As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 22
Explosões em Manhattan


Notas iniciais do capítulo

Sobre o terraço do Pennsylvania Station, popular estação de trens em Manhattan, somente o cavaleiro de Órion ainda consegue ficar em pé diante do poder de Dahaka de Gêmeos. Porém, enfrentar o dourado de Nibiru e proteger seus companheiros caídos ao mesmo tempo não é tarefa fácil para Neil de Órion.



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Nova York, EUA. Apesar das madrugadas da cidade que nunca para serem sempre iluminadas, dessa vez o céu brilhava não devido às suas luzes artificiais, mas sim pelo inferno que a consumia. O que poderia ser uma típica noite agitada foi substituído por um dos muitos cenários de cinema pelos quais a metrópole já havia passado. No caso, um daqueles em que a cidade era completamente devastada. Os inúmeros prédios e arranha-céus da Big Apple haviam dado lugar a somente fumaça e fogo. Com a metrópole preenchida por inúmeras crateras ardentes que engoliam quarteirões inteiros, praticamente todos os grandes edifícios já haviam tombado. E se ainda havia algum de pé, certamente não duraria muito tempo, pois um intenso combate era travado no centro de Manhattan.

No terraço do Pennsylvania Station, inúmeros cavaleiros de Atena tentavam impedir Dahaka¹ de Gêmeos, um homem que mais parecia um monstro com seus longos cabelos negros e olhos endemoniados, de seguir com a destruição. A maioria dos cavaleiros e amazonas de bronze e de prata já havia tombado; todos mortos ou feridos demais para se levantar. Até mesmo a experiente Shaina de Ofiúco, que havia lutado nas guerras santas passadas, estava caída. Somente Neil de Órion, um homem albino de cabelos brancos como seda e penetrantes olhos vermelhos, resistia bravamente, apesar de sua armadura visivelmente avariada.

— Explosão Galáctica! — urrou Dahaka.

— Dança de Galáxias! — exclamou Neil.

Enquanto o dourado lançava inúmeros planetoides de pura e densa energia contra os cavaleiros de Atena, o cavaleiro de Órion conseguia defender a todos com o seu turbilhão de estrelas que giravam intensamente. As estrelas de Neil arrebentavam todos os planetas em seu caminho. Porém, elas também acabavam consumindo-se no processo, o que equilibrava a disputa.

Já era a terceira vez que o cavaleiro de Gêmeos e o cavaleiro de Órion se confrontavam com essas técnicas. E a cada vez, Neil parecia entender melhor como funcionava a Explosão Galáctica, repelindo-a mais eficientemente.

— Você insiste em proteger seus companheiros... — observou Dahaka. — Mesmo eles sendo um fardo para você.

— Não deem ouvidos a ele — rebateu Neil, dirigindo-se aos poucos cavaleiros e amazonas que permaneciam conscientes às suas costas. — Ao contrário do que ele diz, a nossa união nos torna mais fortes. Eu posso sentir a fé que vocês depositam em mim... Isso me permite elevar o cosmo até o infinito! — concluiu, elevando sua cosmo-energia prateada mais uma vez.

— Humpf. Depois que eu me livrar deles para você... Poderemos ter uma luta de verdade.

Dahaka também voltou a elevar o cosmo, porém assumindo uma postura diferente, que Neil não havia visto antes. Percebendo que Dahaka usaria uma técnica inédita, Neil ficou na defensiva, pensando em proteger seus companheiros, e aguardou o geminiano dar o primeiro passo.

— Está vendo? Essa hesitação que você tem para proteger seus companheiros... É o que causará a sua ruína! Outra Dimensão!

Dahaka estendeu os braços entreabertos para a frente, criando uma distorção no espaço-tempo que envolveu a todos os cavaleiros de Atena. Uma enorme fenda dimensional abriu-se às costas dos cavaleiros, para onde eles começaram a ser engolidos. Os que estavam mais atrás de Neil foram os primeiros a serem sugados, seguidos então pelos mais próximos do cavaleiro de Órion. Aflito ao ver que não conseguira proteger seus companheiros, Neil foi o último a ser puxado para dentro do vórtice espacial.

— Hahahahaha! Adeus, cavaleiros de Atena! — bradou Dahaka.

