As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 32
Diplomacia e guerra


Notas iniciais do capítulo

Após ter derrotado o cavaleiro de aquário de Nibiru, Hela de Câncer recebe novos adversários na quarta casa. Surtur de Áries e Vizir de Escorpião.



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A cortina de poeira, que cobria a arrasada casa de Câncer, já havia diminuído consideravelmente, quando chegaram os novos oponentes de Hela. Do lado destruído da quarta casa, entraram Surtur de Áries e Vizir de Escorpião. Apesar de estarem com as armaduras consideravelmente avariadas, Hela podia dizer que eles ainda tinham vigor de sobra para continuarem a subida nas Doze Casas.

— Estou surpresa que vocês tenham conseguido passar pela casa de Gêmeos — disse Hela, falando do alto da metade ainda inteira da quarta casa. — Mas isso me deixa contente. Poderei aumentar a minha coleção de cadáveres na casa de Câncer... — completou, com uma expressão sedutora.

— Então o Grigori foi mesmo derrotado... — concluiu Vizir, que até então estava desconfiado.

— Talvez se o procurarem vocês mesmos, no meio desses escombros, encontrem algum resto dele... — deu de ombros Hela.

Foi então que os dourados de Nibiru ouviram um murmúrio, vindo não muito longe de onde estavam. Surpreendendo até mesmo Hela, Grigori revelou-se ainda estar vivo, sangrando no meio dos entulhos. A amazona não esperava que aquele homem fosse tão difícil de matar.

— Grigori! — exclamou o escorpiano, aproximando-se de seu companheiro. — É incrível que ainda esteja vivo... E é ainda mais difícil de acreditar que essa mulher tenha sido a responsável por deixá-lo nesse estado...

— Me... Ajude... — suplicava o aquariano, tentando esticar uma mão a seus companheiros.

Vizir hesitava em oferecer-lhe a mão, em parte por estar assustado com a gravidade dos ferimentos do companheiro, e em parte por não saber como ajudá-lo. Diante do receio do escorpiano, Surtur tomou-lhe a dianteira e a mão de Grigori. Uma lágrima de alívio e gratidão escorreu de um olho do aquariano, misturando-se ao sangue parcialmente coagulado que manchava todo o seu rosto.

— Não se preocupe — confortou-o Surtur. — Isso logo acabará.

Vizir olhava com incerteza para a fala do ariano, pois não era habitual que ele demonstrasse esse tipo de compaixão.

— Obrigado... Obrigado... — murmurava Grigori.

— Seu sofrimento logo acabará — continuou Surtur — pois um aleijado como você, só iria nos atrasar...

Olhando com mais atenção, Grigori percebeu que não era um olhar de misericórdia que Surtur depositava-lhe, mas um olhar de profundo desprezo, além de conter uma intenção assassina.

— Sur-tur... — balbuciava Grigori, entrando em pânico. — O que você...

— Cale a boca! — respondeu, começando a elevar o cosmo. — Você sabe muito bem que nós não vamos carregar uma mochila inútil como você, que só iria nos atrapalhar!

Puxando-o pelo braço, Surtur arremessou Grigori para o alto. Hela olhava incrédula enquanto seu antigo inimigo voava pelos ares, prestes a ser morto pelo próprio companheiro.

— Morra! — bradou Surtur, para o desespero estampado no rosto do aquariano que, ainda voando no ar, implorava por clemência.

Queimando o cosmo violentamente, o ariano disparou com uma mão um núcleo condensado da Extinção Estelar, provocando uma grande explosão de luz quando engoliu seu alvo. Cegada pela intenso flash, Hela cobriu os olhos enquanto sentia a presença de Grigori ser consumida até o último átomo¹.

— Surtur... — argumentou Vizir, finalmente, quando a Extinção Estelar se dissipou. — Precisava mesmo fazer isso?

— Do que é que você está reclamando? Quer mesmo falar alguma coisa depois de eu ter te carregado em Gêmeos? — rebateu, com desdém.

Enquanto os dois discutiam, Hela avaliava quais eram suas chances de vencer contra dois cavaleiros de ouro. Se ainda havia alguma dúvida, essa demonstração de poder deixou claro que ao menos um de seus inimigos iria lhe dar muito trabalho.

Então, quando Surtur e Vizir se resolveram, e voltaram sua atenção para a amazona, ela já havia tomado uma decisão.

— Eu sou Surtur de Áries — apresentou-se o dourado, aproximando-se. — E esse ao meu lado é Vizir de Escorpião. Se me lembro bem, lá na casa de Touro, você disse que seu nome é Hela de Câncer, não é? Pois bem... Se você não nos deixar de mau humor, talvez nos lembremos de gravar seu nome nessa Casa de Câncer, depois de a transformarmos em seu túmulo... — concluiu, com um olhar convencido.

— Hm... É. Mas eu acho que não — respondeu a canceriana, parecendo desinteressada. — Podem atravessar a minha casa. Eu não vou lutar com vocês.

— O que? — questionou o ariano, sem entender.

— Você me ouviu bem. Podem passar. Eu não vou lutar... Como podem ver pelo estado da minha armadura, o Grigori me deu certo trabalho. E odeio admitir, mas houve momentos em que ele quase me matou. E agora vocês estão em dois. Então, é óbvio que eu se eu lutasse eu iria perder.

— Nos deixar passar...  Não seja ridícula — argumentou Vizir. — Não vai nos enganar. Acha mesmo que vamos cair em algum truque?

