Um vira-tempo com defeito escrita por Lady M


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Vamos de mais três?
Quem sabe né... ^.^
Divirtam-se e lembrem de lavar bem as mãos!



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Pov Hermione Granger

Ela abriu os olhos e percebeu que aquele momento parecia um enorme dejavù. Ela olhou para os lados, mas continuou andando, Harry e Rony mais novos estavam com ela. Os três caminhando no corredor mal iluminado, ela observou bem as roupas deles. Harry vestia sua típica blusa cinza, a blusa de frio preta a calça jeans clara, o all-star, os óculos meio tortos, ele e Rony estavam quase da mesma altura. Rony estava com um suéter marrom sobre a camiseta laranja, a calça jeans escura e o tênis preto. Ela olhou para si mesma e notou a blusa de frio lilás sobre a camiseta rosa, a calça jeans clara e o all-star branco.

Eles estavam no fim do corredor quando Rony disse:

— Acaba de ficar pior.

Hermione avistou Draco Malfoy e seus amiguinhos, ela se lembrava da raiva e da decepção que a assolaram naquele dia. Bicuço não tinha culpa nenhuma da arrogância e burrice do loiro metido. Ela respirou fundo, sabia muito bem o que tinha que fazer ali. Por que ela ainda não sabia se aquele vira tempo era mesmo capaz de voltar no tempo ou se aquilo era apenas uma projeção. A magia seria capaz de projetar uma lembrança com tanta perfeição sem uma penseira? Mesmo se estivesse vendo uma lembrança na penseira não seria ela vivendo aquilo novamente, ela apenas observaria, seria uma mera telespectadora de suas lembranças.

Hermione avançou sobre o loiro com passos precisos.

Malfoy disse sarcasticamente feliz:

— Olha o que temos aqui! Vieram para ver o Show?

Hermione parou abruptamente, ergueu sua varinha, fechou a expressão e com indignação proferiu encurralando o loiro:

— Sua barata nojenta, abominável e asquerosa!

Ela viu Malfoy bem de perto novamente e diferente do que ela lembrava não queria matar mesmo o loiro, nem sequer machucá-lo, ela sabia o que estava por vir, como tudo se tornará complicado para ambos. Cada um preso em sua própria batalha tentando manter aquilo que mais ama longe das mãos do Lord Voldemort.

Rony suplicou:

— Hermione não! Não vale a pena.

Ela abaixou a varinha e afastou-se devagar, virou o corpo em um meio giro e esperou pela risadinha irritante. 

Malfoy fez exatamente o que ela estava esperando, Hermione lembrava bem desse momento. Ela virou-se bruscamente e deferiu um soco bem dado no nariz dele, com força o suficiente para fazer ele bater a cabeça no tronco atrás dele e ainda quebrar aquele belo nariz empinado de loirinho metido.

Os amigos dele o seguraram e os três fugiram. 

Hermione sorriu amplamente para seus melhores amigos e disse aliviada:

— Essa foi boa.

Rony concluiu alegre:

— Boa não, brilhante!

Os três se aproximaram e ela sentiu-se alegre por estar ali, mas lembrou-se que não sabia como sair dali, talvez precisasse procurar ajuda. Mas de quem?

Andou com os meninos até a cabana de Hagrid, sem olhar para lugar nenhum, pois sabia que uma outra versão dela também estava por ali com um vira-tempo. Depois de falarem com Hagrid sobre Bicuço, Hermione separou-se dos meninos com uma desculpa fajuta sobre estudar.

Correu imediatamente para sala do Diretor Dumbledore que estava vivo naquele tempo, ele saberia como ajudá-la. Pelo menos, essa era a chama de esperança que Hermione alimentava dentro de seu coração. O bruxo mais brilhante que ela teve o prazer de conhecer saberia como enviá-la de volta para casa, ou talvez ajudá-la a solucionar o problema com aquele vira-tempo.

Hermione parou entre as Gárgulas e pediu a Merlin que a senha que ela se lembrava fosse a certa.

Hermione disse incerta:

— Acidinhas.

O caminho abriu-se para ela que entrou sem se importar com nada, nem ao menos lembrou-se de pedir licença. Dumbledore ficou surpreso pela jovem estar ali.

