As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 28
Confluência dos ventos


Notas iniciais do capítulo

Acordando na casa de Libra, Natassia de Cisne encontra Christopher de Lagarto, com quem terá que se aliar em sua revanche contra Trasímaco de Libra.



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Quando Natassia abriu os olhos, viu sobre si o teto de uma das 12 casas. Mas não saberia dizer qual delas, não houvesse sido abordada por Christopher de Lagarto.

— Até você? — perguntou o cavaleiro, com certo desdém.

— Onde estamos? — questionou a garota, com a cabeça ainda doendo.

— Na casa de Libra... — respondeu, com um longo suspiro. — Ao que parece, Atena tentou nos tirar daqui para um lugar seguro. Mas, aqueles que tiveram força de vontade o bastante para continuar lutando, acabaram conseguindo voltar para as 12 casas.

— Então foi isso... — compreendeu Natassia, enquanto se levantava. — Mas por que voltamos na casa de Libra?

— Parece que devido aos níveis de nossos cosmos naquele momento, não conseguimos retornar com exatidão ao nosso ponto de batalha. E, além de ser impreciso, o nosso retorno às 12 casas deve ter sido influenciado por nossos sentimentos... Eu sei disso, pois eu me senti atraído pela casa de Libra, já que ela representa o meu signo zodiacal. Já você... Eu não sei dizer por que não foi atraída para a casa de Aquário, de seu mestre Hyoga. Teria sido bem mais coerente... — comentou, enquanto se virava para o outro lado, como se suspeitasse da presença de mais alguém na sétima casa.

— Embora a casa de meu mestre seja Aquário... — respondeu Natassia, começando a entender como havia parado ali. — A história de meu mestre na casa de Libra sempre esteve em meus pensamentos.

— Hum? — grunhiu, levantando uma sobrancelha para Natassia. — Eu acho que não estou familiarizado com essa história. O que foi que aconteceu em Libra?

Natassia contou então sobre o sepultamento em uma Esquife de Gelo que Hyoga sofreu por parte de seu mestre Camus, e como Shun arriscou a vida para salvá-lo. Christopher revirou os olhos, quando concluiu não ter ouvido nada além de “bobagens femininas”. Natassia, obviamente, percebeu o desprezo por parte do prateado. Mas antes que pudesse contestá-lo, sentiram o cosmo de um terceiro no recinto.

— Cuidado! — exclamou Christopher.

Levando Natassia ao chão, após cobri-la com seu corpo, Christopher salvou-a de ser esmagada pelo escudo de Libra, que seguiu adiante e demoliu algumas pilastras da sétima casa. Retomando o escudo através da corrente, Trasímaco de Libra apresentou-se.

— Francamente, essa foi a maior história de maricas que eu já ouvi. Não é à toa que esse Santuário é fraco...

— Você... — lembrou-se Natassia do cavaleiro, com certo rancor.

— Conhece ele? — indagou Christopher.

— Eu lutei contra ele na primeira casa. Mas ele era muito forte...

— E mesmo assim, acertou esse golpe em mim, lembra? — questionou Trasímaco, mostrando um hematoma no canto do queixo. — Não sei como o Vizir e o Asura não a mataram antes, mas foi bom eu ter parado aqui para terminarmos a nossa luta...

— Christopher, cuidado... — sussurrou Natassia, enquanto assumia postura defensiva e elevava o cosmo. — Talvez eu não seja uma boa referência, mas esse cara é tão perigoso quanto o cavaleiro de Virgem que nos derrotou no caminho para a segunda casa...

Christopher acompanhou Natassia na postura defensiva e na preparação do cosmo, enquanto admirava o nível de cosmo-energia atingido pela amazona. Perguntou-se quando foi que aquela garota, que tantos no Santuário caçoavam por continuar a fracassar em subir as 12 casas, havia se tornado tão poderosa. Talvez nem mesmo ela tivesse noção do poder que possuía.

— Bem, já que vocês vão continuar na defensiva, eu vou dar o primeiro ataque — anunciou Trasímaco, assumindo a postura do Cólera do Dragão, o que chamou a atenção de Christopher. — Cólera do...

— Olho do Furacão! — exclamou o prateado, apontando o dedo indicador.

Assim que o dourado abaixou o punho esquerdo, expondo o ponto fraco do Cólera do Dragão, Christopher atingiu-o sobre o coração com uma estocada de vento. O golpe do cavaleiro de Lagarto explodiu no peito do libriano, arremessando-o para trás.

— Co-como você fez isso?! — assustou-se Natassia.

— Hã? Eu é que te pergunto por que você não atacou junto comigo — rebateu Christopher. — Se você lutou contra ele, já devia ter visto o ponto fraco do Cólera do Dragão... E além disso, você é amiga do Shoryu de Dragão, não é? Eu nunca o vi lutar, mas ele deve ter o mesmo ponto fraco.

