— Quem é ela? - Nora perguntou.
— É a irmã do Dante. - Respondi e ela me encarou confusa. - Irmã por parte de pai. É uma Nephilim puro sangue. Só Nephilim. - Observei suas feridas. - Isto está feio.
— Você acha que Dante fez isso com ela? - Nora perguntou.
— Eu tenho quase certeza. Ela me disse antes de apagar que ele quer nos trair. Com certeza ela iria contar a todos ou a você, mas ele impediu.
— Como você a conheceu?
— Uma vez ele veio atrás de mim e ela estava junto com ele. Temos que leva-la. Ela está muito machucada.
Levitei seu corpo e o levei para dentro do carro. Os meninos me ajudaram a acomodar ela no banco de trás e eu deixei que ela ficasse meio deitada apoiada em mim enquanto Nico trocava de lugar comigo e ia no banco do passageiro.
Nora dirigiu até a fazenda e nós descemos do carro. Ben apareceu e pegou ela no colo. Ele me lançou um olhar me avaliando.
— Estou bem. - Murmurei e ele estalou a língua.
Nós entramos na casa da fazenda e eu guiei Ben para o porão.
— Coloque ela no chão.
— Se você sugar a magia dela vai passar por você de novo.
— Não vou sugar. Só vou tirar isso dela. Eu aprendi agora. - Falei e ele a colocou no centro do círculo no chão.
Todos se afastaram e Ben empurrou Nora para sair do círculo também. O fogo se acendeu e eu toquei o corpo dela.
A magia foi saindo do seu corpo e indo para as chamas do chão as tornando azul, mas evitando meu corpo. Lancei um olhar para Ben que me encarava ansioso e ao mesmo tempo orgulhoso.
Quando acabou eu levantei e fiquei observando ela.
— O que faremos? - Nico perguntou.
— Vamos ter que cuidar dela. E deixa-la escondida. Se ela fugiu Dante vira atrás dela.
— Eu preciso ir. - Nora falou e eu a encarei. - Preciso tirar um peso de mim.
Em sua mente vi que ela iria contar a verdade a Vee. Mordi o lábio.
— Nico pode cuidar dela para mim?
— O que eu vou fazer? - Ele perguntou.
— Limpe os machucados dela. E a coloque no quarto de hóspedes. Eu tenho que ir com Nora.
— Para onde você vai? - Ben perguntou.
— Vee merece a verdade. Toda a verdade. E a minha história só pode ser contada por mim. - Nora sorriu.
Beijei Ben e segui Nora para a saída.
— Bem legal o seu porão. - Ela comentou.
— É meu cantinho da magia. - Debochei e ela sorriu.
Nora estacionou e nós descemos do carro.
— Acho melhor não entrarmos pela porta. - Murmurei e ela assentiu.
Nora e eu atravessamos o quintal tentando fazer o menor barulho possível depois pulamos a cerca de arame e Nora bateu na janela do quarto dela. Ela levantou a janela um pouco e nos encarou.
— Cara, vocês escolheram uma hora ruim para aparecer. Eu achei que você fosse Scott. Ele está a caminho a qualquer momento.
— Nós precisamos conversar. - Nora falou.
— Eu vou ligar para Scott e cancelar. - Ela abriu a janela completamente e eu facilmente saltei por ela logo depois Nora passou. - Me diga o que está se passando na sua cabeça, baby.
Nora e eu contamos tudo a ela. Tanto a parte Nephilim quanto a minha parte.
— Bem, isso explica muito. - Vee murmurou.
— Sério? É tudo que você tem a dizer? Você não está eu não sei... Atordoada? Confusa? Desorientada? Histérica?
— Eu sabia que Patch e Ben eram de algum modo muito hard core para ser humanos.
— E sobre mim? Você está completamente tranquila com a ideia não apenas de eu ser uma Nephilim, mas que eu supostamente devo estar liderando todos os outros Nephilim por aí numa guerra contra anjos caídos. Anjos caídos, Vee. Como na Bíblia. O Céu tem banido malfeitores.
— Na verdade eu acho que é bem incrível. - Nora juntou as sobrancelhas e eu franzi a testa.