— O que a traz aqui, senhorita Granger? E como sabe a senha?

Ela pensou em como começar sem revelar nada perigoso sobre o futuro, inclusive que Dumbleddore passaria essa senha para Harry no quinto ano.

— Professor, o senhor já ouviu falar de um vira-tempo capaz de viajar anos e não minutos?

Dumbledore olhou para Hermione sobre seus óculos de meia lua.

— Estamos falando de uma magia muito poderosa senhorita Granger, capaz de permitir a mudança dos fatos se for utilizada de maneira errada. Nunca ouvi falar de nada parecido com isso. Não consigo imaginar algo assim.

Hermione suspirou triste.

— Eu não sou eu, tem coisas que não posso te contar do lugar de onde eu vim, agora entendo melhor o desespero daquele garoto. A única coisa que posso afirmar com certeza é que eu tenho dezenove anos.

Dumbledore levantou de sua cadeira e sentou na beirada da mesa de frente para cadeira onde Hermione estava sentada.

— O que aconteceu com a senhorita?

Hermione sentiu vontade de abraçá-lo e foi exatamente o que ela fez. Dumbledore ficou surpreso, mas retribuiu o abraço da jovem. Ela se afastou um pouco dele e mostrou o vira tempo que estava preso em seu pescoço. Dumbledore não tirou o colar do pescoço da jovem, avaliou o objeto com olhar atento e realizou dois feitiços silenciosos.

— Senhorita Granger esse vira tempo pertence a senhorita do seu tempo?

Hermione negou.

— Temos então um grande problema, ele está instável, deve ter sofrido alguma queda, a ampulheta dele está danificada. Alguém que presumo não ser a senhorita, tentou repará-lo com um feitiço inapropriado, por isso ele está confuso.

Hermione disse desanimada:

— Podemos dizer que ele está com defeito?

— Até podemos, mas esse defeito pode custar caro para a senhorita, você pode acabar perdida no tempo e não conseguir voltar para onde precisa.

Hermione arregalou os olhos. Dumbledore sorriu tentando confortá-la, mas esse conforto não estava presente em suas palavras.

Ele continuou:

— Depois que ele começa uma viagem volta exatamente para o tempo em que o viajante saiu pela primeira vez. Se ele não pertence a senhorita o viajante dele também está em apuros.

Hermione perguntou:

— Se o dono dele veio do futuro ele pode deixar de existir por atrapalhar o passado?

Dumbledore assentiu.

— A senhorita está presa no seu corpo do passado porque o vira tempo está quebrado, se ele estivesse em suas condições normais a senhorita apenas assistiria o que acontece. Isso me indica que esse viajante não deveria interagir com as pessoas daquele tempo de maneira inapropriada.

Hermione sentiu ser puxada novamente, não teve tempo de despedir-se. 

 

Pov Draco Malfoy

Ele acordou com o coração disparado, ele sonhou com o soco que tomou no nariz no terceiro ano, mas dessa vez a Granger não parecia tão feliz por partir seu nariz em dois.

Draco ainda estava procurando pelo Sonserino primeiranista, mas sem sucesso. Contou para Blás e Pansy o que aconteceu, e eles decidiram espalhar pela Sonserina que um primeiranista roubou a vassoura de Draco em uma pegadinha de mau gosto. A casa verde e preta estava atrás do garoto, mas ninguém sabia nada sobre ele. Draco não tinha muito para falar dele, não sabia seu nome, nem seu sobrenome, só a sua casa e a cor de seus olhos.

Hermione Granger ainda não tinha dado as caras, os amigos dela pareciam preocupados no café da manhã, mas tornaram-se verdadeiramente desesperados na hora do almoço. Draco não estava diferente deles, pois ele poderia ter pego o culpado.

Na hora do jantar a diretora parecia estar preocupada, mas não se pronunciou a respeito para os amigos da castanha. Mcgonagall chamou Draco em sua saladepois do jantar.

— Boa Noite Diretora.

A diretora indicou a cadeira a sua frente.

— Senhor Malfoy encontramos a sua vassoura com um estudante desacordado na floresta proibida. O senhor sabe de alguma coisa a respeito do ocorrido?

Mcgonagall estava claramente desconfiada dele, mas Draco sabia que não tinha feito nada de errado até então, pelo menos não com o garoto, nem com a Granger.