— Não tem truque algum — retorquiu Hela, dando de ombros. — Em uma luta um contra um, eu obviamente não hesitaria em defender a minha casa. Mas contra dois... Até mesmo o nosso cavaleiro de Gêmeos foi derrotado por vocês. Então que chance eu teria?

— Se até você admite que perderia — rebateu Vizir, já revelando a agulha de seu indicador direito — por que então nós iríamos poupá-la antes de atravessar a quarta casa?

— Ah... Mas, não se enganem... — devolveu, com olhar ameaçador. — Não é como se eu não fosse fazer algum estrago em vocês antes de morrer. Talvez eu até mesmo consiga levar um de vocês comigo.

— O que seria ruim para os dois lados, não é? — completou Surtur.

— Agora estamos falando a mesma língua... — comemorou Hela, depositando-lhe um doce olhar. — Sejamos racionais. Vocês não estão dispostos a perderem mais tempo ou sangue. E eu não estou disposta a morrer... Afinal, de que ajuda eu seria para qualquer um se minha vida acabasse aqui? “Escolha as batalhas que você pode vencer”, foi o que me ensinaram — explicou, gesticulando com uma mão e com a outra na cintura, como se estivesse dando uma aula.

— Você tem um bom ponto — concordou Surtur. — E, realmente, nós não temos muito tempo a perder, Vizir. Então será vantajoso se passarmos por aqui sem lutar.

Vizir ainda lançou um olhar de protesto ao companheiro. Mas, no fim, não conseguiu demovê-lo da ideia de aceitar a trégua da canceriana. Assim, a dupla subiu os escombros até a parte intacta da Casa de Câncer e, caminhando, passaram por Hela, sem que ela demonstrasse qualquer resistência. Segundos de tensão seguiram-se enquanto cruzavam-se, mas, mesmo após ficarem de costas uns para os outros, parecia que a trégua não seria ferida por nenhuma das partes. Até que Surtur deteve-se e, ainda de costas, pronunciou-se.

— Só mais uma coisa...

— O quê? — questionou Hela, também sem se virar.

— Você acha mesmo... Que somos idiotas?! — exclamou, ao mesmo tempo em que virou-se e atacou com uma enorme rajada de energia, surpreendendo até mesmo Vizir, que não havia percebido as intenções do companheiro.

Porém, após a rajada de energia encobrir todo o corpo de Hela, a imagem dela se desfez. Não por ter sido consumida, mas por que tratava-se de uma ilusão.

— O quê?! Para onde ela foi?! — questionou Vizir, sem entender como ela havia sumido.

— Cuidado! — exclamou Surtur, virando-se para o companheiro.

Mas já era tarde. Quando Vizir olhou para trás, Hela já estava aterrissando com um pé em seu peito e, empurrando-o em direção ao chão, jogou-o para baixo. Porém, Vizir não sentiu resistência alguma quando caiu de costas no solo, pois, ao invés de seu tronco ser pressionado entre o piso da casa de Câncer e o pé da amazona, o seu corpo continuou a cair para o fundo da terra, como se sua alma estivesse sendo gentilmente tragada para o abismo do inferno.

— O que... O que você fez com ele? — questionou Surtur, surpreso, ao ver que só restavam ele e Hela na casa de Câncer.

— O que eu fiz? — perguntou, fazendo-se de boba. — Você sabe muito bem o que eu fiz... — apostou, com um sorriso convencido.

— O prendeu de corpo e alma no Yomotsu... — reconheceu, com o cenho preocupado.

Então, Surtur lembrou-se do que Hela havia dito momentos atrás e, achando graça, deixou escapar uma risada tosca.

— Você havia dito que não teria chance contra nós dois... — disse rindo. — Mas que não hesitaria em lutar se fosse um combate um contra um. Parece que resolveu essa condição bem rápido, não é? Aquela ilusão, que você fez, você a preparou enquanto nos distraía com a sua proposta, não foi isso?

Hela sorriu, contente, vendo que fora descoberta. E começou a se explicar.

— Em outras condições, eu talvez realmente deixasse pelo menos um de vocês passar. Mas eu sinto que meus companheiros estão tendo problemas em lidar com os inimigos nas próximas casas. E se em dois vocês já são perigosos, seria ruim se eu deixasse que vocês se juntassem em três ou quatro novamente — ponderou. — Mas, felizmente, o meu plano para deter vocês aqui deu certo, e graças a você... — completou, rindo dessa última afirmação.

Como Surtur parecia não entender, Hela explicou.

— Se você não tivesse ferido a nossa trégua e atacado a minha ilusão pelas costas, vocês realmente teriam conseguido avançar para a próxima casa. Mas a minha aposta deu certo, porque o seu mau caráter não me decepcionou — concluiu, zombando do cavaleiro.

O ariano não conseguiu esconder a irritação do que ouvia.

— Pois você vai se arrepender por ter usado essa oportunidade para me escolher como adversário... — ameaçou, elevando o cosmo em fúria. — Deveria ter aproveitado a ilusão para fugir...

— Ah, não... Você é quem vai se arrepender, cavaleiro, por já ter me mostrado as suas técnicas duas vezes... — ponderou Hela, também elevando o cosmo e concentrando-o na ponta de seu indicador direito. — Pois, agora, eu vou te mostrar... Como foi que eu derrotei aquele cavaleiro de Aquário — concluiu, com seus olhos verdes mudando para um intenso azul cósmico.


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Notas finais do capítulo

1. Uma homenagem que eu fiz a uma das mortes mais icônicas das séries de animes e mangás. A morte de Nappa, pelas mãos de Vegeta, em Dragon Ball.



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