— Eu não acredito que você está sendo tão calma sobre isso. Eu esperava algum tipo de reação. Eu esperava uma explosão. Baseada em experiências passadas, eu esperava agitação de braços e uma dose saudável de palavrões no mínimo. Eu poderia muito bem contar isso para uma parede de tijolos.
— Baby, você está me fazendo soar como uma diva.
— Você quem disse, não eu.
— Eu só acho que é realmente estranho que você disse que a maneira mais fácil de identificar um Nephilim é por sua altura, e você, minha amiga, não é extraordinariamente alta. Agora eu por exemplo. Eu sou alta.
— Tenho altura média porquê Hank...
— Entendi. Você já explicou a parte sobre fazer o juramento para se tornar Nephilim enquanto você era humana, daí o físico na média, mas ainda é meio que uma porcaria, certo? Quero dizer, se o Voto de Transição tivesse feito você alta? E se tivesse feito você tão alta quanto eu? O seu corpo se cura rapidamente agora que você é uma Nephilim? Porque se você não consegue essa recuperação, você realmente está enganada.
— Vee, eu não te contei sobre nossas capacidades de cura acelerada.
— Huh. Eu acho que você não contou.
— Como você poderia saber, então?
— Scott contou. - Falei lendo a sua mente. - Por que ela é um de vocês. - Nora colocou as mãos na boca.
— Você? - Vee sorriu.
— Eu te disse que eu estava guardando segredos de você.
— Mas... Não pode ser... Não é...
— Possível? É, isso foi o que eu pensei da primeira vez também. Eu achei que eu estava passando por algum tipo de segundo lance da menstruação. Essas duas últimas semanas que se passaram eu tenho estado cansada e com cólica e totalmente chateada com o mundo. Então, na semana passada, eu cortei meu dedo enquanto cortava uma maçã. Se curou tão rápido que quase pensei que eu tinha imaginado estar vendo sangue. Coisas mais estranhas aconteceram depois disso. Na educação física, eu bati a bola de vôlei tão forte que atingiu a parede dos fundos do lado oposto da quadra. Durante os pesos, eu não tinha problema em levantar o que os caras mais volumosos da classe estavam levantando. Eu escondi claro porque não queria chamar atenção para mim até eu descobrir o que estava acontecendo com o meu corpo. Confie em mim, Nora. Sou cem por cento Nephilim. Scott entendeu isso imediatamente. Ele tem me ensinado as cordas e me ajudando a lidar com a ideia de que 17 anos atrás, minha mãe fez o ato com um anjo caído. Ajudou saber que Scott passou por uma mudança física similar e compreensão sobre seus próprios pais. Nenhum de nós pode acreditar que levou tanto tempo para você descobrir isso. - Vee socou o ombro de Nora e eu sorri.
— Você. Você é... Realmente uma Nephilim. O que Scott tem te contado sobre a guerra?
— Era uma das razões que ele estava vindo hoje à noite para me trazer a par da situação. Parece que você está num grande problema Senhora Abelha Rainha. Líder do exército do Mão Negra? Maldição garota. Certifique-se de manter seu resumo. - Ela se virou para mim. - E você uma verdadeira Filha de Lilith. Nossa. É um peso e tanto hein?
— Você nem sabe o quanto.
Conversamos mais um pouco depois eu fui embora. Ben veio me buscar.
No outro dia a noite eu tinha acabado de tomar banho e estava usado só o roupão. Aberto em cima da cama estava alguns folhetos para faculdades. Aquilo era banal, mas Ben me trouxe os papeis para eu escolher e me escrever.
Estava com muita dor de cabeça. E distraída quando escutei os gritos do quarto do fundo do corredor.
— Tira as mãos de mim!
Vesti um short jeans rasgado na barra e uma camiseta gola v com estampa militar.
Abri a porta do quarto e segui até o quarto vizinho, o abri encarando Nico tentando forçar Amélia a deitar na cama.
— Nico! - Falei e ele me encarou.
Foi tempo suficiente para a garota liberar sua mão e acertar Nico na cabeça. Ele virou para ela com um olhar mortal.
— Parem! Os dois! - Gritei os afastando usando magia. - Você está segura aqui. - Sentei na cama no lugar de Nico. - Nos deixe a sós irmão.