Trasímaco levantou-se com o cosmo ardendo em fúria.

— Você... Como sabia do meu ponto fraco?!

— Vai saber.... — deu de ombros Christopher, com um sorriso irônico.

Diferente da cabeça de ovo da Natassia, pensava Christopher, o seu conto favorito sempre foi o da batalha entre Shiryu de Dragão e Shura de Capricórnio na décima casa. Para vencer essa luta, Shiryu atraiu Shura para a derrota ao expor de propósito o ponto fraco do Cólera do Dragão. Mas Christopher omitiu essa informação, para não dar ideias a Trasímaco.

— Não vai falar... — observou o dourado, enquanto conferia uma rachadura interna que havia se formado no peitoral de sua armadura. — Então deve ter sido um golpe de sorte. Ou será que você é capaz de acertar o meu ponto fraco duas vezes seguidas? — desafiou, mostrando intenção de repetir a técnica.

Desconfiado das palavras do dourado, o cavaleiro de prata tomou a dianteira de Natassia. Não sabia se o libriano estava blefando ou não, mas se visse o Cólera do Dragão se armando novamente, repetiria o contra golpe em seu ponto fraco. E assim aconteceu. Christopher observou a mesma postura se formando e, então, disparou o Olho do Furacão no momento oportuno. Porém, dessa vez, para a surpresa de Christopher, o punho esquerdo de Trasímaco não abaixou no instante em que deveria, e bloqueou seu ataque. Pego com a guarda baixa após desperdiçar seu movimento, Christopher não conseguiu se defender quando o cavaleiro de Libra terminou de lançar seu ataque.

— Dragão Voador!

Atingido no queixo por uma rajada de cosmo-energia em forma de dragão, Christopher foi lançado para trás, onde caiu quase morto.

— Christopher! — exclamou Natassia.

— Hahahahaha! Se você tivesse esperado antes de me atacar, não teria recebido tanto dano, visto que o Dragão Voador não é tão potente quanto o Cólera do Dragão. Mas como abriu a sua defesa, acabou quase se matando.

Com alguns dentes quebrados e a boca sangrando, Christopher tentava se levantar. Porém, acabou cambaleando e teve de se apoiar no chão novamente. Natassia fez menção de se virar para ajudá-lo, porém Trasímaco a atacou.

— Não dê as costas para mim! — exclamou o dourado, partindo para cima da amazona.

Aplicando o Cólera do Dragão à queima roupa, Trasímaco quase a nocauteou após atingi-la na boca do estômago. Após ser afastada alguns metros pela força do golpe, Natassia acabou se curvando sobre o chão, onde regurgitou seu sangue. Com espasmos no diafragma, mal conseguia respirar.

— Hahahahaha! Isso está ainda mais fácil do que na nossa primeira luta...

— Idiota... — gemeu Christopher, para Natassia. — Não se preocupe comigo... Apenas acabe com ele! — pediu, ainda falhando em se levantar.

Porém, a moral de Natassia já estava abalada. A garota percebeu que, mesmo após Christopher mostrar-lhe a fraqueza do Cólera do Dragão, Trasímaco não se preocupou em evitar utilizar a técnica contra ela. E se o libriano agia dessa forma displicente, era por que não a considerava oponente à altura.

— Assim não vai ter graça — lamentou Trasímaco, levantando Natassia com somente uma mão, pelo pescoço. — Se acabar rápido demais...

A amazona tentava abrir os dedos da mão que a enforcava. Porém, seus esforços eram inúteis. Em pouco tempo, iria perder a consciência. Até que um tornado levantou-se entre ela e o dourado, forçando-o a largá-la e a se afastar. Em seguida, um Chicote de Vento disparou contra o dourado, que se defendeu com um dos punhos mas, sem seguida, acabou sendo jogado para longe, quando Christopher surgiu com um chute sobre o dourado. Apesar desse último golpe não ter sido muito efetivo, o prateado conseguiu afastá-lo totalmente de Natassia.

— Idiota! O que está fazendo aí se lamentando?! — gritou Christopher, com a amazona. — Se eu tivesse a força que você tem, eu já teria acabado com ele!

“A força... Que eu tenho? Mas Christopher sempre me tratou como se eu fosse inferior aos demais cavaleiros.” Pensou Natássia.

— Enquanto a sua nova amiga chegou ao Santuário a apenas um dia, e já fez mais do que você em um ano, você continua com essa sua autopiedade! — continuou o prateado. — Se tem algo em você que sempre me enojou, foi o fato de você jamais enxergar a própria força!

Natassia continuava em choque, sem saber o que dizer. Sempre achou que o cavaleiro a tratasse mal por ela ser fraca. Mas, agora, ele dizia que o motivo era justamente o contrário. Ou, pelo menos, algo próximo do contrário.

