisava de um bom médico. O senhor Edward estava em Eton² nesta época. Durante a viagem, havia uma emboscada. Um tronco enorme caído na estrada. Foi preciso parar para afastá-lo. E foi aí que eles vieram. Uma dúzia de soldados foi o suficiente para assassinar todos, até mesmo o bebê. O senhor Edward então se tornou conde e órfão. Sem ninguém no mundo. – concluiu ele, com pesar. - Até a senhora aparecer. – adicionou ele com um sorriso. – Hoje é aniversário da morte dos Cullen. – completou e deixou a condessa atônita na estufa.

                Isabella tinha seu coração acelerado. Não podia acreditar. Simplesmente não podia. E em questão de segundos, enquanto olhava através da estufa para o seu marido, todas as suas opiniões sobre ele haviam mudado.

                Agora o compreendia, o conhecia um pouco mais e lhe admirava por suportar dia após dia perder todos que amava de forma tão abrupta. Ela não sabia o que seria dela se o mesmo tivesse a acometido. E ela havia o julgado tanto, pensou. Havia sido tão injusta! Como pôde ser tão cega? A dor era estampada no olhar dele e aqueles olhos não conseguiam mentir nem esconder, por mais que ele tentasse o máximo.

                Impulsivamente, Bella decidiu o que iria fazer. Saiu apressada da estufa, porém Edward não estava mais perto da frondosa árvore. Procurou por todo o jardim, até que o viu parado olhando pro leão que representava os Cullen. Andou apressadamente até ele e quando ele se virou, Isabella ficou de ponta de pés, pôs as mãos nas laterais de seu pescoço e o beijou. Não sabia ao certo o que estava fazendo, pois só havia beijado uma vez (no dia de seu casamento), porém era o que desejava fazer e desejou ainda mais quando sentiu o perfume forte e masculino dele.

                Edward franziu o cenho confuso, apesar disso colocou as mãos fortes ao redor da cintura da esposa e retribuiu o beijo. Ela tinha o melhor gosto, o melhor cheiro e a melhor textura. Parecia um doce de suspiro que estava prestes a desmanchar nas mãos quentes dele. O toque firme dele causava essa sensação para ambos, pois se ele não estivesse segurando-a, era provável que suas pernas amolecessem a ponto de não sustentá-la em pé.

                Ela separou sua boca da dele e ele repousou sua testa na dela, apenas para sentir mais um pouco daquele calor.

1. Viridário: jardim, pomar, bosque.

2. Eton: Eton College conhecido apenas como Eton é uma escola interna para rapazes, fundada em 1440 por Henrique VI da Inglaterra. Educa mais de 1.300 alunos, com idades entre 13 e 18 anos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Vamos esquentar esse romance? Confesso que demorei a postar pela falta de incentivo mesmo. Outra curiosidade, quem vocês imaginam esse Edward? Juro que não consigo imaginar nessa história ele como nos filmes. Imagino como Thomas Shelby hahahaha
Digam o que acharam, sugestões, críticas são todas bem vindas! E favoritem.



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