Ele mentiu descaradamente:

— Encontrei com esse primeiranista ontem após o treino de quadribol, nós discutimos no corredor e ele fugiu com a minha vassoura. Acredito que tenha sido parte de alguma pegadinha.

A diretora suspirou exasperada.

— Pelas informações que a Madame Pince me passou, ele é um bruxo meio sangue. A senhorita Granger uma nascida trouxa. Estou tentando não culpar você, mas até aquele menino acordar Senhor Malfoy, você está sobre observação...

Draco a interrompeu de imediato:

— Não fiz nada com esse garoto nem o conheço, ele que roubou a minha vassoura. Sobre a Granger, estamos nos dando bem, não haveria motivo algum para machucá-la, nem mesmo se estivéssemos nos dando mal. Eu não sou assim Diretora, espero que a senhora me dê ao menos um voto de confiança. Além disso, por que eu relataria o desaparecimento dela se eu o tivesse causado?

A Diretora assentiu.

— Não fale nada sobre o sumiço da senhorita Granger, vamos tentar resolver isso sem causar pânico pelo castelo ou mais desconfianças em cima de você.

Draco assentiu.

— Tenho permissão para visitar o garoto?

Minerva negou.

— Depois que ele acordar ele vai decidir se quer ver ou não, o senhor.

Draco assentiu e saiu da sala sem se despedir da Diretora, agora ele era o principal suspeito e essa posição ele conhecia muito bem.

 

Pov Hermione Granger

Ela abriu os olhos com medo de ter voltado para sua infância ou para os dias da Guerra, mas não, ela parecia estar no quarto de monitora dela. Correu até o espelho e se viu com dezenove anos novamente. Aliviada ela pensou, foi só um sonho, um sonho maluco, até perceber o vira tempo pendurado no seu pescoço.

Hermione tomou banho e se trocou pronta para correr pelos corredores e pedir ajuda, mas parecia mais um dia normal no castelo, com a exceção dos uniformes de torcida os rostos pintados e Gina vestida com seu uniforme de quadribol.

A ruiva sorriu e piscou para amiga falando em tom conspiratório:

— Até que enfim você está aqui! Achei que iria torcer para a Sonserina.

Hermione negou com olhos levemente arregalados.

Gina colocou as mãos nos ombros da amiga.

— Ele não te deu o cachecol dele para você usar hoje?

Hermione negou. Primeiro ela não sabia de quem Gina estava falando e tinha até medo de perguntar. Segundo, porque raios ela torceria para a Sonserina?

Ela ficou feliz quando viu Luna, correu da ruiva para loira, entrelaçou os braços no dela e disse:

— Boa Sorte no jogo Gina!

Gina deu de ombros e saiu do grande salão.

Hermione virou-se para Luna que a olhava confusa.

— Luna que dia é hoje?

Luna sorriu.

— Hoje é sábado, o último jogo da copa de quadribol das casas.

Hermione assentiu, então ela estava no tempo dela, como monitora e meses no futuro.

Draco Malfoy veio na direção delas e a loira desenrolou seus braços.

Malfoy sorriu para ela.

— Posso roubar a Hermione de você por um minuto.

Luna respondeu:

— Claro, ela é toda sua.

Malfoy deu um sorriso de lado convencido.

— Eu sei, dá para acreditar nisso?

Luna riu da alegria do loiro enquanto Hermione continuou estática.

Ela era dele? Desde quando? Malfoy bateu com a cabeça em algum lugar? Por que ele a estava chamando pelo primeiro nome? Como ele conseguia fazer o nome dela soar de maneira tão agradável?

Ele pegou na mão dela e Hermione sentiu seu rosto corar. Os dois andaram de mãos dadas pelos alunos, todos os sonserinos olhando para eles com certa curiosidade.

Malfoy falou com ela:

— Não liga para eles, só estão curiosos. Estou levando uma garota da Grifinória para o salão comunal da Sonserina, isso não é algo que aconteça todo dia.

Hermione arregalou os olhos e evitou ao máximo prestar atenção pelo caminho. Os dois pararam nas masmorras, Harry e Rony já tinham estado por ali, quando fingiram ser Crabbe e Goyle com a ajuda da poção polissuco. Hermione não.