Já dentro do espaço dimensional, Neil não conseguia se decidir no que fazer. A abertura ainda estava aberta para tentar voltar. Mas havia alguns de seus companheiros que já começavam a se perder nos confins do tempo e espaço. E mesmo que Neil se lançasse na direção deles, não conseguiria salvar a todos. Foi quando sua confiança começava a ruir que as asas da esperança surgiram. Encobrindo todo o espaço dimensional por onde os cavaleiros de Atena haviam se espalhado, uma enorme aura de Pégaso envolveu a todos.

—  Esse cosmo colossal... — balbuciou Neil. — Isso é...

Acolhendo a agora inconsciente Shaina de Ofiúco em seus braços, um brilhante cosmo dourado assumiu aos poucos a forma de um cavaleiro de ouro. Com grandes asas douradas, aquela era sem dúvida a armadura divina de Sagitário. O lendário Seiya de Pégaso estava de volta ao campo de batalha.

— A armadura de Sagitário?! — surpreendeu-se Neil.

Imediatamente, as asas da aura de Pégaso expandiram-se como se fossem uma explosão de luz, anulando todo o espaço dimensional que Dahaka havia aberto, e trazendo todos os cavaleiros de Atena de volta para o terraço do Pennsylvania Station. Envolvidos pelo cosmo de Seiya, todos os cavaleiros e amazonas flutuaram no ar até serem gentilmente colocados de volta em terra firme. Após pousar no chão, Seiya caminhou com a amazona desmaiada em seus braços até Neil, onde deixou-a com o cavaleiro de prata.

— Cuide da Shaina para mim — disse Seiya, despedindo-se com um terno olhar para sua antiga antiga amiga, antes de seguir adiante para defrontar-se com Dahaka.

— É-é claro... — confirmou Neil, cujos olhos não conseguiam acreditar que estavam olhando para Seiya.

Apesar da entrada triunfal do sagitariano, o cavaleiro de ouro inimigo não parecia intimidado.

— O lendário Seiya de Pégaso... — comentou Dahaka. — Você é o homem que feriu todos os três grandes nessa era... E pensar que um mortal como você realmente existe. Porém, ouvi dizer que as sequelas das últimas batalhas o deixaram incapaz de elevar o cosmo em toda a sua plenitude. Correto? É verdade que o seu coração não aguenta nem 5 minutos de batalha?

— Cinco minutos... — sussurrou Seiya para si mesmo, abrindo um pequeno sorriso. — Mesmo que isso fosse verdade, eu não precisaria de mais do que 5 segundos para acabar com você — rebateu, arrancando uma gargalhada de Dahaka.

— Está dizendo então que vai acabar comigo em um único movimento?! Pois bem, Seiya, vamos ver do que você realmente é capaz!

Animado com o novo oponente, o geminiano começou a queimar um cosmo ainda maior do que o que estava usando contra os demais cavaleiros até então, e cruzou os braços no alto na postura da Explosão Galáctica.

— Não é possível... — disse Neil, sentindo o edifício tremer. — O cosmo dele está duas vezes mais forte do que antes. Eu podia sentir que ele estava só brincando com a gente, mas isso é absurdo!

Porém, Seiya não pareceu impressionado, e apenas assumiu sua postura de combate enquanto elevava o cosmo em condições de igualdade. Porém, o enorme cosmo de Seiya não fazia ressoar os átomos da terra e do ar como o cosmo de Dahaka, indicando que, ao contrário do geminiano, o cavaleiro lendário detinha pleno controle do cosmo que portava naquele momento.

— Agora vamos ter uma luta digna de verdade... Tome isso, Seiya! Receba todo o meu poder... Explosão Galáctica!

Dahaka descruzou os braços na direção de Seiya, lançando inúmeros planetoides que explodiam e liberavam imensa quantidade de energia em seu caminho. Neil fez uma prece a Atena, achando que iriam todos morrer. Porém, com um único movimento do braço direito, Seiya aplicou seu contragolpe.

— Cometa... de Pégaso!

Assim como na batalha contra Saga há 20 anos, o canhão de energia de Seiya despedaçou todos os planetas no caminho, abrindo caminho até estilhaçar a ombreira direita e parte do peitoral da armadura de Dahaka. Atrás de Seiya, Neil não conseguia acreditar na facilidade com que o sagitariano rebatera o golpe de Dahaka, quando o nível de cosmo dos dourados parecia ser o mesmo.

