Percy Jackson - Uma Nova Profecia escrita por Contadora de Histórias


Capítulo 12
XI - Tainara me dá uma lição de moral.


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem ; )



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  A viagem de metrô para Nova Jersey durou 30 minutos e nesse tempo eu e Thalia contamos tudo o que tinha acontecido na lanchonete. É claro que não fazíamos ideia de como foi que todos sumiram e reapareceram novamente sem lembrarem de nada.

  Quando terminamos, todos ficaram nos encarando.

 -A comida. –Os olhares se voltaram para Annabeth. –O que Tobias falou é verdade, nós havíamos acabado de almoçar no acampamento e mesmo assim todos ficaram com fome assim que passamos pela porta, a ideia era apenas ver para onde ir, mas mesmo assim sempre que a garçonete aparecia um de nós pedia alguma coisa e no fim todos comeram.

 -Menos eu e Tobias. Não deu tempo de aquela empossai nojenta trazer meu pedido.

 -E vocês foram os únicos que não desapareceram, a lanchonete deveria estar coberta por uma magia muito poderosa que engana as pessoas fazendo com que elas sintam fome á todo momento e nunca queiram sair.

—Mas isso não explica o porquê todos desapareceram, ficando apenas eu e Tobias.

 -Eu pensei sobre isso, tudo indica que eles queriam vocês dois, mas então Thalia foi pega e deixada para morrer, restando apenas o Tobias e a empossai. –Annabeth fez uma pausa enquanto mordia o lábio como se estivesse tentando decifrar algo. -Além do mais ela disse que seu “chefe” iria dar um jeito nele, ou seja, Kelli quis deixa-lo sozinho e sem ajuda de ninguém.

 -Então você acha que tudo isso havia sido planejado? Eles já sabiam que iriamos e armaram uma emboscada para pegar o Tobias? –Percy estava sério enquanto encarava Annabeth que concordou com a cabeça. –Mas porque ele? E quem é esse líder que a empossai falou?

  Todos olharam pra mim. –Eu também não sei. A última vez que vi aquela líder de torcida foi quando ainda trabalhava no exercito dos titãs.

  Em partes eu não estava mentindo, apesar de ter minhas dúvidas de que vieram atrás de mim justamente pelo fato de eu ter sido o porta voz de Cronos.

 -Você acha que tem a ver com a profecia? –Ela não respondeu, mas notei que ambos trocavam informações silenciosas.

 -A mesma profecia que Quiron disse ser o motivo dos deuses terem sumido? –Olhei para Tainara que havia falado pela primeira vez desde a lanchonete.

 -Provavelmente sim, mas ainda não sabemos o que isso tem á ver com o Tobias...

  Ela ia falar mais alguma coisa, porém o trem parou e as portas se abriram. 

 -Falaremos sobre isso mais tarde, agora precisamos achar um barco.

  Todos começaram á pegar suas coisas e sair, olhei ao redor para ter certeza de que não havia esquecido de nada, mas antes que pudesse me juntar aos outros, Thalia segurou meu braço, me virei para encará-la.

  Ela tinha trocado as roupas molhadas, mas deixou o cabelo solto, seus olhos azuis me analisavam como se eu fosse um ser misterioso e difícil de entender.

 -Eu só queria agradecer, por você ter me salvado e tudo o mais.

  Dei um leve sorriso, mas senti meu rosto vermelho quando a imagem de como á salvei piscou em minha mente, tentei ignorar, mas ela era persistente.

—Não foi nada, é isso que os amigos fazem não é mesmo?

  Sua expressão ficou séria por um segundo, depois ela balançou a cabeça e foi se juntar aos outros. Fiquei logo atrás dela.                          

  Sem mais delongas fomos de taxi até o porto para tentar convencer alguém de nos emprestar um barco, no caminho Júlio fez mais alguns feitiços estranhos e todas àquelas folhas se transformaram em dólares, eu já havia visto fazer isso muitas vezes quando estávamos necessitando muito de alguma coisa. Mas os outros ficaram de boca aberta sem saber o que falar.

