Adeus... Bakugou-kun escrita por Mileninha Fics, Kacchako Project


Capítulo 2
Adeus... Bakugou-kun


Notas iniciais do capítulo

Segundo e último capítulo da Fanfic.
Lembrando que essa é a repostagem da minha contribuição para o 2ºBimestre do Kacchako_Project, com o tema "Au Filmez/livros/séries/animes".

Aproveitem a leitura!



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Fazia tempo desde a última vez que eles entraram em contato com ela. No início, quando a fria voz parou de ecoar em sua mente, Uraraka estranhou, mas ainda assim deu continuidade à sua missão sem questionamentos, focando-se em manter sua máscara como uma estudante da U.A. enquanto o grupo de vilões para a qual “trabalhava” não lhe dava mais nenhuma nova ordem. Às vezes, ela desejava que eles tivessem continuado a perturbá-la. Ao menos, se houvesse sido desse jeito, então ela não teria se esquecido do real motivo que a levava a estar ali, e com isso ela não... Teria se apegado tanto aos seus colegas também.

Mas a culpa não era inteiramente daquelas existências malditas, afinal, Ochako sempre soube o tipo de pessoa pérfida que ela viria a ser, bem como sempre teve consciência do quão devastadoras seriam as consequências de seus serviços. Por Deus, ela era uma traidora! Desde o começo, ela só estava ali para trazer problemas, para roubar e compartilhar informações e colocar os heróis em desvantagem. Foi ela quem ajudou na interferência do sinal no ataque da USJ, foi ela quem mandou a localização de sua classe no acampamento, foi por culpa dela que sequestraram Bakugou... Tudo de ruim que aconteceu e envolveu a Liga dos Vilões, certamente, tinha suas mãos no meio também. Era tudo culpa dela.

Mas mesmo sabendo disso, ela ainda conseguiu ser tola o suficiente para achar-se no direito de relacionar-se sinceramente com os demais. Foi idiotice permitir que aqueles laços tão fortes se formassem em sua vida.

“Eu deveria estar apenas fingindo...”, ela disse a si mesma inúmeras vezes, em sua maioria, quanto estava sozinha no vazio de seu quarto, contudo, no ponto em que estava... Já era tarde demais. No princípio, Uraraka até pretendia enganar os outros, fingindo ser amiga deles enquanto agia sorrateiramente nas sombras, mas antes que tivesse se dado conta... Tudo aquilo tornou-se real. As risadas, a diversão, a preocupação, o orgulho, o alívio e todas as sensações que os envolviam já não eram apenas um mero fingimento: Eram verdadeiras. Por um certo tempo, ela esqueceu-se de quem era e do porquê de estar ali e, com isso, deixou com que o calor e carinho de seus colegas a cercassem; Ela fez amigos, ela sorriu com eles, ela chorou com eles, ela se apaixonou... E isso não poderia ter acontecido.

Mas aconteceu... E a dor do arrependimento caiu sobre seus ombros no momento em que aquela voz ecoou em sua cabeça de novo, depois de tanto tempo quieta, murmurando secamente:

“Nós sabemos que os heróis estão planejando algo. Queremos que você consiga informações sobre o que está acontecendo. Isto é uma ordem.”

E então, o chão de Ochako quebrou-se em milhares de pedaços e ela caiu.... Caiu para dentro do buraco sombrio e amargo de onde também havia saído. E ela lembrou-se da verdadeira razão que a fazia estar ali...

Naquele dia, os pro-heros e seus estagiários iriam capturar os vilões com uma emboscada; Já estava tudo detalhadamente preparado. E teria sido um sucesso... Caso o inimigo não estivesse ciente da estratégia. A resposta ao ataque “surpresa” foi cruel e violenta, bem como a batalha que seguiu-se. O resultado? Muitos vilões conseguiram fugir, boa parte da cidade foi destruída e... O número de vítimas foi enorme.

Tudo por minha culpa...

E agora, cá estava Uraraka, prestes a abandonar tudo o que conquistou nos últimos anos para voltar a tornar-se prisioneira dos desejos do lado obscuro da sociedade, sentindo o coração remoer-se de angústia enquanto segurava as lágrimas e preparava-se para sua única despedida... Aquela provavelmente seria a última vez que o veria.