Caído no chão, o geminiano quase perdera o braço. A muito esforço, conseguiu levantar-se, com um sorriso arrogante, enquanto apertava o ombro ferido para estancar a hemorragia que tingia o chão de vermelho.

— Já se passaram... Mais de 5 segundos... — arrotou, confiante.

— Estou surpreso que você esteja vivo... — parabenizou-o Seiya.

— Me diga. Como foi que você anulou meu golpe tão facilmente... Se nossos cosmos estavam em pé de igualdade? — questionou, agora um pouco nervoso.

— Em pé de igualdade... — comentou Seiya, com um sorriso cínico. — Nossos cosmos não estavam iguais. Apesar de naquele momento terem o mesmo tamanho, o meu cosmo estava sob um controle muito maior de minha parte... Você também consegue ir além dos poderes normais de um cavaleiro de ouro. Mas, ao contrário de mim, você não consegue controlar todo o poder que tenta usar.

— Bobagem! Não pode ser só isso... Há algo mais...

Seiya esboçou um riso.

— Ah, se você está se perguntando como eu parecia já conhecer o seu golpe... É por que 20 anos atrás eu derrotei um poderoso cavaleiro de gêmeos, exatamente dessa mesma forma em que eu acabei de te atacar... Em outra palavras, eu já sabia como destruir o seu golpe.

— Maldito... — rebateu. — Então foi isso... Não importa. Agora eu também já conheço a sua técnica. Então basta eu atacar de uma forma diferente... Na próxima vez em que eu usar a Explosão Galática, os meus golpes terão outra disposição e então será a sua técnica que será anulada! — exclamou, retomando a postura de braços cruzados ao alto.

— Você pode tentar — desafiou Seiya, retomando sua postura de combate.

Dahaka não perdeu mais tempo, e atacou, aparentemente, com a Explosão Galáctica mais uma vez, ao que Seiya respondeu novamente com o Cometa de Pégaso. Porém, dessa vez, todos os planetas arremessados por Dahaka concentraram-se em um único ponto, criando uma esfera massiva de energia que equilibrava-se ao cometa de Seiya para, então, aos poucos, começar a atravessá-lo.

— Esta é... A Implosão Galáctica! — exclamou Dahaka, pondo todo o seu cosmo no ataque.

Com a esfera de energia cada vez mais concentrada pelas sucessivas adições de planetas, o ataque de Dahaka é que atravessou o Cometa de Seiya dessa vez, forçando o cavaleiro de Sagitário a parar o golpe com a palma de sua mão direita. Seiya precisava manter um imenso controle de cosmo para conter toda aquela energia de forma coesa, ou ela explodiria sobre si e sobre os demais cavaleiros de Atena que protegiam-se às suas costas. Talvez até mesmo o bairro inteiro de Manhattan fosse varrido se a energia ali contida saísse de controle.

— Eu não queria ter que elevar o meu cosmo mais do que o necessário... — lamentou Seiya. — Porém...

Queimando o cosmo ainda mais intensamente, Seiya começou a anular a esfera de energia dentro de sua própria mão. Aos poucos, ela começava a reduzir em tamanho, ainda que Dahaka continuasse fundindo outros planetas à Implosão Galáctica.

— Eu não vou deixar... Você se safar tão fácil! — exclamou o geminiano.

Mantendo a pressão sobre sua Implosão Galáctica somente com a mão esquerda, Dahaka preparou um segundo ataque com a mão direita. Porém, Seiya já havia pensando no mesmo. No mesmo instante em que Dahaka lançou uma rajada de cosmo-energia sobre a esfera de energia para explodi-la, Seiya usou o cosmo que havia acumulado em sua outra mão para conter a explosão e pressioná-la de volta na direção contrária. Com as duas mãos contendo a profusão de energia liberada, Seiya conseguiu impedir que a explosão se alastrasse sobre os demais cavaleiros de Atena, e somente a área entre Seiya e Dahaka foi afetada. Após Seiya finalmente ter contido toda a energia dissipada, os dois cavaleiros de ouro levitavam acima da cratera que havia se formado entre eles.

— Você é duro na queda, Seiya. Mas eu ainda não dei tudo de mim... Então é bom você parar de se segurar, antes que eu consiga te surpreender — avisou, enquanto assumia mais uma vez a postura da Explosão Galáctica.

— Você tem razão... — concordou o sagitariano, com um sorriso confiante. — Eu achei que conseguiria vencer sem ter que mostrar mais do meu cosmo... Mas eu me enganei.

