Gravity Falls: Um Verão Nunca Esquecido escrita por Sweet Aeryn


Capítulo 6
Capítulo 6: Caça aos Lobisomens




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— De acordo com o diário, ou o que me lembro dele, os lobisomens costumavam ser vistos perto do coração da floresta, na parte mais sombria. Ainda estamos um pouco longe.

Dipper iluminava o caminho com uma lanterna enquanto Wendy abria o caminho pela densa vegetação com um facão que sempre carregava em seu carro, algo perfeitamente comum para ela e outros cidadãos da cidade mais corajosos e ousados. Depois que Bill foi esquecido e banido para sempre de todas as realidades existentes Gravity Falls continuou sendo a mesma, inclusive nas suas esquisitices. A população se adaptou melhor a isso e já achava completamente normal. Claro, depois de todo terror o que viveram durante o fim do mundo ver gnomos, homens-mariposa e morcegos vampiros gigantes não parecia mais tão ruim assim. Algumas pessoas sempre se dispunham a ajudar e resolver os problemas se alguma coisa saísse muito do controle.

— A loja de ferramentas é um negócio de família mas uma pequena fachada também. Muitos moradores de Gravity Falls entendem as estranhezas mas ainda têm dificuldade de lidar com elas. Por isso estou sempre pronta.

— Mas as coisas tem ficado muito complicadas? Eu digo... Você comumente precisa de meios muito drásticos? - Ele olhava para a besta pendurada nas costas da ruiva enquanto a questionava.

— Não muito. Claro os gnomos estão sempre criando confusão por ai, roubando tortas e invadindo casas atrás das coisas mais estranhas possíveis, mas é fácil negociar com eles. A maioria dos casos são resolvidos numa boa. Hahaha os homens-mariposa são até engraçados, eles não fazem mal a ninguém e ficam sempre parados na frente de postes de luz. É só deixar eles lá quietos até que resolvam ir embora. Nunca devemos nunca tocá-los, você sabia? Eles se desfazem em mil mariposas e aí sim dá um trabalhão para resolver.

— Puxa Wendy, parece até que você se tornou uma especialista em mistérios.

— As pessoas confiam muito na minha família por causa da loucura dos meus pais de treinarem seus filhos desde crianças em combate com armas brancas e sobrevivência. Sinceramente eu não me importo tanto com essas coisas, mas é uma boa forma pra levantar uma grana. Foi assim que conseguimos começar a loja.

— Eu acho isso incrível. Para o Dipper de 12 anos essa seria a coisa mais incrível do mundo. Eu gostava de desbravar os mistérios de Gravity Falls e isso com certeza marcou meu verão aquele ano. Sempre lia sobre investigações e pude viver uma grande história. Que quase terminou de forma muito trágica, mas por sorte ficou no "quase".

Wendy riu e parou de andar por um instante. Ela segurou a aba do boné de Dipper e chacoalhou o objeto para os lados, bagunçando levemente os cabelos do garoto.

— Acho que você não "gostava" ou "lia" histórias de investigação. Você ainda gosta e ainda lê, garoto mistério. Você só cresceu um pouco e começou a lidar melhor com seus gostos e hobbies. As coisas são interessantes da mesma forma só um pouco menos impressionantes. Você mesmo disse que pretendia seguir os passos do seu tio-avô, lembra?

Dipper soltou uma risada acanhada e corou. Tirou o boné e ajeitou os fios bagunçados, colocando-o novamente em seguida. Wendy tinha certa facilidade para ler o garoto. Era isso que a maturidade fazia com as pessoas?

— Acho que você tem razão.

Um farfalhar de folhas surgiu à volta dos dois e então uma criatura marrom de grandes olhos negros surgiu e abocanhou o casaco de Dipper. Era um lobisomem, porém menor do que os que foram vistos invadindo a cabana. Tinha o tamanho de um cão de porte médio-grande, mas suas presas ainda eram incrivelmente afiadas e assustadoras. A fera sacudia e puxava com muita força, fazendo Dipper derrubar sua lanterna e dançar de um lado para o outro, tropeçando repetidamente nos próprios pés. Wendy sacou a besta e tentou apontá-la para o animal. Seu dedo estava posicionado no gatilho mas ela não apertara em momento algum.

— Dipper pare de se mexer! Posso acabar te acertando sem querer!

— Ahhhhh! N-não é como se eu estivesse fazendo isso por que quero!