— Bakugou-kun, eu... Vim para dizer adeus. – Ela murmurou, dando silenciosos passos até a cama. – Eu sei que tem muitas outras pessoas para quem eu deveria fazer isso, mas... Eu precisava te ver. Sabe... Tive tanto medo do pior ter acontecido com você quando vi os prédios começando a cair, que eu... Cheguei a acreditar que poderíamos ter te perdido... – a garota dizia baixo, com pausas ocasionadas pela voz que embargava entre as frases. – Além de você, muitos pessoas foram soterradas pelos destroços, até mesmo o Deku-kun, mas... Bakugou-kun foi o único que eu não vi antes de tudo acontecer. E eu fiquei tão preocupada...! – ela confessou, soltado um suspiro recheado da mistura de alívio e aflição. – Eu te procurei depois que batalha acabou, junto com os outros. Mas acabei caindo antes de te encontrar, me desculpe... Sero-kun foi quem te achou. Não esqueça de agradecê-lo devidamente quando acordar, certo? – um sorriso fechado formou-se em seus lábios, sem deixar de exalar melancolia.

Abrindo os olhos os quais havia cerrado por um momento, Ochako então soltou as mãos que segurava em frente ao corpo e levantou a cabeça, observando o ambiente do quarto com cautela até surpreender-se com a presença de dois corpos no canto do recinto, um estirado sobre um sofá e o outro acomodado em uma poltrona; Ambas pessoas adormecidas.

— Esses são seus...? – ela disse brandamente. – Eles estão aqui desde que você foi hospitalizado? – perguntou como se o outro pudesse lhe dar uma resposta, no entanto, logo sorriu fraco com a quietude, admirando o casal. – ... São pais tão bons... E se preocupam tanto com você. Deu pra notar isso desde aquele dia que os adultos foram visitar os dormitórios e... Ei, você se lembra!? Foi tão engraçado! – a garota olhou-o, rindo suavemente com as lembranças. – Ninguém acreditou que você era filho do senhor Bakugou. Ele é tão doce e calmo... Por outro lado também, ninguém precisou perguntar nada para deduzir que você era mesmo filho da Mitsuki-san: Vocês são praticamente idênticos! – ela exclamou, passando a coçar a nuca suavemente. – O que não é uma coisa ruim, sabe? Afinal, sua mãe é uma mulher audaciosa, íntegra e... Muito bonita também.

Suas bochechas esquentaram com o comentário, porém, sua expressão não demorou a cair, juntamente com sua cabeça, e ela apoiou-se com uma das mãos sobre a beirada do colchão, enquanto a outra fechava-se em cima do peito. Sua voz tornou-se pesarosa de um momento para o outro.

— Sabe, Bakugou-kun... Eu... Fiz coisas muito ruins nesses últimos três anos. Muito mesmo... E me arrependo disso. – ela parou, engolindo sua hesitação. – Se... Eu pudesse voltar no tempo... Eu nunca teria feito o que fiz, e muito menos aceitado me juntar a “eles”. E eu... Jamais deixaria que você e os outros se machucassem. – seus dedos dobrados pressionaram-se mais fortemente contra a palma; Ela não conseguia encará-lo. – Mas eu não posso fazer isso... Me desculpe...

E murmurou, deixando que sua voz se cessasse apenas para que uma amargura tomasse conta de si segundos depois, logo, fazendo com que seus olhos se enchessem de lágrimas dolorosas e seus dentes cravassem fortemente contra seu lábio inferior, enquanto ela segurava-se para não desabar. Os soluços presos em sua garganta dificultaram sua fala, deixando-a embargada.

— E-eu... Só queria ajudar meus pais... E estava tão desesperada naquela época que acabei me envolvendo com vilões, mas... Não foi por maldade! Eu só... Não queria ver minha mãe e pai sofrerem... E esse foi o único jeito que encontrei que estava em meu alcance... – ela vacilou, antes de soltar um irônico sorriso soprado. – Me tornar uma aluna da U.A. e ser uma espreitadora para eles, foi o que me “pediram”... Que bobagem! Eu nunca deveria ter cedido a isso, nunca...! Mas... Eu fui idiota e aceitei me submeter àquelas ordens. E agora... – ela estacou por alguns segundos, e um tom de lamúria tomou conta de sua voz assim que prosseguiu. – ... Eu me arrependo tanto, Bakugou-kun...

Sua lamentação foi também o seu limite, pois no instante em que a última sílaba deixou sua boca, as grossas lágrimas começaram a deslizar por seu rosto e Uraraka desmoronou. Com imensa tristeza em seu semblante, tentou conter os soluços silenciosamente, ao mesmo tempo em que fechava os olhos na esperança de conseguir reprimir seu choro. Afogando-se em seu desabafo, ela permaneceu assim pelos próximos e longos segundos... Até, enfim, encontrar coragem para continuar.