  A ideia era alugar um barco com aquelas notas, mas não foi necessário, pois assim que chegamos um homem chamado Matheus disse que estava esperando por nós e que o barco poderia ser usado por quanto tempo quiséssemos. É claro que não acreditamos naquela história, até o homem fazer um sinal de proteção, em grego, que consistia em fazer uma garra com as mãos e empurrá-las do coração até o ponto do qual queríamos nos proteger, para mim não foi o suficiente, mas Percy no mesmo instante mudou de ideia e disse que era seguro.

  E dentro de alguns minutos estávamos á caminho de uma missão que decidiria o futuro do acampamento.

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  Reunimo-nos na mesa da cozinha para podermos rever o plano, esperei que todos escolhessem seus lugares.

  Percy puxou a cadeira do centro para Annabeth (que agradeceu com um beijo em sua bochecha), ele se sentou á sua direita junto com Thalia, já Tainara e Júlio ficaram á esquerda e eu peguei o único lugar vago que foi na outra ponta. Com todos já em seus lugares, Annabeth deu inicio á reunião.

 -Bom, não temos data para voltar ao acampamento, mas a situação é critica, então o quanto antes melhor. Como vocês podem ver, será por essa linha que seguiremos, e para não termos mais complicações pelo caminho, vamos precisar da sua ajuda Percy.

 -Claro! É pra isso que estou aqui.

 -Só para isso? –Annabeth o olhou com cara de duvida, ele riu e se levantou em um salto, a puxando da cadeira, e lhe agarrando em um abraço tão apertado que eu podia jurar que ela seria esmagada.

 -Claro que não! Estou aqui como protetor da minha sabidinha, porque ela não vive sem mim. –Ele piscou em sua direção e ela levantou as sobrancelhas.

 -Jura? Não é isso que eu vejo quando saímos em missão, cabeça de algas.

  Antes que ele pudesse responder, ela se soltou e voltou a sentar em seu lugar, o garoto se recompôs e ficou ao lado de Thalia, perguntando o que devia fazer, mas Annabeth deu um aceno como sinal de que na hora certa iria explicar tudo.

 -Se tudo der certo é para chegarmos a Paris amanhã cedo, Júlio gostaria que você se certificasse dessa parte. –Ele assentiu e foi cumprir com seu dever. -Tainara, ouvi dizer que você é muito boa em armadilhas.

 -Não sou a melhor, mas dou meu jeito.

 -Era tudo o que eu precisava ouvir, que tal por suas habilidades em prática por todo o barco?

 -OK. –Ela se levantou e foi explorar o território.

 –Percy e Tobias podem assumir o primeiro turno de vigilância.

 -Tudo bem, mas enquanto eu estiver lá fora, gostaria de saber qual será a função da minha namorada.

 -Eu e Thalia iremos ficar na cabine de controle.

 -Tome cuidado e qualquer coisa é só chamar!

  Elas concordaram com a cabeça, então ele foi até a porta fazendo sinal para que eu o acompanhasse.

 

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—Tem certeza de que esta tudo bem?

 

 -Mais certeza impossível.

 

 -Beleza, mas se acontecer qualquer coisa me comunique antes de agir, Ok?

 

—Poder deixar. Cambio desligo.

 

 -Cambio.

  Coloquei o alque-toque no bolso da minha calça e continuei á encarar o horizonte, o céu estava muito estrelado naquela noite e o mar refletia aquela imagem perfeitamente, sem contar que uma brisa suave fazia com que a água se mexesse bem devagar e tudo isso tornava aquela noite perfeita.

  Enquanto saboreava o silêncio, tive a impressão de que alguém me observava, virei e dei de cara com Tainara, ela estava com os cabelos molhados e soltos, usava a camiseta laranja do acampamento com um short jeans e chinelos.

 -Você parece pronta para tirar ótimas férias em um cruzeiro.

  Um brilho de divertimento passou sob seus olhos, porém o sorriso cansado revelava o esgotamento do dia. Retribui a expressão e voltei á encarar o mar, ela ficou do meu lado e fez o mesmo.

 -Então, como foi seu primeiro dia nesse cruzeiro Tobias?

  Sorri com o canto dos lábios. -Depois que vocês saíram, eu e Percy nos dividimos para patrulhar o barco, ele quis ficar com o lado direito onde está a cabine de controle, então me entregou um alque-toque e de cinco em cinco minutos eu tenho que dar um relatório completo sobre a calmaria que está esse lugar.

