Sent on Tour escrita por Bianca Rodrigues


Capítulo 2
Capítulo 01 - Guantánamo


Notas iniciais do capítulo

Eu sempre me questionei sobre aquela ridícula prisão que a CIA colocou a Jane. Fiz minha versão, vai se parecer bastante com o Episódio 2x01, mas preparem para o final do capitulo.



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— Vamos tentar novamente. Por que Kurt Weller? – perguntou Keaton olhando nos olhos dela. – Você está aqui há três meses. Quanto tempo mais teremos que fazer isso com você, Jane? – falou Keaton, após afundar seu rosto em um tanque com água. Ele olhou nos olhos dela e ela sorriu ironicamente. Raiva o preencheu. Ele já havia interrogado pessoas difíceis, mas eventualmente eles cedem. A fome, a dor, o medo e as situações extremas quase sempre levam a melhor. Ela se sentia morta por dentro. Tiraram tudo dela. Ela não iria falar nada.

 – Certo, vamos nadar! – exclamou Keaton. Quando afundaram seu rosto ela decidiu inalar a água. A água entrando em seu pulmão era doce comparado a dor que ela sentia pela perda. Ela estava se afogando propositalmente. Ela se lembrou do treinamento com Roman. “Há um lugar na sua cabeça onde ninguém consegue ir. Um lugar que só pertence a você. Não importa o que digam, o que façam, ninguém consegue a atingir lá. A dor é um sonho”. A voz de Roman ecoava em sua cabeça. “O trabalho deles é fazer você sentir que está prestes a morrer. Seu trabalho é não acreditar neles.                Seu corpo pode enfraquecer, mas sua mente é forte”. Ela não podia conter os tremores que passavam por seu corpo. Era o sinal que ela estava morrendo. Aos poucos ela foi perdendo a consciência até que a escuridão tomou conta de tudo. Keaton demorou alguns segundos para perceber o que ela estava fazendo.

— Tirem ela. – falou Keaton. – Tirem ela. – gritou mais alto dessa vez . O homem forte que estava a segurando a colocou no chão desacordada. – Ela tentou se afogar. – Keaton sentiu o pulso. Nada. Imediatamente começou a massagem cardíaca. Não morra. Não morra. Ele pensava enquanto seguia com a ressuscitação. Depois de quase um minuto ela voltou vomitando toda a água que havia inalado. A ardência que sentia nas suas vias respiratórias era quase insuportável.

— Finalizamos por hoje. – disse Keaton. – Levem-na para a cela. E acho que a Senhorita Doe não quer comida hoje, já que ela obviamente está tentando morrer. – Jane sorriu para ele. Ela não queria estar viva. Mas o desejo de vingança contra aqueles que a colocaram nessa situação, que apagaram sua memória e que a tatuaram, mantinha um pouco da sua vontade de viver.

A arrastaram de volta para sua cela. Um cubículo sem janelas. Ela não fazia ideia de onde estava. Lembrou que esteve em um avião, depois pegou um barco, mas era só o que tinha. Não fazia ideia onde a CIA a colocou. Ela não tinha nome. Não tinha passaporte. Não tinha família. Ela não era ninguém. E o governo americano poderia fazer qualquer coisa com ela. Mesmo em sua cela, ela não tinha paz. No momento exato que ela sentou no chão, o som começou. Era um barulho insuportável, agudo e muito alto. Ela levou a mão aos ouvidos na tentativa frustrada de abafar o som. Ela precisava sair. Uma fuga é impossível sua mente gritava. A memória de Roman dizendo “Sempre tem uma saída” foi o único conforto que ela encontrou.

***

A equipe se aproximava da casa. Todos armados com rifles e pistolas. A equipe tática se dividiu sob a ordem de Weller. Quatro agentes foram pelo fundo. E eles invadiram. Estouraram a porta em milhões de pedaços. Kurt entrou e fez sinal para que o agente que acompanhava subisse. Tudo estava quieto. Aparentemente a suspeita não estava por ali.

— Seguro – ele ouviu de um agente. – Seguro. – outro agente gritou de outro cômodo.

— Ela não está aqui. – disse Weller para a equipe.

— Vamos procurar no piso. Minha fonte é confiável – afirmou Reade com convicção.