Ela entrou e Pansy Parkinson sorriu para ela, algo inédito.

Parkinson parou ao lado do Malfoy.

— Sabe Draquinho, só porque eu aceitei que estão namorando não significa que quero vê-los juntos por aqui.

Namorando? Hermione Granger e Draco Malfoy, juntos? Hermione engoliu em seco.

Malfoy deu de ombros.

— Vê se não enche Pan, preciso entregar um presente para ela. Depois vou subir na minha vassoura e ganhar da Grifinória.

Blásio Zabini colocou a mão no ombro da Parkinson.

— Deixa ele amor. Você sabe que eles não vão muito longe.

Hermione sentiu as bochechas corarem diante do olhar malicioso do moreno.

Malfoy afastou-se dos dois e levou Hermione até o quarto dele, abriu a porta e entrou com ela.

Pov Draco Malfoy

Enfim sábado, primeiro jogo na copa das casas. Grifinória contra Sonserina, a oportunidade perfeita para se machucar sem querer e parar na enfermaria com um pequeno frasco de Veritaserum.

O menino já tinha acordado, todos sabiam o nome dele agora, Scorpius Hyperion. Draco conhecia boa parte do mundo bruxo e esse sobrenome não existia nele, mas como a Diretora disse, o bruxinho era meio trouxa, então provavelmente a mãe dele era bruxa e o pai nascido trouxa. Ele se recusou a falar com Draco e não disse muito para Diretora, e ainda por cima concordou com a história da vassoura, deixando Draco curioso sobre os reais motivos e intenções do garoto. Madame Pomfrey colocou Scorpius em observação na enfermaria, um bom lugar para Draco encurralá-lo.

A única coisa boa foi que o menino limpou o nome dele com a Diretora que parecia estar sentindo-se meio culpada pelas acusações que levantou contra ele. Devidamente vestido e alimentado Draco foi para o campo de quadribol. A Weasley não parecia nada bem, estava super desconcentrada, não que ele estivesse diferente, ele estava buscando a vitória e um acidente perfeito.

O placar estava apertado Grifinória 150 pontos X Sonserina 130 pontos. Draco avistou o pomo de ouro e um balaço, assentiu de leve para seus batedores, Crabbe e Goyle sabia das intenções dele, então foi garantido, por pouco ele conseguiu pegar o pomo antes do apanhador da grifinória, um balaço atingiu ele em cheio e Draco caiu com o pomo na mão em queda livre. 

O jogo foi encerrado e Draco foi levado para a enfermaria com o pulso quebrado e o ombro deslocado. Placar final Grifinória 150 pontos X Sonserina 280 pontos. Draco 1 X Scorpius 1, o menino estava com um ponto por ter conseguido roubar a vassoura dele e sumir no ar. Um feitiço que Draco desconhecia.

Madame Pomfrey o recebeu com cara de poucos amigos, a enfermeira odiava os jogos de quadribol, os achava violentos em demasia.

— Senhor Malfoy vou ter que colocar seu ombro no lugar, isso vai doer um pouco.

Draco assentiu, ele era resistente a dor, principalmente por ter passado boa parte da infância recebendo Cruciatus de seu pai.

A enfermeira contou:

— Um, dois e Três.

Draco sentiu a dor do osso voltando a seu devido lugar, mas não disse nada, não chorou, apenas apertou os lábios em sinal de desagrado.

— Agora vamos ver como anda esse pulso.

Ela mexeu no pulso dele e balançou feito geleia, Draco sentiu enjoo e dor, mas lembrou-se que estava ali para descobrir o paradeiro da Granger.

— Fraturado! Como pode chegar a esse ponto senhor Malfoy?

Draco apenas deu de ombros.

— Nós ganhamos.

Pomfrey balançou a cabeça em negação.

— Não precisava de tanto. Braquium Remendo.

Draco sentiu um calor estranho depois seu pulso ficou rijo.

— Precisará passar a noite aqui. Por isso vou avisar seus amigos lá fora.

Draco assentiu satisfeito. A dor no fim valeu a pena.