— M-mas... Me sentir culpada não vai consertar nenhum dos meus erros, não é? E-então... Eu vou parar de falar sobre isso e... E me despedir decentemente. – ela fungou, passando as costas da mão sobre as bochechas no intuito de enxugá-las, sem muito sucesso.

Olhando para o relógio em determinado momento, a jovem procurou engolir o pranto e respirar fundo, na tentativa se acalmar-se, afinal... Já não tinha muito tempo. Então, voltando sua atenção para Katsuki, ela aproximou-se mais da parte da cama onde sua cabeça descansava e inclinou-se sobre ele, começando a proferir em baixa voz:

— Bakugou-kun, eu... Sei que você não é de falar muito, mas... Deixe que os outros saibam o quão importantes ele são pra mim, okay...? Diga... Diga a Tsu-chan que eu agradeço por cada momento em que estivemos juntas, fossem eles os melhores ou piores... E, se o Iida perguntar sobre as anotações que eu peguei, diga a ele que elas estão guardadas na primeira gaveta da minha escrivaninha. – ela dizia, com um pequeno e triste sorriso enquanto lembrava-se de cada um de seus colegas. – Fale a Mina-chan que as roupas que ela me emprestou estão limpas e guardadas no meu armário, e que... Elas com certeza ficam muito mais bonitas nela do que em qualquer outra pessoa. Agradeça ao Kirishima-kun e ao Kaminari-kun por todas as brincadeiras e convites que me fizeram... Eu me diverti muito com eles! Ao Sero-kun, fale que sou muito grata por ele ter te encontrado... E não esqueça de citar o quão legal eu acho seu estilo. – ela fez uma pausa, tomando um pouco de ar. – Eu sei que você tem birra com o Todoroki-kun, mas... Agradeça-o por todas as vezes que ele me fez companhia e me aconselhou, mesmo sem perceber. E quanto aos demais, deixe que saibam o quanto devo gratidão a eles, seja pelos pequenos favores e momentos, ou pelas coisas mais naturais como serem os bons amigos que são. Não... Não se esqueça, está bem...?  – Uraraka pediu, como se o garoto desacordado estivesse ouvindo-a atentamente e, sem resposta, logo soltou o ar que antes puxara só para, mais uma vez, reprimir os lábios enquanto as lágrimas recomeçavam a acumular-se. – ... E, por mais relutante que você fique, não deixe de dizer ao Deku-kun o quão feliz eu me senti por nos tornarmos amigos... E agradeça-o por tudo o que fez, por mim e por nós. Eu... O admiro muito, e espero que seu futuro, e de todos os outros também, sejam incrível! – ela esforçava-se para impedir sua voz de vacilar. – Eu... Conto com você!

Contudo, assim que terminou, o choro subiu a sua garganta e interrompeu suas palavras, fazendo-a necessitar de alguns segundos para que conseguisse prosseguir sem soluçar; Suas unhas apertaram-se contra o colchão e, com um suspiro aflito, ela esforçou-se para continuar.

— E... por fim, Bakugou-kun... Eu queria te agradecer. Sabe, por... Ter acreditado na minha força, mesmo quando nem mesmo eu acreditei... E por ter sido tão legal quando nós lutamos a primeira vez. Também por ter me feito rir, mesmo quando essa claramente não era sua intenção e... Por ter me chamado para treinar com você diversas vezes. Eu... Fiquei muito feliz por nós dois termos nos aproximado como aconteceu. – apesar de seu choro, ela quase conseguiu sorrir com a lembrança dos momentos que ambos tiveram, porém, essa boa sensação foi prontamente substituída pela dor da culpa, que conseguiu consumir quaisquer indícios de sorrisos de seu rosto. Suas íris tremiam enquanto encaravam o rosto machucado de Katsuki. – Eu queria poder passar mais tempo com você, Bakugou...

Ela sussurrou e, então, parou. Pelos próximo segundos, sua mente pareceu entrar em transe, levando-a a um lugar onde só existia ela, o rapaz e seus sentimentos. Sua situação não mais importava, nem o tempo e suas emoções pesadas desapareceram, tudo contribuindo para um momento só de Uraraka e Katsuki. Ela conseguiu ouvir seu coração, juntamente com o “tic-tac” do relógio.