— Espera. Vocês ouviram isso? – disse Zapata. O som do motor de uma moto foi claro o suficiente.  Kurt imediatamente começou a correr, com a equipe atrás dele. Ele pegou a moto estacionada ao lado da casa e vestiu o capacete em seguida. – Ela está de moto, indo a oeste – Zapata falou para Patterson pelo comunicador.

— Voltem para a SUV. Vamos tentar cercá-la. – Disse Kurt enquanto montava na moto. Ele ligou a moto e começou a perseguição em alta velocidade. A rua não era asfaltada, o chão era de terra e onde ele passava levantava poeira. A mulher era esperta e entrou em uma floresta, desviando dos troncos de árvores. Kurt a seguia fazendo manobras arriscadas.

— Weller, vire à esquerda. – Disse Petterson pelo comunicador.

— Eu consigo pegá-la. – Berrou Kurt do outro lado da linha.

— Sim, consegue, se virar à esquerda. Confie em mim. – Petterson constetou.

— Tudo bem! – Exclamou Weller. Ele já sabia o suficiente que Petterson raramente estava errada. Virou à esquerda em uma manobra radical. Ele seguiu em frente e saiu em uma rua asfaltada. E logo deu de cara com a motociclista que estava perseguindo. Nesse momento a mulher sacou a arma e atirou na direção de Kurt. Ele foi obrigado a desviar das balas na pista. Weller sacou a própria arma e atirou no pneu da moto inimiga. A moto girou no ar, fazendo com que a suspeita caísse em um monte de feno. Kurt parou a moto cantando pneu. Abandonou a moto e colocou a arma em punho. E a equipe chegou logo em seguida em sua SUV preta.

— Fique onde está. Mostre suas mãos. – Gritou Weller – Tire o capacete. Deixe-me ver suas mãos. – O cabelo loiro da suspeita imediatamente apareceu. – Laura Moses, você está presa.

A polícia local não demorou a chegar com as sirenes ligadas. Caminhando com Reade e Zapata, Weller não pode deixar de elogiar sua equipe. Depois de tudo que passaram com Jane e as tatuagens, eles finalmente estavam encontrando seu caminho.

— Vocês dois fizeram um bom trabalho hoje. – Zapata e Reade imediatamente se entreolharam de forma esquisita. – O que foi? – Perguntou Kurt alheio a comunicação silenciosa dos dois.

— Nada – disse Zapata fingindo que não sabe do que ele estava falando.

— Foi alguma coisa. O que é? – Perguntou novamente.

— Só é um pouco decepcionante, não acha? Passamos a semana perseguindo uma impostora. – Respondeu Reade.

— Foi uma boa captura. – Kurt contra argumentou.

— Sentimos falta de resolver as tatuagens – disse Zapata sem rodeios. E Kurt entendeu, ele entendeu porque também sentia falta. De tudo. Das tatuagens. E de Jane. A CIA havia a levado e ele nem sequer sabia onde ela estava. O caso havia sido arquivado. Aquilo gerou um aperto no seu peito. Ele não sabia onde ela estava, mas podia imaginar o que estariam fazendo com ela. Não que ela não merecesse estar presa pelas mentiras e pela conspiração, mas ela deveria estar em uma prisão federal, tendo um advogado. Fazia meses que ele tentava encontrar seu paradeiro, mas a CIA o estava bloqueando. Ele não podia negar, estava morrendo de curiosidade para ouvir a versão dos fatos dela, mas ninguém precisava saber disso.

O barulho de um helicóptero interrompeu seus pensamentos melancólicos. O helicóptero preto parou bem perto de onde eles estavam. A porta foi aberta e uma mulher de cabelos castanhos saiu de lá. Ela definitivamente tinha origem paquistanesa ou talvez de outro lugar do oriente médio. A equipe se aproximou do helicóptero aguardando contato.

— Diretor Assistente Weller? Meu nome é Nas Kamal. Trabalho para a NSA. Preciso falar com você e seu time imediatamente. Poderiam me acompanhar? – Disse a mulher já se virando para entrar no helicóptero novamente. Kurt, Zapata e Reade se entreolharam por um segundo e decidiram acompanhar agente da NSA. Raramente a NSA se metia em assuntos simples. E eles tinham certeza que isso tinha a ver com as tatuagens. Tinha a ver com Jane.