 

Pov Hermione Granger

Ela estava sentada na famigerada e famosa cama de Draco Malfoy. Mexendo as mãos inquieta enquanto ele pegava algo na escrivaninha do quarto dele. Hermione começou a olhar pelo quarto, notando que os famoso lençol verde na verdade era branco, a colcha da cama que é verde. Viu um cachecol familiar pendurado na cabeceira da beliche dele. Ela pegou a peça notando que era mesmo o seu cachecol.

Malfoy virou-se segurando um embrulho andando na direção dela.

— O seu cachecol ainda tem seu perfume, Herms.

Ela sorriu para ele, porque era impossível ignorar Draco Malfoy quando ele sorria abertamente para ela.

Ele estendeu o embrulho pardo na direção das mãos dela.

— Aqui está, seu presente de Natal adiantado.

Ela franziu o cenho e pegou o embrulho. Avaliou o papel pardo e notou que não era algo do mundo bruxo, aquele embrulho era de uma loja de presentes que ficava perto da antiga casa dela na Londres trouxa. Com espanto ela abriu o presente deparando-se com um globo de neve, mas com o tema de primavera, se virasse de cabeça para baixo e depois de cabeça para cima, caem pétalas de flores cor de rosa no pequeno jardim cercado pelo domo de vidro.

Hermione agradeceu:

— É lindo, obrigada Malfoy.

Malfoy franziu as sobrancelhas e ela não entendeu o motivo. Como em um reflexo, ela também franziu a testa tentando descobrir o que estava errado, ele passou o dedo pela testa dela.

— Não gosto quando você fala meu sobrenome assim, já te disse que só pode me chamar assim se quiser que eu a chame da mesma forma.

Hermione riu dele.

— Vai me chamar de Granger?

Ele deu um beijo na testa dela e respondeu:

— Não de Malfoy.

Ela arregalou os olhos e ele riu dando a mão para ela.

— Senhora Malfoy para ser mais exato.

Ela chiou:

— Não alucina Malfoy.

Ele parou antes de sair do quarto.

— Assim vou realmente ficar magoado.

Hermione revirou os olhos em desaprovação. Ela não era ela, não era a namorada dele, mas futura namorada de Rony, ela não conseguia chamá-lo de Draco, seria estranho.

Ele pegou um cachecol da Sonserina atrás da porta e enrolou no pescoço dela.

— Você prometeu que se eu conseguisse chegar na final com todos os meus ossos inteiros você torceria por mim.

Hermione sentiu o perfume dele e até que gostou. Sacudiu a cabeça mandando esses pensamentos para longe, guardou o globo de neve no bolso de sua capa, que tinha o feitiço de extensão, notando que Malfoy não ficou nenhum pouco surpreso com esse gesto dela. Sorrindo de leve ela esticou a mão para o loiro.

— Vamos lá.

Ele ficou esperando o nome dele, ela suspirou exasperada e disse amena:

— Draco.

Ele sorriu e ela se viu hipnotizada. De mãos dadas com ele, ela foi até o campo, separou-se dele e sentou-se na divisa entre a Grifinória e a Sonserina, ela não podia negar que também torceria pela melhor amiga. Viu Malfoy disputar cara e coroa com a Gina e sentiu um leve arrepio ao olhar para as vassouras tão altas.

O jogo começou bem, Grifinória marcou 200 pontos de lavada, mas a Sonserina também parecia preparada e contra-atacou bem ficando com 130 pontos. Os balaços estavam velozes e um dos jogadores da Grifinória foi nocauteado, justo o apanhador, deixando Hermione ansiosa pelo loiro. Gina trocou de posição e colocou um jogador substituto como artilheiro. A Sonserina marcou mais 30 pontos, depois dessa troca, mas mesmo assim permanecia atrás.

Hermione não viu quando, nem como, mas estava gritando e realmente torcendo, pulando de um lado para o outro e vibrando até pelas míseras chances que a casa adversária adquiriu durante o jogo, ela podia sentir como Malfoy estava lutando para conseguir vencer. Então Hermione prendeu o ar vendo ele descer rente ao chão e a Gina acompanhou o movimento do loiro. Malfoy e Gina começaram a perseguir o pomo, mas estavam de lados opostos no campo e o pomo flutuava no meio, os dois subiram em velocidades insanas, Hermione via os balaços cruzando entre eles e só pedia a Merlin para que Malfoy não se esborracha-se feio, mas não foi atendida.