Da densa vegetação outro ser se revelou. Era difícil enxergar devido à escuridão que dominava a floresta porém sua silhueta demonstrava que era, definitivamente, um humano.  A misteriosa pessoa correu até Dipper e puxou o zíper de sua blusa para baixo, soltando o casaco. Dipper caiu no chão e, com um forte puxão, o lobisomen tirou sua blusa e correu floresta adentro carregando a roupa em sua boca.

— Ai... Eu to um pouco tonto, acho que vou vomitar.

— Você está bem?

— O-o que? - O rapaz percorreu o chão com as mãos e agarrou sua lanterna, mirando-a em seu salvador. A luz revelou uma jovem de olhos azuis e cabelos claros como o sol - Pacifica?!

Ela abaixou a besta que Wendy segurava armada em sua direção, de forma que sua mira ficasse apontada para o chão, e estendeu a mão para ajudar o garoto a se levantar.

— Chega de ser uma fraca inútil. Alguns minutos depois que vocês saíram da cabana percebi que estava sempre me escondendo e nunca conseguia fazer nada por ninguém.

— Mas... Como você... Como você nos encontrou? Não lembro de ter mencionado onde era a toca dos lobisomens.

— Você realmente não disse. Acho que dei um pouco de sorte. Imaginei que seria pela floresta e quando estava vagando sem rumo ouvi uma gritaria e supus que poderiam ser vocês. Corri direto pra cá, mas no desespero derrubei minha lanterna também.

— Bom... Agora você já está aqui não é? Fique por perto e vamos logo, acho que agora estamos perto.

***

Os três se depararam com uma bifurcação na floresta e Dipper suspirou, desanimado.

— Não sei para qual lado devemos ir.

— Acho que por esse aqui - Pacifica  se aproximou do caminho à direita e agarrou um retalho preto que estava preso a uma das árvores - Tem vários fios e pedaços de roupas rasgadas por aqui, mas acho que esse retalho é do seu casaco Dipper. Estranho que todos esses retalhos parecem ser de... Lã e algodão. Seu casaco era de algodão também, não é?

— Uau, como é que você sabe disso? Bom... Isso não importa muito agora mas acredito que você esteja certa Pacifica. Vamos por aqui então. Wendy?

O trio seguiu pelo caminho à direita e após dez minutos de caminhada começaram a ouvir sons de risadas.

— Mabel?!

Eles correram seguindo os sons que aumentavam gradativamente. Alguns raios de sol surgiam por entre as folhas das árvores indicando que começara a amanhecer e então, finalmente, encontraram a toca no fundo da floresta. Havia várias pilhas de roupas espalhadas pelo chão e a maior delas se encontrava debaixo de uma pequena formação rochosa que parecia com uma espécie de teto. Lá estavam Mabel e Soos, sentados, rodeados de seis pequenos lobisomens que lambiam suas bochechas freneticamente.

— Ahhhh vocês são uma graça, não sãão?! - A jovem de cabelos castanhos ria e fazia carinho em todos eles ao mesmo tempo. Pacifica, Dipper e Wendy se entreolharam, confusos.

— Dá pra alguém me explicar o que está acontecendo aqui?! - Gritou Dipper, irritado.

— Ah oi Dipper! Hahahahaha olha só que coisinhas mais bonitinhas que encontramos aqui na floresta.

— Mabel você tem IDEIA de como eu estava preocupado com você?! Vocês foram atacados durante a noite, sequestrados e te encontro aqui, no local mais denso da floresta, rindo e fazendo carinho nessas... Coisas! E por que o Soos tá sem camisa?!

— Calma véio, isso eu posso explicar.

— Calma Dipper, está tudo bem. Eles só estavam procurando roupas quentinhas, eles pegaram as minhas polainas, olha - Ela levantou a perna para mostrar que não mais vestia as polainas azuis de lã.

— E eles pegaram minha camisa também - Soos batia na própria barriga gerando ondas de gordura.

— Blerg. Eu não sei o que está acontecendo mas já que tá todo mundo bem vamos logo embora! Já até amanheceu, vai levar uma vida inteira para conseguirmos chegar de volta na cabana.

Antes de poder tomar o caminho de volta três lobisomens adultos enormes surgiram e sentaram-se, bloqueando o caminho. Wendy segurou sua besta e Pacifica deu um passo para trás, alerta.