***

— Jane Doe está vindo para cá. – Disse Nas de uma vez.

— O que? Vindo de onde? Estou tentando conseguir informações há meses. A CIA está irredutível quanto ao seu paradeiro. – Weller disse nervosamente.

— A NSA teve conhecimento que ela estava em uma prisão especifica. – Disse dando uma pausa dramática – Ela está em Guantánamo. – Choque atingiu o rosto das pessoas na sala. Todos tinham seus ressentimentos quanto a Jane, mas Guantánamo é reservada exclusivamente para traidores e terrorista. Ninguém sabia o que acontecia lá. Mas tinham em mente que os direitos humanos não eram respeitados lá.

— Meu Deus – Disse Petterson horrorizada.

— Não me surpreende. Ela não fez nenhum ataque, mas definitivamente trabalha para quem pretende fazer. – Falou Zapata com ódio em sua voz.

— Isso é legal? Não fere a Quinta Emenda? – Disse Reade.

— Jane não tem documentos. Nenhum passaporte. Nenhuma família. Ela não é uma cidadã americana. Não tem direitos. – Respondeu Nas. Algo em sua voz dizia que ela não concordava com essa política.

— Por que a NSA está tão interessada na Jane? – Petterson disse curiosa.

— Trabalho para uma ala secreta da NSA chamada Divisão Zero. Cerca de seis anos atrás, comecei a ligar vários eventos terroristas que pareciam aleatórios. O ataque ao Kentucky State, a explosão no metrô de DC, tiroteio em O’Hare. – Enquanto ela falava informações sobre os ataques apareciam nas telas atrás dela.

— Foram todos eventos isolados. – Disse Pellington.

— Não, foram planejados para parecer que sim. Acreditamos que um único grupo seja responsável por mais de doze ataques terroristas domésticos. – Ela disse enquanto olhava para todos ali. – Eu os apelidei de “Sandstorm”. Infiltramos um agente nessa organização e ele nos passou informações sobre um iminente incidente na Times Square. – Todos imediatamente sabiam do que ela estava falando – Achamos que Jane era membro do Sandstorm enviada a vocês como cavalo de Troia, e estamos monitorando a situação desde então. A única razão para vocês estarem sabendo disso é porque precisamos de vocês para convencer Jane a voltar a trabalhar aqui.

— Por que? – Questionou Kurt.

— Acreditamos que Jane estava prestes a se virar contra a Sandstorm. Jane desenvolveu laços profundos com essa equipe. Se alguém consegue transforma-la em uma aliada, são vocês.

— Não sei quão receptiva ela vai estar depois de passar três meses em Guantánamo. – Reade disse, tentando usar a lógica.

— Principalmente porque nós a colocamos lá. – Complementou Zapata.

— Não colocamos. Eles a tiraram de nós. – Disse Kurt. A ideia dele ter permitido isso o assombrava todos os dias. Agora sabendo que o destino dela foi pior do que ele pensava, não podia deixar de sentir culpa.

— Sandstorm está planejando seu maior ataque. Temos que tentar. – Disse Nas. Ela realmente achava que essa era a melhor opção deles no momento.

— Quando ela chega? – Falou Kurt.

***

As portas do elevador se abriram e Jane sentiu todos os olhos do lugar se voltando para ela. Um olhar em particular lhe chamou atenção: Kurt. Não havia nada em sua expressão. Nada que indicasse porque ela estava ali. Não havia raiva pelas mentiras que ela contou. Apenas frieza. Ela abaixou a cabeça. Não sabia se era os trapos que vestia, os hematomas em seu corpo ou o remorso pelo que fez, mas ela sentia frágil e exposta. Dois homens fortes a escoltaram até uma sala. Quando ela entrou um aparelho grande, parecido com um de ressonância magnética estava a esperando. Ela se sentou e logo trouxeram uma seringa com um liquido laranja. Injetaram tantas coisas nela nos últimos três meses que ela nem sentiu curiosidade para saber o que era. Ela olhou para frente e viu um vidro falso. Ela sabia que a equipe inteira estaria a observando.