— Hahahahaha. É isso o que eu queria ouvir... Agora sim, essa batalha está ficando excitante!

Fazendo toda a terra e o ar estremecerem novamente, Dahaka deu tudo de si para elevar seu cosmo além de seus próprios limites. Inúmeras rachaduras começaram a surgir pelo edifício. E, então, com todo o seu poder, o geminiano lançou uma técnica híbrida das duas anteriores. Ao mesmo tempo em que uma Implosão Galáctica avançou pelo centro, a técnica tradicional da Explosão Galáctica também foi lançada pelos flancos. Porém, Seiya não hesitou. Movendo seu punho, utilizou o seu principal golpe, os Meteoros de Pégaso. Raios de luz cortaram os planetas que avançavam pelos flancos, porém sem conseguir deter completamente a Implosão Galáctica que avançava pelo meio. No entanto, um Big Bang começou a se formar com os meteoros que colidiam na Implosão Galáctica, freando, aos poucos, o avanço da esfera de energia de Dahaka.

— O quê?! Ele também está formando um Big Bang?!...

— Não... Olhe de novo. Você não queria que eu atacasse com todo o meu poder? Então... Esse é todo o meu poder! Esse é o meu Meteoros de Pégaso Big Bang! — exclamou, enquanto outros Big Bangs começavam a se formar e a avançar sobre os ataques de Dahaka.

— O quê?! Não é só um?! São vários!

— São 100 milhões de golpes por segundo... Então, se cada golpe meu der origem a um Big Bang, eu posso criar até 100 milhões de Big Bangs por segundo... Exploda cosmo!

Elevando sua cosmo-energia até o ápice do infinito, Seiya revelou uma fração de seu poder máximo, e criou, ao lado de seus 100 milhões de meteoros comuns, algumas dezenas de Big Bangs por segundo, que desintegraram tudo em seu caminho até atingir Dahaka, que acabou engolido em uma ofuscante explosão de luz branca. No fim, quando o ataque de Seiya se apagou, não havia sobrado nada a sua frente além de uma grande cratera e, no fundo, o corpo do geminiano, que jazia com sua armadura toda trincada e encharcada de sangue.

— Senhor Seiya... — disse Neil que, ainda com Shaina nos braços, o admirava de joelhos. — Esse último ataque... Foi incrível...

— Cavaleiro de Órion, vou ter que pedir para que você e os demais que conseguirem ficar em pé saiam daqui imediatamente — disse Seiya em tom sério.

— O quê? — questionou sem entender.

— E levem os que conseguirem carregar com vocês... Agora.

Quando Neil percebeu que não era para baixo onde Dahaka estava que Seiya olhava, mas para o céu, foi que entendeu. Observando-os do alto, estava um homem loiro e de olhos amarelos, trajando uma elegante armadura dourada. Porém, não era com a força do cosmo que ele plainava no ar, e sim com três pares de enormes asas douradas que pareciam ser feitas de éter. E o cosmo que ele passou a revelar quando os demais cavaleiros notaram sua presença era tão aterrorizante quanto o de Seiya.

— Então esse é o verdadeiro poder do lendário Seiya, o matador de deuses... — disse o homem misterioso, com expressão impassível. — Um homem que desafia os deuses não pode continuar respirando... Eu, Miguel³ da Chama do Sol, o Arcanjo da Humildade, me encarregarei de você.


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Notas finais do capítulo

1. Dahaka é uma figura demoníaca da mitologia persa zoroástrica. Mas é uma homenagem que fiz ao personagem de mesmo nome do jogo Prince of Persia Warrior Within, em que Dahaka é uma criatura mítica guardiã da linha do tempo.

2. Neil é uma homenagem que fiz a Neil deGrasse Tyson, um dos mais famosos astrofísicos da atualidade.

3. Miguel é um dos quatro principais arcanjos da angeologia de matriz judaica. Seu nome pode ser lido literalmente como "aquele que é similar a Deus", porém é tradicionalmente interpretado como uma pergunta retórica: "quem é como Deus?". Como se espera uma resposta negativa a esta pergunta, Miguel é interpretado como um símbolo de humildade perante o poder de Deus. Na revolta de Lúcifer, Miguel é quem lidera as forças angelicais contra os anjos caídos e é quem derrota Satanás.



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