— Ok. - Ele retrucou antes de sair.
— Nicolle, você precisa avisar todos! Dante vai nos trair.
— Não adianta agora. Nora e ele vão fazer um duelo. Ninguém vai acreditar em nada que nós dissermos contra ele. O que ele fez com você?
— Ele tentou me matar, mas como tinha reunião com o concelho eu consegui fugir. Nora vai duelar com ele? Ela vai perder! Meu irmão tem anos de experiência!
— Não temos escolha no momento. Ele iria acusar de traição por namorar Patch. E não ajudaria muito ela sendo minha amiga. Eu namoro Ben.
— Eles temem você mais que ela.
— Mas Dante não me teme. Posso ser mais poderosa do que ele, mas ele tem os anos de experiência ao seu favor. Digamos que estamos empatados.
— Mas Dante não quer matá-la. Ele sabe que a única que pode colocar o sangue Matterazzi com poder de novo será você.
— Por que todos se preocupam com isso? Eu nunca vou me entregar a Dante. Principalmente para aumentar a espécie. Não sou a minha mãe.
Ela ficou em silêncio me observando.
— Eu tenho que ir. Você estará segura aqui. Qualquer coisa eu ligo para conversarmos.
— Eles não gostam de mim aqui.
— Elas não confiam em você. - Dei de ombros. - Não é da natureza deles confiar fácil.
— E você acredita em mim?
— Não posso dizer no momento. As palavras não valem de nada para mim a não ser que você cumpra. - Levantei. - Nos vemos depois. Nico vai trazer comida e algumas roupas para você. A casa é encantada. Você está em desvantagem aqui caso queira tentar algo.
Levantei e segui para a porta.
— Nikki? - A encarei.
— Obrigada. - Assenti antes de sair.
Fechei a porta do quarto e fui para o meu quarto. Calcei minha bota de montaria e desci as escadas correndo.
— Hey, onde é o incêndio? - Tyler perguntou.
— Cuidem dela por mim. Vou ver se falo com Nora. Depois passo as coordenadas para vocês.
— E a cicatriz?
— Curada. Desapareceu. - Respondi pegando uma banana e tirando a casca.
— Nico e eu também.
— Que bom. Mas vocês não precisavam ter feito aquilo.
— Foi melhor assim. Eles acreditaram mais na palavra nossa.
Meu celular tocou e eu olhei no visor
— Tenho que ir. - Falei para Tyler e me apressei para a rua.
Desci as escadas e subi na moto. Ele acelerou até encontrar com Patch e Nora.
— Qual é a da vez? - Perguntei.
— Blakley me procurou. Dante tentou mata-lo também. Agora ele quer os serviços de Patch.
— Você era mesmo um mercenário anos atrás? - Perguntei e vi uma sombra em seu olhar. - Se contar terá que me matar?
— Tipo isso. - Sorri.
— Vamos logo com isso. - Nora falou.
Os meninos dirigiram até o endereço que Blakley tinha deixado com Nora.
Eles se separaram e fizeram a volta no quarteirão duas vezes em direções contarias até que pararam as motos lado a lado na rua dos postes. Patch bateu na porta.
— Fique aqui. - Patch me disse. - Nós dois vamos dar a volta por trás.
Patch e Ben fizeram a volta.
Ficamos esperando até que a fechadura da casa caiu e Patch abriu a porta por dentro.
— A porta de trás estava bem aberta. Tenho um mau pressentimento. - Ele falou e nós entramos.
Nora fechou a porta.
— Blakley? - Nora falou.
— Ele não está neste primeiro piso. - Patch falou. - Mas há escadas que levam para um porão.
Nós descemos as escadas até uma sala iluminada. Tinha sangue no carpete e marcas de mãos vermelhas na parede. Tinha um quarto mais a frente e Blakley estava deitado na cama. Patch e Ben ergueram o braço nos parando.
— Vá lá pra cima. - Patch falou.
— As duas. - Ben falou.
— Deixem de besteira. - Falei cruzando por baixo do braço de Ben.
Nora passou por baixo do braço de Patch e correu até a cama.
— Ele está ferido!
Ferido era pouco. Ele estava praticamente morto.