Um balaço pegou o loiro por trás, para piorar foi na cabeça. 

Ele começou a cair rapidamente inconsciente e antes que o corpo dele atingisse o chão Hermione pronunciou:

— Mobilicorpus.

Gina pegou o pomo no meio dessa confusão e a Grifinória levou mais uma taça. Hermione não se importou com a euforia da ruiva, abraçou-a e parabenizou-a, mas fez isso a caminho da enfermaria sem tirar os olhos do Malfoy um minuto sequer.

Na porta da enfermaria Madame Pomfrey expulsava o time da Sonserina e mandava os amigos do loiro embora.

Parkinson parou Hermione no meio do caminho.

— Ela não vai te deixar vê-lo, mas se você alegar uma dor de barriga quem sabe?

Hermione negou e sorriu.

— Acho que consigo atuar um pouquinho.

Zabini riu da cara de dor falsa que ela fez. 

Antes deles saírem ela disse para eles:

— Acho que esse foi o jogo mais emocionante que já assisti. Vocês mereciam ganhar.

Zabini sorriu.

— Obrigada Granger.

Parkinson deu de ombros.

— Vou deixar esse legado para os próximos Sonserinos, um dia a gente ganha de vocês.

Hermione riu concordando. 

Ela parou na porta da enfermaria, bateu e esperou, Madame Pomfrey era osso duro de roer, mas ela queria deixar o corpo daquela Hermione ao lado do loiro. Ela podia não saber quando ia embora, mas tinha essa sensação de dever consigo mesma.

 

Pov Draco Malfoy

O resto da tarde passou voando, pois Madame Pomfrey havia dado para ele uma poção para dormir. Draco acordou com um par de olhos cinzas atentos sobre ele. Na cama da frente um garoto de onze anos, cabelo loiro platinado e olhos cinzas o avaliava.

Ele endireitou-se na cama para poder encarar o garoto de volta.

O menino perguntou:

— Se sente melhor?

Ele deu de ombros.

— Quadribol tem seus altos e baixos.

O menino sorriu, um sorriso que ele lembrava já ter visto antes, mas não sabia bem em quem.

— Minha irmã Rose joga, ela é apanhadora, meu pai ensinou tudo o que ela sabe e também tudo o que eu sei, mas acho que ela é melhor.

Draco notou como o garoto parecia triste.

— Ela joga por qual casa?

O menino sorriu.

— Grifinória, minha irmã mais velha é uma leoa e eu sou uma serpente.

Draco tinha acabado de jogar contra o time da Grifinória e só havia dois apanhadores e nenhum deles chamava Rose.

Draco continuou a conversa tentando ganhar tempo:

— Você gosta de ter uma irmã?

Ele deu de ombros e declarou derrotado:

— Não tive opção de escolha, quando eu nasci ela já estava lá.

Draco conseguiu achar graça dessa afirmação.

— Não ria disso, ela e eu nascemos no mesmo dia, com três anos de diferença.

Draco riu de novo e fez um comentário sarcástico:

— Quer dizer que seus pais só tiram o atraso a cada três anos e no mesmo dia.

O menino sorriu e dessa vez foi de lado, Draco entendeu porque o sorriso era tão familiar, o menino parecia muito com ele, muito mesmo.

— Eu deveria ter gravado essa sua declaração, assim poderia atormentar o meu pai por muitos anos.

Draco suspirou olhando para o teto.

— Você se dá bem com seu velho?

O menino imitou a postura dele.

— Sim e não. Tem dias que quero que ele me deixe em paz, mas têm dias que ele é a melhor pessoa que eu conheço, ele só perde para minha mãe. A minha mãe é mais do que demais, ela é incrível!

Draco também sentia que sua mãe era incrível.

Ele resolveu ser direto:

— Por que você não queria me ver?

Scorpius tencionou os ombros enquanto Draco aguardava a resposta do menor, talvez ele não precisasse usar aquela poção.

— Não é que eu não queria, só achei que não deveria.

Draco levantou o corpo novamente olhando bem para o garoto.

— O que quer dizer com isso?

O menino ficou indeciso, depois suspirou derrotado.

— Você quer que eu te conte do início?