Atrás do vidro a equipe olhava para a cena assustados.

— O que estão colocando nela? – Questionou Reade.

— Um detector de mentiras por ressonância magnética. Ele monitora qualquer contração nas veias, coração e cérebro. Tem 100% de precisão e faz um poligrafo parecer uma piada. – Respondeu Petterson.

— Então por que usam polígrafos? – Questionou Zapata.

— Porque não podemos injetar grandes doses de material radioativo nas pessoas.

— Não é exatamente legalizado. – Disse Pellington.

A porta se abriu e Jane imediatamente viu a mulher entrar na sala.

— Olá, Jane. Meu nome é Nas. – Ela caminhou até se sentar na frente de Jane, com uma pasta em mãos. – Preciso que seja completamente honesta comigo. Só assim isso vai dar certo.

— Por que acha que eu vou lhe contar alguma coisa? – Jane disse de forma agressiva.

— Você empalou seu contato sem pensar duas vezes. Isso me faz pensar que talvez você não esteja tanto assim contra nós. Você ainda não terminou. Nós podemos te ajudar a terminar com isso. Você quer encontra-los. Eu também. A CIA cedeu sua custódia por enquanto pelo pedido direto do diretor da NSA. Mas se eles tiverem sua custódia novamente eles vão mantê-la em lugar onde você nunca mais vai ver a luz do sol novamente. Me dê um motivo para você permanecer aqui. Você trabalha conosco e ganha sua liberdade. Ajude-nos a derrubar as pessoas que a colocaram aqui. – Disse Nas provando seu ponto. Jane estava incerta de tudo que ouviu, mas ela estava desesperada demais para querer voltar para Guantánamo. – Estamos a observando desde que foi encontrada na Times Square, mas as peças não se encaixam. Quando o agente conhecido como Oscar a abordou? – A equipe olhava apreensiva, todos curiosos com as respostas que Jane ia dar. Jane olhou para o vidro, como se estivesse olhando nos olhos de Kurt antes de falar.

— Depois que Tom Carter me sequestrou. – Choque e compreensão passaram pelo rosto de cada membro da equipe. – Ele me raptou e me torturou. Oscar matou Carter e me resgatou. Ele me mostrou um vídeo. Era uma gravação que eu fiz para mim mesma antes de apagarem minha memória.

— E você acreditou neles? Que fez isso consigo mesmo? – Questionou Nas calmamente.

— Sim. Eu me lembrei do Oscar. Nós...  – Ela olhou novamente para o vidro – Estávamos noivos antes de tudo isso. – Kurt fechou a expressão imediatamente. Ela estava noiva? E ela matou o próprio noivo? Por que? Como ele queria estar conduzindo o interrogatório.

— O que Oscar queria que você fizesse?

— Ele tinha missões para mim. Ele disse que eram insignificantes, pequenas. Roubar uma caneta, substituir um chip de GPS. – Disse Jane de olhos fechados. A vergonha a consumia.

— E você realizou essas missões voluntariamente?

— Não! – Exclamou Jane ofendida – Ele disse que se não as realizasse, eles matariam o Kurt. Que matariam meu time. – Todos atrás do vidro checaram se ela estava falando a verdade. O computador não deixava dúvidas, era tudo verdade.

— E você acreditou nele? – Perguntou Nas. Ela obviamente sentia um pouco de compaixão por Jane naquele ponto.

— Sim. – disse com convicção.

— Mas essas missões, Jane, não era nem pequenas e nem insignificantes, eram? – Nas deu uma pausa. – Elas tinham um objetivo importante e muito específico.

— Sim. O qual não percebi até ser tarde demais. Enquadrar Mayfair por assassinato.

— Onde está a diretora assistente Mayfair agora? – Nas já sabia a resposta, mas queria ouvir da boca dela. Lágrimas brotaram nos olhos de Jane. O que ela ia dizer seria muito doloroso. – Jane? – Questionou Nas, quando ela não respondeu à pergunta.

— Ela está morta. – Naquele exato momento todos que estavam atrás do vidro tiveram uma reação entre choque, tristeza e raiva. – Ela nos achou, mas não sei como. Mas ela... – Um soluço saiu de sua garganta e mais lagrimas começaram a cair – E então Oscar a matou. Ele prometeu que ninguém se machucaria e depois a matou.