  Ela deu uma leve risada e suspirou. –É. Júlio esta fazendo um ótimo trabalho.

 -Nisso eu tenho que concordar. Mas e você, o que fez?

 -Andei cada centímetro deste barco procurando pelos pontos fracos e toda vez que encontrava um, fazia uma armadilha. Depois Annabeth pediu minha ajuda para dividir os quartos.

 -E como ficou?

 -O problema é que tem apenas cinco quartos e ela decidiu que as meninas tinham prioridade na escolha, sobrando apenas dois, ou seja, um de vocês vai ficar com o sofá na sala.

 -Huum, não sei por que, mas acho que eu vou ser o premiado.

  Ela sorriu. -O sofá não parece ser tão ruim assim. –Concordei com a cabeça. –Depois ela falou para eu descansar antes do jantar, então resolvi tomar um banho e agora estou aqui falando com você.

  Sorri mais e a puxei para um abraço de lado me aconchegando em seu calor.

  Alguns minutos se passaram, antes que Tainara falasse novamente. -Tobias?

 -Oi?

 -Posso te fazer uma pergunta?

 -Se eu disser não, você vai perguntar de qualquer forma.

 -Que bom que você sabe. Mas neste caso é diferente.

  A olhei levemente intrigado. -Agora estou curioso. Pode falar.

  Ela respirou fundo ainda me encarando. -Qual foi a sua punição?

  Voltei a olhar para o céu. -Realmente esse assunto é diferente.

  Ela não respondeu. As estrelas brilhavam ainda mais, como se fosse possível deixar aquela noite melhor. Comecei á ver as muitas constelações que eu conhecia, principalmente a de Zoe Nightshade, uma das caçadoras de Artêmis que morreu no ataque que provoquei no Monte Tam... Ela era apenas uma entre todas as morte do qual eu fui responsável...

  Mandei esses pensamentos para longe e me concentrei na pergunta de Tainara.

 -Depois que me matei, fui parar naquele julgamento, eles começaram á discutir para ver se eu havia sido o herói ou não e mesmo com a benção de Hermes, ainda sim chegaram á conclusão que o fato de eu ter me sacrificado para impedir a destruição do mundo, não era o suficiente para cobrir todos os meus atos ruins. –Ignorei o arrepio que passou pelo o meu corpo enquanto visualizava aquele lugar de novo... -Então me mandaram aos campos de punição onde fui acorrentado junto com agulhas com veneno que perfuravam todo o meu corpo, enquanto era obrigado á olhar as duas pessoas mais importantes da minha vida amarradas em uma corda que estava por um fio, e caso estourasse elas iriam cair direto nas profundezas do tártaro.

  Essas lembranças fizeram com que eu sentisse o veneno em meu corpo novamente enquanto a voz ressoava em minha mente.

   É ai que você se engana, sou exatamente como você, faço alguns sofrerem por um bem maior do que qualquer coisa...

 

  Não sou assim e irei provar meu valor.

 

 —Afogada. –Olhei para Tainara, mas sua atenção continuava em um ponto distinto do mar. -Minha punição foi ficar sentada em uma cadeira que afundava á cada cinco segundos, saindo apenas quando meus pulmões estivessem cheios e eu me afogasse... inúmeras vezes...

 

  Um calafrio passou por meu corpo ao imaginar a cena e a raiva floresceu um pouco novamente. -Os deuses não medem esforços na hora de punir alguém.

 

 —Acho que foi um jeito de me mostrar que a minha irmã tinha feito a escolha dela e eu não deveria ter tentado me vingar. –Ela suspirou e fez uma pequena pausa não esperando por uma resposta dessa vez. –Mas que tal falarmos de algo que não envolva nosso passado nem nada aterrorizante?

  Não pude deixar de rir enquanto a encarava. -Tudo bem, então sobre o que você quer conversar?

  Ela começou á pensar, depois de alguns segundos esboçou um sorriso travesso e disse:

 -Ok, então me fale sobre você e aquela menina.

  Franzi a sobrancelha. –Que menina?

 -Não se faça de bobo, você sabe muito bem de quem estou falando. A menina que você salvou lá na lanchonete.

  Senti meu rosto ficar vermelho. –Não me lembro.

  Ela cruzou os braços e levantou a sobrancelha - Não me faça ter que ir perguntar á Annabeth, na verdade acho que a vi em algum lugar...