Então, inconscientemente, seu corpo moveu-se e a jovem passou a inclinar-se ainda mais sobre o garoto, ao mesmo tempo que seus dedos deslizaram pela cama até encontrarem uma porção do tecido de hospital que revestia os ombros alheios, a qual ela agarrou. Apoiada com o outro braço sobre o leito, Ochako começou a aproximar ambos rostos lentamente, com os olhos fechando-se a cada centímetro que seus lábios ficavam mais perto dos de Bakugou.

Seus dedos dobraram-se ao redor do tecido em sua palma – onde suas unhas cravaram –, e suas madeixas caíram e encobriram a lateral de seu rosto, bem como sua franja bagunçada sob sua testa. Ela estava tão perto de alcançá-lo... Porém, no instante que sentiu a fraca respiração do rapaz bater contra sua pele, a garota retomou sua consciência e, congelando, arregalou os olhos, perplexa tanto com os poucos centímetros de distância que havia entre eles, quanto por se dar conta do que estava prestes a fazer.

Vendo-o ali, desacordado, com hematomas e ferimentos visíveis e sem nenhuma reação fez com que Uraraka quebrasse-se completamente por dentro, sentindo a compunção inundá-la de uma só vez. As lágrimas, tão esforçadamente contidas até então, não mais puderem ser seguradas e escaparam, escorrendo por suas bochechas em um fluxo que, logo, ocasionou em respingos sobre a própria pele de Bakugou. A garota, então, cerrou os dentes e fechou os olhos, já sabendo ser inútil tentar se controlar. A única coisa em que insistiu foi em reprimir seus sons e soluços audíveis, ainda que isso tenha sido realizado com grande dificuldade.

E ela chorou... Sem conseguir afastar-se.

— Me perdoe, Katsuki... Eu não... – ela tentou, mas suas palavras eram continuamente interrompidas pelo embargo de sua voz. – Eu não consigo... Eu não posso ser assim...

Murmurou e, nos segundos seguintes, ergueu-se e tomou distância, usando de suas mãos para enxugar as bochechas e olhos molhados. Após ofegar algumas vezes, recuperando o ritmo de respiração que perdeu com os soluços, Uraraka inspirou profundamente, tentando cessar o choro.

— Sabe, Bakugou-kun... Tem muitas coisas que eu gostaria de fazer. E eu já pensei tantas vezes sobre isso... – ela continuou, secando os vestígios de suas lágrimas, já sob controle. – Se eu não me tornasse um heroína, então eu gostaria de ser uma astronauta. Ou talvez uma astrônoma. Até pensei em ser a dona de uma loja de doces uma vez! – ela sorriu soprado, ainda com uma melancolia em seu tom. – Huum, e por falar nisso... Eu também queria poder chegar num estabelecimento, ficar de frente para a prateleira de mochis e dizer “Ei, eu quero todos eles!”, ou então ir até um restaurante de comida japonesa e pedir um pouco de tudo! Seria tão bom... – ela divagou, soltando um suspiro sonhador antes de levar as íris úmidas para cima. – Ahh... Bem que todos nós poderíamos ter cinco vidas, não é? – ela disse, antes de erguer alguns de seus dedos e começar a contagem de sua lista. – Assim, eu poderia renascer em cinco lugares diferentes, poderia ter cinco profissões diferentes, e encher minha barriga com cinco tipos de comidas diferentes! E também...

Ochako parou, deixando que seu fraco sorriso se fechasse e seus olhos caíssem juntamente com suas mãos, enquanto ela voltava a atenção para Katsuki, com doce melancolia.

— ... Eu poderia... Nessas cinco vezes... – ela hesitou, dando um triste e carinhoso sorrir sem tirar os olhos do rapaz. – ... Acabar me apaixonando pela mesma pessoa.

Murmurou e, ouvindo o tic-tac do relógio, considerou sua despedida como suficiente, passando mais uma vez as mãos pelos olhos, antes de dar as costas e afastar-se da cama. Subindo no peitoril da janela, ela apoiou-se no batente e olhou para seu amigo uma última vez, por cima dos ombros, antes de murmurar.

— Obrigada, Bakugou-kun... Adeus.

E, considerando que seu desabafo, ainda que inútil, havia sido o bastante, deixou o quarto de hospital... Desaparecendo pela noite.


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Notas finais do capítulo

Bom, chegamos ao fim!
Essa história foi inspirada no episódio 141 de Bleach, que inclusive,
era meu momento favorito na época em que eu assistia o anime. Ichihime também era meu otp, e eu simplesmente não pude perder a oportunidade!
Uma pequena angst Kacchako para todos nós S2

Quero agradecer a todos por terem lido, e a todos que me ajudaram com a betagem e capa!
Vocês são demais!



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