— Onde está Oscar agora? – Ela obviamente sabia a resposta já que encontraram seu corpo meses atrás.

— Ele está morto. Eu o persegui. Eu queria trazê-lo para acabar com tudo isso. Mas ele me atacou, então eu o matei. Eu o matei! – Exclamou Jane.

Pellington naquele momento tocou em Weller.

— Eu sinto muito. – Disse ele honestamente.

— Não me toque. – Disse Kurt com raiva. Saiu da sala batendo a porta atrás dele.

***

Kurt estava em sua sala, a antiga sala de Mayfair. O luto o consumia. Toda a esperança que tinha se foi. Nas chegou logo em seguida.

— Ela está dizendo a verdade. O detector...

— É claro que está! – Interrompeu Kurt com raiva. – Ela está ligada àquela máquina. Não significa que podemos confiar nela. Nas acenou em acordo.

— Olha... Eles cometeram um erro quando mataram Mayfair na frente dela. Ela quer acabar com eles e até já matou seu próprio noivo. – Kurt fechou os olhos a menção disso. – Ela amava Mayfair. E ela amava você.

— Ela tem um jeito engraçado de demonstrar isso. – Disse com desdém.

— Sabe, quando eu era uma menina, meu pai e eu ficamos presos em uma tempestade. A oeste do Rio Indus. Não podíamos enxergar nem respirar. Só nos seguramos um no outro, rezando para aquilo acabar. Nunca tive tanto medo. Até agora. Essas pessoas me dão a mesma sensação. Eles me assustam. Assim como aquela tempestade de areia.

— Como pode esperar que trabalhemos com ela depois de tudo que ela fez? – Toda mágoa que ele tinha, ele despejou nessas palavras. Ele não queria ser nobre. Ele não confiava nela. Não mais.

— Porque Jane é a primeira .  que temos em anos. A segurança da nação inteira está em jogo. Você quer vingança por Mayfair? Então você quer a Sandstorm. Foram eles que fizeram isso, não Jane. – Ela hesitou por um minuto e tomou uma longa respiração. – Eu sei que vocês estavam envolvidos. E ela tem algo para te contar sobre isso.

— O que é? – Perguntou cético.

— Acho que você mesmo deve fazer essa pergunta a ela.

***

A porta se abriu e Kurt Weller entrou dentro da sala. Jane olhou nos olhos dele, mas não conseguiu manter contato visual. Ele se aproximou dela. Ela honestamente não sabia o que esperar. Ela se encolheu levemente. Os meses de tortura a deixaram muito cautelosa. Ele olhou para ela por um instante e ela permaneceu de cabeça baixa. Ele tirou as amarras do braços dela. Com dificuldade ela se levantou e finalmente encarou o rosto dele.

— Você tem que acreditar que nunca quis que fosse torturada. – Ele disse honestamente.

— Eu pensei que estava protegendo você, todos vocês, fazendo o que eles pediam. Eu estava errada. Mas as pessoas que fizeram isso conosco ainda estão soltas. E precisam ser detidas. Então vamos consertar isso. – Ela tirou forças de onde não tinha para dizer essas palavras.

— Mayfair está morta, Jane. Não dá para consertar isso.

— Então vamos fazê-los pagar. – Ela disse com intensidade.

— Nas disse que você tem algo a me dizer. – Pediu com naturalidade. Choque caiu na expressão de Jane. E ele soube que era algo terrível que ela iria dizer.

— Eles não te disseram? – Jane disse em pânico. Ela começou a tremer. Ela e os torturadores jamais tocaram no assunto. Seria a primeira vez que ela diria em voz alta.

— O que é Jane? – Kurt disse impaciente.

— Durante um interrogatório... Eles me machucaram. – Jane escolhia as palavras. – Eu não sabia. Ninguém sabia. Eu estava grávida de 8 semanas. Eu tive um aborto. – Jane respirou fundo. – O filho era seu.


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Notas finais do capítulo

Calma, calma, calma que eu vou explicar a origem desse bebê. Espero que tenham gostado. Ficou bem grande esse capítulo, né. Mas não desistam de mim.