Oito meses depois...

PDV ANNIE

Eu estava nervosa!

-Annie, respire fundo! – Emillya disse risonha. Ela vai ser minha dama de honra. A única dama de honra!

-Tudo bem. – respirei fundo e mais uma vez me olhei no espelho. Realmente as três (Emy, Nelly e Hannah) haviam feito um trabalho fabuloso. Eu estava muito mais do que linda!

-Ual... a noiva esta maravilhosa! – Richard disse ao entrar na sala, vestido com o fraque parecido com o noivo, segundo as madrinhas. Como eu descobri que ele era meu irmão por parte de pai (oh que surpresa!), Rich estava substituindo o papai. Já que minha mãe não quis vim, alegando que meu pai não ficaria a menos de 100 metros de Nelly.

-Obrigada. – corei sorrindo sem graça.

-Rich, como esta as coisas lá? – Emy perguntou ansiosa e com os olhos brilhando.

Ela trajava um vestido justo ate a cintura para depois se abrir em pequenas camadas, na cor de oliva claro. O vestido entrou em harmonia com os cabelos arruivados e os olhos verde musgo quase castanho. Os cabelos presos numa trança elegante, ela estava divina! Quem olharia para mim!?

-Respira, mulher! – Rich disse rindo. Respirei fundo de novo.

E se Luke não estivesse lá embaixo, me esperando!? Tá, tudo bem, eu sei que ele foi muito carinhoso, atencioso e muitos outros “osos” comigo nesses oito meses de gestação. Mas e a segurança nessa hora, onde fica? Provavelmente atrás da porta, enroscada em posição fetal e chorando por ter sida abandonada minutos antes do casamento.

-Como estou?! – perguntei a Emillya, que era enlaçada pela cintura por Rich. Minha barriga ondulou ao ser cutucada de dentro para fora. Distraidamente, alisei o local.

-Quer mesmo que eu responda!? Esta fabulosa, Annie! – ela disse. – Acho que vou ate mudar de profissão e virar maquiadora! – rimos. O riso dela era descontraído e o meu, tenso e nervoso.

A musica lá fora mudou! Esse era o momento.

-Essa é minha deixa. – ela sussurou. – Você esta mesmo bem?!

-Sim! – assenti tentando acalmar o coração acelerado.

-Você não parece bem! Não deviam ter deixado para casar agora, com quase nove meses de gestação. – ralhou. – Tudo bem, conte ate dez e me siga!

-Não me deixe sair correndo! – pedi para meu meio irmão, ao passar o braço pelo dele e segurar sua grande mão.

-Pode deixar comigo... – respondeu serio. Eu podia sentir, ele estava tao tenso quanto eu.

-Daqui uns meses é você que estará lá embaixo, esperando-a! – brinquei com e mais a frente, Emillya perdeu o compasso, recuperando segundos depois. É, a idéia de casamento deixa qualquer uma caindo das pernas!

-Nem me fale.

Terminamos de descer as escadas e agora tínhamos que irromper as portas dos fundos abertas, para chegar o local do matrimonio. Estava tudo decorado com fresias, rosas e copos de leite. Todas as flores brancas. Entretanto, segundo Sandy, para não ficar tudo tao pálido, algumas rosas cor de champagne estavam misturadas as outras flores, tudo muito harmonioso.

E saímos para o amplo jardim da mansão Templeton.

Meus olhos procuraram pelo o que eu tanto ansiava. Luke estava lá, na frente do juiz de paz. Sua postura exalava orgulho e poder, como se não existisse alguém mais feliz que ele nesse momento. Ele estava serio com os olhos ansiosos. Mas quando nossos olhares se encontraram, automaticamente, um sorriso nasceu em nossos lábios.

A marcha nupcial tocava alto enquanto eu dava passos lentos ate o altar. Quase me fizeram entrar descalça na cerimônia, mas eu convenci o noivo de que eu podia calçar alguma coisa. Optei por uma sapatilha branca sem salto. Noiva gloriosa eu, né?

-Cuide dela. – Rich disse ao colocar minha mão sobre a de Luke.

-Mais do que minha própria vida!  -disse solene e minha vontade foi de abrir a boca chorando, mas agüentei firme.

O juiz de paz começou a falar. O sermão foi o mesmo. A sábia decisão de um casal de se unir perante Deus. A proteção do homem. A dedicação da mulher. A prosperidade que os dois devem ter ao construir o lar juntando os defeitos e os transformando em qualidade.

-Vocês, Lucas Sunders... – reprimi o sorriso presunçoso. – E Annie Williams, aceitam viver na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, ate que a morte os separe?!

“Ela nunca vai nos separar!” nosso pensamento foi sincronizado, alem de cúmplices.

-Sim. – ele respondeu em um novo tom que eu não soube identificar. Seria deslumbração!?

-S-sim. – sussurei com a voz tremula. Qual é, é emoção demais para mim!

-O que Deus uniu, o homem não separa! – o juiz disse. – Eu vos declaro marido e mulher! – engoli a saliva com dificuldade. – Pode beijar a noiva.

Luke me virou de frente para ele e com certa dificuldade (a barriga enorme), beijou-me delicadamente. Segurei seu rosto, prolongando o momento. As sensações eram tantas e tao boas que eu não queria parar de sentir. Foi quando eu fui cutucada. Dessa vez foi diferente, era como um aviso de que...

Foi como se eu estivesse fazendo xixi. Afastei-me abruptamente dele, com meus olhos vidrados. Uma dorzinha começou a incomodar!