— Ei... — interrompeu-os Trasímaco que, com expressão soturna, elevava o cosmo. — Vocês vão continuar me ignorando até quando? É historinha do mestre viadinho dela... Historinha dela não conseguir correspondê-lo à altura... Eu já estou cansado de tanta ladainha. Acho que vou acabar com isso tudo de uma vez...

— Natássia... — rogou Christopher, mais uma vez, enquanto, já se preparando para o iminente ataque que receberiam, também elevava o cosmo. — Eu estou falando sério... Se tem alguém aqui que é capaz de derrotar esse cara, esse alguém é você. Eu não vou conseguir vencê-lo sem a sua força!

— Mas... Eu sempre achei que você me odiasse por eu ser fraca — contestou a amazona. — Por que agora você está me dizendo isso?

— Idiota... Será que vou ter que desenhar pra você? — questionou, sentindo que o tempo que eles tinham para se preparar estava acabando. — O motivo de eu sempre te tratar mal foi por inveja!

— Inveja? — repetiu, sem entender.

— Como eu não teria... Da amazona que foi escolhida a dedo pelo próprio Hyoga de Cisne?! O potencial que ele viu em você, e em mais ninguém... É uma força que só você tem!

— Acabou o tempo de vocês! — alertou Trasímaco, com expressão sombria. — Agora, vou levar pelos ares vocês e toda a casa de Libra também...

Arremessando os dois punhos para a frente, o cosmo do cavaleiro de Libra explodiu e liberou uma centena de Cóleras do Dragão ao mesmo tempo.

— Cólera dos Cem Dragões!

A força das rajadas de energia varreram todo o chão na direção dos cavaleiros de Atena. Porém, outra força surgiu para se contrapor. Explodindo o cosmo ao sétimo sentido, Christopher liberou à sua frente o poder do Furacão das Trevas na forma de dois tornados negros, que se cruzavam na forma de um X. Iria usar a mesma variação que desenvolvera na luta contra Cratos de Touro para deter o avanço do Cólera dos Cem Dragões.

— Eu não vou te deixar passar! — exclamou Christopher, logo após o encontro das duas técnicas.

O impacto entre os tornados e os dragões foi colossal, chacoalhando toda a casa de Libra. Porém, o suposto equilíbrio, que havia surgido entre as duas técnicas, demonstrou que não duraria muito tempo.

— Maldito... — amaldiçoou o prateado. — Não estou conseguindo segurar...

Logo em seguida, a força dos dragões rebateu a rajada de ventos dos tornados, que ao atingirem Christopher, fizeram-no cair para trás de joelhos. Porém, quando parecia que o prateado seria esmagado pelos demais dragões que continuavam a avançar, Natassia deu um passo à frente para protegê-lo.

— Turbilhão de Gelo! — exclamou, com um gancho de direita no ar.

Seu golpe levantou outro enorme tornado para protegê-los. Dessa vez, de ar frio e gelo. Surpreendendo a si mesma, Natássia conseguiu equilibrar-se à força de Trasímaco, e deteve o avanço dos dragões, ainda que momentaneamente. “Eu consigo...” Pensou, apesar de ver seu tornado de gelo começar a ceder, pouco a pouco. “Eu sei que eu consigo... Eu também tenho essa força...”

— Furacão das Trevas! — gritou Christopher, colocando-se ao seu lado para ajudar.

Os ventos do cavaleiro de lagarto fundiram-se ao vórtice do Turbilhão de Gelo, aumentando a sua intensidade.

— Eu não disse? — perguntou Christopher, com um sorriso arrogante. — Se tem alguém aqui que pode derrotar esse cara, é você. E eu vou te ajudar com isso... — decidiu-se, enquanto se esforçava para ver com exatidão os fluxos do cosmo de Natassia, para continuar a fortalecê-los.

Ainda que surpresa com a dedicação do auxílio prestado por Christopher, a loira o respondeu com um sorriso. Iria dar o seu melhor para vencer o cavaleiro de Libra.

— Mestre Hyoga... Isso é por você. Isso é pela chance de eu poder encontrá-lo de novo!

Explodindo o cosmo ao máximo, Natassia conseguiu fazer seu Turbilhão de Gelo sobrepujar o Cólera dos Cem Dragões, e avançar sobre Trasímaco. Capturado pelos ventos intensos, o dourado acabou por ser arremessado através do teto da casa de Libra, até perder-se de vista.


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Notas finais do capítulo

Não identifiquei nenhuma nota para esse capítulo. Então, eu gostaria apenas de agradecer aos leitores que me acompanharam até aqui. Eu me divirto dando imaginação e palavras às minhas próprias histórias. Mas também é uma grande satisfação quando tenho a companhia de um leitor.



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