— Não precisam ficar assustados, humanos - Disse a criatura que sentava-se no meio - Pedimos sinceras desculpas pelos nossos modos.

— ... VOCÊS FALAM? ALGUÉM ME EXPLICA O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

— Com certeza cavalheiro, irei lhe explicar. Somos lobisomens da floresta. Criaturas muito inteligentes e pacíficas. Não queríamos causar problemas.

— Mas se vocês são lobisomens não deveriam ter virado pessoas agora? Já amanheceu - Questionou Wendy.

— Ora minha cara humana de cabelos esquisitos, é isso que dizem de nós? Que viramos... Humanos?!

Todos os lobisomens uivaram como uma espécie de riso.

— Ok, isso foi bem estranho - Disse Dipper, sentando-se em um tronco de madeira.

— Nós somos como somos o tempo inteiro. Fisicamente falando. Nas noites de lua cheia perdemos nossa consciência e nos tornamos mais... Animalescos, por assim dizer. Não temos total consciência de nossas ações e, por isso, vivemos isolados no fundo da floresta. Não queremos causar incômodos a nenhum outro ser em virtude do nosso descontrole.

— Mas então... Por que estavam tão longe da sua toca e atacaram as pessoas na festa?

— Isso foi um pequeno erro nosso. Como podem ver nossa matilha está crescendo. Não tínhamos mais recursos para os ninhos quentinhos dos nossos filhotes. Quando precisamos expandir nosso território sempre vamos até as casas humanas e pegamos as roupas descartadas. Elas são macias e quentinhas o suficiente para nossos recém-nascidos. Gostamos muito de lã e algodão! Mas calculamos errado a noite de lua cheia e, quando chegamos à orla da Floresta perdemos nossas consciências. Continuamos seguindo nossa busca por roupas, de forma irracional claro, e acabamos trazendo seus amigos para cá.

— Claro, faz sentido já que apenas o Soos e a Mabel usavam fantasias que não eram feitas de vinil ou spandex ou qualquer outro tecido brilhoso sintético desconfortável - Percebeu Pacifica.

— Precisamente pequena humana de roupas largas. Inclusive... Você não gostaria de deixar essas calças macias e quentinhas aqui? - O lobisomen à esquerda se aproximava cautelosamente da calça de moletom de Pacifica. Dipper cerrou o punho e desferiu um soco no focinho da criatura antes que mordesse as vestes da garota.

— Não abusa cara, não abusa.

— Perdão jovem rapaz. Não tive a intenção de ser inconveniente.

— Então já que está tudo resolvido e explicado vamos embora. Mabel, Soos, vamos logo.

— Ahhh Dipper, eu não posso levar um deles para casa? - Perguntava a irmã segurando todos os filhotes ao mesmo tempo.

— Não.

— Se nos permitem... Podemos ajudá-los a sair mais rápido da floresta, como um pedido de desculpas pelos problemas que geramos - As três criaturas curvaram as patas dianteiras, indicando para que os humanos subissem em suas costas.

— AHHHHH VAMOS DIPPER, POR FAVOR, EU NUNCA MONTEI UM LOBISOMEM ANTES - Mabel gritava, eufórica.

— Hm, acho que vai ser melhor do que andar.

Dipper e Pacifica subiram nas costas do lobisomem que tomara um soco. Mabel e Wendy subiram na criatura à esquerda e Soos montou sozinho no que estava no meio, já que era claramente o maior e mais forte. As criaturas correram pela floresta e em questão de minutos chegaram à orla, onde deixaram seus novos amigos humanos e se despediram.

— Espera - Dipper correu até o animal que o carregara e tirou os tenis e em seguida as meias, jogando-as para ele e calçando os tenis novamente - Me desculpe por ter te socado. Espero que isso ajude um pouco com a toca...

Os olhos negros dos três agradeceram e rapidamente as criaturas peludas sumiram por entre as árvores na floresta. Pacifica se aproximou do garoto e retirou seu boné, colocando-o em sua cabeça.

— Acho que agora eu entendo por que você se divertia tanto resolvendo esses mistérios. Foi bem legal. Acho que já posso me considerar uma "garota mistério" agora, não é? - Ela sorriu e piscou para ele. Ele riu desconsertado quando ela devolveu seu chapéu, posicionando-o de forma confortável.

— Você pode sim. E o boné ficou muito bom em você, sabia?


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