Draco assentiu.

O menino deu um sorriso triste.

— Eu não posso e mesmo se pudesse iria demorar a noite toda.

Draco sorriu e levantou da cama dele, sentando na cadeira ao lado da cama do menino, aproveitou que o garoto estava distraído e colocou a poção no copo de água.

— Tenho a noite toda.

Sem Scorpius perceber suas reais intenções, Draco ofereceu o copo de água para o garoto.

— Por que não toma um pouco de água e tenta me contar o que aconteceu com a Granger.

O menino pegou o copo de água e tomou um gole, parecia estar ponderando ou tomando coragem.

Draco incentivou mais uma vez:

— Você só precisa me contar onde ela está?

O menino soluçou e segurou na mão de Draco em busca de consolo.

— Esse é o problema, eu não faço a mínima idéia de onde.

Draco olhou abismado para o garoto, ele tomou a poção, então aquela era mesmo toda a verdade? Talvez Draco precisasse fazer outras perguntas para obter as respostas certas.

 

Pov Hermione Granger

Madame Pomfrey liberou a entrada dela, mas colocou-a como paciente na cama ao lado da de Malfoy, sobre a alegação de ingestão. Tudo bem se ela se sentia melhor assim, a enfermeira no fundo, no fundo tinha um bom coração.

Draco Malfoy estava dormindo por conta de uma poção, ele teve uma contusão e com a pressão da queda e parada repentina trincou duas costelas, se Hermione não tivesse pegado o corpo dele as coisas seriam muito mais sérias.

Malfoy mexeu durante o sono, Hermione ficou preocupada e foi até a cama dele. Passou a mão na testa do loiro e percebeu que ele estava suando frio. Malfoy estava tendo um pesadelo.

Ela sacudiu ele de leve.

— Malfoy, acorda.

Ele não acordou então ela tentou outra coisa. Como ela gostaria de ser acordada pelo namorado de um pesadelo? Isso mesmo.

Com a voz tranquila ela falou:

— Draco acorda, eu estou aqui, foi só um pesadelo.

Ele abriu os olhos e depois de alguns segundos ele sorriu.

— Nós ganhamos?

Hermione negou.

— Não, mas mereciam.

O loiro sentou na cama e bateu na lateral dela. Hermione não entendeu de primeira, o que ele queria, até que foi puxada para sentar de frente para ele na lateral da cama.

— Isso é uma pena, eu queria poder levar a minha namorada em uma festa da Sonserina.

Hermione riu dele.

— Sua namorada é grifina, não?

Ele passou a mão na lateral do rosto dela e Hermione sentiu um calor bom e desconhecido.

— Ela é e deveria estar comemorando a taça da casa dela, não dormindo na enfermaria por causa do namorado.

Hermione deu de ombros.

— Estou muito bem por aqui.

Ele sorriu e abraçou ela, Hermione deixou-se abraçar, estar entre os braços dele parecia algo certo, mas o abraço transformou-se em outra coisa. O rosto dele ficou a centímetros do dela, as respirações mesclando-se. Ela tensinou quando ele se inclinou para frente na intenção clara de beijá-la.

Ela murmurou:

— Espera.

A boca dele parou a centímetros da dela.

— Por quê?

E a mente dela ficou em branco. Ela não podia dizer, porque não sou a sua Hermione, porque não devo beijar você ainda, porque esse vai ser meu primeiro beijo com você, embora vocês já tenham se beijado antes, pelo menos ela acreditava que eles já tinham feito isso antes.

Ela respondeu algo tolo e vazio:

— Não sei.

Os lábios dele se curvaram em um dos seus raros sorrisos abertos e sinceros.

— Detenha-me quando souber.

Sugeriu ele roubando-lhe a boca.

O beijo mal começou e Hermione se sentiu sendo puxada, mesmo assim ela conseguiu saborear o gosto de hortelã dos lábios dele, as línguas encontrando-se de maneira casual e cálida, o leve roçar carinhoso inicial da mão dele em sua nuca e na base de sua cintura, parecia um sonho, algo entre estar ali e não estar.


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Notas finais do capítulo

Que animal de estimação vocês teriam em Hogwarts?
Eu ia querer uma coruja ^.^
Até o próximo capítulo ; *



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