 -Não!! –Segurei seu braço antes que ela saísse. –Eu falo.

 -Promete pelo rio Estige que vai contar tudo?

  Rangi os dentes. –Prometo.

  Tainara bateu palmas e deu pulinhos de alegria, depois se acomodou em meu peito novamente e pegou meu braço fazendo com que a abraçasse como antes. Quando finalmente se sentiu confortável, fez sinal para que eu falasse.

  Respirei fundo tentando reprimir o sorriso e o tremor e descarreguei tudo.

  Contei como á conheci, das nossas aventuras antes que ela se tornasse um pinheiro. Das minhas várias visitas ao seu local de “descanso” durante os anos seguintes mesmo depois de eu mudar de lado...

  Contei como ela quase fez com que eu mudasse de ideia no Monte Tam durante a batalha para aprisionarmos a deusa Artêmis sendo a última vez que conversamos antes de tudo sair do meu “controle”.

  Então contei da nossa conversa no ponto de vigília do acampamento, um dia depois que chegamos e por fim falei cada detalhe do que aconteceu na lanchonete. Quando terminei meu rosto estava mais quente que o rio Flegetonte no tártaro.

 -Satisfeita?

 Havia um pouco de irritação na minha voz, mais do que eu realmente pretendia soltar, mas eu nunca conseguia me controlar quando era esse assunto...
 
  Tainara se desvencilhou do meu braço e me encarou compreensiva. -Tobias, não fique bravo, eu fiz isso porque quando era apenas nós três, você falou que tínhamos que confiar um no outro, mas nesses últimos dias você não tem sido honesto com a gente.

  Imediatamente me senti culpado, isso era verdade, eles foram meus únicos amigos por um ano inteiro e passamos por muita coisa juntos, não era justo que eu escondesse uma parte da minha vida, principalmente depois que os fiz contar tudo.

  Suspirei cansado e abaixei um pouco a cabeça. -Eu sei, me desculpe. É que esse assunto é muito...

 -Delicado, eu sei, mas ainda sim é uma parte da sua história e muito importante por sinal.

  Encarei o mar sem saber o que dizer, ela se virou olhando as estrelas.

 -Ninguém é perfeito, todos nós possuímos um defeito mortal que pode nos destruir se não o controlarmos, você sabe disso, Júlio sabe, eu sei e a minha irmã também sabia. –Um pouco de tristeza soou em sua voz ao soar a irmã. -Mas sabemos que não estamos sozinhos, nós temos uma família que se importa, e eu não quero que você se esqueça disso nunca, entendeu?

 -Entendi.

  Ela sorriu o que me fez acompanhá-la, o barco começou á acelerar e com tudo quieto era possível ouvir os gritos de alegria de Percy por estar finalmente fazendo alguma coisa.

  Fico imaginando o que será que aconteceu com Tainara ao longo desse tempo... mesmo depois de me contar uma parte de sua história, não consigo imaginar como alguém como ela era mandada para aqueles campos... sendo punida com um dos piores jeitos de morrer...

  Isso me fazia ter cada vez mais raiva dos deuses. Já havia provado o gostinho de vingança deles incontáveis vezes, mas eu sabia que estava tão errado quanto eles e paguei por isso... Assim como Tainara e Júlio...

  Sei que eles escondem alguns pedaços de suas histórias, e um dia quando estiverem prontos para contar eu estarei determinado á ouvir e ajudar, pois isso que é ter uma família.

  Abracei Tainara e agradeci por tudo que já havia feito, ela retribuiu e ficamos assim enquanto o barco acelerava cada vez mais. 

  Acho que mesmo que ela me revelasse toda a sua traição e feitos ruins da outra vida (caso realmente tivessem) eu jamais seria capaz de enxerga-la de outra forma e tenho certeza de que os dois já haviam pagado demais... Só fico me perguntando quando seria a vez dos deuses pagarem por tudo que eles já haviam feito e pelas incontáveis vidas que tiraram em prol de planos próprios...

  O vento rugiu em resposta conforme o barco começava a ficar incrivelmente rápido e toda aquela linda e calma noite se tornaram borrões enquanto íamos de encontro ao nosso destino.


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Notas finais do capítulo

★♡★



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