-Annie? – perguntou incerto e cuidadoso demais. Arfei.

-Esta na hora! – murmurei e ele congelou. É, ele ficou paradão lá enquanto eu estava começando a morrer de dor! – Luke?

Ele nem se moveu. Os poucos convidados que tinham começaram a desconfiar que algo estivesse errado. Cerrei os dentes para não soltar um grito agoniado. Maldita dor e eu pensei que cólica era de matar!

PAFT

-Reaja, homem! – gritei para meu marido após dar-lhe uma grande bofetada no rosto.

-Que isso minha filha. – ouvi ao longe o juiz reclamar comigo. Que se dane, mas por favor, alguém tire essa criança rapidamente de mim?

-AAAAAAAAAAAAAAAAHHHH... – gritei e isso o fez despertar.

PDV LUKE

Ela berrou alto e claro que seria possível ouvir num raio de dez quilômetros. Que esposa escandalosa! ¬¬

-Calma, querida! – murmurei para ela, que já estava suando bicas. – Greg, vamos!

Greg assentiu e caiu correndo para pegar a BMW M5 que eu havia comprado especialmente para hoje. Sandy o seguiu e eu peguei minha mulher nos braços e sai correndo. Ela se contorcia e gemia, dizendo que doía demais. Ao chegar à entrada da casa, Jackson já estava com o forçando o motor da maquina e Sandy tinha a porta escancarada para mim.

Primeiramente, a coloquei dentro do carro e depois entrei. O carro arrancou rapidamente. Annie gemeu de novo, alisando a barriga gigante. Preocupei-me.

-AAAAAAHHH...

-Estamos indo para o hospital, amor! Vai passar... – antes de eu completar a frase ela já estava gritando outra vez.

-Faz... a dor... parar... – pediu entre as arfadas que dava e começou a chorar. Lagrimas se misturavam com as gotículas de suor que lhe desciam o rosto. – FAZ ALGUMA COISA, SUNDERS! – gritou para mim. Bem que dizem que mulheres próximas a dar a luz ficam agressivas. Ela podia ser inofensiva, mas senti medo!

-Eu não sei o que fazer! – falei desesperado!

-Vai, Luke, sai daí... eu ajudo ela! – Sandy disse. Congelei. No tempo de convivência que tivemos, as duas mal se falavam, apesar de terem uma amizade oculta. – Vai, sai, sai, sai, sai...

Passei para o branco da frente e ela para o de trás, onde eu estava.

-Greg, vai mais rápido. – Annie pediu num choramingo de cortar o coração. Ele olhou pelo retrovisor e voltou os olhos para a estrada.

-Não dá, Annie.

Ela se inclinou e segurou meu amigo pelo colarinho e falou entredentes.

-Dá um jeito! – e voltou a deitar no banco. – AAAAAHHHH...

-Annie, olha para mim! – Sandy pediu. Estava me sentindo impotente, sentado e longe (apenas alguns centímetros) de minha esposa. Era frustrante! – Olha para mim!

Annie olhou.

Não precisei a olhar para Sandy para saber que ela estava hipnotizando Annie. Ela relaxou e parou de gritar e gemer de dor. Eu ate vi um sorriso sombrear seu rosto! Devia ser algo muito bom o que ela via... e como não sou curioso, resolvi dar uma espiada.

“Parecia ser uma praia desertada da Espanha. O sol escaldante contrastando com o azul límpido do céu. Era como ser um vídeo em 3D de você mesmo.

Eu me vi correndo atrás de Annie, mas algo nela estava diferente. Ela não era uma simples humana, pois corria na mesma velocidade que eu! Numa grande casa um pouco afastada, vi dois adolescentes de olhos acinzentados e cabelos indecisos entre o loiro e o castanho.

Eu me vi neles. Assim, como vi Annie. Aqueles eram nossos filhos daqui a alguns anos! Demorei a absorver a informação. Sorriamos uns para os outros.

Aquela era a nossa família. Nossa felicidade era palpável. Os indestrutíveis! Para minha surpresa, atrás de meus filhos surgiram às figuras de Gregory e Sandy, juntos e não estavam brigando! Senti um orgulho que quase arrebenta meu coração. Como eu amo essa mulher que grita para por meus filhos para fora!

Era fascinante!”

-O que mostrou a ela? – perguntei, voltando a realidade. Era tao real dentro da mente dela!

-O que ela mais quer na vida. – Sandy respondeu docemente.

Estreitei os olhos, estudando o rosto de minha amada. Ela estava feliz com sua ilusão do desejo não realizado. Mas eu realizaria se assim ela quisesse!

-Estamos chegando... – ouvi Greg murmurar. – Assim que eu parar o carro, pare de hipnotizá-la!

“Oh Annie...” seus olhos me fitaram incertos. Ela me ouviu?! “Você é a luz no fim do meu túnel!” sorri afetado. Eu não viveria mais sem ela! Annie era ar. Era coração. Emoção. De agora em diante, tudo o que eu faria, ela estaria envolvida. Era o meu tudo!

“Eu te amo!” respondeu-me.

-Chegamos!

Ela ofegou e voltou a gritar. Sai do carro e a tirei do mesmo, pondo-a em meus braços. Sua barriga ondulou, ate parecia que tinha uma competição ali dentro!

-Eu também te amo. – a respondi baixinho em seu ouvido. Ela sorriu em meio as lagrimas e as gotas de suor. A minha expressão era o espelho da dela: admiração.

-AAAAAAAAAAHHHHHHHH... tá nascendo! – falou entredentes.

Era agora o momento crucial!

FIM!